Colégio Interno escrita por Híbrida
Notas iniciais do capítulo
Mais uma vez demorei para postar, né? Nao me matem :c
Faltava um mês para as férias e as provas finais estavam nos matando. Alunos que não se dedicavam em absolutamente nada e queriam ter boas médias para que os pais pudessem custear suas viagens excêntricas de férias. Decidimos que iríamos a Lefkada, uma ilha grega paradisíaca. Motivos? Estávamos cansados do frio da Suíça e queríamos passar nossas férias de verão num lugar maravilhoso e quente.
— Eu não aguento mais números – disse Rodrigo, tombando ao meu lado.
Aquela era a primeira vez em quase um ano em que todos estavam reunidos e não havia álcool, palavrões ou qualquer tipo de entretenimento envolvido. Era a primeira vez em quase um ao que eu estava na biblioteca, também. Apenas jovens estudando e tentando aprender alguma coisa. E lá estava eu, ensinando-os.
— Mas a gente tá estudando História, Rodrigo – murmurou Bruna, cansada.
— Ué, e datas são o que? Números! Dãr.
Suspirei cansada e voltei a prestar atenção nos meus cálculos de Álgebra. Bê estava ao meu lado, olhando-me estudar e me empurrou com o ombro.
— Me ajuda? – miou.
Assenti, tentando não rir. Santo Deus, eu estava cercada por gente burra.
Após ensinar História a Rodrigo, Álgebra para quase todos e Biologia e Filosofia para Thiago e Gustavo, me levantei. Eu precisava estudar sozinha, agora que já havia deixado cada um com duas ou três páginas de exercícios. Saí da biblioteca e sentei-me ao gramado com um monte de livros. Coloquei o fone com aquelas músicas feitas para se estudar, cuja letra você não sabe para cantar junto e cujo ritmo não é agitado nem sonolento. É apenas sereno.
Perdi a noção de quanto tempo fiquei ali com as músicas envolventes e os livros de Literatura, História, Álgebra e Física. Sei que já estava quase escurecendo quando alguém se sentou ao meu lado e tirou um dos fones de minha orelha.
— Tá aí uma cena em que eu nunca te imaginei.
Oh, Deus, lá estava ele. Nicholas.
Há quanto tempo eu não entrava em contato com seu cheiro de naftalina, tabaco e colônia infantil? Há quanto tempo não provava do sabor de café, álcool e, mais uma vez, tabaco, que seus lábios tinham e mesclavam tão bem? Santo Deus, era muita tentação ficar perto dele.
— Saiba que minhas notas nunca caíram
— Coisa que é de se estranhar, se formos pensar no seu comportamento nessa escola – brincou, ajeitando-se do meu lado e oferecendo um cigarro.
Olhei em volta. Ok, estávamos longe o suficiente da secretaria e dos dormitórios. Não havia inspetores ao redor e eu podia me arriscar a dividir um cigarrinho com ele, não? Tirei-o da sua mão e traguei.
— Meu comportamento não condiz com minha intelectualidade e inteligência, meu caro – zombei, rindo baixinho e devolvendo-o o cigarro – E você? Estudando?
Ele apenas deu os ombros. Encarei-o tentando entende-lo. Nicholas parecia o tipo de cara que não dava a mínima para estudos, mas ele parecia realmente interessado naquele livro de História. Tombou a cabeça em meu ombro e abriu o livro.
— A partir de agora, sim. Prometo não atrapalhar. Ficarei aqui quietinho lendo este delicioso livro sobre... Caralho! Ditaduras!
— É o que estamos estudando, não?
— Não sei, tenho dormido nas últimas aulas. Quase todas, eu diria
Ele riu e continuou a folhear o livro enquanto eu lia o de Filosofia. Quando ficou escuro demais para que lêssemos ali debaixo da árvore e as lamparinas do Instituto não supriam nossa necessidade, resolvemos subir para o seu quarto. Tirei o celular do bolso e mandei mensagem para o Gabriel.
Encontrei o Nick aqui e to indo estudar com ele. Não fica com ciúme e não começa de crise, ok? Te amo.
— Avisando o namoradinho? – zombou Nick – Ah, qual é, cadê a menina livre e desimpedida que eu amo?
— Continua aqui, meu filho, mas eu preciso dizer a ele onde estou pra ele não surtar.
Nick riu e fomos ao quarto. Quando cheguei, lá estava Rafael. Não estava dormindo nem ao videogame, o que era no mínimo inusitado. Todas as vezes que eu havia visto aquele garoto, estava ocupado demais com o seu mundinho para dar atenção a quem quer que fosse.
— Ei, vocês voltaram – disse, sem tirar os olhos do livro – Não me atrapalhem, tente gemer baixo. Estou tentando estudar aqui.
— Nós também, leso – respondi, rindo baixinho. Ajeitei-me na cama de Nicholas e ele se deitou em meu colo, ainda lendo o livro de História. De vez em quando, abria a boca e soltava uma interjeição de espanto ou de grande emoção. Parecia uma criança lendo Harry Potter, ou eu lendo Pequeno Príncipe. Comecei a afagar seus cabelos e apoiei meu livro sobre sua cabeça, para que ambos pudéssemos ficar confortáveis. Até que o celular vibrou.
Sério, Amanda? Não acredito que depois de tudo o que a gente passou por causa desse cara cê tá aí com ele. To cansado e amanhã tem prova, depois das aulas a gente conversa.
Suspirei. Não podia deixar de entende-lo, mas ao mesmo tempo, não iria parar de ver Nicholas por causa dos caprichos do Gabriel. Nick percebeu meu desconforto e virou a cabeça para me encarar.
— Ei pequena – sussurrou – Tá tudo bem?
— O Gabriel – respondi, entediada – Não tiro a razão dele de ter ciúme de você, mas me tratar como se eu fosse fazer amor com você nesse quarto é...
— Fazer amor – zombou – Fazer amor?
— Eu tentei ser bonitinha e educada e não usar termos feios, ok? – retruquei – Enfim! É complicado me tratar como se eu fosse uma vagabunda.
— Mas você não é. Deita aqui, vai, vamos terminar de ler isso pra você ir pro seu quarto dormir.
Assenti, me deitando ao seu lado. Voltei a ler o livro. Pouco tempo depois, desisti. Levantei-me e beijei a cabeça de Nicholas.
— Cansei – sussurrei – Vou pro quarto, ok? Pode ficar com o livro, amanhã você me devolve. Não é como se você fosse fugir ou algo assim. Boa noite, pequeno.
Ele me puxou e tentou me beijar. Censurei-o com o olhar e ele resmungou um “boa noite” contrariado, fazendo-me rir e sair do quarto. Desci e me arrastei até o dormitório, jogando-me no chão quando cheguei.
— Demorou, né.
Levantei a cabeça e fitei Gabriel, que estava sentado no sofá assistindo desenho com Bernardo e Bruna. Engatinhei até eles e tombei a cabeça no colo de Bê, que riu baixinho.
— Tava no Nick? – perguntou e eu assenti – Safada.
— Não aconteceu nada – resmunguei entediada – A gente tava estudando Humanas.
— E aquela história de “preciso ficar sozinha”?
— Nicholas sabe calar a boca e me deixar estudar quieta. E se for pra gente ter uma porra de uma DR agora, Gabriel, me avisa que eu vou deitar.
— Você é muito cínica, não? – ironizou, rindo – Você quer mesmo que eu acredite que vocês não...
— Escuta aqui, você acredita no que quiser, mas não vem apontar esse dedo sujo na minha cara e me falar que eu te traí. Se eu quisesse ficar com o Nicholas, eu não tinha voltado com você, ok? Então menos, Gabriel, bem menos.
Silêncio. Não obtive nenhuma resposta. Apenas suspirei, cansada demais para continuar discutindo e subi na cama. Coloquei os dois fones no ouvido, o que provava que eu não queria conversa ou incômodos, e cai no sono.
Na manhã seguinte, despertei com um roedor muito parecido com Eulália, porém bem menor, em cima de mim.
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