Just A Play Of Love escrita por Silvia Moura


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esse é o primeiro capítulo da minha primeira história original. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/369111/chapter/1

Ela estava apenas curtindo com as amigas. Nada demais, apenas falava feliz do filme que tinha assistido na estreia. Certo, já havia um certo tempo desde esse acontecimentos, mas Sally acabara de ganhar o DVD recém-chegado às lojas e toda a lembrança daquele dia feliz estava de volta.

Julie vibrava pela felicidade de sua amiga. Aquele tinha sido, sem dúvida, o melhor presente de aniversário que a garota poderia ganhar naquele ano. Maya ficava imaginando sua amiga suspirando por Luke, o misterioso e sofrido vilão da tal trama.

– Não vá pirar, Sally. Vê se fica calma! – Maya dizia, rindo às gargalhadas.

– Queria ver se fosse com você! – Sally ria de volta.

– Maya, não se iluda. Sally nos trouxe o DVD hoje mas o aniversário dela, quando ela ganhou o presente, foi há dois dias! Já é um caso perdido.

As amigas riam a valer. Sally estava realmente feliz por agora poder ver seu vilão de estimação na hora em que quisesse! Sim, ela era louca pelo vilão. Sally era a única que conseguia realmente compreender seu sofrimento. Na verdade, ele era somente uma grande vítima.

O resto da manhã se passou com imitações de todas as cenas do filme. Qualquer aluno daquela escola que passasse por aquelas meninas, sem dúvida as tomaria por loucas! Mas elas nem se importavam. As horas se passaram rapidamente e chegou a hora da saída. Sally não via a hora de chegar em casa e assistir seu filme pela milionésima vez.

– Tá esquecendo que hoje é o dia que começam as extensões, Sally? – Maya indagou.

– Ah, não. É verdade!

As extensões eram cursos extra-curriculares que a escola oferecia no horário oposto. Tradução: Sally passaria a tarde toda na extensão de Teatro, em que se inscrevera, e só voltaria para casa às 17:00.

– Eu nem me lembrava!

– Tudo porque está louca por esse filme – Julie justificou, racionalmente.

– Nem vem! Você vive enlouquecendo pelos seus animes!

– É, tem razão – a garota reconheceu com um muxoxo, fazendo Maya rir.

As amigas se separariam nas extensões. Julie faria desenho e Maya, música. Mas realmente esse seria o único momento em que elas não estariam juntas, pois passavam o tempo todo grudadas! Ou quase...

Bom, Julie e Sally eram do 2º ano, ao passo que Maya era do 1º, assim, as salas de aula eram diferentes, mas nos intervalos o “trio parada dura” estava unido sempre! Reclamavam dos professores juntas, comemoravam notas altas juntas e choravam pelas baixas também juntas. Como iriam se separar nas extensões, obviamente elas almoçariam o quê? Juntas, lógico!

E lá iam elas, as três inseparáveis. Sally, Julie e Maya tinham orgulho de serem aquele trio.

– E aí, Julie, ansiosa para o curso de desenho? – Maya perguntou, enquanto comia um palito de batata frita.

– Muito! Apesar de já ter lido muitas revistas e tutoriais, será ótimo aprender as técnicas diretamente de profissionais!

– Mal posso esperar pelas aulas de música! Finalmente vou soltar voz! – ela vibrou – E você, Sally? Ansiosa?

– Claro! Apesar de não poder assistir meu filme de tarde, como eu tinha planejado – ela fingiu um choro e as outras gargalharam. Mas no fundo, Sally realmente estava bem ansiosa.


Eram 13:35 e cada uma seguia seu caminho para os cursos. Sally estava chegando ao Teatro quando avistou sua amiga, Jodie.


– Sally, que bom te ver aqui! – a efusiva menina deu as boas-vindas.

– Jo! Que bom que também está aqui!

Jodie também amava o vilão Luke, porém sua paixonite era mais pelo ator que o interpretava – Don Riggledon (é, nome ridículo, mas um rosto lindo!). Ela mal se ligava na história do personagem, verdadeiramente falando. Como fãs, as garotas não mediam esforços para defender o charmoso Luke, ou seja, ridicularizavam sem limites as madeixas ruivas de Todd, o irmão heroi do vilão e seu antagonista.

– O Todd pinta o cabelo! – Jodie dizia.

– O Todd usa ketchup pra pintar o cabelo! – Sally piorava.

– É hidrocor mesmo!

– Na verdade, ele usa papel crepom vermelho, sabe?

Elas davam gargalhadas, mas logo se deram conta que não riam sozinhas. Dois garotos as ouviam e se divertiam à beça, sendo que um deles parecia não querer rir tanto assim, como se estivessem falando dele, enquanto o outro não media limites para seu riso, parecendo querer ouvir mais piadas.

– Esses seus comentários me matam de rir! – ele dizia, olhando para Sally com seus escuros olhos verdes.

– Ah... que bom que achou tão engraçado – a menina sorriu, tentando não parecer hipnotizada pelos olhos do garoto, que lhe tinham desviado a atenção do resto da roupa... “característica” que ele usava.

– Adorei! Eu sou Luke Stone. Este é meu irmão, Todd.

Só então Sally percebeu as roupas. Isso é brincadeira comigo, ela pensava. Os meninos trajavam roupas exatamente iguais às dos personagens do filme, que eram HOMÔNIMOS a eles! Paralisadas, Sally e Jodie os olharam de cima a baixo.

– Claro, não acreditam, não é? Olha aqui – Luke apalpou seus bolsos até encontrar sua carteira e Todd fazia o mesmo. Encontrando o que queriam, mostraram às meninas. Suas identidades, confirmando seus nomes.

Sabe aquelas coincidências que logo de cara você se nega totalmente a acreditar que sejam verdade, mas no fim te provam que são? Pois bem, essa situação estava acontecendo naquele exato momento!

– P-Por que estão vestidos assim? – Sally perguntou, gaguejando.

– Ah, faremos uma peça. Será apresentada daqui a um ano, no aniversário das extensões. E... bom, pegamos os papeis óbvios. Entrem logo, a aula já vai começar.

As meninas se apressaram em entrar. Não, não estavam atrasadas, só que o professor já estava reunido no palco com os alunos que faziam sua aula desde o início do ano, quando o nome “Extensões” ainda nem existia para denominar as atividades artísticas da escola. Os novatos estavam chegando naquele momento, em grupos.

O teatro era lindo! Enorme, descia à medida que se caminhava para frente, pelas escadas cobertas por um macio carpete bordô, brilhoso de tão limpo! As paredes se estendiam altas e cheias de detalhes em sua construção. Suas cores eram grafite e bordô. Lá na frente, via-se o imponente tablado de mogno envernizado, também perfeitamente brilhoso. As cortinas, as tradicionais cortinas do teatro, eram do mesmo tom de bordô do carpete, porém eram de um pesado veludo, o que tornava sua abertura para uma nova peça muito mais majestosa. A iluminação com lâmpadas incandescentes, amareladas, davam um ar de antiguidade e acolhimento ao local, como se fossem candelabros. Era simplesmente perfeito.

Sally nunca tinha reparado em tudo aquilo. Já havia, sim, entrado naquele recinto, uma ou duas vezes, mas ainda não tinha reparado em todos os detalhes. O pior: também não repararia agora, pois não conseguia tirar os olhos de Luke. O garoto parecia ser a representação viva e real de seu personagem favorito e nem sequer se parecia fisicamente com ele!

Luke Stone tinha a pele alva como a de um europeu, olhos de um verde escuro acinzentado raríssimo e cabelos cujo preto era do tom mais escuro. Seu sorriso era perfeito, encantador, daquele que quando chega aos olhos é capaz de derreter o maior iceberg do mundo. Ele era LINDO!

O engraçado era que, ao subir no palco, trajado como o vilão Luke, o garoto se transformava radicalmente. Seu sorriso fofo se tornava malévolo e cortante como a adaga mais afiada, seu andar se tornava algo digno de um verdadeiro príncipe da maldade. Era como se o personagem ficasse incorporado nele, ele era outra pessoa.

O mesmo não se percebia em Todd, seu irmão. Mesmo que levasse seu personagem a sério e o desempenhasse com perfeição, ainda era possível ver o brilho de moleque em seu olhar, o que o mantinha com um pé no mundo real, digamos assim.

Todd era dois anos mais velho que Luke e apenas alguns centímetros mais alto. Seus cabelos eram de um castanho claro, quase loiro, e seus olhos eram cor de mel. Era muito sorridente, bonito e bem humorado e não vivia seus personagens a todo instante.

Sally ficou amiga de ambos muito rápido, mas a proximidade maior se mostrou mesmo com Luke, naquela mesma tarde. Ele se tornou meio que um monitor de Sally naquele primeiro dia de extensões. E um complicado relacionamento acabava de nascer ali.


~•~



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Just A Play Of Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.