Colégio Interno escrita por Híbrida
Abri um sorriso bobo e o abracei de lado. Gabes beijou minha testa e depois me deu a mão. Caminhamos pela quadra e eu me sentei na arquibancada. O professor me fitou com cara de dó enquanto Gabriel falava com ele e deu uns tapinhas amigáveis nas costas dele. Logo, meu menino estava sentado ao meu lado, rindo feito criança.
— Mas como pode ser tão burro? – perguntou baixinho, rindo.
— O que foi, criança?
— Falei pra ele que essas tuas dores aumentavam muito em dias de educação física. E ele tipo... Puxa, isso é uma pena, não? Que azar, que azar... – disse, deitando-se em meu colo.
— Ei, eu sou a debilitada aqui, moço, pode se levantar daí.
Ele assentiu e se sentou. Deitei no meio de suas pernas enquanto afagava meus cabelos. Minha cabeça estava encostada em seu peito e eu podia ouvir o coração dele batendo. Era tão bom quanto ouvir o do Thiago.
Talvez melhor.
Permanecemos ali sentados por algum tempo, até o fim da aula. Daí, fomos embora. Havia acabado o período e precisávamos comer.
— O que vai comer hoje?
— Nada.
— Mentira! Fala logo, vai. O Rodrigo já falou que vocês sempre saem pra comer sempre que não quer que eu pague pra você e ele não quer pagar pra Chloe.
— Filho da... Eu vou lá falar com ele.
Eu estava prestes a correr até Rodrigo e lhe dizer umas verdades, mas Gabriel me abraçou por trás me segurando. Eu comecei a gritar e ele ria, até... Bom... Até eu dar um coice nele. Gabes se encolheu e eu saí andando até Rodrigo, puta da cara.
— Você contou a ele?
— O quê?!
— Não se faça de tonto!
Eu me sentia, naquele momento, num drama de novela mexicana. Estávamos falando em português, o que dava a todos que nos assistiam um olhar ainda mais latino à saga. Seus olhos encheram-se d’água.
— Não foi por querer!
— Não fale mais comigo, Bartzen – gritei, trotando em direção à cafeteria e pedindo meu cappuccino de tamanho especial
Henrique sentou-se ao meu lado, rindo que nem criança. Nos últimos dias, ele vem se tornando uma companhia frequente, também. Talvez mais que Thiago e Gustavo, até.
— O que disse pro Rodrigo, menina?
— Que não queria olhar pra cara dele nunca mais, porque esses dias nós escapamos no intervalo pra comer em paz, sem termos que bancar ou sermos bancados. E ele contou pro Gabes.
Depois que Henrique soltou uma risada alta, percebi o quanto idiota havia sido, e ri junto.
— Meu Deus, eu sou uma mula.
— Não, nem tanto. To rindo mais porque vocês dois parecem irmãos mesmo. É engraçado demais ver vocês.
— Por quê?
— Vou fazer uma citação pra você, e...
— Não precisa, já entendi.
Ele riu e me empurrou até Rodrigo. Sentei-me ao seu lado, encostando a cabeça em seu ombro e fazendo beicinho.
— Você me perdoa?
— Eu tenho minha irmãzinha de volta?
Assenti com a cabeça e ele abriu um sorriso largo, me abraçando forte. Ri, afagando seus cabelos. Ouvi um pigarro.
— Tem alguém com ciúmes... – cantarolou Henrique.
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