Os dias após aquele passaram como um vento passa sobre as copas das árvores balançando todos os seus galhos. Dezembro já se encontrava quase no fim e a véspera de natal era o dia presente naquele momento no qual as famílias Cullen e Hale tentavam compartilhar em verdadeira harmonia juntos.

            Rose e Emmett conversavam animadamente enquanto a mulher ninava sua filha em seus braços naquele delicado sonho angelical. Jasper permaneceu ao lado do pai e do Carlisle contando coisas sobre noticiário de TV e esportes, Kate também estava ali presente para fazer companhia a Riley e principalmente não passar aquela data sozinha novamente.

            Esme conversava e recebia ajuda de Dália enquanto isso Alice se via obrigada a permanecer ao lado de James naquela noite completamente insuportável para si. Ela enlouquecia apenas de imaginar que teria o resto de sua vida para ficar ao lado daquele homem que tanto agora tinha nojo. Ela não podia acreditar no quão audacioso James era a ponto de ameaçar sua família por um casamento absurdo no qual ela nunca quis.

            Ficou tanto tempo sem se preocupar em arranjar namoros temporários ou até mesmo prolongados, queria distância daquilo e quando decidiu enfim dar uma chance ao mundo ele lhe traz um psicopata para viver eternamente ao seu lado.

            - Vou ajudar minha mãe. – Ela disse pensando em mais uma desculpa para se permanecer longe daquele homem, porém ele estava percebendo aquele jogo dela e a segurou bem firme em seus pulsos para que ela não se levantasse.

            - Apenas digo que sei o que está fazendo, pode tentar ficar longe de mim o quanto quiser, mas daqui a apenas dois meses você será totalmente minha.

            Ela em um solavanco discreto se desvencilhou de James indo para a cozinha bebendo um pouco de água e saindo pelas portas dos fundos sem que sua mãe visse, olhou para o céu completamente enegrecido com seus pequenos flocos de neve caindo sobre o chão. Aquela época lhe parecia tão feliz, mas naquele ano em diante seria o dia no qual ela se lembraria que seu pesadelo eterno começou.

            Ela ficou ali parada observando o nada além daqueles pinheiros com não muita distância de sua casa, ela queria fugir quando fizera quando criança, quando tinha pesadelos e sua mente insistia consigo que seu pai voltaria apenas para lhe pegar. Esconder em meio às árvores e enfim se sentir segura até aquele medo todo passar.

            Mas agora não era mais criança e nada daquilo parecia ter alguma solução  a não ser desistir e se entregar para o seu futuro já traçado em entrelinhas completamente tortas.

            - O que faz aqui fora neste frio?

            - Você me assustou Jasper.

            - Me desculpe cara dama. – Ele abriu um largo sorriso enquanto caminhava para perto de Alice. – Vejo que anda distraída como nunca.

            - Já fui pior pode acreditar.

            - Você está tão diferente...

            - Pra pior ou para melhor?

            - Para melhor com certeza. – Ele disse sem pensar, mas fazer um elogio não seria nada demais seria? Ele se perguntou mentalmente e seu subconsciente fez questão de responder com certo sim, ela estava noiva agora e seu noivo não parecia um bom sujeito. – Está mais bonita, uma bela mulher.

            - Obrigada. – Ela sorriu meio sem jeito olhando para a porta vendo se ninguém ou no caso James não os vigiavam. – Você também está diferente, o que aconteceu com os cabelos compridos?

            - Dava muito trabalho e para um homem sério como eu dono de uma empresa de publicidade não cairia bem aquele estilo desleixado.

            - Tenho que admitir que prefiro assim. – Ela sorriu mais uma vez e ficou completamente desconcertada quando viu aquele sorriso lateral esculpido nos lábios de Jasper.

            - Posso saber o porquê não está lá dentro com seu noivo?

            - Eu e James não estamos em um bom momento na relação.

            - Justamente agora que vão se casar?

            - Deve ser o estresse do casamento ou algo do gênero. Vivemos discutindo, não queria nada exagerado e ele faz questão que tenhamos tudo que é o nosso direito.

            - Você sempre disse que não queria se casar.

            - E minha ideia não mudou... – Ela disse quase se esquecendo das ameaças de James, mais algum deslize e poderia entregar a Jasper o verdadeiro motivo deste casamento.

            - Lembro bem que fizemos planos de morarmos juntos sem nos casar, você odiava atenção.

            - Ainda odeio.

            - Bem, queríamos ter três filhos, duas meninas e um menino.

            - Nós não, você queria para mim um só já estava de bom tamanho, mas tinha concordado para te deixar feliz naquele dia.

            Ele gargalhou de leve olhando carinhosamente para Alice. Ele imaginava o quanto sua vida seria diferente se tivesse permanecido em Forks e não tivesse sido tão ganancioso, mas queria ter uma vida digna sem depender de ninguém.

            - Eu senti a sua falta. Desculpe-me se te machuquei, me arrependo de certas partes do que fiz e uma delas foi ter ferido o seu coração, você não merecia isso.

            - Tudo bem, hoje estamos aqui cada um levando sua vida. – Alice afastou-se quando Jasper se aproximou e encostou a mão em sua bochecha. – Você não teria um filho lindo se não tivesse feito o que fez e eu...

            - Você não estaria prestes a se casar. – Notava-se o tom de tristeza na voz de Jasper naquele exato momento, a cada dia que se passava naquela cidade, a cada dia que ele encontrava Alice pelas ruas de Forks ele tinha a total certeza que queria poder amar aquela mulher, mas agora era tarde demais, não poderia interferir no noivado dela com James, isso não seria justo.

            - Acho melhor entrarmos. – Ela se afastou dele indo em direção a porta e foi quando ela se deparou com James chegando naquele exato momento.

            - Alice preciso conversar com você querida. – Ele fulminou Jasper como jamais Alice havia visto, sentiu um arrepio subir por sua espinha e  seus batimentos cardíacos acelerarem.

            - Eu já vou entrar. – Jasper desviou de James, mas antes encarou o homem da mesma forma em que ele lhe olhava, não se sentia a vontade ver Alice ao lado daquele homem, ele parecia tão bruto e ela uma moça tão delicada e inocente.

            - O que pensa que está fazendo? – James segurou Alice fortemente e estrategicamente no mesmo braço que ela havia machucado há semanas atrás.

            - James me solta você está me machucando.

            - Não grita ou será pior para você. Escute bem o que vou lhe dizer se eu te ver de conversinha com esse Jasper novamente você nem imagina o que vai lhe acontecer.

            - Você vai me bater?

            - Também. – O timbre de sua voz fez as pernas de Alice ficarem bambas com o medo intenso que dominava o seu corpo. – Amanhã o dia será inteiramente nosso. – Ele sorriu maliciosamente para Alice enquanto aproximava o seu rosto do dela. Alice virou-se para que ele não a beijasse, mas ele nem se importou e beijou seu pescoço que estava um pouco descoberto.

            - Para, eu tenho nojo de você.

            - Não devia dizer algo assim para o seu noivo, eu te amo Alice e amanhã iremos provar um pouco mais desse amor juntos, somente eu e você na minha casa.

            - E quem disse que eu irei para lá?!

            - Eu tenho todas as cartas ao meu favor Alice querida, ou você faz o que eu mando ou você verá todos que você ama morrerem um por um. Amanhã você será minha e ponto final.

            Ele enfim a soltou bruscamente, Alice cambaleou alguns passos para trás e viu a expressão de James mudar de um inteiro assassino e psicopata para um educado cavalheiro que lhe estendeu a mão para que ela o acompanhasse, Alice ainda tentava regularizar sua respiração, mas passou direto da mão de James para seguir adiante sem ele em sua cola.

            ***

            A madrugada ainda era momento de se festejar, não muito para Alice que se encontrava completamente em estado vegetativo ao lado de James e todos ali presenciavam aquilo como um simples desentendimento e que logo estaria tudo bem. Mas não seria assim, ela ficaria parecendo que estava com raiva dele no dia seguinte fingia trocar lindas palavras de amor, diriam que haviam apenas discutido mais alguma coisa sobre o casamento e em seguida o ciclo começaria novamente, seria uma rota de brigas e discussão sem fim sob ameaças de James para que ela fingisse bem para que ninguém saísse ferido.

            Em um momento glorioso James saiu para atender a algum telefonema, onde Jasper observou a atitude de Alice, ela soltou um suspiro pesado, como se ela estivesse carregando toneladas em suas costas, observou ela passar a mão pelos cabelos do mesmo jeito que ela fazia quando ficava nervosa, certos hábitos nunca mudavam, pensou Jasper em um curto sorriso no rosto.

            Ele foi se aproximando aos poucos dela, ele tinha que admitir que as vezes sentia um arrepio de medo subir por sua espinha sempre que via James, mas sua raiva quanto ao homem era ainda maior por ter roubado o amor de Alice para si. Jasper começava a aceitar que infelizmente ainda se via apaixonado pela mesma garota, mas o que ele poderia fazer naquele momento, não destruiria um noivado por seus caprichos e erros, talvez Alice não sentisse mais nada por ele e talvez gostasse de verdade de James, ele não podia saber, mas a única coisa que se passava em sua mente era o pensamento para que ficasse neutro naquela situação enquanto seu coração dizia para lutar.

            - Por que esta jovem moça está triste em uma noite tão linda como esta?

            Alice sentiu seu corpo se sobressaltar no sofá, seus pensamentos vagavam longe dali, a milhas e milhas de distância, pensamentos nos quais Alice queria fugir e sentiu um alivio tão imenso em ouvir a voz de Jasper que não pode deixar de sorrir.

            - Estou um pouco cansada.

            - Você não é a única. – Jasper disse olhando para o filho que dormia em seus braços serenamente.

            - Ele é uma graça, um amor de menino. – Alice observou o garotinho enquanto Jasper sentava-se ao seu lado.

            - Então, vejo que as coisas não estão tão boas com você e seu noivo, por acaso ele não gostou de ver-nos lá fora?

            - James é um pouco ciumento. – Esta foi a única resposta plausível que ela conseguiu pensar naquele momento tentando controlar sua boca que ao contrario de sua mente queria dizer:

            “Ele está me ameaçando para me casar com ele, que mulher ficaria feliz sob estas circunstâncias?”

            - Tome cuidado Alice, isso pode se tornar uma obsessão depois.

            - Você não mudou nada mesmo desde o colégio. – Ela sorriu enquanto passava a mão delicadamente no rosto de Henry.

            - Certos hábitos nunca mudam, ou você pensa que não percebi que você está nervosa?

            - A velha mania de passar a mão no cabelo... Não consegui me desfazer disso.

            Ambos sorriram e um trocar de olhares bastou para que eles voltassem aquele passado não muito distante, onde eles sabiam que eram felizes, mas que nenhum sabia o que o futuro lhe reservava, Jasper agora sofria a perda da esposa e não podia conquistar a mulher na qual ele sempre amou e Alice agora abria mão de sua felicidade para ver sua família bem.

            Alice queria chorar aquela noite, abraçar Jasper e pedir para que ele lhe tirasse daquele pesadelo, não sabia até hoje como estava conseguindo suportar aquilo tudo e por alguns dias naquela repressão ela pensou que a morte era a única solução que lhe restava, pois ela sabia que o passado reinaria em sua vida novamente.

            - Alice tem algo que está lhe incomodando?

            - Não é nada...

            - Alice eu sou a terceira pessoa que mais te conhece, depois de sua mãe e a Riley claro.

            - Eu... Eu não posso, quero dizer, não consigo acreditar que estou prestes a me casar, só de pensar sobre isso entro em estado de pânico. – Ela sentia sua respiração ofegante e suas mãos frias estremecerem.

            - Fique tranquila é algo natural, algum dia pensávamos em como isso aconteceria conosco.

            - Mas não desse jeito... – Alice não conseguiu se conter estava nervosa demais e um ataque de ansiedade tomava seu corpo, ela correu até o banheiro social e encarou o seu reflexo refletido no espelho.

            Jasper no lado de fora ficou sem entender o que ela quis dizer com aquela frase e suas dúvidas sobre a relação de James e Alice apenas aumentavam, sabia que ele não é um homem de bom caráter, estava escrito em sua testa, Alice demonstrava certa infelicidade e nojo ao ficar ao lado dele como se estivesse sendo forçada a fazer algo. Este casamento talvez tenha sido precipitado demais.

            Alice tentou se acalmar, mas tudo que o espelho refletia sobre si era o medo, o receio de viver para sempre naquele pesadelo, ela teria que fazer alguma coisa ou simplesmente teria que aceitar aquilo calada, mas se contasse para alguém o que estava acontecendo sua família estaria correndo perigo, certamente ela não sabia o que fazer, mas não conseguia se imaginar viver com James para o resto de sua vida e ele lhe forçar a fazer coisas nas quais ela não quisesse.

Jasper meio desconfiado observava quietamente, fingindo cuidar de seu filho, as reações das pessoas em relação ao James, Esme e Carlisle eram carinhosos e bem receptíveis, mas sentia uma ponta de desconfiança exalar de Esme que sempre fui muito cuidadosa com seus filhos. Emmett agia normal demais, aquele mesmo modo de irmão mais velho, mas ao observar o modo pelo qual Riley encarava James de longe ele queria saber o que havia acontecido, conhecia aquele olhar da pequena Riley, lembrava muito bem de quando namorou Alice e a menina sentia ciúmes de ambos juntos, mas logo após conquistar a confiança dela havia ser tornado o cunhado predileto.

            Mas aquele olhar de Riley tinha mais do que esse simples sentimento, ela não disfarçava em demonstrar que não gostava de James, não conversava hora alguma com ele e muito menos era educada ao dirigir a palavra ao mesmo, era uma forte característica de Riley, ela não conseguia ser falsa com ninguém, se não gostasse da pessoa demonstrava na cara dura.

            Jasper pensou em depois chamá-la para conversar sobre James, ele estava preocupado demais, conhecia Alice o bastante para saber que ela estava em pânico em relação aquele homem e seu amor por ela era imenso para deixar as coisas assim como estão.

            ***

            Mais tarde antes de todos partirem para suas casas, Jasper se despedia de Alice, aproveitando a ausência de James que por sorte havia ido embora mais cedo e viu em Alice um sorriso como ela não tinha desde que a noite começou, ela parecia mais aliviada.

            Sentiu uma felicidade lhe abater quando a viu brincar com Henry, fazendo o pequeno menino sorrir docemente e foi aí que sem perceber que ele sentia que Alice era a peça que faltava em seu quebra cabeça. Ela adorava seu filho, sem alguma sombra de duvida e Henry havia gostado de Alice, pois desde o momento que acordara não desgrudara da mesma, talvez fosse por falta da mãe ou qualquer outro motivo psicológico, mas Jasper não via que o destino de ambos seria cada um cuidar do outro.

            Eles nasceram para viver juntos, ele tinha uma missão de protegê-la e ela de lhe garantir a felicidade que lhe faltava naquele momento, ambos completavam uma história, completavam uma vida.

            - Vejo que certo rapazinho está lhe dando trabalho. – Jasper apareceu com uma postura máscula, com as mãos nos bolsos da frente de sua calça jeans e com a camisa social completamente largada para o lado de fora da calça. Seu cabelo agora curto e bem ajeitado lhe deixava charmoso, aquele sorriso lateral e seu sotaque sulista que sempre encantaram Alice ainda permaneciam ali, mas parecia que o charme aumentava a cada dia mais, ela sabia que ainda sentia algo por Jasper, mas agora já era tarde demais para tentarem recomeçar.

            - Trabalho algum, adorei conhecer seu garotinho. – Ela disse ainda olhando para o menino que continha um largo sorriso nos lábios, beijando as bochechas carnudas do menino.

            - Fico feliz e vejo que ele também gostou de você não é filhão? – Jasper brincou com o garoto enquanto se ajoelhava perto de Alice, ela pode sentir seu coração acelerar naquele momento, sentiu-se completamente desconcertada pigarreando disfarçadamente como se algo incomodasse em sua garganta.

            - Agradeço por terem vindo, foi muito bom lhe ver novamente.

            - Por que não almoçamos amanhã na casa de maus pais?

            - Não quero incomodar.

            - Não será incomodo algum, na verdade a ideia foi deles e tenho certeza que eles já devem ter convidado seus pais.

            - Eu adoraria, mas...

            - O que? – Jasper parou por um minuto e nem precisou que Alice terminasse para que ele soubesse a resposta. – Você irá passar o dia com seu noivo não é mesmo?!

            - Na verdade sim. Sinto muito.

            - Não sinta, haverá outras oportunidades, mas se quiser levá-lo não haverá problema algum.

            - Não acho uma boa ideia.

            - Acho que isso quer dizer que ele não gostou muito de mim. – Jasper soltou uma breve risada ao fim da frase para cortar o clima tenso que havia ficado no ar.

            - Não é isso, é que... James é mesmo chato quanto a isso, espero que não fique chateado comigo.

            - Com você não conseguiria de modo algum, gosto muito de você Alice. – Ele nem percebeu quando deixou escapar aquilo, ficou meio nervoso e inerte para notar a reação de Alice que no mesmo instante ficou envergonhada e nervosa.

            Era perceptível que ambos ainda se amavam, foram separados pelas consequências da vida, mas agora que se encontraram novamente ninguém conseguiria impedir que aquele amor voltasse a reinar.

            - É melhor eu ir, Henry deve estar cansado e quem sabe amanhã não possamos nos ver nem que seja um pouco?!

            - Prometo que tentarei fazer o possível para ir.

            - Tudo bem, então, tenha uma boa noite. – Ele disse estendendo a mão, enquanto que com o outro ele segurava Henry em seus braços que já voltava a se inclinar novamente nos ombros do pai querendo dormir.

            - Boa noite Jasper. Boa noite Henry. – Ela ficou sobre as pontas dos pés para alcanças as bochechas do menino, Jasper tinha que admitir que naquele momento queria ter abraçado Alice mesmo contra sua vontade, mas não queria ser inconveniente.

            ***

            Quando o sol começou a aparecer à maioria ali ainda permanecia dormindo, menos Alice que não havia conseguido nem ao menos pregar os olhos, ela virava de um lado para o outro na cama, não conseguindo criar coragem para iniciar aquele dia, não queria ir para casa de James e não aceitaria que ele fizesse qualquer coisa a ela, havia se entregado uma vez para ele, mas ainda sim gostava de James, mas a agora a única coisa que conseguia sentir quando o via era nojo e repulsa.

            Não conseguia sentar ao seu lado, sentir o toque das mãos dele sobre a sua, não suportava ser beijada por ele e nem ao menos aguentava trocar olhares com aquele louco. E por mais que ela perguntasse a si mesma o que ela havia feito para merecer passar por tudo aquilo ela não encontrava uma resposta concreta.

            Então movida pelo o medo do que James poderia lhe obrigar a fazer aceitaria almoçar na casa da mãe de Jasper, mas o que ela não imaginava seria que se James soubesse daquilo, e ele saberia, que ele poderia querer machucar não somente a família dela, mas sim a de Jasper também.

            Quando a hora do almoço chegou todos já estavam prontos Alice deixaria seu carro por um instante de lado, iria no carro dos pais no banco de trás juntamente com a irmã que ainda cochilava em meio do caminho com sono por ficar até tarde acordada.

            Quando chegaram a casa foram bem recebidos, Henry corria de um lado para o outro, parecendo uma formiguinha a jato brincando com seus novos presentes. Jasper descia as escadas após escutar uma grande movimentação no andar de baixo, estava com uma dor de cabeça horrível e mal havia conseguido dormir, mas seu humor havia melhorado ao notar a presença de Alice naquela casa.

            - Pensei que você não viria. – Ele sorriu.

            - E perder essa sua cara de ressaca? Jamais. – Ela brincou enquanto ele se aproximava descaradamente para lhe dar um abraço, ela aceitou, não via nenhum mal naquilo e além do mais Jasper abraçava a todos era um habito dele.

            - Não brinque com isso, lembro como se fosse ontem quando eu enchi a cara pela primeira vez, essa dor de cabeça que tenho agora não é nem a metade daquela vez.

            - Mas também não sabe nem começar a beber.

            - Eu devia ter te escutado naquela época.

            - Papa. – O menino foi correndo na direção do pai com um carrinho em mãos, Jasper abaixou e pegou o menino. Alice brincou com ele, mas ele ficou envergonhado a princípio encolhendo nos braços do pai.

            - Não está lembrado de Alice menino, você estava todo serelepe brincando com ela ontem... Quero dizer hoje de noite. – Jasper ajeitou a blusa do menino enquanto observava os olhos dele focarem nos seus. – E seu noivo? Não quis vir?

            - Na verdade nem o convidei.

            - Isso não lhe trará problemas?

            - Já é um grande problema estar com James acho que não tem como piorar. – Ela disse em um fio de sussurro inaudível. – Acho que não.

            - Fico feliz que tenha vindo assim podemos colocar os assuntos em dia. – Eles se conduziram para o mesmo recinto que todos os membros de ambas as famílias se encontravam.

            Sentaram-se juntos em um sofá, Henry saltou do colo do pai indo direto brincar com alguns de seus brinquedos espelhados pela sala, Emmett embalava cuidadosamente Zoe para que ela permanecesse tranquila.

            Eles se entrosaram na conversa, mas logo Jasper puxou um assunto em particular com Alice que fez com que ambos esquecessem-se do restante das pessoas naquela sala, bastou um instante para que ambos ficassem com sede e partissem sozinhos para a cozinha.

            - Sério não fique chateada comigo, mas nunca imaginei ver você como esse mulherão.

            - Não sei se levo isso como elogio ou como insulto.

            - Leve como elogio, não quero que fique chateada comigo logo agora que voltei.

            - Tudo bem, você sempre foi um ótimo amigo Jasper.

            - Acho estranho...

            - O que? – Ela perguntou meio confusa antes de beber mais algumas goladas de água.

            - Sinto falta de quando você me chamava de Jazz.

            - Isso era quando tínhamos intimidade. – Ela sorriu ao lembrar-se de sua pouca fase escolar que era feliz.

            - Mas continuamos amigos e amigos têm intimidades.

            - Não fico muito a vontade, mas se é para te deixar feliz Jazz... – Ela deu de ombros.

            - Ótimo, fiquei feliz. – Ele abriu um largo sorriso no rosto, aquele sorriso lateral que desconcertou Alice naquele momento, era como se ela houvesse congelado no tempo, era como se tudo ali nada mais importasse, o mundo agora era somente deles e bastava eles quererem aproveitar o momento. Mas ao perceber que ele havia notado o modo como ela o encarava ela rapidamente virou em direção da janela e pigarreou como se limpasse a garganta por um simples incômodo.

            - Aconteceu alguma coisa?

            - Porque teria acontecido?! Estamos apenas conversando.

            - Sei que quando você fica assim, toda desnorteada, é porque algo está acontecendo. Você quer me contar algo? É algo do seu casamento que está lhe incomodando?

            Alice não sabia como fugir de Jasper, sentir o toque macio de suas mãos em contato com a pele de seu rosto lhe fazia ir nas nuvens, a vontade de contar para ele, desabafar, era enorme, mas sabia que as chances de James acabar com ele eram ainda maiores. Ela desviou o olhar sentiu-se completamente perdida, sua respiração já se encontrava pesada e por mais que ela tentasse achar alguma desculpa parecia que seu cérebro não funcionava.

            - Porque você implica tanto com isso Jasper? Não há nada de errado com o casamento, eu já disse para você isso. Estou apenas nervosa porque tudo parece começar a dar errado quando vai chegando à data.

            - Tudo bem... Não lhe incomodo mais quanto a este assunto, mas não vou tirar da minha cabeça que há algo de errado Alice, te conheço tão bem para saber que algo está lhe incomodando.

           

            Alice até abriu a boca para responder, mas foi interrompida pelo o toque de seu telefone e rapidamente sentiu seu coração parar de bater durante alguns segundos, sabia que deveria ser James lhe telefonando, lhe procurando para lhe arrastar para o seu cativeiro. Ela pegou o telefone a muito custo depois de ficar quase um minuto encarando Jasper com um olhar piedoso.

            Ela caminhou até o banheiro e quando fi9nalmente chegou lá respirou fundo e atendeu à aquele telefonema.

            - Alô. – Ela disse a muito custo com as mãos trêmulas.

            “-” Olá querida, porque demorou tanto a atender a minha ligação?”

            - É que eu estava longe do telefone... O que você quer?

            - “Nossa, mas que grosseria com seu futuro marido meu amor... Acho que você deveria me pedir desculpas por isso”.

            Alice manteve-se em silêncio, não estava a fim de se rebaixar a tanto, mas ela ainda parecia que não estava acostumada com as atitudes de James.

            - “Estou esperando...”

            - Eu não vou fazer isso.

            - “Você tem certeza que não?”

            Alice fechou os olhos sentindo medo no tom ameaçador de James, ela queria chorar, gritar, pedir por ajuda, ela se sentia sufocada, não sabia mais o que fazer, mas lembrava-se sempre das palavras ditas por ele, àquelas ameaças ecoavam em sua cabeça e ele sempre fazia questão de lembrá-la a cada minuto.

            - Porque você está fazendo isso comigo? – Ela já mantinha uma voz chorosa, sua estrutura emocional já estava completamente abalada. – Me deixe em paz, por favor.

            - “Oh querida, não precisa chorar, você faz eu me parecer um monstro. Você sabe que tudo isso pode ser stress devido ao casamento não é mesmo?! Vamos fazer o seguinte, porque você não vem para minha casa hoje, comemos alguma coisa e te faço uma massagem relaxante.”.

            - Eu tenho nojo de você.

            - “Que elogio agradável...” – Ele riu ironicamente no outro lado da linha, mas logo seu sorriso desapareceu e a expressão maníaca tomou posso de suas feições. – Venha AGORA, está me entendendo?

            - Não...

            - “Está me desafiando? Você tem certeza do que está fazendo?” – Ela ouviu certa movimentação no outro lado da linha como se James abrisse e fechasse gavetas uma atrás da outra procurando por algo.

            - O que você irá fazer?

            - “Te buscar, na casa de seu amiguinho...”

            - Como você sabe que eu estou aqui?

            - “Eu te disse Alice, tome cuidado comigo, eu sempre estarei sempre um passo a sua frente.”

            Ela olhou para o telefone um pouco aterrorizada e logo desligou a ligação, sentia-se em um filme de terror, tentou se acalmar antes de sair do banheiro, mas quando ela abriu a porta ela foi barrada por Jasper, que estava de braços abertos cada um escorado em um lado do beirou da porta.

            - O que está acontecendo?

            - Nada... Pode me dar licença?

            - Claro... Depois que você me contar o que está acontecendo.

Ele cruzou os braços e permaneceu-se sério, fixou os olhos nos dela e soube rapidamente que Alice escondia algo grave, ela não conseguia manter o olhar fixo quando mentia ou quando escondia algo, a maçã de seu rosto começava a ficar vermelha e ele se lembrava daquelas atitudes, algo incomodava Alice, algo estava a abalando.

           

            - Vamos Alice eu sou seu amigo, pode ter certeza que mudei apenas por fora, mas por dentro continuo aquele menino.

            Ela engoliu em seco, não queria colocar Jasper também em risco, mas assim não tinha como ela pensou em um modo de fugir daquela conversa e aquilo machucaria ambos, ela sabia disso.

            - Continua aquele mesmo moleque que me deixou para trás dizendo que me amava? – Jasper sentiu sua espinha congelar, sentiu uma raiva no tom da fala de Alice e aquilo doeu, como uma bomba que lhe pegou de surpresa, mas ele não se deixaria abater tão facilmente.

            - Eu sei que te magoei, mas olha só para você agora! Eu apenas encorajava seus medos Alice, passava a mão em sua cabeça toda vez que você sentia medo ao invés de te mandar seguir em frente... Agora você tem uma vida.

           

            - Minha vida é uma grande mentira graças a você.

            - Graças a mim? Se você soubesse o quanto eu te amava você não estaria falando comigo assim.

            Ambos se encaravam contendo uma explosão de raiva, uma súbita confusão abatia os corações daqueles eternos jovens apaixonados.

            - Pra falar a verdade, eu ainda te amo. – Jasper respirou fundo antes de empurrar Alice para dentro do banheiro e fechar a porta com um leve chute, ele encostou na mesma trazendo Alice pela cintura para perto de si. Ela nem tinha como reagir estava anestesiada pela emoção e tudo aconteceu muito rápido até o beijo roubado por Jasper. Á princípio ela não correspondia sentindo um medo imenso, “eu estou sempre um passo á sua frente”, ela se lembrou de James naquele momento, tentou se afastar de Jasper, mas ele era mais forte que ela.

            Mas ela não conseguiria resistir a aquele prazer por muito tempo. Logo quando eles se afastaram para recuperarem o fôlego e bastou uma troca de olhares para eles sentirem o amor que ainda reinavam um no outro.

“Nos arranhamos, acorrentamos nossos corações em vão

Pulamos, sem nem mesmo perguntar o porque

Nos beijamos, eu caí em seu feitiço

Um amor que ninguém poderia negar”

           

            Alice naquele momento esqueceu de seu grave problema, ela sabia que por mais que negasse seu amor por Jasper, ela ainda sentia algo muito forte por ele, algo que ninguém jamais entenderia, mas ambos eram feitos um para o outro, já eram destinados para viverem juntos, ele tinha a missão de cuidar dela como ninguém jamais cuidaria e ela era a garantia da felicidade daquele homem, se não estivessem juntos, não teriam uma vida perfeita como planejavam, mas eles mal sabiam que a vida ainda reservava tantas pedras para um caminho tortuoso de encontro.

“Você está querendo dizer que fui eu quem partiu

Eu sempre irei te querer

Não posso viver uma mentira, fugindo pela minha vida

Eu sempre vou te querer”

            Por mais alguns segundos eles permaneceram apenas se encarando, se perguntando se o outro estava mesmo disposto com tudo aquilo, aquela luta, aquele amor teria que ser forte, teria que enfrentar enormes barreiras e Alice não conseguia ter a certeza de que estava fazendo a escolha certa.

            - Porque você fez isso?

            - Eu te amo Alice, nunca consegui tirar você de minha mente, nunca...

            - Eu estou noiva Jasper, noiva.

            - Eu sinto muito, mas meu amor é maior do que meu respeito pelo seu noivo, não podia deixá-la ir embora hoje sem você saber o que eu sinto por você.

            - Eu sinto muito... – Ela se afastou dele depositando delicadamente seus dedos sobre seus lábios, duas lágrimas finas escorreram em seu rosto, não podia acreditar que aquele amor estava revivendo novamente.

            - Eu também sinto... Mas por ter sido um covarde e não ter voltado por você. – Ele a puxou pelo braço fazendo com que ela ficasse de frente para ele e ao ver aqueles lindos olhos cheios de lágrimas ele sentiu-se mal, não queria vê-la chorar.

“Eu vim como uma bola de demolição

Nunca me atirei em um amor com tanta força

Tudo que eu queria era quebrar seus muros

Mas tudo o que você fez foi me quebrar

Sim, você me demoliu”

            - Tudo teria sido diferente... – Ela disse ainda com lágrimas no rosto. Jasper enxugou algumas que teimaram em descer naquele momento. – Eu também te amo Jazz e sou incapaz de negar isso, mas nossas vidas agora estão tomando rumos diferentes. Não posso deixar meu casamento de lado.

            - E porque não? Se nos amamos e agora sabemos disso, deveríamos recomeçar.

            - Eu realmente não posso.

            - Está com medo do que as pessoas irão dizer?

            - Não, eu estou grávida.

            Aquela notícia foi um baque para Jasper e ela pôde notar pelo olhar dele a dor que ele sentira naquele momento, mas a dor dele não era nada perto da que Alice sentia, ela tinha que protegê-lo de algum modo e aquela mentira era a única solução para que ele desistisse dela.

“Eu te coloquei bem alto no céu

E agora, você não está descendo

Mudou de rumo lentamente, você me deixou queimar

E agora somos cinzas no chão”

            - Me desculpe, mas não posso fazer isso... – Ela saiu do banheiro enxugando suas lágrimas para que ninguém mais notasse e Jasper ficou ainda paralisado no banheiro, perplexo, imóvel, não acreditando na confissão de Alice. Porque ninguém havia lhe contado aquilo? Será que alguém sabia de fato?

            Ele debruçou sobre a pia e encarou sua feição no espelho... Ele estava despedaçado por dentro. Não podia negar que nunca passaria algo assim em sua mente, realmente estava tudo acabado.

           

“Nunca tive a intenção de começar uma guerra

Só queria que você me deixasse entrar

E ao invés de usarmos a força

Acho que devia tê-lo deixado entrar

Nunca tive a intenção de começar uma guerra

Só queria que você me deixasse entrar

Acho que devia tê-lo deixado entrar”

            - Alice vamos almoçar querida? – Dália a convidou com enorme satisfação e Alice apenas tinha que fazer de acordo com seu teatro ensaiado na mente.

            - Me desculpe Dália, mas tenho mesmo que ir... James está precisando de mim para resolvermos as ultimas coisas do casamento.

            Naquele momento um suspiro pesado foi ouvido e a autora daquilo não poderia ser ninguém mais e ninguém menos que Riley.

            - A tudo bem querida, mas prometa que voltará mais vezes para me visitar.

            - Claro, eu prometo. – Um ronco de motor foi ouvido no lado de fora da casa e Alice logo imaginou quem fosse. – Deve ser James, até uma próxima vez, tchau.

            Todos se despediram em um uníssono coro enquanto Alice virava-se e saia da casa. Quando ela entrou no carro de James ele a encarava feio, mas não fez nada o que deixou Alice ainda mais nervosa e talvez imaginar o que lhe esperava quando eles chegassem na casa dele.

            O trajeto todo foi muito silencioso e James não expressou nenhum gesto de raiva ou euforia o que deixou Alice ainda mais nervosa.

            - O que você vai fazer? – Mesmo com medo ela ainda conseguiu fazer aquela pergunta com um tom frio.

            - Espere nós chegarmos a minha casa. – Ele disse mais seco ainda fazendo Alice estremecer.

            Quando entraram naquela mansão, James agarrou Alice pelo braço e a forçou subir para o segundo andar. Quando entrou no quarto ele trancou a porta, mas hoje ela havia reparado que não havia ninguém trabalhando na casa de James e algum propósito muito ruim havia por trás disso.

           

“Nunca tive a intenção de começar uma guerra

Só queria que você me deixasse entrar

E ao invés de usarmos a força

Acho que devia tê-lo deixado entrar

Nunca tive a intenção de começar uma guerra

Só queria que você me deixasse entrar

Acho que devia tê-lo deixado entrar”

           

            - O que você vai fazer comigo?

            - Apenas te dar o que você merece.

E frações de segundo Alice sentiu uma ardência forte em seu rosto, ele havia deferido um tapa em seu rosto e ela sabia  que aquilo seria apenas o começo, começaria com simples tapas, pedidos de desculpas, o álcool tornaria o culpado em seguida, ele a espancaria cada dia mais forte e em seguida viria ameaças de morte e por ultimo as tentativas de homicídio com facas ou armas.

            - Você pensa que eu sou idiota? – Ele a bateu mais uma vez e desta vez Alice ficou jogada na cama massageando sua bochecha já vermelha.

            - Para James. – Ela disse e no mesmo instante ele a suspendeu pelos dois braços.

            - Você não tem o direito de fazer isso comigo está me ouvindo? Não tem. – Ele a jogou contra a parede e em frações de segundo ela perdeu o equilíbrio batendo as costas com tudo na parede, ela sentiu seu corpo fraquejar, mas acima de tudo sentia medo, medo como antes, um medo inexplicável, ela via seu passado ali novamente a sua frente, mas ela sentia o que sua mãe sentiu durante anos. Ela se via no lugar de Esme naquele momento.

            - Eu não gosto que me enganem e você realmente achou que você poderia ir para a casa de seu amante que eu não descobriria?

            - Você é louco. – Ela respirou tentando se recuperar. – Jasper e eu não temos nada a não ser uma amizade.

            - Ainda mente para mim... Quanta audácia. – Ele a puxou pelo braço novamente ainda gritando com ela e Alice não se conteve mais, começou a chorar desesperadamente, como uma criança com medo de seu pai agressivo. Ele a arrastou para a cama e a jogou lá novamente e bastou um ato dele para que ela entrasse em desespero, ele começou a tirar o cinto de sua calça e ela já pôde notar o que ele queria.

            - Não, por favor, isso não.

            - Agora vai ficar dando uma de santa? Saiba que isso é a ultima coisa que você é querida. – Ele ficou sobre ela e Alice virou o rosto com uma expressão de nojo enquanto sentia-o beijá-la o pescoço. – Eu quero você para mim.

            - Nunca... – Ela se debatia dando chutes e socos nele, mas isso apenas o enfurecia ainda mais.

            - Eu vou lhe ter por bem ou por mal, nem que eu tenha que apagar você.

            - Não... Seu covarde.

            - Não fique se debatendo que eu fico ainda mais louco. – Ele sorriu de um jeito que deu medo em Alice, ela instintivamente cuspiu no rosto dele e aquilo foi o estopim para a explosão decisiva de James.

            Ele a estapeou três vezes seguidas a sacolejou com violência gritando e lhe chamando de todo qualquer tipo de nome.

            - Sou covarde mesmo se você quer saber e não tenho medo algum de fazer a mesma coisa com você que eu fiz com a outra e já que é para ser da pior maneira então vamos para a pior maneira.

            Em seguida ele depositou um soco no estômago de Alice tão forte que a fez gritar de dor, em seguida ela sentia náuseas fortes. Ele a bateu, puxou seus cabelos, fez tudo que um dia ela presenciou seu pai fazer com sua mãe, por fim quando achou que estava por um fio de desmaiar ele parou, parou e lhe olhou horrorizado, as não com ela e sim consigo mesmo, ela reconhecia aquela feição, seu pai fazia as mesmas coisas quando via que havia extrapolado na agressão.

            - Por Deus o que eu estou fazendo? – Ele dizia como se estivesse verdadeiramente arrependido, mas James é um psicótico e todos os psicóticos agem daquela forma isso não é surpresa alguma. – Alice meu amor, fala comigo, diz alguma coisa. – Ele a puxou para mais perto segurando-a em seus braços e a única coisa que Alice deu conta de reagir rapidamente foi apenas virar a cabeça para o lado de fora da cama e vomitar, o soco deferido por ele em seu estômago fora tão forte que ela não fazia a Idea de como aquilo tudo saia de dentro dela.

           

“Você não sempre diz ?

Que fui eu quem partiu ?

Eu sempre irei te querer”

            - Está tudo bem... Me perdoa meu amor, por favor, me perdoa.

           

            - Sai... Sai de perto... De mim. – Ela tentava afastá-lo, mas ela não conseguiria nem mesmo mover uma formiga, pois não tinha mais força alguma.

            - Alice...

            - Sai. – Ela gritou reunindo a única força que ela tinha. – Eu odeio você, eu odeio. – Ela disse em meio ao choro que não conseguia conter, mas era um choro de raiva, de ódio.

            James saiu do quarto deixando Alice sozinha. A vontade dela era de sair daquele lugar, voltar para os braços de Jasper que era um homem completamente diferente, era verdadeiramente o amor de sua vida e não podia negar que sua vontade era de jogar tudo para o ar e enfim recomeçar, pois sabia que aceitaria aquela chantagem de James uma vez, mas que aquilo duraria pelo resto de sua vida.

            ***

            Japer mantinha-se deitado em sua cama olhando para o teto enquanto acariciava a barriga lisa de seu filho, sendo este o único modo de fazer o menino dormir. Ele pensava em Alice, em como ambos ficaram balançados com as declarações, porém não podia acreditar, não podia imaginar que Alice estava grávida, não de James, daquele homem carrancudo e sem um pingo de educação.

            Durante horas ele se perguntou o que Alice havia visto nele, mas ele não podia reclamar, Jasper havia tido sua chance e desperdiçou, teve Alice em seus braços e mesmo assim não soube mantê-la em segurança perto de si, deixou seu anjo, a sua vida partir para o meio da escuridão, ir embora sem destino, sem uma conclusão de que voltaria e ele tinha certeza que não, que não a teria mais perto dele, o único jeito naquele momento agora seria voltar para NY, assim nenhum dos dois sofreriam mais.

“Eu vim como uma bola de demolição

Sim, só fechei meus olhos e balancei

Me deixou arrastar-me em chamas até pender

E tudo que você fez foi me quebrar

Sim você, você me demoliu”