Laura acorda cedo para seguir viagem. Ela toma o café com Maria ao seu lado. As duas conversam animadas.

Maria: Minha menina, como você pretende fazer? Vai direto para a casa do Dr. Edgar?

Laura fica entusiasmada com o seu plano! Ela coça os braços e fala empolgada.

Laura: Bom, Maria! Quando eu chegar ao Rio, o Edgar estará trabalhando, com certeza no fórum! Vou combinar tudo com a Matilde! Tenho certeza de que ele vai amar!

Laura explica em detalhes o plano que tem em mente. Maria fica entusiasmada.

Maria: Nossa! Filha! Ele vai adorar a sua surpresa!

Laura pega a sua mala e vai em direção à porta. Ela se despede da babá com um beijo no rosto e um abraço apertado. Um coche já está parado na porta aguardando Laura.

No Rio, Edgar acordou cedo, tomou seu desjejum e como sempre dá uma olhada no Correio da República. Matilde pergunta ao seu patrão.

Matilde: Dr. Edgar, o senhor vem almoçar em casa?

Edgar: Não Matilde. Combinei de passar em casa de meus pais para um almoço com minha mãe! Obrigado!

Matilde: Pois não! Com licença!

Matilde se retira da sala. Edgar continua folheando o jornal, mas seu pensamento está longe! Mais precisamente em Petrópolis! Ele termina de ler e sai para trabalhar. Matilde está na cozinha fazendo seus afazeres domésticos. Passam algumas horas e Edgar conclui as pendências no escritório. Ele chega à casa de sua mãe, conforme o combinado para o almoço. Eles se cumprimentam e dirigem-se à sala de refeições. Os dois sentam-se frente a frente. Margarida está sozinha em casa o que agrada o seu filho primogênito. Assim pode conversar mais à vontade com sua mãe. Entre uma garfada e outra os dois conversam.

Margarida: Como vão as coisas meu filho?

Edgar: Caminhando mamãe!

Margarida puxa um assunto que sabe alegrar seu filho, em parte!

Margarida: E minha netinha? Estou muito saudosa de Melissa! Quando vai trazê-la para ver a sua avó?

Edgar abre um sorriso. Lembrar-se de sua abelhinha, ao mesmo tempo em que traz alegria ao seu coração remete à mãe de sua filha e ao divórcio com a mulher que ama.

Edgar: Ah! Melissa está ótima! Ontem mesmo esteve em minha casa! Cuidei dela, mamãe! Até fralda troquei – ele fala orgulhoso do seu feito! Matilde foi busca-la e depois a levou de volta. Não quero nenhum tipo de aproximação com Catarina.

Quando fala a última frase Edgar modifica o semblante em fração de segundos! Seu rosto está carregado e sua mãe percebe. Margarida pega na mão de seu filho e é solidária.

Margarida: Faz muito bem, meu filho! Aquela mulher inspira muita cautela!

Edgar dá um suspiro e o rosto de Laura pedindo o divórcio vem em sua mente. O beijo que trocaram! As lágrimas de sua amada dizendo que o amava, mas que iriam se separar!... Mais uma vez, sua mãe percebe que seu filho está triste. Ela fala e toca suavemente em seu rosto, acarinhando-o.

Margarida: Edgar, meu filho! Você nem imagina como me dói ver seu rosto tristinho! O que aconteceu?

Edgar deixa escapar uma lágrima que teimava em cair. Ele dá um longo suspiro.

Edgar: Ah mamãe! Não aguento mais ficar longe da mulher que amo! Quando me casei com Laura, confesso que estava entediado! Pedi sua mão em noivado, mas quando fui para Portugal, conheci uma vida diferente!

Margarida escuta o que o filho diz assustada, mas Edgar logo esclarece.

Edgar: Não é o que a senhora está pensando mamãe! Eu falo em relação à cultura, as amizades que fiz! (Edgar pensa em seu trabalho como jornalista investigativo, mas sabe que não pode revelar sua identidade para a mãe). Mas com a convivência com Laura, o jeito dela, a determinação em conseguir o que quer...!

Margarida o interrompe.

Margarida: Você a ama muito não é?

Edgar: Muito! Amo mais que a mim!

Margarida: Edgar, já que está se abrindo comigo, tem uma coisa que gostaria de lhe perguntar, se não for invadir sua vida!

Edgar fica bastante curioso e fita sua mãe nos olhos. Ele assente com a cabeça.

Margarida: Você diz amar tanto a Laura, mas! Nunca a procurou? Estão divorciados há o que? Alguns meses?

Edgar responde resignado.

Edgar: Seis! Seis longos meses!

Ele se anima em contar sobre os dias em que esteve com Laura em Petrópolis, mas Fernando chega. Ele fala com ironia, já que morre de ciúmes do amor que seu pai dedica ao seu irmão mais velho!

Fernando: Ora, ora! Vejam quem está aqui! Meu irmãozinho querido! Como vai Edgar?

Edgar se levanta para cumprimentar o irmão e depois do cumprimento, Fernando dirige-se à sua mãe para beijar sua testa. Margarida olha resignada para Edgar entendendo que a conversa vai ser adiada. Concluído o almoço e terminada a refeição, Edgar se despede de sua mãe e de seu irmão e retorna ao escritório.

Laura chega até a porta da antiga casa onde morou com Edgar. Lembranças de momentos felizes vêm à cabeça da professora, quando ela bate na porta. Quando a porta se abre a surpresa de Matilde é tão grande que ela fica parada, sem reação. Depois de alguns segundos consegue dizer.

Matilde: D. Laura! Que bom ver a senhora! Desculpe! Entre, por favor!

Laura dá um sorriso e largando a mala dá um abraço em Matilde!

Laura: Matilde! Também gostei muito de vê-la aqui! Ainda cuida do Edgar, não é?

Matilde: Cuido sim, D. Laura! O pobrezinho sofreu tanto depois que a senhora saiu dessa casa!

Laura fica comovida com as palavras de Matilde, mas quer colocar em prática seu plano.

Laura: Bem, mas agora estou aqui! Vim fazer uma surpresa para o Edgar e preciso da sua ajuda! Vamos até a cozinha? Vou te explicar tudo!

Matilde: Claro, mas posso levar sua mala para o quarto de vocês?

Laura estranha Matilde falar no quarto deles, sorri, mas acha uma boa ideia.

Laura: Pode sim, Matilde! Você sempre pensando em tudo! Vamos?

Laura acompanha Matilde até o andar de cima e quando entra no quarto que foi dela e de Edgar, um arrepio percorre a sua espinha! Ela olha cada cantinho do quarto e repara que Edgar não mudou nada. Está tudo em seu lugar. Matilde acomoda a mala de Laura. As duas vão até o andar de baixo e Laura explica todo o seu plano! Depois de combinar tudo com Matilde, Laura sobe ao andar de cima e se prepara para tomar um banho. Matilde esquentou a água. Aquela água morna revigorou a professora e seu corpo se esqueceu das horas de viagem a que fora submetido! Laura prendeu seu cabelo num coque e fechou os olhos para relaxar! Ainda era cedo e Edgar não chegaria a essa hora. Laura resolveu recostar para descansar mais um pouco, pois ela sabia que a noite seria longa! E muito especial! Anoitece e Laura já desperta de seu sono, resolve se arrumar. Ela escolheu uma saia que marcava a sua cintura, uma blusa branca transparente e um colete branco! Estava linda! Seu cabelo estava preso num coque, com alguns fios soltos o que deixava seu rosto ainda mais gracioso. Dando sequência ao seu plano desceu as escadas e foi em direção à sala de refeições. Matilde caprichou na decoração! Colocou uma mesa impecavelmente arrumada para dois com castiçais prateados que os noivos ganharam nas suas bodas. Laura não levou nada de seus presentes de casamento. No meio da mesa, a fiel amiga e secretária do lar, preparou um lindo arranjo de rosas vermelhas. Nisso, Laura se lembrou de um detalhe.

Laura: Matilde! Falta uma coisa no quarto!

Ela corre e providencia. Desce novamente as escadas! Matilde está vestindo uma roupa mais sóbria, para ocasiões especiais e festivas. Tudo pronto, as duas dão sequência ao plano.

Já está na hora de Edgar chegar do trabalho. Ele passa a chave na porta e abre. Quando chega na sala, Edgar não entende o que está acontecendo em sua casa. Ele vê Matilde parada ao lado da mesa de jantar, com uma roupa especial. A mesa posta para duas pessoas, como num jantar romântico. Até os castiçais estão na mesa. Rosas vermelhas ornamentam um lindo arranjo colocado no centro da mesa! Ele se aproxima mais e curioso, pergunta espantado.

Edgar: Matilde? O que está acontecendo aqui? Por que a mesa...?

Antes que Matilde pudesse responder alguma coisa, a atenção de Edgar se voltou ao escritório. A porta estava fechada e logo foi aberta. Edgar teve um misto de susto e alegria.

Laura: Oi, Edgar! Vim retribuir a sua surpresa!

Neste momento, Matilde resolveu deixar os dois a sós. Edgar ficou paralisado no lugar olhando por alguns segundos a mulher que tanto ama! Linda! Na casa deles! Por um instante, ele pensou estar sonhando. Tomou fôlego e se dirigindo a ela falou emocionado!

Edgar: Laura! Meu amor! Você está aqui mesmo?

Laura: Sim, meu amor! Estou aqui!

A distância entre os dois torna-se mínima e eles se deixam levar por um beijo apaixonado! Edgar segura a cintura de Laura e entre beijos e sussurros fala.

Edgar: Laura...eu te amo...meu amor!

Laura: Também te amo! Muito!

Laura abraça Edgar e acaricia o rosto dele quando fala.

Laura: Senti tanto a sua falta...

Edgar: Eu tava aqui o tempo todo... te esperando!

Eles se beijam novamente e se abraçam! Laura se afasta um pouco de Edgar para falar.

Laura: Você acha que a surpresa é só essa? É apenas o começo! A Matilde fez aquele assado que você tanto gosta!

Edgar faz uma cara de sapeca e fala.

Edgar: Hum, jantar! Depois vem a sobremesa, certo?

Laura sabe aonde ele quer chegar.

Laura: Certíssimo, Dr. advogado! Mas...só tem direito a ganhar sobremesa quem jantar tudinho!

Edgar: Pôxa, mas hoje é dia de festa! Está com muita fome? Depois preparo uma bandeja! Vamos comer a sobremesa antes, vamos?

Edgar fala isso beijando o pescoço de Laura, o que deixa a professora arrepiada.

Edgar: ... Afinal...não é sempre que tem uma compota tão deliciosa de sobremesa, não é?

Ele fala, olha Laura de cima a baixo e pisca o olho e ela percebe que não adianta tentar resistir. Edgar é irresistível!

Os dois sobem a escada correndo e entram apressados no quarto de casal. Ele sorri quando vê que na cabeceira da cama tem um vaso com um raminho de alecrim. Ele sorri e fala.

Edgar: É isso mesmo, meu amor! Lá fora pode estar tudo errado! Mas aqui dentro sempre vai ter o perfume de alecrim!

Os dois trocam beijos apaixonados e andam em direção à cama. Eles se despem e se amam sem pressa.