Eu olhei para o relógio, e senti meu coração apertar.  

- Já está na hora de você ir embora, não é? - Edward me abraçava, totalmente dependente, da mesma forma que estou. - Sim. - Minha voz saiu com dificuldade. Porque era sempre um drama tão grande ficar longe dele?

- Vamos. - Eu me levantei e reparei na sua expressão, imóvel. - Hey!

- Quanto falta pra você ser só minha? - Disse fazendo charme.

- Eu sou só sua. E sempre serei.

- Quanto falta para eu poder dizer pra todo mundo que eu você é minha? - Seus olhos grandes e dourados me deram vontade de voltar a me aninhar nos seus braços.

- Bom, hoje eu vou falar com Renné, aguentar a choradeira, depois eu vou falar com Charlie. Enquanto isso você resolve sua vida com a sua família. - Eu disse fazendo careta.

- Então você não pode ficar nem mais um pouquinho comigo? - Ele me puxou e me abraçou, e eu conseguia sentir sua respiração no meu pescoço.

- Não, eu tenho coisas pra resolver, mas no futuro nós poderemos passar todo o tempo abraçados. - Eu disse enquanto me desvencilhava de seu abraço. Eu levantei e fui pra sala, catando minhas coisas. Edward me seguiu e nós fomos juntos para seu carro.

Durante o caminho nós fomos calados, ouvindo as músicas que nós gostamos. Era bom esse silêncio, porque não é um silêncio chato ou constrangedor, é um silêncio íntimo, em que a gente fica só ouvindo nossas respirações e o meu coração batendo. Um silêncio que ás vezes me permite ler a mente de Edward, um silêncio que provavelmente me deixa vulnerável ao seus poderes mentais. E foi nesse silêncio que nós fomos até a minha casa e ao carro parar, o silêncio foi quebrado pelo barulho do meu movimento de chegar mais perto e o puxar para mim.

Ele não recuou, apenas agarrou minha cintura, eu passei os dedos pelos seus cabelos e encostei minha testa na sua. Ele subiu a mão direita para minha nuca, e desceu a mão esquerda para minha perna. Antes de eu pensar no próximo movimento, nossos lábios se agarravam e nossas línguas se enroscavam, era uma atração muito grande, como imãs, ele me atraía a ficar cada vez mais perto. Eu juro que se não fosse o fato de eu ter apenas dois minutos com ele, e estarmos em um carro no meio da rua, eu já teria arrancado toda a sua roupa. Mas como esse não é o caso, nós apenas nos soltamos e demos um abraço normal. Era quase impossível não sentir calor depois desse beijo.

- Vai logo Bella, eu não vou resistir por muito tempo. - Ele sussurrou e eu me soltei já sabendo que eu também não iria aguentar por muito tempo.

- Até mais. - Eu disse lhe dando um beijo rápido e saindo do carro.

Eu entrei em casa e corri pro meu quarto, largando todas as minhas coisas lá e saindo pro banheiro, eu precisava de um banho frio. Eu tomei meu banho tentando pensar em outras coisas que não fosse Edward, e toda a sua beleza impossível.

Assim que eu sai do banho, eu me vesti, comi e me preparei psicologicamente para o meu discurso sobre a decisão de ir para Forks. Enquanto esperava Renné chegar, eu escrevia no bloco de notas do meu notebook, o rascunho do email que eu mandaria para Charlie, era óbvio que eu não queria mudar de rotina, nem ficar longe da minha mãe, mas se eu tenho que fazer isso para ficar com Edward, eu farei, até porque por ele eu faria muito mais. Eu estava no final do email quando Renné chegou.

Eu tentei agir normalmente, perguntar sobre o seu dia no trabalho, falar sobre o dia na escola, fiquei até me sentindo culpada, ela estava muito feliz e eu sei que quando eu contar, ela vai ficar triste. Porém eu espantei esses pensamentos. Depois de um tempo de conversa eu fui direto ao assunto, disse que eu queria morar em Forks, dei os motivos mais idiotas, falando que ia ser uma boa ideia ir para uma escola nova, fazer amigos novos, e passar mais tempo com Charlie antes de me formar e ir para a faculdade. Ela me questionou, tentou me persuadir, chorou, me abraçou e decidiu que se eu acho que é o melhor pra mim, eu devo seguir em frente.

Depois de toda a conversa eu mandei o email para Charlie. Ele me respondeu um pouco antes de eu pegar no sono. Ele disse que eu sempre serei bem vinda na casa dele, e disse que vai começar a arrumar as coisas na escola nova. E então eu finalmente fui dormir, com a consciência de que eu estava fazendo tudo isso.

Eu fiquei me sentindo mal por estar fazendo isso, mas eu sei que é o melhor para todos nós. Minha mãe vai ter um quarto sobrando para fazer de closet, vai poder passar mais tempo com meu irmão. Mas eu acho que a vida é assim mesmo, você tem que sacrificar coisas que você ama para ter outras coisas que você ama, e tudo tem seu tempo, eu passei toda minha vida com a minha mãe, talvez fosse a hora de passar um tempo com Charlie e com meu namorado-professor-vampiro, Edward. Eu adormeci, tive uma noite cheia de sonhos, sobre o futuro, sobre minha nova vida. Eu acordei, me espreguicei e levantei da cama caminhando igual um zumbi em direção ao banheiro. Tomei um banho gelado para acordar, me arrumei e sai para a escola.

O dia foi normal, chato porque não tive nenhuma aula com Edward. Eu passei por ele algumas vezes na escola e sempre que passava ele discretamente dava o seu sorriso torto perfeito. Era bom saber que em pouco tempo eu poderia sair pela nova escola de mãos dadas com ele. O ruim de Forks é que por ser uma cidade pequena, todas as pessoas sabem da sua vida. Mas eu prefiro que todas as pessoas de uma cidade saibam que eu namoro com um aluno do que todas as pessoas de uma escola saberem que eu namoro com um professor. Afinal, namoro entre adolescentes, normal, entre adulto e adolescente, nada normal.

Essas coisas são estranhas pra mim porque eu nunca considerei Edward um adulto, ele se passa por um adulto facilmente, mas ele parece muito mais com um adolescente. Muitas vezes eu me pergunto qual o distúrbio que a gente sofre. Porque tem que ter um, algum que esteja ligado com atração ao proibido. Talvez todo mundo tenha esse lado, só acho que o nosso é maior, talvez pelo fato de eu ser uma humana de quinze anos e me apaixonar pelo meu professor vampiro. O mais estranho é que o fato de ele ser meu professor e ser considerado um adulto me incomoda muito mais do que o fato de ele ser um vampiro de cem anos. Pensando desse jeito, eu realmente acho que eu tenho algum distúrbio. Todos esses pensamentos fugiram da minha cabeça quando o sinal tocou e as aulas acabaram pelo dia. Eu fui pra casa de Edward e os dias se passaram assim até o final do mês com a nossa tão esperada mudança...