Colégio Interno escrita por Híbrida
Sinceramente, eu devo ter feito uma cara muito boa. Porque a minha surpresa mesclada ao nojo que sentia dos dois naquele momento não eram normais, não. Levantei-me, sussurrando pra Gustavo que já voltava, e saí. Senti que se ficasse ali vendo aquela cena ridícula, ia vomitar em cima deles.
Apesar de ser 17h40, já estava escuro. Maldito inverno. Sentei-me num banco qualquer e comecei a bater a cabeça nos joelhos.
— Você o odeia, Amanda, não se esqueça...
— Não, não odeia.
— Para, Bruna. Nem vem.
— Amanda, ele lembra o amor da sua vida.
— Foda-se quem ele lembra, ele não é o Caio.
Ela sorriu, sentando-se ao meu lado e encostando minha cabeça em seu ombro, afagando meus cabelos. Ajeitei-me sobre seu colo.
— Cadê o sorrisinho que eu amo?
Mostrei um dedo do meio pra ela e Bruna abaixou-o. Esmurrei-a na barriga e ela fez beicinho
— Não me fira só porque seu coração também dói. Estou tentando te ajudar aqui.
— E eu estou surtando.
— Vou deixar você pensar sobre tudo isso que está acontecendo contigo, ok?
— Ok, só me diga onde eu arranjo álcool nessa bagaça.
— Não arranja, Amanda.
— Puxa, que bom que eu trouxe de casa.
— Como é?
Subi, deixando-a com cara de bunda no andar debaixo. Remexi minha mala, retirando dela uma garrafa de vodka.
— Mas que porra é essa?! – perguntou Gu.
— Não é porra... É vodka! Ferreira vai contrabandear pra mim.
— Sério isso? – perguntou Bruna, rindo incrédula.
Tirei um copo do armário, colocando meu elixir dos deuses nele. Beberiquei e soltei um suspiro profundo. Diferentemente de Natalie, Gabriel percebeu minha presença no quarto.
— Você bebe?
— Mas você não percebeu que isso aqui é groselha?
— Amanda, isso te faz mal.
— E você tá pouco se fudendo pra mim – resmunguei.
Álcool tinha um efeito praticamente imediato sobre mim. O garoto “desabraçou” Natalie e correu até mim, abraçando-me.
— Não é bem assim – sussurrou.
— É sim. Sai daqui.
— Amanda...
— Pode me largar pra que eu possa terminar de beber?
— Não!
— Se fuder ninguém quer, né – resmunguei.
Eu já balbuciava e comia algumas sílabas. O negócio é que eu não sou fraca pra bebida, mas acontece que aquelas circunstâncias já me deixavam emocionalmente embriagada.
— Solta a garrafa, Amanda.
— Por quê?
Minha voz estava embargada e eu mal conseguia me manter em pé após três ou quatro doses de vodka. Cambaleei até minha cama e acabei caindo de bunda após tentar subir no beliche.
— Por Deus, Amanda.
— Ah, vá pra merda! – resmunguei um tanto alto.
Caí na cama de Bruna mesmo, me encolhendo toda. Gabriel me pegou no colo, me colocando delicadamente em minha própria cama.
— Você é muito chato. Não quero ficar aqui.
— O que você quer dizer com...
Rolei até o chão, caindo de cara no carpete. Eu sou um desastre quando bebo, e aquilo era completamente notável.
— Santo Deus, você nunca bebeu?
— Pelo contrário. Bebo bastante.
— Muito mesmo – disse Bruna, rolando os olhos – Ela bebe mais vodka do que água.
— E por que está assim?
— Minha menina está sensível hoje...
— As cores lá fora me disseram pra continuar, elas me disseram pra continuar! E eu já superei... Mas eu queria suas mãos nas minhas, revelas as fotos que tiramos e ninguém sabia...
— Mandie?
— O quê?! Não se pode mais cantar, também? Onde houver repressão, haverá resistência!
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