Colégio Interno escrita por Híbrida
Quando acordei, todas já haviam saído. Levantei-me e senti uma pontada forte em minha cabeça. Ainda sentada, levei a mão à cabeça e mordi o lábio. Cambaleei até o banheiro, fazendo o que precisava ser feito, e sentei-me no sofá, fechando os olhos. Liguei a tv apenas para ouvir o som dos desenhos animados que passavam.
— Preciso fazer algo de útil da minha vida – disse, suspirando – E falar sozinha não é essa coisa útil. Vou assistir Friends.
Coloquei o terceiro DVD da terceira temporada – o melhor disco de todos – e coloquei todos os episódios para passar. O interfone tocou. Escola de chique é outra coisa, né. Temos um interfone no quarto.
— Hm – resmunguei ao interfone.
— To subindo.
Antes que eu pudesse falar algo, desligaram. Maldito seja, Gabriel. Levantei-me do meu aconchego pra vestir algo decente e voltei pra sala com um roupão. Quando voltei a sala, a porta do elevador se escancarou e Gabriel apareceu, com um sorriso nos lábios. Massageei as têmporas.
— Fora da minha casa.
— Vamos, você tá de ressaca. Precisa de alguém pra cuidar de você.
— Fora.
— Tá com fome, não tá? – disse, me ignorando – Eu trouxe cappuccino pra você. E croissants quentinhos.
— Não é legal me comprar, sabe disso, certo? – miei, puxando a sacola de papel da cafeteria.
Ele assentiu, rindo. Sentou-se ao meu lado enquanto eu comia croissants. Ofereci um, mas ele recusou. Continuei a comer em silêncio e beberiquei o cappuccino.
— Você... Matou aula?
— Sim – disse, dando os ombros – Por você.
— Não te pedi nada. Matou porque quis.
— Eu me preocupo contigo, Amanda. Não me pergunte por que, mas me preocupo.
Ele sorriu. Ignorei-o, terminando de comer e fechando os olhos.
— Descansa. Sua cabeça deve estar explodindo. Você bebeu demais ontem, e...
— Cala a boca, Gabriel. Eu já bebi bem mais que aquilo. Minhas ressacas são convencionais. Meu organismo quase não responde, e... – uma pontada no fígado – Ai, merda.
— Quase não responde?
— Não use esse tom comigo.
— Desculpe.
Ele soltou uma risadinha cínica e me abraçou. Virei o rosto e ele beijou meu pescoço, mordiscando-o levemente. Arrepiei-me e continuei deitada sobre seu ombro.
— Por que não acha alguém melhor pra encher?
— A Natie está em aula.
— Vai adorar saber que o pega dela tá aqui me agarrando.
— Namorado – corrigiu.
— Puxa, melhor ainda
Ele sorriu, assentindo e eu fechei os olhos. Permanecemos daquela forma por algum tempo. Até eu suspirar e encará-lo.
— Sabe, Gabes...
— Primeiro: Gabes? – perguntou, arqueando a sobrancelha – E segundo: que foi, minha pequena?
— Gabes. Se não quiser, é Casiraghi,porque...
— Não, Gabes é perfeito. Continue.
— Só ia lhe falar o quanto você lembra o Caio. E que só ele fazia com que eu me controlasse, porque eu fico um tanto agitada diante de uma ressaca.
— Ah, que bom.
— A diferença é que você me odeia e tá pouco se fudendo pra mim.
— Acha que se eu te odiasse, viria aqui contigo?
— Não sei.
Virei de lado, ignorando-o. Ele apertou minha cintura. Bufei, mordendo o lábio e me aconchegando em seu abraço. Acho que dormi, pois só me lembro de ouvir os gritos de Natalie.
— Que porra que tá acontecendo aqui?!
— Hey, mô! – disse Gabes, sorrindo.
Ela bufou e saiu resmungando. Gabriel continuou ali me abraçando, e eu o fitei. Natalie sentou-se ao nosso lado, massageando as têmporas.
— O que acontece?
— Essa pessoa está aqui desde as sete da manhã “cuidando de mim” – disse, fazendo aspas com as mãos.
— Por quê?
— Porque eu a amo – disse Gabes, simplesmente. Provavelmente soltou sem pensar.
— Como é?!
Ele corou e escondeu o rosto em meu ombro, entrelaçando as mãos em volta de minha cintura. Natalie o encarou, estupefata.
— Eu não acredito no que vejo, Gabriel.
— Um garoto de 16 anos agarrado à menina que diz que ele lembra o ex-namorado morto? Normal.
— Você é inacreditável, garoto.
— Awn, obrigado! – disse, beijando sua bochecha.
Apenas bufei, e ele riu, fazendo seus olhos ficarem pequenininhos. Sorri. Natalie bufou de novo, rolando os olhos.
— Pronto, minha ressaca já passou. Pode ir com a sua namorada.
— Ok! – disse ele.
— Não quero mais – resmungou Natalie.
— Então tá – disse ele, virando pra mim de braços abertos.
— Gabriel! – berrou Natalie.
Eu ri, colocando a mão sobre a testa e me encolhendo. Acho que alguém teria uma DR agora... O sinal do fim do intervalo soou.
— Vamos – disse Natalie – Aula.
— Minha parceira está doente. Preciso cuidar dela.
— Não pedi nada.
— Menina! – gritou Bruna, entrando na cobertura – Estou atrasada. Trouxe seu lanchinho!
Gabriel me encarou com uma cara de “Só agora ela chega?” e Pomme arqueou a fina sobrancelha, me fitando.
— Que foi?
— Gabriel me trouxe um lanche assim que vocês saíram.
— E se não fosse eu, vocês deixado a menina morrer de fome, ora essa! O que seria de mim sem você?
— Feliz, sóbria e uma menina meiga.
— Poxa, magoei.
— Você sabe que tudo o que significa pra mim é uma fonte segura de alimento. Pequena Pomme! O que me trouxe?
— Cheeseburger.
— Sério? - soltou Gabriel - A menina de ressaca e você traz CHEESEBURGER? Amanda certamente morreria sem mim.
— Não ligo pra essas formalidades - dei os ombros - Passa pra cá! Obrigada.
Tirei da mão dela e me sentei para comer. Fitei todos os presentes na sala, que me encaravam com cara de paisagem. Engoli o cheeseburger e os encarei.
— Queria saber por que não estão em aula – disse, calmamente.
— Ah, Jesus! – gritou Pomme – Aula!
E eles saíram correndo em círculos feito um bando de dementes.
— Vão perder aula.
— Nem ligo – disse Bu, dando os ombros – Só estamos aqui por que mamãe acha que aqui não vamos fazer merda aqui.
Natalie saiu correndo do mesmo jeito dei os ombros e ia me jogar no chão, mas Gabriel sentou-se para que eu caísse em seu colo.
— Me deixe, homem! – gritei.
— Quer se machucar, quer?
— Quero.
— Masoquista.
— Insuportável.
— Cricri.
— Ridículo.
— Rabugenta.
— Corno manso!
— Espere um momento, vou perguntar a Natalie se sou. Volto já.
— Não precisa voltar.
Ele mostrou a língua e beijou minha testa. Bruna bufou.
— Oi, Pomme! – disse ele, sorrindo – Desculpe, não resisto. Já lhe disseram que você tem a melhor amiga mais fofinha e bebum de todas?
— Sim – disse ela, dando o s ombros – A praga pode ser chata, irritante, sádica, dona de hábitos bizarros, cheia de fobias esquisitas, e... Qual era o ponto?
— A praga pode ser...
— Ah, sim. É a melhor amiga de todas e eu não a trocaria por ninguém. Minha baixinha vai ser pra sempre a minha baixinha.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!