Descobrindo a própria luz escrita por Marii Weasley


Capítulo 11
Capítulo 11- O rei do ciúmes


Notas iniciais do capítulo

Outro...
Queria agradecer quem ainda está lendo essa história.
Obrigada por não desistirem de mim *-*



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Não consegui evitar a revirada dos meus olhos, seu tom de bad boy me provocando certa vontade de rir. Apesar disso, reparei que ele não estava carrancudo como sempre, então decidi iniciar a conversa por esse ponto. 

— É a primeira vez que eu te vejo com uma cara amigável — provoquei. 

— Olha só quem fala, a senhorita paciência — nitidamente brincando com o meu show dos minutos anteriores. 

Eu tinha plena consciência de que estava corando, mas me esforcei para agir com indiferença. Caminhei em direção a “meu” beliche e dobrei algumas mudas de roupas que me deram no dia anterior, gostando da desculpa para não precisar olhar diretamente para ele.

— E então? Você veio só para bater um papo? – perguntei. — Algo me diz que vou me dar tão mal quanto você se te pegarem sozinho aqui comigo. — acrescentei enquanto colocava um cantil de néctar e alguns grumos de ambrósia na mochila, que tinha retirado do abastecimento do chalé. 

— Bem, eu sabia que o chalé 6 estava na parede de escalada — ele respondeu. — E temos esse assunto pendente para tratar.

Eu fechei o zíper e a coloquei no meu ombro, sem saber ao certo o que responder. Saquei uma adaga de bronze celestial que minhas irmãs haviam deixado comigo e a coloquei em uma bainha, presa ao meu short. 

Essa era uma arma nova, nunca tinha sido utilizada. O chalé de Hefesto havia acabado de confeccioná-la.

Virei-me e encarei Nico.

— Qual assunto?

— Antes de você surtar e sair da Casa Grande, Quíron estava dizendo que eu posso ir com vocês, se quiserem.

Recordei-me que de fato Quíron havia comentado algo sobre Nico e São Francisco. 

— Annabeth obteve informações na noite passada — ele disse. — e tem certeza que um dos ingredientes está na antiga forja dos telquines, no alto do monte Santa Helena. Ela acha que depois que o encontrarmos, se fizermos os processos corretos, ele pode funcionar como uma espécie de bússola para os outros.

— Desculpa Nico, mas não quero atrapalhar seja lá o que estiver indo fazer. Conheço muito bem aquela cidade, eu e Matt crescemos na Califórnia. Não precisamos de ajuda, agora que eu já sei por onde começar.

— Desculpa Isabelle — ele falou, imitando meu tom, o que me fez sorrir contra minha vontade. — Mas vocês dois não são treinados, e sabem muito pouco sobre combate contra monstros, precisam de ajuda de alguém mais experiente. E você sabe disso. Além do mais, já prometi pra Annabeth que ia cuidar de você.

A informação me deixou ainda mais incomodada com a ideia. Agora que sabia que Annabeth obrigara Nico a ir com a gente, não pretendia aceitar a situação de jeito nenhum.

Orgulho? Eu sei que é. Ele estava certo: nem eu nem Matt sabíamos o que estávamos fazendo, mas não conseguiria naquele instante concordar com qualquer tipo de ajuda vinda dela.

Abri a boca para rejeitar de vez a proposta, mas ele me interrompeu.

— E tem mais uma coisa. No fim você não pode recusar minha ajuda. Agora que você já usou os poderes de Hades pela primeira vez, vai poder utilizá-los sempre que preciso até tomar a poção. — isso ganhou a minha atenção, ainda não havia cogitado essa possibilidade. — E a verdade é que você não sabe como fazer isso. A viagem nas sombras foi instinto. É nítido que você é muito forte, por ter conseguido atravessar o país com duas pessoas junto. Porém, quanto mais forte um semideus é, mais incontrolável ele é também.

— E o que você tem a ver com isso? — perguntei, mas já sabia a resposta.

— No momento, sou o único filho de Hades disponível para te ajudar com os poderes — ele disse, como se estivesse louco para usar esse trufo desde o início da conversa. — Correção... Eu sou o único filho de Hades disponível para fazer qualquer coisa porque todos os outros estão mortos. Muitos por não saberem controlar os seus poderes. 

Eu sabia que aquilo era verdade. E também sabia que não aproveitar os poderes de um dos três grandes na minha missão era uma tremenda burrice. Principalmente quando os ingredientes do antídoto estavam espelhados pelo país e um desses poderes era praticamente um teletransporte. 

Ponderei: 

Nico estava se mostrando bem legal e estava querendo me ajudar em uma coisa realmente muito arriscada, mas será que Annabeth achava que eu ia perdoa-la por conta disso? Ou pelo menos diminuir o que eu estava sentindo?

Não, de nenhuma maneira, não podia deixar que isso acontecesse. 

Enquanto continuei cogitando tudo isso, caminhando até a porta do chalé, entretanto, percebi que aquilo já havia sido decidido a muito tempo e não havia sido por mim.

Algo envolvendo as Parcas e os fios de nossas vidas sendo entrelaçados. 

— Tudo bem. Vai ser bom ter você com a gente — disse, por fim. 

— Então eu posso? — surpreso, nitidamente esperando uma batalha de argumentos mais longa.

— Sim. 

— Achei que seria mais difícil — ele admitiu. 

— E seria — confessei. — se você já não fosse obrigado a ir de qualquer jeito.

— Como assim?

—“Com um amor e um irmão de maldição, seguirá o caminho que deve ser trilhado” – mencionei. — A profecia. Você aparece. É um filho de Hades, eu tenho a maldição de Hades, então acho que pro oráculo isso nos torna irmãos por um tempo.

Virei pra trás e o encarei, notando que naquele instante ele que parecia perplexo. 

— Vem ou não?

Não esperei pela resposta e atravessei a  soleira da porta. Matt estava, no mesmo instante, caminhando a curta distância entre o chalé dele e o meu. 6 e 7.

Essa proximidade entre nós dois será um perigo daqui um tempo, pensei sem querer, com um sorriso bobo na cara. Mas lembrei em seguida que provavelmente não voltaria viva dessa missão para quebrar as regras do acampamento e praticamente morar no chalé de Apolo.

Nada como a realidade para te deprimir instantaneamente. 

Matt carregava uma espada, e uma carranca na cara, que eu não assimilei de imediato, até que estávamos todos juntos e eu percebi que ele estava em seu humor ciumento.

— O que ele estava fazendo no seu chalé? — ele perguntou de cara, apontando pra o Nico.

Revirei os olhos, novamente achando graça dessa pose de malvado que os meninos gostam de ter quando estão perto um do outro. Garotos.

Eu não havia mencionado antes, mas Matt é o rei do ciúmes as vezes. Quem não o conhece bem, não sabe disso, já que ele fica de boca fechada quase sempre, mas eu já estava mais do que acostumada com essas reações  de vez em quando.

Annabeth sempre disse que ele só era assim comigo porque gostava de mim e era nisso que eu pensava nesse instante: que no fim, ela estava certa. Mas tentei afastar qualquer pensamento sobre Annabeth logo em seguida, e abri a boca pra responder meio sem paciência.

Mas o Di Ângelo me interrompeu novamente, deixando claro que não ia se esforçar pra não alimentar essa rivalidade boba. 

— A chefe da missão autorizou a minha participação — ele contou na lata. 

Assim que ele disse isso, Matt ficou visivelmente mais incomodado. Nico o encarou de volta, o sorrisinho de sempre na boca. E eles ficaram com essa infantilidade de um olhar feio para o outro por algum tempo.

Viu? O rei do ciúmes.

— Eu não acredito que vou ter que aturar isso — resmunguei baixinho, para mim mesma, já querendo sair correndo.

E foi nesse momento que do nada, Nico convocou uma mochila gigante de acampamento das sombras, fazendo com que ela surgisse bem na nossa frente.

Matt bufou algo sobre ele ser metido. E foi assim, o começo de uma certa competição entre os dois. 

Naquele momento, não estava a fim de me despedir de ninguém. Então, puxei cada um por um braço e disse qualquer bobagem, com a intenção de amenizar um pouco o clima: 

— Garoto quente — falei para meu namorado, enquanto dei um pequeno beijinho na bochecha dele. — Príncipe dos mortos — me dirigi a Nico. — É hora de matar alguns monstros.

Eu os arrastei em direção ao pinheiro de Thalia.

Esse não seria um ótimo fim para esse capítulo? Eu tinha certeza absoluta que sim, do momento que falei as frases de efeito. Mas o Di Ângelo é incapaz de manter a boca fechada.

— E eu? Não ganho beijo? — Nico provocou. 

Eu fiquei quieta e Matt me olhou como se dissesse “Viu? Eu sabia que ele não prestava.”.

Revirei os olhos novamente. Já estava mais que irritada e louca para matar os dois.

E a missão literalmente nem havia começado ainda.


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Notas finais do capítulo

Capítulo dedicado para a Lilian e para a Nicolle. Obrigada por todo o carinho ♥



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