Descobrindo a própria luz escrita por Marii Weasley


Capítulo 23
Capítulo 23 - Nos encontramos com o velhinho zuero


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei nem o que dizer... Foram o que?? Quatro meses? Por aí. Todo esse tempo sem atualizar.
Tenho certeza que muitos de vocês acharam que eu havia desistido. E algumas vezes (muitas), eu mesma cheguei a duvidar que fosse chegar ao fim da fic.
Tantas coisas me separam daquela garota que começou tudo há mais de um ano. E manter o mesmo padrão de escrita é muito complicado. A criatividade tinha ido embora e alguma coisa dentro de mim já tinha matado esses personagens.
O que me surpreendeu, foi voltar para a parte de gerenciamento da história e ver que meu número de leitores e de favoritos tinha crescido.
Eu nunca recebi muitos comentários, tanto que temos mais dois capítulos e um epílogo para o fim e não chegamos nem ao "100". Mas essa nunca vai ser minha desculpa pra demorar com as postagens. Muito pelo contrário. Não tenho muitos leitores fiéis, mas respeito os que tenho. E ver que havia novas pessoas acreditando no que eu estava fazendo me fez acreditar também. Por isso escrevi os dois últimos capítulos que faltavam. O próximo (e ultimo) está agendado para daqui a uma semana. Independentemente do que role nesse, ele vai ser postado.
Bem.. É isso. Penúltimo capitulo... Obrigada gente



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[Só que quando eu avistei o nome do próximo lugar, no fresquinho da poção, eu fiquei abismada.
Parece que eu faria uma pequena visita a meu antigo colégio.]

Eu não fazia a mínima ideia do porque, mas era como se aqueles corredores tivessem sido abandonados há décadas.

Não havia eletricidade, de modo que nossa única fonte de luz era a espada dourada de Maat. As portas dos armários estavam todas abertas e todo o conteúdo dos mesmos jogado no chão, como se os usuários tivessem abandonado o lugar o mais depressa possível.

As carteiras estavam todas jogadas pelos corredores e teias de aranha e mofo já cobriam grande parte do local. Ao passar na frente dos nossos armários antigos, que agora pertenciam a outra pessoa, Maat me olhou extremamente confuso. O que tinha acontecido naquele lugar ?

Eu conhecia aqueles corredores mais do que a mim mesma. E vê-los daquele modo, fez com que meu coração se apertasse de uma maneira inexplicável.

Eu não sabia ao certo porque a poção havia nos mandado para ali. Não nos informou o próximo passo, apenas o endereço que eu já havia decorado há muito tempo. Mas se aquilo era algum tipo de truque para me afetar, estava dando certo.

139. Parei na frente do armário 139, apenas para encarar o seu interior vazio. Eu me lembrava de como havia sido tirar as minhas coisas dali. A verdade é que eu nunca me esqueceria.

Ano passado, depois da formatura do nono ano, eu e meus colegas de classe tínhamos que escolher uma outra escola para iniciarmos o colegial. Grande parte da sala se separou. E estar ali, cercada por todas aquelas coisas, era no mínimo perturbador.

Se olhasse com atenção, ainda podia me enxergar andando por ali. Com um rabo de cavalo e o uniforme vermelho e branco, entre Lola e Mernie. Não sabia sobre o que estávamos falando, ou pra que aula estávamos indo. Mas se me concentrasse, ainda podia me sentir do mesmo modo.

Conseguia me imaginar correndo mais uma vez por aquele corredor. Rindo por ali. Ou encostada em alguma parede com um resumo feito com canetas coloridas nas mãos.

E conseguia lembrar como tinha sido abraçar Maat encostada naquele armário, no ultimo dia de aula. De como não tínhamos conseguido ficar dentro da sala, com todo mundo. E de como estava brava, porque tinha prometido pra mim mesma que não ia chorar, mas já faziam mais de cinco minutos que eu tentava secar minhas lágrimas em vão.

Fechei os olhos com força e sacudi a cabeça levemente, como que pra afastar tudo aquilo. Eu estava pensando rápido demais. E realmente odeio quando isso acontece.

Suspirei antes de abrir os olhos e lançar um sorriso triste pra Maat. Não tinha porque falar qualquer coisa. Ele sabia.

Então continuamos andando.

Nico nos olhava de forma preocupada e fiz questão de mandar um sorriso falsamente confiante pra ele, quando notei.

Porque é isso que eu faço quando não tenho controle sobre algo.

Naquele momento, eu estava encarando a ansiedade como eu costumava encarar tudo antes que essa semana começasse: como se não me importasse.

Quando viramos ao lado da cantina e entramos no que costumava ser o auditório que eu o vi.

De início, esperei que as paredes se encolhessem e nos esmagassem, que entrássemos em combustão, ou algo assim. Porque o que aprendi com as histórias de semideuses, é que tudo que parece inofensivo, é capaz de acabar com você em um instante.

Mas contrariando a lógica, o velho apenas sorriu um sorriso sem dentes.

Ele era magro e facilmente poderia atribuir a ele uma idade superior aos 90. Alguns tufos de cabelo branco escapavam perto de sua orelha e sua postura era tão encurvada sobre um cajado, que sua estatura não devia ultrapassar a de uma criança. Porém, era inevitável escapar da áurea de poder que emanava dele. Envolto naquela túnica branca, que éramos acostumados a ver em Ares, Zeus ou Apolo, e com aquela aparência decrépita, ele realmente parecia inofensivo, quase que patético.

Se não fossem pelo olhos mais negros que eu já vira, que pareciam te sugar para direção dele. Pelo ar, que parecia desacelerar ao seu redor. E se não fosse pela sua voz, alta e imponente que chegou aos meus ouvidos logo após Nico se curvar em uma reverência, confirmando as minhas suspeitas.

– Aproxima-te garoto - ele ordenou, fazendo Nico caminhar relutantemente em sua direção. - Poucos semideuses me reconhecem. A velhice não é convidativa, ou agradável. E muitos de vocês nem mesmo chegaram perto de experimenta-la. Não há surpresa em saber, entretanto, que um filho de Hades se curva perante a mim. Não há grandes diferenças entre a morte e a velhice, não é mesmo ?

– Não exatamente, senhor. - o velho encara Nico com seus olhos negros de uma forma curiosa. - A morte pode ser tanto um fim, quanto um começo. Pode ser a sua perdição, ou salvação. O senhor pode alegar, que envelhecer também é uma transformação. Mas o que é velho, nunca deixará de ser. E o que é novo, inevitavelmente será velho.

O velho assentiu levemente a cabeça, como que avaliando o que Nico dissera. Mas também, como se esperasse que ele fosse dizer algo assim.

– Esse é Geras. Literalmente a velhice. - diz Nico. - Costuma trabalhar junto com Tanatos, a morte.

Eu e Maat mexemos a cabeça em uma simples reverência.

– Desculpe senhor, mas o que deseja de nós? - pergunta Maat.

– Vocês é que desejam algo de mim. Foi vocês que me procuraram, não foi?

Sem saber o que responder, ficamos em silêncio.

– Isso aqui - ele diz se referindo ao auditório. - é o que pra você já se tornou velho. Nostalgia, saudade... Nada mais do que você sente por esse lugar está ligado ao seu presente. Isso está na sua mente, Isabelle. E é também nela, que eu estou.

– Então tudo isso aqui... - eu começo

– Exatamente, minha garota. Não é real. Estamos no que vocês chamariam de realidade paralela.

– Estou sendo indelicada, mas não consigo entender aonde isso se encaixa em nossa missão - eu confesso.

– Como não consegue? O que mais você está fazendo além de mudar o efeito do tempo? A ultima coisa que conseguiu foi uma poção de longevidade, se não estou enganado. - eu assenti. - O que diz respeito a juventude, cabe a minha opositora em poderes, Hebe. Considerando que você tenha uma benção da juventude, o que lhe falta é uma da velhice. O que nós faríamos se não fossem os opostos? Como você poderia considerar algo velho, se não soubesse o que é o novo?

Que confusão. Mesmo com minha mente trabalhando rápido, grande parte do que ele disse não fazia o menor sentido. Mas ao invés de tentar entender, Maat vai direto ao ponto:

– Do que vamos precisar ? - pergunta.

– Nada mais do que da minha benção.

Eu olhei para ele desconfiada. Acho que é agora que as paredes se movem e que começamos a pegar fogo.

– E vai ser assim, tão fácil?- Nico pergunta, também desconfiado.

– E quem disse que seria fácil ?

~

Cera, esfregar, secar. Cera, esfregar, secar. Cera, esfregar, secar. Cera, esfregar, secar. Finalmente acabei minha parte. Aquilo tinha sido absurdamente estúpido.

Quer dizer, eu esperava no mínimo que fossemos ter que fazer um dos dozes trabalhos de Hércules, ou algo do tipo. Mas foi pior! Aquele velho maldito fez com passássemos o penúltimo dia de missão inteirinho lavando as escadarias do seu templo, encerando o chão e coisas do gênero.

E ele estava se divertindo, podia notar isso! Todo aquele papo de velhinho sábio foi só uma propaganda enganosa, antes de fazer a gente de empregados.

" Eu daria a benção pra vocês de bom grado, sou uma ótima pessoa. Mas já que ando precisando de uma ajudinha..."

Logo depois, o que era " a realidade paralela" se transformou e estávamos na frente do seu templo, no Monte Olimpo. Assim que ele apareceu com aventais e touquinhas, pude ver os meninos pensando em desistir. Nico praticamente implorou pra fazer outra coisa, que não fosse limpar o banheiro e a cozinha. E tudo que Geras fez foi rir.

E eu teria rido também. Se não tivesse passado as últimas quatro horas ajoelhada, no melhor estilo Cinderela, encerando o chão após ter ajudado Maat com as escadas.

Várias vezes no dia, eu me perguntei se ele não estava nos mandando fazer tudo isso pra no fim não dar a tal benção. Mas Nico o fizera jurar pelo rio Estige. E não é como se alguém houvesse tido uma ideia melhor.

Levantei e pude ouvir o estralo saindo das minhas costas, enquanto andava até o salão principal, onde o velho estava tomando suco ou sei lá.

Ele lançou outro sorriso banguela pra mim e eu me segurei pra não fazer nada ofensivo.

Algum tempo depois, Nico chegou, com um desentupidor na mão, me olhando completamente enojado. Pensamentos nojentos sobre caca de idoso invadiram minha mente, e naquela hora, decidi que nunca perguntaria o que tinha acontecido pra Nico.

Quando Maat chegou, - uns cinco minutos antes do sol se por, que por acaso era nosso prazo. - quase chorei de alegria.

Eu podia notar Geras procurando uma brecha no juramento. Mas Nico fora bem específico e não restava nenhuma alternativa, além de dar o que havia prometido.

Então, depois de fazer algumas piadas sobre o templo ainda ter um terceiro andar e da vocação de Maat pra gari, mandou que eu me aproximasse e colocou sua mão enrugada sobre minha testa.

Seus olhos negros fitaram os meus e eu pude sentir por um momento, como era envelhecer. Minha pele ficando seca e é enrugada e os cabelos grisalhos. Minha estatura encolheu,até não ser mais alta que Geras. Olhei para o chão e tufos e tufos do meu cabelo tinham ido embora. E eu pude sentir ela chegando. Sabia que ia morrer a qualquer instante.

Tão rápido quanto essa sensação veio, ela se foi.

Eu apenas recuei assustada, fiz uma reverência desajeitada e fui andando em direção a saída. E antes mesmo de pisar do lado de fora do templo, aparecemos do lado de fora da escola, como se nunca se quer estivéssemos entrado lá.

Virei para trás, apenas para observar Maat e Nico.

– Você vai ser uma velhinha bonitinha - Maat diz depois de um tempo.

Eu coro até o ultimo fio de cabelo.

– Não acredito que viu aquilo - reclamo, cobrindo meu rosto com as mãos.

Maat e Nico dão risada e depois de um tempo eu acabo rindo. É estranho pensar que amanhã, pode ser o nosso ultimo dia.

Então eu simplesmente não penso. Quando Nico sugere um lanche no McDonald's, nem eu nem Maat recusamos.

Mesmo que cada célula do meu corpo esteja dolorida e minhas costas estejam fazendo barulho enquanto eu ando, passar esse tempo com os meninos me faz um bem inacreditável.

– Que tal minha casa? - Maat sugere assim que acabamos de comer. - Meus pais devem estar viajando e a Annie, na faculdade.

Não vendo uma ideia melhor que aquela, vamos andado até a casa de Maat, que ficava no próximo quarteirão.

Não foi difícil encontrar um lugar para Nico, naquela casa imensa. Maat emprestou algumas roupas limpas pra ele e ajeitou o quarto de hóspedes, ao lado do seu.

Maat disse que eu ia dormir com ele porque tinha medo de dormir sozinha. Aquele era uma argumento horrível, já que desde que Annabeth se mudou, eu dormia sozinha. Mas do que eu estava reclamando? Eu também teria vantagens, era o que ficava me lembrando o lado pervertido da minha mente. Então tudo que eu fiz foi sorrir, recebendo um sorriso sacana de volta.

Nico fez um som indicando nojo com a garganta.

– Por favor, façam baixo. Não se esqueçam que eu to no quarto ao lado - depois desse comentário, minhas bochechas esquentaram de vez.

– Boa noite, casal!- ele bate a porta e nos deixa sem chances de argumentar.

Pego as coisas de Annie que Maat havia deixado pra mim em cima da cama e me dirijo para o banheiro, antes que o clima ficasse estranho.

Mas em algum momento, enquanto a água caia sobre minhas costas, decidi encarar os fatos:

Eu ia dormir com Maat Ryans. E dessa vez, não como melhor amiga, mas como namorada.


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Notas finais do capítulo

Capítulo sem revisar, as quatro da manhã... Estou uma perdição! Hahaha', mas não agentava mais enrolar vocês. Desculpe o nível de besteira.
Capítulo dedicado a todo mundo que não desistiu de DAPL
Para Deh, minha mana *-*
Gab's, como sempre. Sdds



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