O Passado Nos Condena escrita por Fernanda Melo


Capítulo 24
A Dor e o Sofrimento Fazem Parte da Vida




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/368465/chapter/24

Dois dias, parecia mais que uma eternidade, um grande sofrimento para aquela família. Um desespero visível sem notícias com puras aflições, os investigadores seguiam rastros, pequenas e poucas provas que James deixava pelo caminho que levaram eles a iniciarem a busca pela floresta.

Mas foi uma ligação que os preocupou. Jasper passou a ficar grudado o tempo todo ao lado de Alice naquele momento, os dizeres de James foram bem claros ou ela ia até ele ou ele a buscaria de qualquer jeito. Alice chegou a se oferecer como isca, mas os investigadores não queriam colocá-la em risco.

– Eles deveriam me deixar fazer alguma coisa. – Alice se mantinha aninhada aos braços de Jasper.

– Alice não faça isso, sei que é desesperador, mas deve haver outro jeito.

– Não tem, esse é o problema, eu sou a solução do problema da minha irmã.

– Vamos fazer o seguinte, vamos descansar e amanhã conversamos.

Alice não conseguiu dormir, apenas passou a noite olhando para o nada sentindo a presença de Jasper ao seu lado e quando o dia voltou a amanhecer ela estava decidida a forçar os investigadores a fazer um acordo com James.

– Isso pode dar errado. – Um dos investigadores concluiu.

– Já está tudo dando errado. – Alice disse inquieta no sofá.

– Os policiais já foram buscar os rastreadores. – Disse o segundo investigador entrando novamente na casa.

– Alice...

– Jasper não. Eu tenho que fazer isso. Minha irmã precisa de mim.

– Iremos colocar um rastreador em sua roupa, da forma mais discreta o possível, saberemos em qual lugar você estará, não se preocupe. Iremos assim que você chegar ao local, agora só precisamos marcar o encontro.

Alice pegou seu celular e digitou uma mensagem para James, suas mãos trêmulas a faziam digitar palavras erradas, ela teria que ver o monstro mais uma vez, mas desta vez deveria enfrentá-lo.

“Diga o local que devo encontrá-lo.” Esta foi à mensagem escrita por ela e logo se surpreendeu com a rapidez da resposta o local era próximo a antiga casa dele.

***

– Não se preocupe, fique tranqüila e não reaja a nada que ele faça, queremos você e sua irmã bem. – Disse o investigador colocando o rastreador na roupa de Alice. – Não demoraremos muito a chegar.

– Tudo bem.

– Está tudo certo, este ponto na tela é você. – Disse o homem mais alto mostrando o ponto vermelho na tela de seu laptop.

– Alice. – Jasper disse aflito, seu coração estava ainda mais apertado e mesmo com a insistência dele e de toda a família ela não desistiu da idéia.

– Vai ficar tudo bem Jazz. – Ela tocou no rosto dele delicadamente. – Eu vou voltar e depois disso tudo ficaremos bem, todos nós.

– Estarei te esperando quando você sair de lá. – Ele cortou a distância que existia entre os lábios deles. Ela se despediu de sua família e Esme não aceitava o fato de sua filha estar caminhando rumo ao perigo, mas Alice sabia que era o certo a fazer e se morresse ela pelo menos havia tentado salvar a vida da irmã. Antes que ela saísse ela subiu no quarto de Riley, pegou um pequeno urso de pelúcia que a menina mantinha em seu quarto e o cheirou. Aquele cheirinho de criança, o cheiro da sua irmã.

E as lembranças daquele cheiro lhe fizeram criar ainda mais coragem, viu sua irmã crescer, uma garotinha feliz, agora apaixonada e insegura, mas era a mesma garotinha que sempre conheceu e tinha que trazê-la de volta.

– É arriscado demais não aconselharia que fizesse isso.

– Ele me quer de volta, ele apenas pegou a pessoa errada desde o início deveriaa ser eu ali.

– Tudo bem, mas seja cuidadosa. – Alice acenou quando ela voltou para a sala, um ultimo olhar para a sua família e para Jasper e não demorou muito para as lágrimas que já escorrerem pelo seu rosto e então ela saiu.

***

Ela esperou, não muito, mas esperou e durante aqueles cinco minutos teve a certeza de que estava sendo observada por James a todo o momento. Quando ela se distraiu com o piscar de lâmpadas ela apareceu ao seu lado lhe fazendo sobressaltar.

– Vejo que não está mesmo acompanhada.

– Você disse claramente o que queria e eu estou aqui.

Ela disse com a voz embargada, mas mantendo a frieza por ver aquele homem inescrupuloso ali ao seu lado tocando seu braço, seus cabelos. Sua vontade era de ver vingança por tudo que James estava fazendo sua família passar, a maldade invadia seu coração que um dia já foi o mais inocente de todos.

– Tudo bem vamos. – Ele a guiou até um carro e dirigiu a singela cabana. Alice desceu do carro e ele a segurou enquanto entravam na casa. Por um segundo de deslize ele quase a beijou de surpresa, mas Alice conseguiu desviar seu rosto.

– Eu quero ver minha irmã. – Ela disse rispidamente com o rosto ainda virado.

– Agora você é minha. – James apertou seus braços e Alice não esboçou alguma reação, apenas tomou coragem e com o olhar frio olhou nos fundos dos olhos daquele homem.

– Eu nunca serei sua. E eu quero ver minha irmã.

– Tudo bem, mas depois teremos a nossa conversa. – Ele a arrastou rudemente até o pequeno quarto que ele mantinha trancado todos os dias e a empurrou para dentro voltando a trancar a porta.

Alice levantou-se rapidamente e correu até Riley a menina estava suando, pálida e balbuciando coisas estranhas sem sentidos, tentou lhe chamar, mas a menina não respondia coisa com coisa apenas permaneceu ao lado de sua irmã acariciando seu cabelo bagunçado, sentiu tanta falta de Riley que as lágrimas começaram a rolar.

Os investigadores já estavam indo para o local e no carro deles iam Jasper e Emmett ao local do cativeiro cada um com o seu coração apertado com medo do futuro que aquilo levaria.

Quando a polícia estava se aproximando tomaram o máximo de cuidado uma desconfiança de James e aquilo poderia ser fatal. Eles caminhavam o restante do percurso, estavam se aproximando da cabana mal cuidada.

Naquele mesmo momento James voltou a entrar no quarto onde Alice e Riley se encontravam. E com a arma na mão ficou observando o modo como Alice cuidava de sua irmã. Ele mantinha em seu rosto um olhar doentio, observador.

– Você seria uma ótima mãe. – Ele disse se aproximando aos poucos e se ajoelhando perto delas e nenhum momento Alice olhou nos olhos dele, mantinha seus braços envolvendo Riley, como uma mãe protege seus filhos. – Você tem que voltar para mim Alice. – Ele deslizou sua mão pelo braço de Alice até chegar a sua mão. Ela se assustou com o ato, soube que ele faria algo quanto ao descuido dela. Em momento algum se lembrou ao menos de tirar a aliança de noivado de sua mão.

James olhou fixamente para sua mão e ela apenas esperou que ele surtasse. Quando seus olhos subiram para os dela, ela sentiu-se congelar, seu corpo estremeceu e quando ele a puxou para longe de Riley ela não discutiu, apenas queria que sua irmã ficasse bem.

– Você está noiva de outro homem e aposto que é daquele almofadinha do Jasper.

A rispidez era nítida em seu tom de voz, a fúria era perceptível pelo modo como ele apertada os braços de Alice em suas mãos. Ele queria aquela mulher para si e pensar que agora ela estava com outro homem, aquele no qual ele declarou ser seu inimigo pessoal , ele ficava louco.

– Você é ‘minha’ Alice, minha e de mais ninguém. – Ele a jogou contra a parede, os gritos estridentes de James podiam ser ouvidos ao lado de fora e os policiais estavam escutando a discussão colocando o plano de invasão em prática.

Quando se aproximava de Alice ele pôde ouvir barulhos vindo do lado de fora, galhos secos estalavam fortes, ele olhou pela fresta larga da janela e viu alguém se movimentar pelas árvores. Policiais.

– Você os trouxe aqui, você me enganou. – Ele disse levantando Alice. – Você quer isso? Quer se ver livre de mim? Então vamos lá fora. – Ele a empurrou abrindo a porta chamando a atenção dos policiais.

Eles ficaram abismados com aquilo. James usava o corpo de Alice como escudo a empurrava com uma mão enquanto a outra mantinha seu revolver na nuca dela.

– Eu quero falar com o futuro noivo. – Disse ele em voz alta.

– Não iremos fazer isso.

– Tudo bem, se Jasper não pode vir aqui eu matarei Alice agora mesmo. – Ele apontou a arma para a cabeça da jovem, Jasper se desesperou, não poderia deixar que aquilo acontecesse assim, estava errado. Tinha uma vida inteira pela frente e queria passar essa vida com Alice e mais ninguém, não agüentaria ver sua futura noiva morrer a sua frente, assim como teve que ver Maria, a mãe de seu filho ser consumida por uma doença terrível.

– Não. – Jasper gritou saindo de meio das árvores. – Eu estou aqui.

– Se aproxime sem nenhum policial. - Ele manteve os olhos fixos em Jasper e mal percebia os atiradores posicionados em seu ponto cego. – Você irá pagar caro por roubar minha esposa.

– Não faça nada com ela James.

– Ela não me quer, quer a você. Ela deveria ser minha e de mais ninguém.

– James pense bem, você tem raiva de mim, desconte em mim.

– Jazz. – Foi à única coisa que ela conseguiu dizer.

– Ela devia me amar. – James disse com ódio em sua voz e em um ato rápido e inesperado ele a jogou no chão de modo que ela ficasse de frente para ele.

A arma apontava para o tórax dela e Alice apenas fechou seus olhos deixando a ultima lágrima cair, pois acreditava que ali seria seu fim. Dois disparos foram ouvidos ao mesmo tempo, um grito de um homem desesperado, um homem caindo ao chão e uma mulher agonizando.

Os atiradores não conseguiram impedir que James atirassem, quando um deles disparou a arma James realizou o mesmo ato na direção de Alice acertando seu abdômen, James em seguida caiu ao chão com um tiro ultrapassando seu braço esquerdo e parando em seu peito e Jasper apenas gritou pelo nome de Alice e correu, quando chegou até ela ainda estava consciente e olhava no fundo dos olhos de Jasper, ele segurou sua mão com tanta força que parecia que iria quebrá-la.

– Alice, fique comigo, não feche seus olhos.

– A ambulância. – Um dos policiais gritou quando o carro chegou, os paramédicos desceram rapidamente afastando Jasper para fazerem os primeiros socorros enquanto outra ambulância se aproximava. Jasper nem viu quando os policiais e os paramédicos adentraram a cabana e logo saíram com Riley na maca.

Jasper e Emmett correram para o carro de um dos policias que os levariam para o hospital. Emmett estava uma pilha de nervos, mas não conseguia derramar nenhuma lágrima, apenas repetia inúmeras vezes à cena do tiro em sua cabeça, ligou para seu pai não contando nada do que havia acontecido apenas que estavam indo para o hospital.

Quando as ambulâncias chegaram Alice permanecia consciente, olhava para o teto e parecia desnorteada tentando puxar para dentro de si os últimos resquícios de vida que ainda tinham em seu corpo e teimavam em sair. O tempo parece não passar muito rápido quando você está prestes a morrer nem tudo parece ser belo como dizem, os fatos de seu passado voltou em sua memória, somente coisas suficientemente ruins o bastante para lhe fazer ficar ainda pior.

Seu coração acelerou e sua visão já estava turva demais para conseguir separar cada traço do delírio, do rosto preocupado de sua mãe, que sua mente lhe causava. As luzes no teto do hospital já lhe incomodavam e aquela movimentação lhe deixava ainda mais nervosa e o tempo parece suficiente somente para que ela conseguisse pensar se tudo o que fez valeu mesmo a pena para depois acabar ali, em cima de uma maca de hospital vendo sua vida se esvaindo a cada suspiro solto por sua boca.

Pois ela ainda não tinha certeza se tudo aquilo que fez, pelo o objetivo que fez havia dado certo, não sabia como Riley se encontrava, sua irmã estava em um estado deplorável e queria, queria mais do que se salvar, saber se sua irmã sobreviveria, se sua irmã tiraria sua carteira de motorista naquele ano, se comemoraria mais um natal ao lado de sua família, se iria conseguir mais finais de semana ao lado de seus amigos sempre sorrindo, queria saber se sua irmã iria continuar com seu namoro ou encontrar novos amores e com ele construir sua própria família.

Não importaria de morrer se morresse por um bom motivo, sabendo que havia salvado a vida de quem tanto amava.

Carlisle rapidamente pegou seu carro dirigiu-se para o hospital ao lado de Esme que estava aflita com aquela ocultação de notícias. Mas bastou eles entrarem no hospital e irem para a sala de espera que a cara de Jasper entregou boa parte do que havia acontecido, seus olhos vermelhos os resquícios de lágrimas em suas bochechas.

Emmett explicou calmamente para os pais o que havia acontecido, Esme se agarrou ao Carlisle, ele abraçou sua mulher em busca de lhe tirar aquele desespero e lhe tirar aquelas lágrimas de seu rosto. Nunca viu Esme chorar desta maneira, sempre viu a imagem de uma mulher feliz e sorridente ao seu lado, ela não via problemas na vida e apenas ficava preocupada quando algo acontecia aos filhos e ao marido, nunca pensava em si mesmo.

As horas na espera foram dolorosas e quando um médico chegou para avisar algo para a família eles ficaram apreensivos. O médico trazia notícias primeiramente de Riley, seu caso era preocupante, mas foi rápido de se controlar.

– São os familiares de Riley Cullen?

– Somos nós, como ela se encontra? – Disse Carlisle.

– Ela chegou aqui inconsciente e teve um quadro convulsivo, mas por sorte conseguimos controlar a situação e no momento ela está estável.

– Pai vamos comigo até a lanchonete, preciso de tomar uma água para me acalmar. Precisa de alguma coisa?

– Não querido está tudo bem.

Carlisle e Emmett se retiraram indo atrás do médico, não queriam que Esme ouvisse a conversa caso algo de ruim seja dito.

– O caso de minha filha pode haver algum dano Dr.?

– É cedo para dizer se houve alguma seqüela.

– Como assim? – Emmett perguntou.

– Essas horas que se seguem ela ficará em observação, não sabemos como o corpo dela irá responder, ela estava fraca demais, não havia comido nada e o quadro de hipoglicemia estava alarmante. Ela pode ficar com alguma seqüela.

– Seqüela de qual gravidade? – Emmett olhou para o pai preocupado em busca de respostas em um tom reconfortante.

– A inconsciência é uma delas. – Disse o médico.

– Temos quadros de coma também e seqüelas cerebrais isso porque o cérebro necessita de glicose para funcionar propriamente. – Carlisle concluiu com o tom de voz mórbido

– Oh meu Deus. – Emmett colocou a mão na testa e em seguida cobriu seu rosto com ambas as mãos. Eles agradeceram ao médico e voltaram para a sala de espera e dali teriam que esperar mais uma hora e meia para receber as primeiras notícias de Alice.

O médico contou que Alice teve duas paradas cardíacas, mas que ela queria mesmo sobreviver, o médico contou a todo o momento olhando para Esme e levando até ela um olhar de esperança. Disse que a cirurgia foi complicada, mas terminou sendo um sucesso a hemorragia estava contida e ela estava em observação.

– Podem ficar tranqüilos pela história que me contaram pensei que ela estaria com o pulmão perfurado, mas algo desviou a rota...

– Os atiradores de elite. Eles atiraram no mesmo momento em que James atirou e o acertou.

– Então, agradeçam esses atiradores, pois eles fizeram que ele perdesse o foco do tiro que seria crucial para sua noiva rapaz. Avisaremos caso algo venha a mudar e quando puderem visitar Alice uma enfermeira virá avisá-los.

Todos ainda estavam tensos, permaneciam tensos, pois as 24h que se passariam seriam decisivas, era ali que as garotas lutariam por suas vidas ou desistiriam dela. Emmett voltou para casa depois de receber a notícia dos policiais que James enfim estava morto, o tiro que o atirador de elite lhe ultrapassou o braço esquerdo foi parar em seu coração. Parte do pesadelo enfim havia se acabado.

Agora a família queria saber, e poder ver, como as garotas estavam abraçá-las, matar a saudade e a angustia aprisionada dentro do peito. Agora os dias de calmaria chegarão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Passado Nos Condena" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.