Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 16
Conselhos e bebidas




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Sinceramente, eu devo ter feito uma cara muito boa.  Porque a minha surpresa mesclada ao nojo que sentia dos dois naquele momento não eram normais, não. Levantei-me, sussurrando pra Gustavo que já voltava, e saí. Senti que se ficasse ali vendo aquela cena ridícula, ia vomitar em cima deles.

Apesar de ser 17h40, já estava escuro. Maldito inverno. Sentei-me num banco qualquer e comecei a bater a cabeça nos joelhos.

— Você o odeia, Amanda, não se esqueça...

— Não, não odeia.

— Para, Bruna. Nem vem.

— Amanda, ele lembra o amor da sua vida.

— Foda-se quem ele lembra, ele não é o Caio.

Ela sorriu, sentando-se ao meu lado e encostando minha cabeça em seu ombro, afagando meus cabelos. Ajeitei-me sobre seu colo.

— Cadê o sorrisinho que eu amo?

Mostrei um dedo do meio pra ela e Bruna abaixou-o. Esmurrei-a na barriga e ela fez beicinho

— Não me fira só porque seu coração também dói. Estou tentando te ajudar aqui.

— E eu estou surtando.

— Vou deixar você pensar sobre tudo isso que está acontecendo contigo, ok?

— Ok, só me diga onde eu arranjo álcool nessa bagaça.

— Não arranja, Amanda.

— Puxa, que bom que eu trouxe de casa.

— Como é?

Subi, deixando-a com cara de bunda no andar debaixo. Remexi minha mala, retirando dela uma garrafa de vodka.

— Mas que porra é essa?! – perguntou Gu.

— Não é porra... É vodka! Ferreira vai contrabandear pra mim.

— Sério isso? – perguntou Bruna, rindo incrédula.

Tirei um copo do armário, colocando meu elixir dos deuses nele. Beberiquei e soltei um suspiro profundo. Diferentemente de Natalie, Gabriel percebeu minha presença no quarto.

— Você bebe?

— Mas você não percebeu que isso aqui é groselha?

— Amanda, isso te faz mal.

— E você tá pouco se fudendo pra mim – resmunguei.

Álcool tinha um efeito praticamente imediato sobre mim. O garoto “desabraçou” Natalie e correu até mim, abraçando-me.

— Não é bem assim – sussurrou.

— É sim. Sai daqui.

— Amanda...

— Pode me largar pra que eu possa terminar de beber?

— Não!

— Se fuder ninguém quer, né – resmunguei.

Eu já balbuciava e comia algumas sílabas. O negócio é que eu não sou fraca pra bebida, mas acontece que aquelas circunstâncias já me deixavam emocionalmente embriagada.

— Solta a garrafa, Amanda.

— Por quê?

Minha voz estava embargada e eu mal conseguia me manter em pé após três ou quatro doses de vodka. Cambaleei até minha cama e acabei caindo de bunda após tentar subir no  beliche.

— Por Deus, Amanda.

— Ah, vá pra merda! – resmunguei um tanto alto.

Caí na cama de Bruna mesmo, me encolhendo toda. Gabriel me pegou no colo, me colocando delicadamente em minha própria cama.

— Você é muito chato. Não quero ficar aqui.

— O que você quer dizer com...

Rolei até o chão, caindo de cara no carpete. Eu sou um desastre quando bebo, e aquilo era completamente notável.

— Santo Deus, você nunca bebeu?

— Pelo contrário. Bebo bastante.

— Muito mesmo – disse Bruna, rolando os olhos – Ela bebe mais vodka do que água.

— E por que está assim?

— Minha menina está sensível hoje...

— As cores lá fora me disseram pra continuar, elas me disseram pra continuar! E eu já superei... Mas eu queria suas mãos nas minhas, revelas as fotos que tiramos e ninguém sabia...

— Mandie?

— O quê?! Não se pode mais cantar, também? Onde houver repressão, haverá resistência!


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