Just A Play Of Love escrita por Silvia Moura


Capítulo 2
Capítulo 2




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Sally chegou em casa eufórica. Mas era uma euforia diferente. Correu direto para seu quarto, jogou a mochila num canto qualquer, lavou o rosto e se atirou na cama, dando graças que sua mãe não estava em casa para lhe fazer perguntas.

Fitava o teto do quarto de um jeito que qualquer pessoa que a visse de longe, julgaria que tinha algo muito interessante no lustre. Mas não tinha. Na verdade, ela nem sabia para o quê estava olhando! Em sua cabeça, todos os momentos daquela tarde passavam como um filme diante de seus olhos, numa velocidade incrível e totalmente desordenada. Foi uma tarde mágica! Quem era aquele garoto? Era pelo menos real? Ela nem lembrava mais que queria assistir seu filme.


* * *



Luke estava quieto, e ele não era assim. Pelo menos não em casa ou com seu irmão. Todd o observava minuciosamente, sentado do outro lado do banco de trás do táxi, com um sorriso malicioso. Sabia no que Luke pensava, por mais que este não fosse JAMAIS confirmar.


– O que está te distraindo, irmão? – perguntou, finalmente.

– Quê?! – Luke desperta – Nada!

Era mentira. Por algum motivo, Luke sentia que conhecer Sally mudaria sua vida drasticamente. Se sentia estranho, como se previsse o que estava por vir.


* * *



Sally finalmente tinha voltado ao mundo real, mas a visão daqulees olhos verdes não deixava sua cabeça. A água fria caía sobre seu rosto, trazendo-a lentamente de volta à sua casa, ao agora.


Não sentindo fome, Sally saiu direto do banho para sua cama, logo adormecendo, tendo uma confusão de sonhos sem explicação.


No dia seguinte, na escola, Sally encontrou Julie e Maya na entrada, conversando sobre suas extensões. Ela sentiu um esquisito e inesperado frio na barriga. Será que era a hora certa de falar sobre Luke? Espera, sobre Luke? Eu vou falar do Teatro! Começava a se achar louca.


Para sua surpresa, ela conseguiu fazer ma narrativa perfeita dos acontecimentos da tarde passada sem sequer citar o nome do garoto que conhecera. As meninas foram para suas salas para começar uma nova manhã letiva.

Uma hora depois, o professor de Matemática entrava na sala, para a extrema infelicidade de Sally – ela o odiava. Não conseguia entender uma palavra do que o cara dizia e simplesmente tinha ânsias quando ele resolvia tentar ser engraçado. É, ele atiçava nela tudo que havia de mais psicopata em sua personalidade.

Ela não demora a sentir vontade de sair da sala e tomar um pouco d'água pra esfriar a cabeça e preparar o espírito para continuar assistindo àquele tormento. Qual não foi a sua surpresa ao notar Luke no bebedouro! Ela se aproximou devagar, sentindo uma estranha timidez.

– Oi – ela diz, baixinho.

– Olá, mortal – um olhar divertidamente frio se volta para ela: ele estava interpretando.

E agora? Sally decide entrar no jogo de interpretação.

– Precisa de algo, mestre? – ela pergunta, como se realmente falasse com seu personagem favorito, o que faz Luke adquirir um brilho nos olhos ao ver que ela entrara no jogo.

– No momento não. Mas... se eu precisasse, o que faria? – ele diz, sorrindo de modo vilanesco.

– O que me fosse pedido, senhor.

– É muito corajosa. E se eu lhe pedisse para agir contra o seu mundo?

– Eu o faria. Confio no seu julgamento e meu mundo, honestamente, está precisando de um jeito!

Ele sorriu, divertidamente malévolo. Nessa hora, uma monitora de corredor passa pelos dois e os repreende:

– Vocês dois! Isso é hora de aula, vão pras salas! – e sai, batendo os pés.

Sally e Luke se olham e sorriem. O olhar do garoto volta a ser o dele mesmo e não de um personagem, seu sorriso torna a ser caloroso novamente, mas ele decide continuar brincando.

– Vá. Não posso permitir que se prejudique, pois precisarei de você para cumprir meus planos – ele diz, sorrindo de um jeito fofo. Sally se segura para não derreter.

A garota sorri de volta e se despede, só depois percebe que nem tomou a água como pretendia. Luke ficara observando-a caminhar de volta, rindo também sem perceber. É uma garota legal, ele pensava.

Ao entrar na sala, Sally carregava um olhar perdido no rosto e um sorriso muito bobo. Aquele garoto estava agindo como seu personagem favorito e ela não teve como não entrar na onda. Ela adorou isso! Era como se estivesse vivendo uma continuação da trama do cinema de modo totalmente novo! Mais que isso, de modo mais especial. Luke Stone era diferente, era mais atraente. Ela sacode a cabeça, passando a mão na testa, a fim de esquecer o intruso pensamento. Era tudo tão... louco, se é que essa é a melhor palavra... Ela sentia arrepios pela espinha e mal via a hora de ir para o Teatro naquele dia.

O resto da manhã correu bem, como normalmente ocorria, mas Sally vez ou outra se pegava pensando em como nunca tinha notado Luke na escola. Por quê? Ela não sabia nada sobre ele, isso a intrigava. Tentou encontrá-lo no intervalo, mas não conseguiu. Onde é que ele se esconde?

Maya logo percebeu a direção dos pensamentos de sua amiga, ainda que Julie tenha sido informada sobre a existência do garoto primeiro, mas ninguém comentou.

Procurar por Todd não adiantaria, pois o mesmo não estudava mais ali, só cursava o Teatro pela tarde. Por fim, ela não o encontrou mais, e, na verdade, ele estudava justamente na sala ao lado da dela.


* * *



Luke não aguentava mais aquela manhã monótona. A melhor coisa que lhe tinha acontecido foi encontrar Sally no bebedouro. Ele riu sozinho, pensando em seu pequeno jogo de interpretação. Se aquilo continuar se repetindo, será realmente divertido, ele pensava. Aliás, só assim será.


Luke era um travesso irreparável em casa, com sua família, mas conseguir intimidade suficiente com ele na rua, em outros lugares, era muito difícil. Ele era fechado, seu negócio era observar muito antes de firmar uma amizade. Era desconfiado de tudo, até da própria sombra, e ele mesmo não sabia o porquê disso. Mesmo assim, mesmo sendo tão quieto, ele era o garoto mais popular da sala. As meninas eram loucas por ele, mas ele não queria graça com aquele bando de fúteis. Nenhuma delas o atraía. Só pensavam em bobagem!

O fato era que a coisa mais especial de sua vida fora de casa era o Teatro. Ele não percebeu, mas agora era mais do que nunca!


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