Descobrindo a própria luz escrita por Marii Weasley


Capítulo 12
Capítulo 12 - O passado se torna nosso fretado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem? Espero que aproveitem!
Obs: esse vai para Mel Chase. Obrigada por ter favoritado a história ♥



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 Estávamos parados no topo da colina, o sol da metade da manhã fazendo minha pele arder. Os meninos pareciam ter dado uma trégua na idiotice, e discutíamos como íamos fazer para viajar até São Francisco.

Acabamos chegando à conclusão de que comigo e Nico juntos, a forma mais fácil e lógica seria viajar pelas sombras novamente.

Apesar da resposta rápida, a coisa toda era um pouco delicada. Eu realmente ainda não sabia como controlar os meus poderes e ele não tinha condições de transportar três pessoas por tantos quilômetros, mesmo com o aumento evidente de suas forças nos últimos meses. 

Depois de algumas considerações, Nico confessou que achava que era possível me ajudar a realizar nosso transporte. 

O plano era que eu iniciasse o processo, por ser teoricamente mais fácil, pois a energia não precisava ser canalizada para nenhum local específico. Em seguida, Nico assumiria, por já ter a experiência necessária em controlar o trajeto e identificar as rotas seguras. 

Só havia um pequeno probleminha. Eu não tinha a menor ideia do que fazer. 

Fazia cerca de dez minutos que eu estava parada de olhos fechados sem que nada acontecesse. Tentava fazer o que Nico mandou e me concentrar o máximo possível em qualquer lugar que eu já tenha estado próximo a montanha,  para que a viagem ao menos começasse na direção correta, mas outros pensamentos tomavam conta da minha cabeça.

O medo abrasador fazendo a minha ansiedade disparar. Medo de não conseguir fazer, medo de deixar meus amigos presos em um universo paralelo, medo de morrer. A situação toda era realmente frustrante. 

Vamos, tente de novo.

Bem, tem a praia. Fica um pouco longe, mas eu já estive lá várias vezes. Quiosques, aves, areia e palmeiras no calçadão. Banhistas, pessoas praticando esportes. Como da vez em que eu e Annabeth participamos do torneio de vôlei pelo time da escola e as lideres de torcida...

— Chega. Eu não consigo fazer isso mais — abri os olhos, irritada.

Os dois estavam parados na minha frente e formávamos uma espécie de círculo, como se fossemos brincar de ciranda cirandinha ou algo assim.

— Me desculpem, mas eu não vou conseguir. Acho que está na hora de começar a considerar ir de avião. — falei, seguindo em direção a avenida.

Os dois foram em meu encalço reclamando um pouquinho.

— Não pode desistir, essa missão conta com um tempo realmente reduzido. No fim, todas as horas poupadas vão fazer diferença — lembrou Nico. — Além disso, não podemos presumir que Zeus vai aceitar uma visita nossa a seu quintal com tudo o que está acontecendo. 

Como se eu não soubesse disso.

O ignorei e continuei descendo a colina, sem conferir se ambos ainda me seguiam.

— As primeiras vezes são sempre difíceis e...

— Não adianta, ela é extremamente teimosa — Matt o cortou. — Nada que você fale ou faça vai fazer com que ela mude de idéia.

Isso me enfureceu por dentro, mas fingi não ter ouvido e continuei andando. Pude escutar com mais clareza seus passos atrás de mim, o que me fez sorrir vitoriosa, por ter ganhado esse primeiro pequeno atrito. 

— Mas nós não temos dinheiro, e .... — Nico se conteve, suspirando, percebendo que Matt provavelmente estava certo. — Vocês se conhecem a quanto tempo?

— Bem, agora já faz quase dez anos — respondeu. 

— Mesmo? E de namoro? 

Perguntei-me mentalmente como Nico sabia que namorávamos. Percebi que houveram diversas oportunidades: ele podia ter me visto beijar Matt na porta do chalé, sem contar o fato de que estamos sempre juntos e o ataque ridículo de ciúmes dos instantes anteriores.

A verdade é que ainda era estranho pensar em mim mesma como namorada. Mas o que importava? As pessoas já achavam que éramos um casal antes mesmo de sermos.

— Dois dias — Meu melhor amigo confessou em um tom de voz que eu ainda não conhecia. Um dos poucos. 

Nico soltou uma risadinha.

— Melhores amigos? — Matt deve ter assentido, porque ele prosseguiu. — Isso explica como aturou essa garota teimosa por tanto tempo. É Percy e Annabeth tudo de novo.

— O que está dizendo? — perguntei no automático,  me virando para os dois um pouco irritada com o comentário.

— Olha só, a muda e surda resolveu me ouvir e recuperar a voz?

— Cale a boca Di Ângelo. Você não nos conhece para dizer o que aconteceu e...

— Calma aí, eu só precisava de um jeito eficiente para chamar a sua atenção — ele confessou. — Vamos tentar uma coisa diferente. Pela última vez. 

Aquilo me desarmou um pouquinho. A esperança crescente no meu peito falando mais alto do que a pirraça. Quando percebi, já estava perguntando: 

— O que?

— É bem mais perigoso, mas acho que vai dar certo.

— Bem, coisas perigosas viraram rotina – rebateu Matt.

— Eu não tenho força suficiente pra levar três pessoas de Long Island a São Francisco, mas eu posso começar a viagem, quando estivermos dentro da sombra, Isabelle vai ter que terminar de um jeito ou de outro.

Congelei.

Aquilo era justamente o que tínhamos decidido inicialmente que eu não conseguiria fazer nem se quisesse. 

—O que acontece se eu não conseguir?

— Na melhor das hipóteses, eu conseguirei parar a viagem no meio do caminho, ou então, ficaremos presos na sombra até que eu recupere força o suficiente para nos tirar de lá... — ele falou com desdém, como se soubesse que isso não ia acontecer. Ele não era um cara muito otimista.

— E na pior...?

— Na pior, nunca sairemos de lá, perderemos partes do corpo, iremos parar em outro lugar BEM indesejável e...

— Ok. Entendemos — interrompemos. 

Meu cérebro me dizia para não concordar com a ideia, mas meu coração implorava para que eu seguisse me agarrando a todas as possibilidades. 

— Por que acha que assim eu teria uma chance? Não estou conseguindo nos tirar do lugar tentando muito por muitos minutos. 

—Aparentemente, você funciona melhor sob pressão — ele respondeu, se lembrando do episódio no shopping que havia dado origem a tudo. — E  na verdade isso é comum para nós semideuses. Reagir por instinto. 

Esse menino é insano.

Mas eu também sou.

— Que diferença faz, já vamos morrer mesmo — falei, dando as mãos para os dois.

Nico assentiu. Matt apertou minha mão com mais força.

E aí fomos sugados para a escuridão sem fim.

Nos primeiros segundos, tudo pareceu como na primeira vez: rápido, escuro e aterrorizante. O meu jantar querendo sair voando do meu estômago. 

Aos poucos, entretanto,  eu vou sentindo que estamos diminuindo a velocidade e desestabilizando.

Agora.

Vamos, vamos, me leve pro monte.

Continuamos brecando e eu fui me desesperando, o ar dos meus pulmões ficando escasso. Apertei os olhos com força e tentei pensar em vários lugares da cidade, mas o pânico impedia que qualquer pensamento lógico se formasse. 

A voz do Nico em gritos, me dando comandos que eu era incapaz de processar naquele instante. 

Estamos parando. Estamos parando.

Bem, então morrer é assim?

Nesse instante, entretanto,  encontrei a minha âncora. Os dedos do meu melhor amigo entre os meus. A pessoa que tinha me convencido, sem ao menos tentar, de que valia a pena passar nossos últimos dias insistindo e lutando. 

Matthew.

E por algum motivo, sou arrastada para o nosso primeiro beijo. A história da minha vida passando pela minha mente, como se fosse um filme. Eu me agarro aos dois e salto para dentro dessa memória, me rendendo. 

Uma mesa quadrada e espaçosa, no canto mais escondido de uma lanchonete.

Um aniversário.

Nove adolescentes.

Um jogo.

Todos se acomodam ansiosos em seus acentos de estofado vermelho enquanto a garrafa girava.

Aquela cena chegava a ser cenográfica. Um grupo de jovens comemorando o aniversário de uma amiga, uma lanchonete e sorveteria na beira da praia. O piso preto e branco e as garçonetes com uniformes tradicionais.

A garrafa para. A aniversariante sorri com uma idéia.

“Verdade ou desafio?”, pergunta a loira.

“Desafio.” O garoto responde.

O sorriso dela se expande ainda mais no rosto.

“Eu te desafio a beijar a Isabelle.”

Todos se calam. Antes de explodirem em concordância milésimos de segundos depois.

“Não é uma boa idéia” a garota logo diz, pedindo ajuda de Mernie, a mais sensata, com os olhos. Porém, ela se limita a apenas sorrir, a encorajando.

A garota olha irritada para aniversariante loira, sua melhor amiga, Lola. Essa, por outro lado, parecia extremamente contente com o que estava fazendo e confortável com a situação. 

Todos começam a gritar “Beija! Beija!” de um jeito que faz o seu coração palpitar no peito. 

O garoto a questiona com o olhar, em um surto de coragem. Ela dá de ombros, com uma falsa indiferença. Eles levantam.

E então se beijam. 

O mundo congelado ao redor, os aplausos entusiasmados a quilômetros de distância. Tudo que importava era os dois. 

Os lábios tremendo, ansiosos, os olhos cerrados. Aquela sensação arrepiante na base da espinha, os suspiros brotando inconscientemente de dentro para fora. 

Finalmente, o garoto pensa. Então é isso. É isso que é estar em casa. 

Ele não pode se conter, as mãos desceram pelos braços da garota, a puxando para mais perto, com a respiração ofegante, a animação crescente das pessoas não lhe intimida.

Por fim, os olhos de ambos se abrem aos poucos, as testas encostadas, até que estivessem separados. Mas com uma coisa nova bem ali, brotando na relação entre eles.

E então acontece. Os dedos se entrelaçando, do mesmo modo protetor que fez a garota se lembrar desse momento.

Eles já pertenciam um ao outro.

Sempre pertenceram.

Só eram teimosos demais pra admitir isso.

Eu abri os olhos e quase chorei de alívio.

— Você conseguiu — Nico disse, contente.

Nós três estávamos em uma sorveteria tradicional em frente a praia. A sorveteria da minha memória. Eu tinha me comunicado bem o suficiente com a lembrança para conseguir levar todos nós até ali. 

Virei o rosto, ainda artoada com as emoções que tinha recebido, e pude testemunhar o momento exato em que o reconhecimento chegou ao Matt. Primeiro a surpresa, depois o sorriso mais gentil do mundo sendo aberto para mim. 

— Eu já te amava — ele sussurrou para mim.

— E eu sempre fui sua — respondi de volta.

E foi assim que juntos atravessamos o país pela segunda vez em 48 horas para a exata mesma cidade onde tudo tinha começado.

E também juntos, decidimos sentar para o café da manhã, com um Nico extremamente confuso com o nosso novo comportamento. 


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Notas finais do capítulo

Acreditam que apareceram também algumas pessoas que shippam a Bells e o Nico ? E vocês? O que vocês acham ?

Pela milionésima vez, agradecer a Sofia :3, e ao povo do fórum do PJBr o/
(manas vocês divam kkk ) e a Gab's, minha irmã e melhor amiga. Sem ela, essa história não existiria.
Vejo vocês no próximo!



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