Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 18
Ressaca




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Quando acordei, todas já haviam saído. Levantei-me e senti uma pontada forte em minha cabeça. Ainda sentada, levei a mão à cabeça e mordi o lábio. Cambaleei até o banheiro, fazendo o que precisava ser feito, e sentei-me no sofá, fechando os olhos. Liguei a tv apenas para ouvir o som dos desenhos animados que passavam.

— Preciso fazer algo de útil da minha vida – disse, suspirando – E falar sozinha não é essa coisa útil. Vou assistir Friends.

Coloquei o terceiro DVD da terceira temporada – o melhor disco de todos – e coloquei todos os episódios para passar. O interfone tocou. Escola de chique é outra coisa, né. Temos um interfone no quarto.

— Hm – resmunguei ao interfone.

— To subindo.

Antes que eu pudesse falar algo, desligaram. Maldito seja, Gabriel. Levantei-me do meu aconchego pra vestir algo decente e voltei pra sala com um roupão. Quando voltei a sala, a porta do elevador se escancarou e Gabriel apareceu, com um sorriso nos lábios. Massageei as têmporas.

— Fora da minha casa.

— Vamos, você tá de ressaca. Precisa de alguém pra cuidar de você.

— Fora.

— Tá com fome, não tá? – disse, me ignorando – Eu trouxe cappuccino pra você. E croissants quentinhos.

— Não é legal me comprar, sabe disso, certo? – miei, puxando a sacola de papel da cafeteria.

Ele assentiu, rindo. Sentou-se ao meu lado enquanto eu comia croissants. Ofereci um, mas ele recusou. Continuei a comer em silêncio e beberiquei o cappuccino.

— Você... Matou aula?

— Sim – disse, dando os ombros – Por você.

— Não te pedi nada. Matou porque quis.

— Eu me preocupo contigo, Amanda. Não me pergunte por que, mas me preocupo.

Ele sorriu. Ignorei-o, terminando de comer e fechando os olhos.

— Descansa. Sua cabeça deve estar explodindo. Você bebeu demais ontem, e...

— Cala a boca, Gabriel. Eu já bebi bem mais que aquilo. Minhas ressacas são convencionais. Meu organismo quase não responde, e... – uma pontada no fígado – Ai, merda.

— Quase não responde?

— Não use esse tom comigo.

— Desculpe.

Ele soltou uma risadinha cínica e me abraçou. Virei o rosto e ele beijou meu pescoço, mordiscando-o levemente. Arrepiei-me e continuei deitada sobre seu ombro.

— Por que não acha alguém melhor pra encher?

— A Natie está em aula.

— Vai adorar saber que o pega dela tá aqui me agarrando.

— Namorado – corrigiu.

— Puxa, melhor ainda

Ele sorriu, assentindo e eu fechei os olhos. Permanecemos daquela forma por algum tempo. Até eu suspirar e encará-lo.

— Sabe, Gabes...

— Primeiro: Gabes? – perguntou, arqueando a sobrancelha – E segundo: que foi, minha pequena?

— Gabes. Se não quiser, é Casiraghi,porque...

— Não, Gabes é perfeito. Continue.

— Só ia lhe falar o quanto você lembra o Caio. E que só ele fazia com que eu me controlasse, porque eu fico um tanto agitada diante de uma ressaca.

— Ah, que bom.

— A diferença é que você me odeia e tá pouco se fudendo pra mim.

— Acha que se eu te odiasse, viria aqui contigo?

— Não sei.

Virei de lado, ignorando-o. Ele apertou minha cintura. Bufei, mordendo o lábio e me aconchegando em seu abraço. Acho que dormi, pois só me lembro de ouvir os gritos de Natalie.

— Que porra que tá acontecendo aqui?!

— Hey, mô! – disse Gabes, sorrindo.

Ela bufou e saiu resmungando. Gabriel continuou ali me abraçando, e eu o fitei. Natalie sentou-se ao nosso lado, massageando as têmporas.

— O que acontece?

— Essa pessoa está aqui desde as sete da manhã “cuidando de mim” – disse, fazendo aspas com as mãos.

— Por quê?

— Porque eu a amo – disse Gabes, simplesmente. Provavelmente soltou sem pensar.

— Como é?!

Ele corou e escondeu o rosto em meu ombro, entrelaçando as mãos em volta de minha cintura. Natalie o encarou, estupefata.

— Eu não acredito no que vejo, Gabriel.

— Um garoto de 16 anos agarrado à menina que diz que ele lembra o ex-namorado morto? Normal.

— Você é inacreditável, garoto.

— Awn, obrigado! – disse, beijando sua bochecha.

Apenas bufei, e ele riu, fazendo seus olhos ficarem pequenininhos. Sorri. Natalie bufou de novo, rolando os olhos.

— Pronto, minha ressaca já passou. Pode ir com a sua namorada.

— Ok! – disse ele.

— Não quero mais – resmungou Natalie.

— Então tá – disse ele, virando pra mim de braços abertos.

— Gabriel! – berrou Natalie.

Eu ri, colocando a mão sobre a testa e me encolhendo. Acho que alguém teria uma DR agora... O sinal do fim do intervalo soou.

— Vamos – disse Natalie – Aula.

— Minha parceira está doente. Preciso cuidar dela.

— Não pedi nada.

— Menina! – gritou Bruna, entrando na cobertura – Estou atrasada. Trouxe seu lanchinho!

Gabriel me encarou com uma cara de “Só agora ela chega?” e Pomme arqueou a fina sobrancelha, me fitando.

— Que foi?

— Gabriel me trouxe um lanche assim que vocês saíram.

— E se não fosse eu, vocês deixado a menina morrer de fome, ora essa! O que seria de mim sem você?

— Feliz, sóbria e uma menina meiga.

— Poxa, magoei.

— Você sabe que tudo o que significa pra mim é uma fonte segura de alimento. Pequena Pomme! O que me trouxe?

— Cheeseburger.

— Sério? - soltou Gabriel - A menina de ressaca e você traz CHEESEBURGER? Amanda certamente morreria sem mim.

— Não ligo pra essas formalidades - dei os ombros - Passa pra cá! Obrigada.

Tirei da mão dela e me sentei para comer. Fitei todos os presentes na sala, que me encaravam com cara de paisagem. Engoli o cheeseburger e os encarei.

— Queria saber por que não estão em aula – disse, calmamente.

— Ah, Jesus! – gritou Pomme – Aula!

E eles saíram correndo em círculos feito um bando de dementes.

— Vão perder aula.

— Nem ligo – disse Bu, dando os ombros – Só estamos aqui por que mamãe acha que aqui não vamos fazer merda aqui.

Natalie saiu correndo do mesmo jeito dei os ombros e ia me jogar no chão, mas Gabriel sentou-se para que eu caísse em seu colo.

— Me deixe, homem! – gritei.

— Quer se machucar, quer?

— Quero.

— Masoquista.

— Insuportável.

— Cricri.

— Ridículo.

— Rabugenta.

— Corno manso!

— Espere um momento, vou perguntar a Natalie se sou. Volto já.

— Não precisa voltar.

Ele mostrou a língua e beijou minha testa. Bruna bufou.

— Oi, Pomme! – disse ele, sorrindo – Desculpe, não resisto. Já lhe disseram que você tem a melhor amiga mais fofinha e bebum de todas?

— Sim – disse ela, dando o s ombros – A praga pode ser chata, irritante, sádica, dona de hábitos bizarros, cheia de fobias esquisitas, e... Qual era o ponto?

— A praga pode ser...

— Ah, sim. É a melhor amiga de todas e eu não a trocaria por ninguém. Minha baixinha vai ser pra sempre a minha baixinha.


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