Don't Ever Look Back 2 escrita por Escritora Tay


Capítulo 4
Bro Code




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Todos nós tomamos banho e nos arrumamos para sair. Estávamos todos muito animados pra nossa noite dos bros no Chile. Faltando uns 15 min pro Caleb chegar nós descemos pro bar do hotel que tinha uma bela visão do saguão e pedimos 4 doses de tequila pra começar a noite.

Vine: Todos sabem as regras da noite dos bros.

Emanuel: Lógico, hoje é noite dos bros internacional.

Lucas: Então o Caleb já é considerado um bro?

Rafa: Bro internacional, brabo demais.

Brindamos e viramos a tequila. Essa hora o povo da escola começou a descer pro saguão também pra se organizar pra festa e o Caleb mandou sms falando que tava na porta do hotel.

O Caleb estava dentro de um i30 preto com vidros escuros tocando uma música eletrônica muito alta.

Caleb: Entren parceros, esta noche llegará a la história de las fiestas de Santiago.

Rafa: ARRIBA MUCHACHO!

As coisas que o o Rafa fala são sempre as melhores, saímos cantando pneu e chamando muita atenção com o som alto. O Caleb era completamente louco e isso é a melhor qualidade para uma noite dos bros. Primeiro fomos a um bar que também servia de lugar para jogar cartas, arranjamos uma mesa e ficamos bebendo cerveja e jogando truco até perto das 10 horas. O bar começou a lotar muito e decidimos sair, mostramos a nossa lista de baladas pro Caleb e ele disse que tinha uma muito boa perto daqui. Cortamos caminho por umas ruas estranhas e andamos uns 10 min até chegar na frente de uma balada enorme.

Emanuel: Wow, Santiago é uma caixinha de surpresas hein.

Acho que o tema da balada era meio circo porque tinham umas pessoas cuspindo fogo no outro lado da rua e umas fazendo acrobacias com tecidos na entrada onde se lia com letras grandes e luminosas: Viccia.

Caleb: Esta fiesta es una de las mejores de la lista.

Estava uma fila enorme na porta e o pessoal fazia o esquenta ali mesmo já se divertindo com essas apresentações enquanto esperavam pra entrar.

O Caleb explicou que dava um jeito pra gente furar a fila, mas não tinha jeito de entrar sem pagar e que o convite era meio caro. Ficamos bem de boa porque quase não tínhamos gastado nada aqui no Chile e valeria muito a pena pagar pra entrar nessa balada. Só pra tirar uma onda com o Caleb ainda compramos um camarote fechado só pra nós 5 com direito a consumação.

Quando entramos na balada já dava pra sentir a leveza no ar, a decoração de circo e a fumaça deixava tudo muito misterioso e brisado. Subimos no nosso camarote e tinha uma caixa com uns bastões de neon dentro, o Lucas logo pegou um e ficou brincando de sabre de luz fingindo que era um jedi.

Lucas: Tamanho nada significa. Olhe para mim. Pelo meu tamanho você me julga?

Rafa: Que que você ta falando, cara?

Emanuel: É o mestre Yoda vei.

Rafa: Quem é mestre Yoda?

Vine: Rafa não tem cultura, galera. É do Star Wars, Rafa.

Lucas: Muito a aprender você ainda tem.

Ficamos zuando o Rafa maior tempo por ele nunca ter visto Star Wars, depois ficamos pensando pra que serviam esses bastões até que eu olhei pra pista e vi todo mundo dançando e pulando com um na mão. O visual ficava muito brabo com a fumaça e o brilho desses bastões, essa balada toda tinha uma vibe muito boa.

O Lucas pirou mais uma vez quando viu o DJ e arrastou a gente pra pista, acho que é alguém famoso nesse ramo eletrônico porque geral tava curtindo e as músicas que ele tocava eram boas demais. O Caleb sumiu e voltou com 5 shots de tequila pra gente virar no meio da pista e começar forte a noite.

Rafa: Pode trazer tudo porque hoje eu to moda caralho.

Emanuel: Tamo junto.

Caleb: Que es esto?

Foi engraçado demais explicar pro Caleb o que era moda caralho porque ele já era assim e não sabia, cara totalmente insano e fritado. Depois de virar a tequila ficamos no meio da galera curtindo a vibe eletrônica do DJ e era foda demais ver todo mundo animado. O melhor de tudo era quando a música estava no ápice porque a iluminação ficava insana, perto do palco soltavam faíscas e fumaça por toda a pista. A playlist do cara era foda demais, dava vontade de ficar ali no meio até não poder mais.

Depois de um tempo o Rafa e o Caleb puxaram a gente de volta pro camarote e apareceram com uma garrafa de Grey Goose de 4 litros e meio.

Vine: Vocês tão loucos, é hoje que a gente sai torto daqui.

Nos jogamos no sofá do camarote e ficamos jogando o jogo do limão pra beber muito. Não sei se isso acontece só comigo, mas essa vibe de balada, bebida e de amigos deixava tudo melhor. Queria poder ser jovem assim pra sempre porque eu não quero nunca perder meus amigos e todas essas loucuras que a gente faz.

Rafa: Não vale, o Caleb fica falando limon!

Caleb: Pero no es el juego de limón?

Rafa: LIMÃAAAO

O jogo do limão não tava dando muito certo porque o Caleb falava espanhol e isso confundia todo mundo, acabamos decidindo por beber sem ter que jogar nada.

O Rafa não se contentava e ficava pendurado no ferro do camarote dançando como se fosse um stripper, até o Lucas tava animado pra caralho e subiu na mesinha pra dançar também. Não trocaria isso por nada na vida. Porque no final de tudo, os amigos são a sua família.

Narrado por Carol:

Tínhamos acabado de chegar em Miami e estávamos tentando pegar um táxi. Todos nós estávamos muito cansados e decidimos ir direto pro hotel ao invés de ir jantar em algum lugar. O Dê estava muito legal comigo e com a Babi, acho que ele percebeu que essa seria a última chance dele e resolveu aproveitar. Chegamos no hotel em Miami Beach e ficamos em quartos separados: Um pra Babi e pra mim e outro para o Dê.

Babi: Estou muito animada, Carol. Vão ser as melhores férias da nossa vida!

Carol: A gente vai gastar muitooo, levar o papai à falência.

Babi: E pegar uma praia, quero ficar da cor do pecado.

Ficamos conversando, rindo e fazendo planos enquanto desfazíamos as malas e nos ajeitávamos no quarto. Depois de tudo arrumado eu tomei uma ducha rápida sem molhar o cabelo e fiquei deitada na cama mexendo no celular. Mandei um whatsapp pra Marina dizendo que tinha chegado bem, que Miami era linda e perguntando como foi a viagem dela. Enquanto esperava pela resposta fui ver as outras mensagens e vi o contato do Mano, na mesma hora eu fiquei balançada. Por que você faz isso comigo? Não resisti e mandei um whatsapp pra ele perguntando como ele estava.

Narrado por Emanuel:

Quando a garrafa de Grey Goose acabou já tava todo mundo muito louco, fazendo dancinhas ridículas e se achando lindo. O Caleb puxou todo mundo pra perto e disse que amanhã de manhã ia fazer a prova mais importante da vida dele e que estava bebendo com a gente pra relaxar um pouco. Bem, eu acho que ele disse isso porque o cara já falava espanhol e ainda mais bêbado... Loucos que estávamos parabenizamos ele e brindamos com mais vodka.

Rafa: Relaxa que beber te deixa mais inteligente.

Caleb: Espero que sí, me tengo que ir muy bien en esta prueba.

Emanuel: É, ta tranquilo.

O celular do Caleb tocou e ele atendeu falando onde estava e chamando a pessoa pra vir aqui. Nem ligamos e fomos pra pista de novo enquanto o Caleb ficou no camarote esperando a tal pessoa chegar.

Ficar no meio da galera era muito louco, o tanto de mina que chegava na gente era uma coisa anormal. Não sei se as chilenas bebiam mais, tinham mais atitude ou um gosto duvidoso pra homens. Só sei que tava sobrando mulher pra gente e o Rafa e eu até pegávamos algumas, mas sem casar na balada porque hoje era noite dos bros.

Resolvemos jogar, mais ou menos a cada 5 músicas um de nós ia no bar e trazia uma rodada de bebida pros outros, mas sem dizer o que era porque a gente tinha que adivinhar. O primeiro foi o Rafa, ele trouxe umas doses de tequila.

Lucas: Porra, difícil de adivinhar essa hein.

Rafa: Cala boca e toma!

Depois foi o Vine, ele trouxe umas bebidas azuis em um copinhos super gays, mas até que era gostoso.

Rafa: O Vine tinha que enviadar todo mundo aqui, que isso?

Vine: É Martini Blue.

Rafa: GAAAAAAAAY.

Depois era minha vez, eu não sabia bem o que pegar então pedi dica de bebidas com whisky pro barman. Ele me disse que a que mais saía era um tal de 4 Godfathers que era mistura de um monte de whisky diferente e um pouco de tequila, achei dahora e levei pros mlks.

Todo mundo bebeu e curtiu, os barmans daqui eram muito simpáticos e sempre davam dicas boas. Falei o nome da bebida e gravamos pra pegar mais depois. Por último foi o Lucas, ele demorou demais e voltou com uma puta cara de sacana. A bebida dele era forte pra caralho e ninguém conseguia adivinhar o que era, chutamos tudo que existia.

Rafa: Acho que to tão bêbado que meu olfato foi afetado.

Emanuel: O que tem a ver seu olfato, cara?

Rafa: De sentir o gosto né vei.

Lucas: É paladar mano, você é muito otário Rafa.

Rafa: Ah, cala boca ae seus viadões. Fala logo que bebida é essa, Lucas.

O Lucas ficou pagando de gostoso e esperou todo mundo terminar de beber pra falar.

Lucas: É absinto.

Rafa: CARALHOOOOOO, é a fadinha verde maluco.

Eu nunca tinha bebido absinto na vida e confesso que pensei que seria álcool puro, mas na verdade era até meio doce e dava pra beber um monte sem perceber o tanto que tava te fudendo.

Depois de uns 30 min enlouquecendo muito na pista a gente resolveu voltar pro camarote onde o Caleb estava, achamos que a pessoa que ele chamou já tivesse chegado. Chegando la el estava com outro cara, os dois de costas para a entrada e dançando de um jeito muito escroto virado pra pista.

Emanuel: Que isso, Caleb?

Estávamos rindo demais até eles virarem. Ficamos completamente sem reação, era o Esteban junto com o Caleb e os dois estavam fritos demais. O Rafa já ficou puto e foi pra cima dos 2 perguntando porque o Esteban estava aqui, falando que era pra ele ir embora e que ia matar o Caleb por isso. Nenhum dos dois estava dando a menor ideia pro que o Rafa estava falando, eles continuaram dançando e rindo muito enquanto o Lucas conseguiu puxar o Rafa pro canto.

Lucas: Ignora o que aconteceu, o Esteban é amigo do Caleb e o Caleb é nosso bro. Então deixa o Esteban aqui, só ignora ele que fica tudo de boa.

Rafa: Ok

A parte do Rafa nós até conseguimos controlar, foda era falar pro Esteban parar de pular e chegar no Rafa igual um louco. O Caleb estava menos frito que o Esteban, então puxei ele e perguntei o que tava acontecendo.

Caleb: Sólo bala, Emanuel. Aún tiene una, queres?

Emanuel: O que? Bala? Não quero não, joga isso fora.

Caleb: Está bien, así que aprovecho.

Ele pegou a bala, colocou na boca e tomou um gole de bebida pra ajudar a engolir. Novamente fiquei sem reação. Não sei se ela já tinha tomado uma na hora que o Esteban chegou e também não faço ideia de quantas o Esteban tinha tomado pra ficar daquele jeito. Porra, agora fudeu tudo, tenho que tomar conta de drogado. O Rafa ficava cada vez mais irritado enquanto os mlks e eu tentávamos segurar o Esteban que ficava de graça.

Rafa: Ninguém merece esse viado.

Lucas: Você não pode falar isso, da cadeia.

Rafa: Qual o problema? Ele é insuportável, ser macho não deixaria ele menos insuportável.

Lucas: Vão achar que você é homofóbico.

Rafa: Não sou homofóbico, odeio ele por ser ele.

Vine: Por que vei?

Rafa: Porque sim.

Percebi que os mlks não sabiam mesmo o que tinha acontecido na festa aquele dia e o Rafa ficou me olhando como se implorasse pra eu não contar nada. Nessa hora que estávamos conversando acabamos nos distraindo e o Esteban se agarrou no pescoço do Rafa falando que sentia muito e que eles podiam recomeçar de uma forma mais legal. Lembrando que é isso que eu entendi, o cara fala espanhol e ta drogado, mas acho que o Rafa também entendeu isso porque ele voou pra cima do Esteban. Ninguém conseguia separar os dois porque o Rafa tava com muito ódio enquanto batia, ele até pegou um dos bastões neon e deu com tudo na cara do Esteban.

Lucas: Para!

Pra tentar controlar a merda eu me joguei em cima dos dois e acabei derrubando o Rafa pros mlks conseguirem segurar ele, depois levantei e levei o Esteban pro banheiro. Ajudei ele a se levantar e até contive um pouco dos sangramentos com água e papel. Acho que ele não fazia a menor ideia do que tinha acabado de acontecer porque ficava rindo e brincando de jogar água em mim. Levei ele pra fora da Viccia e fiquei perguntando se não tinha ninguém pra vir busca-lo, em resposta ouvi um monte de letra de música e umas coisas que nem entendi. Como é foda conversar com drogado.

Pensei que talvez pudesse ligar pra algum número do celular dele. Sentei o Esteban na calçada, peguei o celular dele e fui nos contatos, achei um chamado ‘Mama’  e liguei. No começo foi bem difícil entender e ser entendido, esse povo chileno parece que não entende que brasileiro não fala espanhol. No final consegui entender que ela não dirigia e que era pra eu mandar o Esteban pra casa em um táxi. Chamei o táxi, deitei o Esteban no banco de trás e passei o endereço pro taxista, espero que ele chegue no lugar certo.

Voltei pra dentro da balada e quando cheguei no camarote o Caleb estava super agitado dizendo que estava sufocado aqui dentro, que queria sair pela rua, que queria ir no maior número de bares possível antes de acabar a noite dos bros e etc. Percebi que os mlks estavam apoiando a ideia pra relaxar o Rafa e melhorar o clima da noite dos bros então aceitei também. Antes de sairmos da Viccia pegamos todas as garrafas de bebidas que podíamos carregar do camarote só pela zueira.

Emanuel: Se a gente beber isso tudo é coma alcoólico na certa.

Rafa: É nada, seu fraco.

Caleb: Yo tomo.

Abrimos as garrafas na rua mesmo e ficamos bebendo e zuando muito enquanto andávamos sem rumo. Toda vez que a gente via um bar legal a gente entrava só pra curtir um pouco e depois saíamos um pouco mais bêbados do que entramos. Fizemos isso umas 10 vezes e quando me dei conta não fazia ideia de onde estava. Olhei em volta, estávamos em uma casa de stripper e era umas 4 da manhã, porra! Puxei os mlks pra rua e nos jogamos na calçada.

Dei uma outra olhada na rua e eu não conseguia lembrar de onde a gente tinha vindo, percebi também que não estávamos mais com nenhuma garrafa e deduzi que tínhamos tomado tudo.

Emanuel: Onde a gente ta?

Vine: Sei la vei          - Todo mundo riu muito e até eu achei a situação meio engraçada.

Emanuel: Sério, onde a gente ta, Caleb?

Vine: Ele não vai te responder

Emanuel: Por que?

Rafa: Ele deu um PT violento la dentro e agora ta capotado aqui.

Olhei e o Caleb estava jogado no chão murmurando coisas sem sentido e todo fudido. Rimos mais ainda e o Rafa começou a zuar o Caleb e filmar pra postar no Instagram. Depois de uns 15 min a coisa foi perdendo a graça porque fomos ficando mais sóbrios e percebemos que estávamos perdidos e a única pessoa que conhecia a cidade estava desmaiada.

Emanuel: A gente ta fudido!

Vine: O que a gente vai fazer vei?

Lucas: Relaxa, vamos levar ele pro hotel igual a gente levou a Alexia aquele dia.

Rafa: Ótima ideia, deixa eu pegar o carro aqui.. Opa, A GENTE NÃO TEM CARRO!

Começou a dar um puta desespero, ainda mais quando lembramos que o Caleb tinha uma prova super importante de manhã e, como bros, era nossa obrigação fazer com que ele chegasse a salvo em casa e com condições de fazer essa prova. Todo mundo ficava falando ao mesmo tempo, dando ideia loucas ou só se lamentando pelo que tava acontecendo. Lembrei do que eu tinha feito com o Esteban e achei que pudesse funcionar, procurei nos bolsos do Caleb até que achei o celular dele.

Emanuel: É só ligar pra algum parente dele.

Vine: Nossa, você é genial mano!

Teria dado tudo certo se o iPhone dele não tivesse senha para desbloquear. Fiquei sem reação pela 3ª vez na noite, olhei pros mlks com cara de decepção e falei que tinha senha. De novo a nossa esperança acabou e todo mundo começou a se lamentar da merda que tava acontecendo.

Rafa: Deixa que eu descubro essa senha.

Ele levantou, pegou o Caleb pelos ombros e começou a gritar e sacudir ele perguntando a senha. O Caleb ficou rindo e murmurando alguma coisa e o Rafa ficava cada vez mais puto, no final só conseguimos entender 1 e 5. O Lucas fez as contas e disse que a possibilidade de senhas de 4 dígitos sendo 2 deles 1 e 5 eram absurdas.

Rafa: Foda-se suas contas, eu vou na sorte.

Ele pegou o iPhone do Caleb e começou a testar senhas aleatórias, a gente ficou desesperado porque ele podia bloquear o celular por horas e isso ia fuder muito mais. Voou todo mundo pra cima do Rafa e tiramos o celular da mão dele com bloqueio de só 5 minutos. Foi outra onda de desesperança até que eu sugeri ligar pro Esteban, eles eram amigos então o Esteban devia saber onde ele morava. Peguei meu celular e liguei pro celular do Esteban, chamou durante um bom tempo e afinal uma mulher atendeu.

Emanuel: Hola, podría hablar con Esteban?

Mulher: No, mi hijo es hospitalizado por su culpa.

Emanuel: No no, es urgente.

Mulher: Usted es una maldición, se mantenga alejado de mi hijo!

Emanuel: Que? Es sobre o amigo dele Caleb.

Mulher: Adios!

Emanuel: NO NO NO! Precisamos de ajuda.

Ela desligou na minha cara, tentei ligar de novo só que o celular estava desligado. Agora fudeu, a única pessoa que com certeza sabia o endereço do Caleb não vai ajudar a gente.

O quanto mais sóbrios ficávamos mais percebíamos que o lugar onde estávamos era barra pesada, uns caras estranhos entravam e saiam da casa de stripper. Decidimos que o melhor seria sair dali o mais rápido possível. O Vine e eu pegamos o Caleb e fomos carregando ele enquanto o Rafa e o Lucas indicavam o melhor caminho. Eles não faziam ideia do que estavam fazendo e nós andamos sem rumo por uns 10 minutos até chegar em uma praça que parecia ser simpática. Jogamos o Caleb no banco e sentamos no chão.

Vine: Como a gente vai descobrir onde ele mora?

Rafa: Melhor é a gente descobrir onde ta agora.

Lucas: A gente devia tentar voltar pra Viccia e pegar o carro. Talvez tenha GPS com o endereço de casa marcado.

Parecia possível de dar certo. Ficamos animados e já estávamos levantando quando olhamos pros 2 lados e percebemos que não fazíamos a menor ideia de qual direção seguir. O Rafa ficou incrivelmente puto e começou a gritar com o Caleb perguntando o endereço dele, eu também estava muito frustrado, mas gritar com o Caleb não ia adiantar nada.

Emanuel: Relaxa, Rafa.

Rafa: Relaxa nada, onde a gente ta vei?

O Vine apontou uns caras sentados no outro lado da praça e disse que podíamos pedir informação. Chegamos perto e eles sequer olharam pra gente, fiquei com um puta receio quando percebi que eles estavam contando grandes quantias de dinheiro.

Emanuel: Er.. licença. Podría informar-nos qual direcion fica a Viccia?

Eu improvisei no espanhol pra tentar causar alguma empatia, mas os caras riram e voltaram a contar o dinheiro como se a gente fosse otário.

Rafa: OW, CARA! Qual a direção, carajo?

Caralho, Rafa, não fode a gente. Ele tinha gritado isso e os caras ficaram muito putos, um deles levantou e colocou a mão na cintura, acho que ameaçando pegar alguma coisa.. uma arma sepá. O Lucas tava pálido e acho que mal respirava; eu também tava morrendo de vontade de sair correndo, mas arrastar o Caleb e correr ia dar merda.

Os caras ficavam falando umas coisas nada ver e conversando entre eles, como se decidissem o que iam fazer com a gente. Do nada um outro cara levantou, deu um toque no que já estava em pé e apontou pro Caleb.

Cara: Qué le ha pasado?

Emanuel: Ele ta bêbado.

Rafa: Acho que fala borracho.

Fiz sinal de beber com a mão pra ajudar o entendimento. Os caras riram e começaram a conversar, eu não conseguia entender nada que eles falavam, mas acho que citaram o nome do Caleb. Fiquei reparando no que eles faziam pra tentar entender o que falavam e cutuquei os mlks pra fazerem o mesmo.  O cara que estava de pé inicialmente começou a falar uns negócios com a gente, ele tentava fazer algumas mímicas e mesmo assim a gente não entendia nada. A gente demonstrava que não estava entendo nada, então um deles se afastou e voltou com um pacote embrulhado em papel marrom de carta na mão.

Cara: Esta es una orden de la responsabilidad de Caleb

Vine: E o que a gente faz com isso? O que é isso?

Cara: Usted tiene que tomar a depositarlo.

Emanuel: Depósito? É do Caleb, você sabe onde ele mora?

Cara: No sé, pero alguien allí debería saber.

Ficamos com um puta medo porque o cara já ameaçou que tinha uma arma, tava com bastante dinheiro em mãos e agora chega com uma encomenda misteriosa pra levar pro depósito? Se isso não for droga eu não sei mais o que é. Todos nós ficamos com um puta receio de pegar, mas era o único jeito de chegarmos até alguém que saberia onde o Caleb mora. Os caras escreveram num papel o endereço e como chegar lá, era só pegar um ônibus especifico e ficar atento a parada.

Já era quase 5 da manhã, passamos o Caleb pro Rafa e o Lucas levarem enquanto o Vine procurava um ponto de ônibus e eu carregava aquele pacote da maneira menos suspeita possível. Quando pegamos o ônibus foi meio estranho porque estávamos com uma ressaca fudida, um cara desmaiado e um possível pacote de drogas no meio de um monte de gente que ia trabalhar ou estudar logo cedo.

Rafa: Eu to exausto.

Emanuel: Todo mundo ta, olha a merda que a gente foi se meter.

O Vine e o Lucas nem se deram ao trabalho de falar nada, tava realmente muito difícil ficar acordado e mais difícil ainda ficar motivado pra levar o Caleb pra casa. Chegamos na parada, descemos do ônibus e ainda andamos 1 quarteirão até chegar em frente a um grande depósito. Não fazíamos ideia de como entrar, com quem falar ou onde deixar a encomenda.

De repente chegou um cara forte que aparentava ser o segurança do local, explicamos improvisadamente o que estávamos fazendo ali e mostramos a encomenda pra ele. Ele pegou, olhou bem pra nossa cara, deu as costas e foi saindo. Eu fiquei sem entender nada, gritei pra ele esperar e perguntei se ele sabia onde o Caleb morava.

Segurança: No conozco ningún Caleb.

Vine: Como assim? Você ta de segurança do depósito dele.

Segurança: No, no lo sé.

Ele foi se afastando e quando a gente foi perguntar de novo ele saiu correndo. O Rafa até tentou correr atrás, mas a gente tava podre da balada e o cara tava inteirão. Certeza que ele sabia onde o Caleb mora e não quis falar por medo de alguma coisa, da gente ser da polícia. Nos vimos novamente no meio do nada, sem informação nenhuma e sem ajuda de ninguém.

Emanuel: Não, eu desisto.                  – Me joguei no chão e fechei os olhos.

Rafa: O que a gente vai fazer?

Emanuel: Sei la, não to nem ae mais. O tanto de coisa que a gente já passou só hoje eu to agradecendo se conseguirmos chegar vivos e não fichados no hotel.

O foda é que era verdade né. Já hospitalizamos o Esteban por mistura de droga, álcool e porrada, já tínhamos estado em casas de strip em um bairro super zica, já trocamos ideia com traficante e até repassamos droga. Tudo isso estando no país com os documentos todos falsos e sem o apoio da escola... A gente ta muito fudido.

O sol já começava a dar indícios que ia nascer e a gente jogado no chão de uma rua qualquer, parecendo um bando de fracassados na vida. Do nada o Lucas levantou e colocou a mão no rosto.

Lucas: AAAAH COMO A GENTE É BURRO.

Emanuel: Ok, isso já ficou evidente nas últimas horas. Quer fazer o favor de ir se fuder então?

Lucas: Não vei, eu sei o que fazer!

Vine: Hm

Lucas: Vamos usar o google maps no celular pra voltar pra Viccia, pegar o carro do Caleb e usar o mapa de novo pra voltar pro hotel. Na atual situação, o Caleb dormir la no hotel seria ótimo.

Santo Lucas, isso realmente soava genial e completamente possível de dar certo. Todo mundo entendeu da mesma forma que eu e isso encheu a gente de entusiasmo, pegamos o celular e o Caleb e começamos a andar. Primeiro chegamos na Viccia, depois no bar e finalmente no carro do Caleb. Aquele i30 aparentava ser muito mais dahora que antes agora que precisávamos muito dele.

Rafa: Ok, me da a chave dessa carruagem divina ae e já abre o mapa pro hotel.            - Ninguém se mexeu para entregar a chave pro Rafa.

Vine: Quem ta com o chave?

Emanuel: AAAAAH NÃO!

Reviramos os bolsos do Caleb e os nossos também, nada de achar a chave. Eu já tava quase xingando tudo e quebrando o vidro do carro no soco quando o Vine pegou a carteira, tirou um cartão e ficou mexendo no espaço entre o vidro e a porta do carro com ele. Ele ficou uns 5 minutos fazendo isso e olhando bem de perto, o alarme até começou a tocar e ele não parava.

Lucas: Ta todo mundo olhando, eles vão chamar a polícia.

Vine: Shiu, to quase lá.

Ficamos quietos e olhando pros lados tentando não parecer mais ladrões de carro do que já estávamos parecendo. Do nada o Vine abriu a porta, sentou no banco do motorista e começou a puxar uns fios embaixo do volante, perto dos pedais. Além de desligar o alarme, ele ainda ligou o carro, colocou o cinto e olhou pra gente.

Vine: Já pegaram o mapa ae?

Emanuel: Que? Como você fez isso?

Rafa: WOOOOW, paguei pau demais agora hein.

Entramos no carro e o Vine dirigiu até o hotel com a ajuda do mapa no celular do Lucas. Entrar no saguão do hotel e subir pros quartos foi a melhor sensação que eu senti nos últimos dias. Jogamos uma água no rosto do Caleb, escovamos os dentes dele com uma escova do hotel e jogamos ele numa cama.

Nem sei quem acabou dormindo no chão, só sei que 8 da manhã mil despertadores começaram a tocar e eu deseja muito matar quem programou eles.

Rafa: Puta merda, barulho do caralho.             – Acho que todo mundo estava pensando como eu.

Caleb: Buenos días.

Ao ouvir a voz do Caleb todo mundo levantou de uma vez, no susto e olhou pra ele. O cara estava tranquilo, com um cara de ressaca, só que relativamente bem.

Emanuel: Você ta vivo!

Vine: Maaaaano

Caleb: Sí, y creo que todos necesitamos un café fuerte.

Antes de descer pro restaurante todos nós tomamos um banho rápido e trocamos de roupa porque a gente tava parecendo mendigo. Já no restaurante tomamos um café reforçado com tudo que tinha direito. Apesar da ressaca o Caleb disse que estava bem pra fazer a prova e que ia descansar o resto do dia depois que chegasse em casa. Nós até rimos de tudo que aconteceu enquanto contávamos pro Caleb, ele nem ligou pro carro arrombado e pediu desculpa pelo lance do deposito, sem dar muitas explicações. Acima de tudo ele agradeceu por tudo e disse que tinha curtido tudo que conseguia se lembrar da noite dos bros.

Depois do café o Caleb foi embora fazer a prova e nós voltamos pro quarto pra dormir até não poder mais, essa foi uma noite dos bros completamente insana.


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