Naquele dia chovia. Lá estava eu em casa, sozinho como sempre, vendo meus animes, jogando meus jogos favoritos (de zumbis, claro!). Meu nome é Marcelo, tenho 15 anos e sou brasileiro. Mudei para Belo Horizonte aos 12 (vim de São Paulo), porque meus pais se divorciaram. Meu pai tinha condições melhores para cuidar de nós (eu e minha irmã, Ana), por isso ele ficou conosco. Lá em SP, na escola onde eu estudava, eu tinha amigos com os mesmos interesses que eu. Agora não tenho, pois esta nova escola só tem gente esnobe ou funkeiros. Então passei os últimos três anos sozinho com meus jogos e animes. Até agora...

Como dizia, lá estava eu em casa jogando jogos e vendo animes, quando a fome me chamou. Fui até a cozinha, abri a geladeira e peguei o presunto e a maionese. Foi quando reparei que não tinha pão. Vesti o moletom cinza-escuro e a calça jeans, peguei as chaves, a carteira, o celular e fui. Morava numa descida/subida e a padaria ficava um pouco além da esquina de cima.

Comecei a subir a rua, reparei no silêncio e fiquei desconfiado, mas, como via algumas pessoas andando ao longe, pensei que era besteira. Mas assim que dobrei a esquina, me deparei com algo jamais imaginado: Sangue por toda parte, braços, pernas, cabeças e outras partes de corpos espalhados e dezenas, talvez centenas de pessoas andando devagar pela avenida, como se nada tivesse acontecido. Algumas faziam sons estranhos, como se gemessem, grunhissem e até mesmo rosnassem.

E eu, com todo meu conhecimento (que pessoas normais chamariam de vício) sobre animes e jogos de terror, já sabia do que se tratava: Era o Apocalipse Zumbi. Sempre me imaginava sobrevivendo a um fenômeno desses como nos meus jogos de zumbis, mas aquilo era diferente. Enquanto ficava parado, meio escondido pelo muro da esquina, ouvi um grunhido do meu lado direito e quando olhei, vi um zumbi vindo na minha direção e corri rua abaixo, voltando o caminho que havia feito e entrei em casa.

Dois minutos depois, ouvi batidas e grunhidos no meu portão. Sabia que era aquele zumbi que estava batendo, e também sabia que suas batidas no portão atrairiam mais e mais zumbis e logo eu estaria cercado. Tinha que agir rápido, então corri para dentro de casa, peguei minha mochila de escola e joguei meus livros no chão do quarto, fui até a cozinha e guardei na mochila muitas coisas, como: biscoitos, macarrão instantâneo, frutas, umas cinco garrafas de água, o kit de primeiros-socorros, fósforos, uma garrafa de álcool etílico, colheres e, principalmente, facas de todos os tamanhos. Peguei um cabo de vassoura, a caixa de ferramentas do meu pai e dois espetos da churrasqueira.

Quando sai de casa, havia três zumbis no portão. Derrubei o primeiro com o cabo de vassoura, acertando-o na cabeça, e desviei dos outros dois. Desci a rua, mas tive que parar, pois havia mais de sete zumbis vindos lá de baixo. Havia uma ruazinha que conectava a minha com outra, paralela, segui por ela e subi a outra, pois vinham mais zumbis lá de baixo também. Os zumbis da avenida perceberam o alvoroço e desceram a rua. Fiquei encurralado e, quando achei que ia morrer dilacerado por todos aqueles zumbis, ouvi uma voz atrás de mim e me virei. Será que estava ficando louco? Um portão falante?! Então o portão se abriu, um braço me puxou para dentro e o portão se fechou atrás de mim.