Colégio Interno escrita por Híbrida
— Se eu soubesse que era pra isso que você vinha, num tinha saído correndo depois de levar um coice – resmungou Gabes.
— Você dá coices nas pessoas, Amanda?! – perguntou Henrique, assustado.
— Olha quem é meu irmão, filho, já é de se esperar.
— Me respeita, hein! – resmungou Rodrigo.
— Se nem você se respeita, como espera que as pessoas lhe respeitem, caro Rodrigo?
— Meu Deus, a menina é um livro de auto-ajuda. Dos ruins ainda.
Levantei-me e joguei o copo de cappuccino fora, fazendo os garotos me encararem.
— Você é louca.
— Já falei, olha de quem eu sou irmã e tudo fará...
— Parou a paiaçada!
— Paiaçada, Rodrigo? – perguntei, rindo baixinho.
— Sim!
Ri baixinho enquanto Gabriel me abraçava e beijava minha testa. Algum tempo depois, o soltei.
— Ih, caralho! – gritei – Preciso falar com a Brubs!
Rodrigo desatou a reclamar sobre meu palavreado impróprio, mas eu o ignorei e saí correndo para falar com Bruna, pulando em suas costas.
— Que foi, criança? – disse docemente.
— Sinto sua falta.
Fazia muito tempo que eu e Bruna não tínhamos um tempo nosso. Desde que chegamos aqui. Eu sabia que aquilo a magoava, mas ela jamais deixaria isso transparecer, e é o que fazia dela a Bruna que eu conheço. Não reclamava, não apontava o dedo na minha cara quando eu estava errada e sempre me dava segundas chances.
— Criatura, a gente mora junta! – disse ela, rindo.
— Sinto falta de nós duas, porra – resmunguei – Das festas e das maratonas de Friends, e de São Paulo, e tudo.
— Eu também, minha pequena, eu também. Mas eu to feliz aqui. Você não?
— Sim, Mas eu quero minha melhor amiga de volta.
— Você nunca a perdeu, bobona. Agora volte pra aula antes que seu namo...
— Não diga.
— Seu amiguinho que te pega e dorme com você fique bravo.
Ri baixinho e corri pra sala. O sinal tocou e eu entrei na sala antes de qualquer outro. Esperei que todos chegassem e Gabes sentou ao meu lado.
— Meu Deus, minha mocinha chegou cedo hoje!
Ri baixinho e ele me beijou. Ouvimos um pigarro do professor de História e eu me soltei dele, corando mortalmente e rindo baixinho. Sr Parnassus começou um discurso sobre quão anti-higiênico era beijar alguém e outros mimimis.
Isso porque ele é um velho triste e sozinho que, quando não está dando aula, mora com a mãe.
Assisti a sua aula atentamente porque eu simplesmente amo História. Nas próximas duas, capotei enquanto Gabriel afagava meus cabelos. Ele copiou os exercícios e prometeu me explicar tudo depois. Acordei com um beijo no pescoço e um sussurro fraco:
— Já acabou, pequena, vamos?
Assenti desnorteada e me levantei. Ele me guiou até o elevador e antes que eu pudesse subir, ele beijou minha testa.
— Daqui a pouco eu venho pra cá, tá ok?
Assenti enquanto subia. Ainda estava morrendo de sono e era incapaz de dizer qualquer coisa. Ao entrar no dormitório, me despi e saí correndo para a banheira. Passei algum tempo ali mofando, depois me levantei e vesti um moletom grande de Gabriel e um shortinho. O fato é: eu não sinto frio nas pernas. Nada. Nenhum.
Preparei um miojo e fiz meu próprio tempero, jogando aquela porcaria que vem com ele fora. Antes de ir para a sala na sala para comer, coloquei na bandeja um pedaço do bolo de chocolate que eu havia feito com o Gabriel ontem.
O bolo, na verdade, havia ficado uma merda. Gabriel não tinha a mínima noção de medidas e extrapolou no fermento e na farinha, deixando o bolo enorme e pesado. Suspirei, tacando-o todo no lixo e enchi um copo de Coca.
Finalmente, comecei a comer meu miojo. A porta do elevador se abriu, revelando um Gustavo com cara de criança pidona.
— Mas que merda você tá fazendo aqui, rapaz?!
— Vim comer – disse, sorrindo docemente.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!