Duas semanas se passara, desde de que Melissa tinha sido levada. Kate não dormia direito, mal comia e sempre que estava no seu apartamento, acabava chorando, com as lembranças da menina.

Naquela noite ela estava no loft, encolhida no sofá enquanto Rick tomava banho. Alexis sentou ao seu lado.

-Kate? -Ela chamou suavemente. Percebendo que a detetive não respondeu, ela tocou no ombro de Kate. -Kate? Você está tremendo. Kate? -Ela gritou, dessa vez acordando a detetive. 

Beckett acordou num pulo, sentando no sofá, sua respiração estava acelerada. 

-Kate, você está bem? -Alexis perguntou.

-Eu acho que tive um pesadelo. -Ela se recostou novamente no sofá. -Ah eu não aguento mais. 

-Kate, essas duas semanas que passaram, eu sei que quando você vai para a sua casa você se sente pior, eu não sei o que existe, ou não, entre você e meu pai, mas eu acho que você deveria passar um tempo aqui. -Alexis disse olhando para ela, e estudando sua reação.

-Não Alexis, eu agradeço sua preocupação, mas não quero incomodar. 

-Você não incomoda, e eu adoro quando você está aqui. A vovó também, e meu pai principalmente. Você sabe que já é da família.

-Obrigada Alexis. -Kate a abraçou. -Eu só acho que estou sentindo falta dela. -Deixou as palavras morrerem. 

-Eu falo sério, você pode passar o tempo que quiser aqui, você é da casa, e todos nós queremos te ver bem, e feliz. 

-Ah Alexis, eu fico muito feliz sabendo que você pensa assim. -Ela disse simplesmente.

Por um tempo, elas ficaram em silencio, apenas abraçadas, não era necessário falar, ambas estavam tristes com a ida de Melissa. 

Rick chegou e viu a cena, não pode deixar de sorrir. 

-Hey minhas lindas. -Ele disse parando na frente das duas. Mas viu o olhar triste que elas lhe deram. -O que aconteceu?

-Kate teve um pesadelo -Alexis disse com a voz triste. 

-Outra vez? -Rick sentou no meio das duas e as abraçou. Kate apenas balançou a cabeça. 

-Eu não sei mais o que fazer, sinto tanta a falta dela. Mas eu sei que ir vê-la sempre vai ser pior. -Kate deixou uma lagrima escapar.

-Hey, tudo bem, acho que podemos sim fazer uma visita para ela. O que você acha de irmos lá amanha? -Ele disse acariciando os cabelos dela. 

-Bem, eu vou dormir, porque amanhã cedo tenho prova. -Alexis disse e se levantou. -Te amo pai. -Ela beijou a bochecha dele. -E espero que você fique melhor Kate, e pense no que eu te disse. -Ela também beijou a bochecha da detetive e subiu. 

-O que ela te disse? -Rick perguntou sorrindo.

-Que eu deveria vir passar mais tempo aqui, porque tanto ela, quanto sua mãe e você gostam de quando eu estou aqui. 

-Isso é verdade, e eu quero te ver bem, feliz, sorrindo, quero ver seus olhos verdes alegres... -Ele não pode terminar, foi calado pelos lábios de Beckett. 

-Fica? -Castle perguntou beijando o pescoço dela. 

-Fico, fico. -Ela disse e Castle a pegou nos braços, levando-a para o quarto. 

(...)

Castle acordou sorrindo, virou para o lado e esticou o braço, querendo puxar Kate para si, mas encontrou a cama vazia. 

-Kate? -Ele chamou, ela poderia estar no banheiro. Nada. Ela teria... fugido?

-Não. -Ele se levantou correndo, vestiu a primeira calça que achou e saiu do quarto. 

A cena que ele viu o fez sorrir de orelha a orelha. 

Na cozinha estavam, Kate, Alexis e Martha, rindo sobre algo enquanto Kate mexia no fogão.

-Bom dia. -Ele disse alegre, beijou Alexis e Martha na bochecha e deu um selinho em Kate. 

-Porque não me acordou? -Ele perguntou. 

-Ah, você estava tão calmo dormindo, com uma carinha de anjo, achei melhor deixar você dormindo. Ah, e Lex, eu acho sim que você devia aceitar, e se quiser posso te ajudar a se arrumar, sem problemas. -Ela sorriu.

-Obrigada Kate, eu vou pensar bem, qualquer coisa falo com você.

-Ei, espera, aceitar o que e se arrumar para ir onde? -Rick perguntou confuso.

-Assunto de meninas querido. -Martha disse e sorriu. 

-Alexis, lembra que não temos segredos um com o outro, você prometeu que me contaria tudo quando ainda era bem pequena, não pode quebrar um juramento. 

-Pai, deixa que drama. -Alexis riu.

-Isso querido, deixa aatuação pra mim. -Martha falou. 

-Não acredito que vocês três estão se juntando contra a minha pessoa. 

-Rick Castle, isso se chama, coisas de garotas, não vamos deixar sua filha fazer nada que não faríamos. 

-Isso que me preocupa. -Ele disse olhando para Martha. 

Kate apenas suspirou, e depois as três começaram a rir. Minutos depois tomaram café juntos. 

Kate e Rick foram ao apartamento dela para a detetive poder tomar banho e trocar de roupa. Assim que chegaram na delegacia Kate foi terminar a papelada do dia anterior para ter a tarde livre.

Ela estava animada na parte da tarde. Pegou o endereço do apartamento onde vivia a família e avisou aos meninos que iria visitar Melissa.

Ela estava sorrindo quando bateram na porta do apartamento. Ninguém atendeu. 

-Será que não estão? -Kate perguntou triste. 

-Acho que não. -Castle disse também triste. 

Eles iam virar as costas e sair, quando escutaram um gemido fraco vindo de dentro do apartamento.

-Você ouviu? 

-Sim. -Kate disse e bateu na porta novamente. 

Mais um gemido, dessa vez mais alto. Kate bateu de novo. 

Dessa vez, ouviram algo parecido com um pedido de socorro. Kate pegou a arma e arrombou a porta. 

-Oh meu Deus.

Ela correu na direção da mulher caída ao chão no meio da sala, ela estava sangrando. 

-Lorena, o que aconteceu? -Kate perguntou, procurando a ferida. 

-Ele... levou Melissa. -Lorena balbuciou as palavras.

-Chame a ambulância Castle, agora. -Ela gritou. -Lorena, onde está a ferida? -Beckett perguntou. 

-Perna. -Ela disse simplesmente, com falta de ar.

Beckett achou na perna esquerda um buraco de bala. Já não corria mais sangue, porém a pele branca da mulher indicava que ela já tinha perdido muito sangue. 

-Lorena, escute, a ambulância já vai chegar, tem um hospital bem perto daqui, mas me diga, o que você sabe? 

-Ele levou a menina, disse que tinha negócios e nós ficaríamos ricos, ela chorava, eu tentei impedir e ele atirou na minha perna, saiu, trancou a porta.  -Ela disse devagar, e com a voz fraca. 

-Quando foi isso? Que negócios? 

-Ontem a noite, não consegui ligar ele cortou a linha telefônica, e ele não disse o que era, mas falou que ia viajar... meu irmão, ele deve saber. -Lorena falava cada vez mais baixo, já estava com os olhos fechados e tinha dificuldade em respirar. 

-Kate, eles chegaram. -Castle disse ao lado dela. 

-Detetive, temos que leva-la. -O medico também disse e Kate se afastou, prometendo a Lorena que Melissa ai ficar bem.

Irritada, nervosa, com medo, desesperada, Kate não sabia mais o que era controle emocional, ela dirigiu até a delegacia.

Chegando lá ela passou por todos, ignorado qualquer um que falasse com ela, e foi direto até a sala de Gates. 

-Senhora? -Ela disse antes de entrar na sala, com ou sem permissão. 

-Sim? -Gates perguntou confusa.

-Fui até a casa da menina, visita-la, e quando chego lá, encontro Lorena quase morta, e sabe o que ela me disse? Aquele desgraçado levou a menina. 

-Como assim "levou a menina"?  -Gates se levantou, já preocupada.

-Disse que tinha negócios e levou Melissa. Lorena tentou impedir e ele atirou na perna dela. Isso foi ontem a noite. -Kate disse irritada. 

-Meu deus, isso é sequestro e teoricamente não podemos fazer nada, porque ele agora é pai dela. -Gates falou. 

-Sim, mas na pratica as coisas são diferentes. -Kate falou.

-Detetive, o máximo que podemos fazer é entrar em contato com o FBI, lembre que somos detetives de homicídios, e ninguém morreu. -Gates disse. 

-Vou ligar para o hospital e avisar que quero falar com Lorena assim que ela sair da cirurgia. -Beckett foi até sua mesa, e viu que Castle explicava aos menino o ocorrido. 

-Olá, aqui é a detetive Beckett, quero noticias de uma mulher que deu entrada agora a pouco no hospital, ela deve estar em cirurgia, tinha uma bala na perna esquerda.

-Lorena Balzer? Sinto muito detetive, os médicos tentaram reanima-la agora a pouco, mas foi inútil. 

-Ela está morta? -Beckett perguntou ganhando aatenção de todos na delegacia. 

-Receio que sim. 

-E você tem certeza disso?

-Sim detetive. 

-Certo, obrigada pelas informações. -Kate desligou e virou para Gates. -Agora estamos no caso, Lorena não aguentou. 

-Certo, e o que vamos fazer agora? -Esposito perguntou. 

Kate pensou, durante um minutos, e logo teve uma ideai. 

-Temos que chamar o FBI e eu já sei quem vai me ajudar. -Ela pegou o telefone e ligou para alguém. Minutos depois, voltou a falar. -Will? Sou eu. Kate Beckett.

-Kate, a quanto tempo, como vai? 

-No momento, querendo atirar em algumas pessoas, olha você está em NY? -Ela perguntou, não queria perder tempo. 

-Eu estou emWashington, porque? 

-Longa história, preciso da sua ajuda, uma menina foi sequestrada. Levaram ela para fora do país. 

-E porque ligou para mim? Tem agentes mais próximos dai. -Ele disse, confuso. 

-Mas que droga Will, preciso da sua ajuda, porque o cara que levou essa menina, é pai adotivo dela, e o FBI vai me dizer que isso não é sequestro.

-Então, se você sabe disso, porque me ligou? -Ele perguntou novamente. 

-Will Sorenson, você está testando minha paciência? Saiba que ela acabou a muito tempo. -Kate gritou, irritada. 

-Não Kate, eu só quero entender. -Ele disse calmo.

-Eu liguei para você porque te conheço e sei que você não vai ser um idiota e me dizer que não pode fazer nada. Porque já estivemos em casos como esse, e você não desiste. -Ela disse firme. 

-Muito bem Kate, teve sorte de que eu estou sem trabalho, estou indo ai, não faça besteira. -Ele disse, se despediu e desligou. 

Gates apenas olhou para Beckett e disse:

-Traga a menina de volta detetive. -Sorriu e foi para sua sala.

-Vocês dois, tentem descobrir para onde ele foi. 

Kate virou procurando Castle, e o encontrou sentado na cadeira como de costume.  

-Hey, nós vamos traze-la de volta. -Kate disse pegando na mão dele. 

-Não é isso, eu sei que vamos, é só que... -Ele não sabia com dizer, e logo Kate entendeu. 

-Rick, isso ai que eu vejo é ciúme? -Ela perguntou sorrindo, e quando ele não respondeu, Kate percebeu que era sim. -Rick, eu estou perfeitamente feliz com quem estou. Lembra da noite passada, do que eu te disse? 

Ele sorriu com a lembrança das palavras de Kate, as bochechas coradas, os olhos brilhando e o corpo suado. 

-É, eu me lembro sim. -Ele sorriu novamente e deu um rápido selinho nela. 

-Beckett? -Esposito chamou.

-O que foi? -Ela perguntou, se aproximando dele. 

-De acordo com o passaporte dele, ele não viajou para lugar nenhum. 

-Desgraçado, deve ter usado passaporte falso. Mas eu vou encontra-lo.