Descobrindo a própria luz escrita por Marii Weasley


Capítulo 1
Capítulo 1 - Algumas desavenças, duas ligações e três motivos


Notas iniciais do capítulo

Oi Gente!!
Aqui vai o primeiro capitulo, da minha primeira fic (:
Espero a opinião sincera de vocês.
Os capitulos serão postados todas as segundas, terças e quintas.
Por em quanto, a fic está sem capa, mas prometo mudar isso em breve...
Bem, é isso.. Espero que gostem (:



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 — Annabeth vem passar o final de semana em casa.

 — Ela ligou de algum lugar em Nova York há duas horas — explicou Bob.

— É bom ela passar os fins de semana com a família — comentou Reebeca Chase. — As coisas não estão muito fáceis pra ela desde que Percy sumiu.

Eu absorvi a noticia em silêncio. Gostava muito de minha irmã, mas sabia que para Reebeca, nossa madrasta, ela só significava problemas. Ela insistia sempre que nos amava como filhas, mas a verdade é que ela não simpatizava com Annabeth por colocar constantemente nossos meio-irmãos em risco e por fazer parte de algo maravilhoso demais quando comparada a atual vida pacata do nosso pai. Um pouco desse rancor também era direcionado a mim, porque eu conseguia enxergar além da névoa e parecia mais dentro desse mundo do que o considerado seguro.

— Ainda sem notícias do garoto? — meu pai questionou. 

— Parece que sim — pontuei com pesar. — Já faz 7 meses... 

Passei muito tempo esperando que Annabeth viesse nos visitar. Sabia que as coisas não estavam muito fáceis pra ela, agora que seu namorado estava sumido, mas não conseguia me libertar completamente da sensação de abandono. Estava habituada com esse sentimento. Minha irmã sempre teve problemas demais e prioridades demais e eu e a minha família não nos encaixávamos na lista de maior urgência. Apesar de tudo isso, eu confiava nela mais do que em qualquer outra pessoa no mundo.

Eu fui adotada aos dois anos de idade, um pouco antes do meu pai se casar com minha madrasta. Conhecia a história desde sempre: a bebê que foi deixada em sua porta em uma noite chuvosa, vinda de lugar nenhum e que instantaneamente se deu bem com a criança mais nova da casa. Sempre admirei meu pai por ter escolhido ser pai solteiro de duas meninas, mesmo que do jeitinho meio torto dele.

Por uma coincidência engraçada, eu e Annabeth somos muito parecidas. Altura semelhante, o mesmo porte físico, a pele bronzeada e os grandes cachos loiros. Muitas pessoas não acreditam quando comentamos que não somos irmãs de sangue. A não ser pelos olhos. Os dela são lindos, cinzas como uma tempestade. Os meus são só castanhos.

Ela sempre me tratou bem – e em retribuição, sempre compreendi o fato dela ser uma semideusa.

 Apesar de termos apenas uma porção de meses de diferença, ela era minha heroína. Contava-me todos os mitos gregos que conhecia em segredo, já que nossa madrasta não aprovava, e me defendia sempre que qualquer pessoa era rude comigo. Ela me ensinou a ler. E depois fugiu de casa aos 7 anos.

— Tenho certeza que ela vai conseguir reverter essa situação. Como sempre — meu pai foi otimista, mesmo que por dentro todos soubéssemos qual costuma ser o destino de pessoas desaparecidas por tanto tempo.

A situação toda era complicada. Essa ironia entre querer ser mais próxima da minha irmã, por gostar tanto dela, mas ao mesmo tempo saber que boa parte dessa admiração era oriunda de tudo que ela vivia quando estávamos separadas.

Durante muito tempo me senti sozinha e deslocada. Sempre fui mais introspectiva do que o considerado descolado e tinha certa dificuldade para me abrir com qualquer um, mesmo que não fosse tímida.  As coisas melhoraram um pouco quando percebi que podia e gostava de ser boa em algo: na escola. 

Comecei me refugiando na leitura, mas depois extrapolei para a maioria das matérias. Depois, estando melhor inserida em uma realidade normal, aprendi a confiar em outras pessoas além de Annabeth. Conheci Lola, Mernie e Matt, meus melhores amigos, e comecei a tocar a minha vida.

No começo minha irmã sumiu completamente e só depois de muitos meses que fiquei sabendo do que tinha acontecido com Thalia e todas as histórias de Annabeth antes que ela finalmente chegasse ao acampamento. Ela começou uma lenta aproximação e me mandava mensagens de Íris, mas nunca com muita frequência. Somente o necessário pra que eu lembrasse que ela ainda estava ali para mim. 

Foi quando ela conheceu o famoso Jackson, que a convenceu a tentar voltar pra casa. Ele se tornou uma espécie de ídolo na nossa família. Eu o vi apenas duas ou três vezes, mas mesmo assim eu o conhecia muito bem.

Quando minha irmã voltou pra São Francisco alguns anos atrás, eu escutei relatos e mais relatos sobre ele. Talvez não houvesse mais ninguém a quem Annabeth considerasse seguro contar tudo sobre suas aventuras e logo em seguida, tudo sobre seus sentimentos. Essa foi a época em que voltamos a nos aproximar muito, e, de certa forma, por conta de Percy. Ele se tornou a coisa mais importante do mundo pra ela. Ainda me lembro do dia em que quebrou todas as regras e me contou sobre a grande profecia, e com uma crise de choro confessou que sua vida estava arruinada se algo acontecesse a Percy.

 A estadia dela aqui em casa foi melhor do que o esperado. Papai a amava ainda mais agora e todos podíamos sentir isso. Ela se mostrou uma filha tão boa quanto uma semideusa. Apesar da dislexia, era a primeira da turma na escola que frequentávamos (assim como eu), não costumava desobedecer e sempre fazia tudo para ajudar em casa. Aos poucos, nosso pai começou a tratar Annabeth como a heroína que eu sempre soube que ela era.

Mas como nem tudo são flores, ela sempre acabava discutindo com Reebeca. Veja bem, nossa madrasta simplesmente não conseguia engolir que tudo estivesse tão bem depois de anos de propaganda negativa que ela tinha se empenhado em fazer. Por muito tempo tive raiva dela por isso, mas passei a entender que ela agia dessa forma porque se preocupava com seus filhos e, de uma forma meio estranha, até comigo. O ponto é que quanto mais Annabeth tentava se dar bem com ela, mais as coisas saiam do controle.

E no verão após a batalha contra Cronos, ela se mudou para Nova York. Eu sabia que essas brigas tinham algo a ver com isso, mas era uma parcela pequena da razão. Ela tinha conseguido um importante cargo de arquiteta, no Olimpo e bolsa em um colégio excelente que praticamente colocava ela dentro de uma universidade. E Percy Jackson, provavelmente o maior de todos os motivos, que simplesmente desapareceu alguns meses depois. 

E naquele fim de semana ela estava voltando pra casa. Um pouco pra nos visitar e um pouco muito maior porque não aguentava estar naquela cidade sem ele, no acampamento sem ele. 

— Bom, vamos fazer o possível para a receber bem, sem problemas nos próximos dias — minha madrasta pontuou, sabendo que várias desavenças entre as duas também se relacionavam com um comportamento meio queixoso que eu e meus irmãos as vezes adotávamos.

Mas a verdade é que evitar problemas entre elas era impossível e todos naquela casa já sabiam muito bem.

— Ansiosa para isso — respondi com ironia. 

Todos sorriram, exceto Reebeca, que já começava a sair do seu humor usual. Ela e a Annabeth tentavam com tanta força ter um relacionamento melhor que simplesmente pioravam tudo.

Terminei minha refeição em silêncio, depois, enquanto todos pareciam meio contentes e meio tensos ao mesmo tempo.

Subi para o meu quarto, escovei os dentes, coloquei um pijama e organizei os livros que eu havia deixado anteriormente sobre a cama.

Deitei-me e coloquei meu notebook em meu colo. Iria conversar com Matt, como todas as noites, até pegar no sono.

*

Acordei com a luz do sol entrando pela janela, o que me deixou um pouco irritada. Era final de semana e eu gostava de dormir até mais tarde. 

— Bom dia — escutei alguém chamar, o que me deixou primeiro assustada, depois confusa. 

Sentei devagar na cama, ainda grogue de sono e sem me acostumar perfeitamente com a claridade, tentando focar meus sentidos na voz que falava comigo. 

— Matt? — chamei tirando a franja do rosto.

Virei-me e vi o computador na mesinha ao lado da cama. Como eu suspeitava, encontrei o rosto sonolento de Matt olhando pra mim.

— Acho que nós dois dormimos com a webcam ligada. — ele explicou. —Ontem você estava faladeira.

Sorri meio lerda, enquanto ainda passava do estado de vigília. Olhei para Matt por um instante, e as mesmas ideias fixas de sempre começaram a rondar a minha cabeça. Fui espantando esses pensamentos conforme acordava e tentando abrir espaço para algo que realmente pudesse ser dito.  

— E você ficou aí me vendo dormir?! — Indaguei com um tom de repreensão.

— Acabei de acordar, Bells — ele justificou, corando. —Além disso, descobri uma coisa impagável.

— O que? 

— Você baba enquanto dorme — e soltou aquela gargalhada irritante, de quando algo nem era tão engraçado, mas ele queria me provocar.

— Idiota — disse mostrando a língua.

Decidi levantar e caminhar pelo quarto, saindo da reta da câmera. Minha tolerância para os nossos momentos mais rotineiros estava cada vez mais baixa e eu não sabia como lidar com isso.

— Aonde você vai? — ele perguntou.

— Tenho que me trocar...

— Annabeth chega hoje — ele completou. — Vocês vão a algum lugar?

— Talvez ao shopping — gritei colocando a cabeça pra fora do meu armário.

— Me apresenta?

Pensei sobre isso por um instante. Annabeth sabia sobre Matt. E Matt sabia sobre Annabeth, sobre ela ser uma semideusa, mortais que enxergavam através da névoa, porque em um determinado momento havia se tornado insustentável não explica alguns comportamentos que a gente tinha.

Eles já se conheciam, Annabeth o vira comigo na escola algumas vezes, mas nunca foram apresentados oficialmente. De repente isso me deixou meio nervosa. Apresentar os dois significava exatamente o que?

— Não sei se é uma boa ideia — respondi enquanto separava um short jeans e uma camiseta regata folgada, preta e de algodão, com uma coruja brilhante no cetro. Era um presente de Annabeth.

— Mas eu queria — resmungou todo manhoso.

— Por quê? 

— Porque ela é uma semideusa e tudo mais — ele lembrou. —E porque ela é sua irmã, e eu sei que ela é muito importante pra você.

— Três motivos — pedi, mesmo sabendo quem iria ganhar.

— Eu sou seu melhor amigo! — ele parecia indignado, o que me fez soltar uma risadinha involuntária. 

— Tudo bem, Matt, faltam dois — suspirei, porque sabia que as coisas estavam perto de sair do controle outra vez.

— Eu já conheço seu pai, por que não posso conhecer sua irmã?

— Isso até que fez um pouquinho de sentido. Falta um.

Ele parou por um instante e eu sabia que ele estava pensado em como me convencer de verdade.

— Você sabe que eu sou muito curioso — soltou, sabendo que esse não era um argumento válido.

— Isso não vale. O problema é todo seu.

E então ele fez de novo. Ele simplesmente não se cansava de complicar o que estava acontecendo entre a gente.

— Como vou te pedir em namoro sem conhecer sua família antes? Eu sou um rapaz de respeito — ele falou sorrindo.

Um silêncio tomou conta do ambiente. Matt falava essas coisas às vezes, mesmo que de brincadeira. Annabeth achava que ele gostava de mim. Eu achava doloroso. Era bom escutar, mas era ruim saber que as coisas raramente avançavam de fato. Depois tudo ficaria como se nada tivesse acontecido. Sempre ignorava esses comentários, e obviamente, tinha razão em fazer isso.

Andei até o computador e disse o que era preciso para deixar de ser importunada:

— Te encontro na frente de casa em 50 minutos.

E a última coisa que eu vi antes de desligar a câmera foi o sorriso vencedor do meu tão competitivo melhor amigo. 


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Notas finais do capítulo

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