Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 68
Batimentos, outro banho e Dramin


Notas iniciais do capítulo

O outro capítulo repercutiu em comentários maravilhosos, e vocês não têm noção de como isso me incentiva a escrever! Muito obrigada, meninas, vocês são ótimas



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Não sabia como responder àquilo. Apenas suspirei, deitando-me dentro do box e encostando a cabeça em seu peito, ouvindo o coração desritmado depois de tudo o que havia ocorrido. Mordi seu peito e ele esboçou um sorriso.

— Você o deixa assim – sussurrou, apontando para o peito – Bagunçado, sem ritmo, perdido. Mas cara, sem você, eu me sinto... Oco. Vazio, sabe? Eu não imagino mais uma vida ou uma ideia de mundo feliz sem a possibilidade de te ter comigo. De você lá, brigando, mordendo, sorrindo pra mim. Amanda, toda a minha felicidade depende de você.

Suspirei, sem saber o que responder, de novo. Gabriel mexia comigo de um jeito inexplicável e inigualável. O efeito que eu produzia sobre ele era exatamente o mesmo que ele produzia sobre mim.

— Eu tenho que ir – miei, fazendo-o entrelaçar os braços em minha cintura e apertar o corpo – seminu – contra o meu – semivestido. Nenhum de nós dois tinha camada de roupas o suficiente para proteger minha pele dos eventuais arrepios que essa proximidade causava – Por favor, Gabes...

— Vai voltar para ele, não é? – perguntou, seco. Neguei – Vai fazer o quê? Cuidar da Eulália? Jogar videogame com o Gustavo? Vai fazer qualquer porra de coisa que não envolva a minha companhia, não é? Responde, Amanda.

Foi então que eu comecei a chorar. Chorar de ódio por não conseguir resistir às tentações carnais que envolviam aquele corpo que eu não podia mais chamar de meu. Chorar de ódio de mim mesma por tê-lo feito se apegar e ter que desapegar tão rápido. Chorar de dor, mesmo, ao vê-lo sofrer. E chorar, principalmente, de ódio. De Nicholas, de mim, de Gabriel, de toda a situação.

Havia ódio demais guardado em mim.

— Eu não quero te machucar ainda mais

— Você só me machuca quando se afasta, Amanda. A gente precisa resolver isso sem que você precise terminar comigo! Você sabe que não quer. Eu se que os últimos meses valeram alguma coisa pra você, eu sinto!

— Não piora as coisas.

Torci minha camiseta e saí do quarto. Ensopada, deixando um rastro d’água por onde passava. Sem olhar para trás, voltei para o meu dormitório e corri para o banheiro, antes que a escuta de Nicholas dentro do quarto avisasse sobre minha situação. Liguei novamente o chuveiro – um pouco irônico, talvez – e fiquei sentada debaixo dele deixando a água fria cair sobre minha cabeça.

Devo ter cochilado ali em baixo. E devo sofrer de narcolepsia, porque meus cochilos são muito frequentes. Quando dei por mim que já estava ali há tempo demais e alguém poderia querer usar o banheiro, terminei de me despir, lavei os cabelos, me ensaboei e enxaguei, fechei o chuveiro e me enrolei na toalha.

Voltei ao quarto e me vesti. Subi na cama e coloquei outro post-it na parede: Esquecer o Gabriel.

Era só isso. O único lembrete que eu precisava. Esquecer aquela criatura e deixa-la ser feliz sozinha. Gabriel precisava de alguém que lhe fizesse mais bem do que mal, e não era o meu caso.

— Visita pra você – sussurrou Chloe, apoiando-se sobre minha cama e sorrindo pra mim.

Assenti e continuei de olhos fechados, esperando que subissem em minha cama, porque era assim que funcionava. As pessoas vinham até o quarto, pulavam sobre a cama e ficavam lá, me fazendo companhia.

— Ei, pequena.

Depois de todas as merdas que havia proferido a meu respeito, lá estava. Com aquela cara de cãozinho arrependido, com o rabinho entre as pernas.

— Me desculpa por tudo o que...

— Eu sei que eu sou uma porra de uma vadia e eu não preciso que você jogue isso na minha cara, Bernardo, na boa. Era tudo o que eu não precisava.

— Pequena, eu...

— Eu ainda to chateada pra caralho e já aconteceram mais tantas coisas desde que isso aconteceu que eu não preciso ficar aqui olhando pra você e me lembrando de tudo o que você disse. E que me atingiu. Muito. Doeu tanto quanto um soco na cara. Ou uma facada.

Daí ele me abraçou.

E tinha uma coisa engraçada sobre os abraços do Bernardo: eles acalmam. Sabe quando você toma Dramin, e fica mole, e tem vontade de cair e dormir ali mesmo? Imagine que Bernardo é um grande dramin. Ele tem a força de te acalmar, de te deixar tonta, tonta, e causa um efeito muito parecido com de álcool no meu organismo. Apenas deitei em seu colo e fiquei ali por uns 5 minutos sem falar nada. Apenas com a cabeça afundada no meio de suas pernas – não pensem besteirinhas – e sussurrando coisas ininteligíveis até mesmo para mim.

— Eu te amo, ok? Perdoe todos os meus equívocos.

— Você tá certo – resmunguei ainda na mesma posição – Eu não mereço você. Não mereço você, o Gabriel, nem a Bruna. Vou queimar no mármore do inferno.

Foi um dia muito difícil para Bernardo, aquele.


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