"Como ela está, doutor?"

Depois de um longo suspiro, o homem começa a dizer "Ela não está em uma boa condição. Encontrei algumas marcas de cortes por todo seu corpo, que em minha opinião são provenientes de uma faca de caça. Os cortes não foram profundos o bastante para causar algum dano interno, mas temo que deixarão cicatrizes. Há marca de queimaduras por todo lugar, principalmente em seu abdômen e entre suas pernas. Em minha opinião, diria que o atacante queimou-a com os cigarros e o que me parece ser um isqueiro. Um de seus punhos foi deslocados, e algumas de suas costelas foram quebradas. Havia diversos hematomas também, mas estes felizmente desaparecerão com o decorrer do tempo. Há marcas em seu pescoço, tudo indicando que ela foi estrangulada."

"Ela foi estuprada?" a pergunta que mais atormentava-os foi feita por Cragen.

"Temo dizer que sim. Encontrei fluídos e severo trauma interno. Ela também foi estuprada com algum objeto estranho, cujo nós ainda não sabemos qual." respondeu o médico.

"Mas... Mas ela ficará bem?" perguntou Amanda.

"Fisicamente, sim. Levará tempo. Seu corpo esta tão danificado que creio que ela não conseguirá sequer andar pelas próximas semanas, mas com bastante terapia creio que voltará ao normal. Mas emocionalmente..."

Os dois assentiram. "Podemos vê-la?"

"Sim, um de cada vez. Sigam-me por favor"

O doutor levou-os até a UTI, para a frente do quarto de Olivia. Saiu então, mas não antes de dizer "Brave yourselves"

"Por que você não vai primeiro, capitão? Eu voltarei para a delegacia e ajudarei nas investigações"

Cragen assentiu e depois de alguns segundos, criou coragem suficiente para entrar no quarto da detetive. Seu coração quebrou ao vê-la. Estava tão machucada que era praticamente irreconhecível...! Havia um grande hematoma ao redor de um de seus olhos, sem mencionar os pequenos cortes e outros machucados que cobriam o resto de seu rosto. Sua pele era mais pálida que o normal, e mesmo inconsciente, ela tinha uma expressão de dor.

Nenhum dos detetives conseguiram contatar Brian Cassidy até então. Ou este estava ignorando-os completamente ou estava em apuros também. Precisavam dele aqui, junto a Olivia. Ela podia ser forte mas certamente não conseguiria passar por tudo isso sozinha.

Cragen por horas ficou ao seu lado, a espera de qualquer sinal de vida. Ficaria ao seu lado até que Cassidy resolvesse aparecer. Não se importava, além do mais, era a mulher que considerava como sua própria filha que estava deitada toda machucada ao seu lado. Mas uma coisa era certa: Don iria até os confins da terra a procura de Lewis, pois ninguém que sequer tocasse em sua detetive sairia imune.

E depois de varias horas, Olivia veio pela primeira vez abrir seus olhos. Uma vez completamente acordada, tudo que conseguiu se focar era a dor que percorria por todo seu corpo. Fechou-os novamente, na esperança de que a dor iria embora assim facilmente. Mas não foi. "Liv... Liv... você está bem? Está com dor?"

Ela não respondeu. Mas sua respiração pesada e rápida indicava Don que ela estava.

Ele pressionou o botão que chamava por uma enfermeira. "Onde dói?" mais uma vez perguntou.

Mais uma vez Olivia não respondeu nada, apenas fechou seus olhos o máximo que pode, tentando pensar em qualquer coisa menos a dor, por mais impossível que fosse. 

A enfermeira logo chegou e aplicou-lhe morfina "A dor logo acabará, Ms. Benson"

Dito e feito. Dentro de minutos, a dor estava praticamente eliminada, algo que Olivia agradecia. Embora a dor emocional, a que mais doía, permaneceria com ela por muito tempo.

"Como você está se sentindo, Liv?" Don perguntou gentilmente, pegando a mão cuja não estava em uma tipóia. 

Ela olha para o lado, evitando contato visual o máximo possível. Continua em silêncio. "Você não precisa se envergonhar Olivia. Nós somos seus amigos e estamos aqui para ajudá-la a passar por tudo isso. O que aconteceu não é sua culpa"

Willian Lewis passou sua arma por seu rosto "Finalmente nós tempos um tempo sozinhos, detetive"

"Você não quer fazer isso" Olivia praticamente suplicou.

"Oh querida, você pode crer que eu quero fazer isso" Lewis sorriu maliciosamente "Agora, vá para o sofá" ordenou.

Olivia estremeceu "Por favor... Apenas vá embora e podemos fingir que nada disto aconteceu"

Sem dizer nada, Lewis empurra-a para a sala de estar, então forçando-a de barriga para baixo no sofá. Sussurra em seu ouvido: "Sabe, tudo que está prestes a acontecer é tudo sua culpa. Se você e seus amigos não tivessem ido atrás de mim, nada disso estaria acontecendo."

Olivia engoliu um seco. Após anos trabalhando com vítimas de violência sexual, sabia que era comum a vítima culpar-se pelo que aconteceu mesmo que não fosse sua culpa, nunca era. Mas o jeito que Willian falava realmente a fazia acreditar que era.

Forçou-a agora de costas para o sofá. Jogou a arma de fogo ao chão, substituindo-a por uma faca de caça. Usou-a para cortar a roupa de Olivia e pressionou a faca com tanta força que uma linha de sangue surgiu em sua pele.

Deixou-a usando nada cintura acima. Olivia tentou esconder seu corpo nu com seus braços, mas Lewis não a deixou. "Não fique assim envergonhada, detetive. Deixe-me ver seus seios fardos"

Brutalmente segurou seus braços a cima de sua cabeça. Levou sua faca a seu pescoço. "Diga que você me quer senão corto sua garganta"

Ela considerou ficar calada, assim não precisaria passar pelo que estava prestes a passar. Mas ela não poderia perder sua vida assim simplesmente. Não por Brian, não por todas as outras vítimas que passaram e passarão pelo que ela passava neste momento e conseguiriam seguir em frente. Ela precisava ser forte por eles. Portanto, ela disse: "Eu-eu quero v-você" sua voz era trêmula.

"Eu não senti firmeza no que disse, babe"

"Eu quero você" esforçou-se para soar convincente.

"Melhor. Você gritará meu nome quando eu estiver dentro de você?"

Pela primeira vez, Olivia permitiu que lágrimas aparecessem atrás de seus olhos "Sim"

"Bom, muito bom" disse "Now, the fun shall begin"

"Olivia?" Don clamou seu nome na esperança de tirá-la de seu transe.

O monitor que monitora seus movimentos cardíacos começou a apitar cada vez mais rápido. Alguns médicos apressaram-se para seu quarto, em busca de salvar sua vida "O que aconteceu?" questionou um deles.

"Acho que ela teve um flashback ou um ataque de pânico" Cragen respondeu.

Uma enfermeira veio e tirou-o do cômodo, e ele viu o olhar preocupado de Nick, quem agora também estava no hospital. "O que aconteceu?" o jovem detetive perguntou, e Don explicou-lhe brevemente.

Logo um médico veio falar com eles "Nós conseguimos estabilizá-la, mas manteremo-la sedada para evitar que isso aconteça novamente"

"Mas ela ficará bem?" perguntou Amaro.

"Only time will tell"