O Passado Nos Condena escrita por Fernanda Melo


Capítulo 11
A Bela Luz Do Horizonte Em Seus Olhos


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pelo atraso pessoal, ando sem tempo algum depois que entrei em um curso noturno, mas farei de tudo para não parar de postar a fic.
Tenham uma boa leitura.



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Dois meses depois...    

                O consultório já não era mais do mesmo jeito que antes quando começou a freqüentar quando ainda tinha seus 13 anos. Porém as paredes ainda pareciam cada vez reduzir mais o espaço interno da sala, o especialista lhe perturbava com seu silêncio e tudo parecia diminuir inclusive o ar que entrava em seus pulmões, fazendo sua respiração ser um pouco mais pesada que o normal.

                Ficar deitado naquele divã de couro marrom escuro sempre lhe pareceu incômodo demais, porém teria que fazer tudo aquilo se quisesse optar por uma vida melhor.

                - O mundo às vezes pode parecer pequeno lá fora, como os espaços prováveis para um jogo de pique esconde. Mas isso não lhe impede de sair vencedor e conseguir salvar todos os seus amigos.

                O psiquiatra agia como na mesma época de adolescência de Alice, ainda tinha suas síndromes de girar a caneta em sua mão até que a mesma ficasse de ponta cabeça e em seguida a cada término de frase ele batia a caneta três vezes sobre a superfície da mesa.

                - Nossos medos se alimentam de nossa covardia, tudo isso não se passa de meras criações de nosso subconsciente. Nosso subconsciente é como um roteirista de cinema. Criamos coisas nas quais não existe, uma grande peça teatral.

                Alice parou por um segundo e observou o rosto daquele homem, tudo que saia da boca dele lhe fazia sentido, porém em sua mente aquilo seria incapaz de ser colocado em prática. Poderia deixar de ser medrosa por um ou até quatro dias, mas apostaria que no sim desta semana voltaria a sentir seu coração acelerado enquanto caminhava pelo estacionamento escuro do hospital, principalmente se um carro entrasse ou saísse em sua direção bem naquele momento.

                - Eu sei que esses medos podem ser apenas obras de nossas mentes, mas meu pai nunca deixará de ser uma peça encerrada.

                - O que estou tentando lhe dizer é que já faz dezenove anos desde que viu seu pai pela ultima vez, não um motivo certo pelo qual temê-lo ainda. Ambos vivem em cidades diferentes, as chances de se esbarrarem por aí são mínimas. Você não poderá viver para sempre no medo, tem uma vida inteira lá fora lhe esperando, esta primeira consulta pode não ser tão encorajadora, porém você terá que colaborar para que isso saia 100% como esperado.

                Uma pequena pausa foi efetivada, o médico apoiou em sua mesa tomando certa firmeza em seu corpo para que não forçasse sua perna manca de tal modo que causasse dor. Olhou nos olhos incertos de Alice por meros segundos e foi aí que percebeu que aquela garotinha de treze anos ainda não tinha ido embora.

                - Já pensou se eu fosse escutar todas as pessoas que falam sobre mim, se eu fosse me entregar pelas mordomias da vida? – Ele sorriu caminhando com dificuldade até as prateleiras de livros. – Eu seria apenas mais um homem com quarenta e seis anos aposentado por invalidez á mais vinte anos, ao invés disso procurei correr atrás, criei objetivos, não sou um inválido posso fazer muitas coisas nas quais outras pessoas não fariam em perfeito estado. Mas teve que acontecer isso para eu perceber que eu estava tomando o rumo errado das coisas, havia me formado apenas no ensino médio, não tinha feito faculdade, trabalhava em obras com meu pai, bastou que eu caísse de uma altura de quase quatro metros para que eu visse o rumo que minha vida levava.

                Ele parou e folheou alguns livros até encontrar o que precisava verdadeiramente dele. Apanhou o livro da estante caminhou até a poltrona confortável que havia perto do divã e em seguida sentou-se sentindo um alívio por não sentir aquela dor aguda de quando andava.

                - Minha sorte é que eu tinha minha sábia mãe ainda por perto, que me obrigava a guardar todo meu dinheiro e junto com as economias dela eu pude pagar os 50% da bolsa que havia ganhado da faculdade e agora aqui estou. Tenho uma família, um bom estilo de vida e exerço uma profissão que tenho que admitir que eu achava tediosa, porém esse é meu dom.

                Ele pigarreou enquanto entregava o livro para Alice e ela meio incerta olhava a capa do livro.

                - Leia-o, esse livro irá abrir sua mente. – Ele colocou os óculos no bolso da camisa azul clara e com seus olhos verdes escuro focou no rosto de Alice novamente. – Você não acha que está se privando demais de ter uma vida? Normalmente o culpado de tudo o que passamos somos nós mesmos.

                Ele tornou a se levantar deixando Alice pensativa e por um ponto de vista racional ela pensaria que aquilo seria um papo mesmo de psiquiatra, culpar seus pacientes pelo seu sofrimento. Mas ela tinha uma mente aberta, aceitava tudo que lhe diziam com bom grado.

                - Nós nos causamos problemas e nos julgamos coitados. – Ela disse olhando na direção do homem que lhe sorriu ao ouvir a conclusão da jovem.

                - Exatamente, porque você escolheu fazer biotecnologia? Você tem uma mente tão aberta.

                - Talvez pelo fato que eu não saiba atuar na frente das câmeras somente atrás delas.

                - Sabia resposta. – Ele sorriu novamente enquanto prescrevia alguns remédios para a paciente. – Vou lhe passar um calmante para tomar a noite, talvez isso lhe ajude a dormir e sua mente não atrapalhe mais a saúde de seu corpo para trabalhar. – Ele escrevia rapidamente com aquelas belas letras de médico nas quais somente quem era da área conseguiria entender. – Se não resolver, volte e verei o que podemos fazer. Talvez o remédio não seja sua melhor cura e sim as seções de terapia.

                - Tudo bem.

                - Então espero que não fuja de minhas consultas como da ultima vez Alice. Ou caso contrário quando esbarrar com seu pai no corredor contarei a ele.

                - Não acha que já estou bem grandinha para levar bronca do meu pai?

                - Os filhos crescem somente no tamanho, para nós pais vocês são eternas crianças irresponsáveis. – Ele disse enquanto entregava a receita para a Alice e com um aperto de mão finalizaram a consulta.

                Alice estava percebendo sua mudança nos últimos meses e tinha uma dívida com seu namorado por encorajá-la por várias coisas que estava fazendo. Talvez James não fosse um mau rapaz, estava sempre ao lado de sua companheira e a encorajava em tudo que queria. Isso poderia ser amor verdadeiro ou talvez apenas um truque de sua obsessão para atrair sua presa para cada vez mais perto de si.

                Ela caminhou silenciosamente até o estacionamento do hospital encontrando com seu pai por lá e estranhou, pois sabia que o mesmo havia lhe dito que não teria plantão naquela noite. Faltava poucos minutos para o relógio marcar 7h e 30min.

                - Pai?!

                - Oi filha, atrasou no trabalho?

                - Não tinha uma consulta agora.

                - A sim o psiquiatra e como foi?

                - Bem... Eu acho. Mas o que você está fazendo aqui?

                - Emergência, uma mulher que operei hoje a tarde teve complicações no estado clínico e acho que as coisas não estão nada boas. Me parece que ela esta com uma infecção generalizada após a sua internação.

                - Isso não é nada bom.

                - Não sei quando voltarei para casa, tentarei fazer de tudo para salvá-la e depois pegarei uma folga no meu horário de trabalho. Avise a Esme, quando recebi o telefonema do hospital ela havia saído para buscar Riley na aula de dança.

                - Tudo bem, eu avisarei.

                - Muito obrigado, a gente se vê depois. – Assim que terminou de dizer segurou os ombros da menina e beijou o topo de sua cabeça. - Tome cuidado.

                - Você também. – Ela concluiu ao ver seu pai correndo pelo estacionamento do hospital preocupado como nunca com seus pacientes.

                Ela foi rapidamente para seu carro jogando a bolsa no banco do passageiro da frente e em seguida organizando tudo lá dentro. Dirigiu devagar sem pressa alguma pare chegar a casa resolveu passar por um caminho mais longo para ver a movimentação da cidade e ao passar em frente a sua cafeteria preferida sua fome apertou alertando-a que ela não comia há muito tempo. Ela parou por lá um instante observando os bolos e todo aquele cheiro maravilhoso.

                Lembrou de quando seu pai lhe levava ali após as aulas, era um momento somente dos dois no qual nem mesmo Emmett e nem mesmo sua mãe sabiam. Carlisle era um pai e tanto para eles. Pediu uma fatia de bolo para matar a saudade daquela época. Bolo de chocolate com recheio de baba de moça com coco e avelã, seu predileto. Sorriu ao levar a primeira colherada à boca.

                Em seguida assim que se retirou do local recebeu uma mensagem de James no qual ela percebeu o seu ideal motivo de não querer ir para casa. Deu a partida no carro, passou pela rotatória e foi em direção a casa de seu atual namorado. Ao chegar certificou com os seguranças se ele se encontrava e após uma resposta afirmativa eles abriram o portão para ela.

                Parou o carro e desceu rapidamente não passou meros cinco segundos que ela ficou na porta e ele a abriu sendo pego de surpresa por um beijo longo de Alice. James como todo e qualquer homem não acharia nem um pouco ruim aquilo.

                - Nossa mais o que aconteceu com minha namorada tímida?

                - Primeira consulta ao psiquiatra e acha que já está dando certo. – Ela sorriu para ele enquanto mantinha seu braço entrelaçado no pescoço dele.

                - Sabia que iria lhe ajudar. Mas tudo isso é saudade de mim?

                - Seu convencido. – Ela sorriu mais uma vez e James a beijou novamente.

                - Acho que já entendi o que está acontecendo aqui. – Ele disse beijando o pescoço da mesma e em seguida pegando-a em seu colo. – Vamos para o meu quarto.

                Ele subiu a escada rapidamente e caminhou até o seu quarto, empurrou a porta com o pé ouvindo o estalo de quando ela bateu e deitou Alice em sua cama.

                - Você tem certeza disso?

                - Sim, a não ser que você não tenha preservativo.

                - Não cometeria um erro desses. - Ele disse se inclinando para abrir a gaveta do criado mudo logo do lado de sua cama. Ele logo observou a roupa de Alice em meio aos beijos e carícias e se perguntou quando é que ela tinha comprado aquela blusa meio transparente, achando aquilo sexy demais para ela andar por ai sem ele.

                Sem demora ele tratou de desabotoar rapidamente a camisa dela deixando a mostra seu sutiã preto com rendas, ele foi aprofundando ainda mais o beijo descendo do pescoço para a barriga lisa de Alice. Em seguida James recebeu a ajuda de Alice para retirar sua camisa, naquele momento ambos nenhum mais estava tão racional, ela passou a mão pelo peitoral nu de James admirando cada gominho obtido por ele em tempos de academia.

                Ele desabotoou e em seguida abaixou o zíper da calça jeans dela. As coisas já estavam indo rápido demais para caso um surto de arrependimento acontecesse, mas pela mente de Alice aquilo estaria no ultimo lugar da lista de ocorrer e então assim se prosseguiu, a respiração de ambos já se encontravam ofegantes e era perceptível a pupila dilatada em seus olhos. A ânsia de desejo era a única coisa que reinava na mente de cada um deles.

***

                Ele acariciava o braço dela enquanto mantinham-se deitados um perto do outro. Ela ainda não pensava em nada daquilo que havia ocorrido, apenas preferiu não pensar, talvez fosse mais fácil. Ela mantinha-se enrolada no lençol enquanto sentia o cansaço lhe abater o que lhe livrou naquele momento de deixar-se cair no sono foram os beijos de James em sua nuca.

                - Acho que já está ficando tarde.

                - Não quer dormir aqui?

                - Melhor não, estamos em plena quarta feira e pela sua cara você não me deixará dormir. – Ela disse puxando, mais o lençol para si, deixando a cueca dele a mostra.

                - Tudo bem, você tem razão e amanhã temos trabalho. – Ele se aproximou e beijou-a novamente nos lábios e ela sorriu ao término daquilo. – Se quiser tomar um banho arrumo algumas coisas para você.

                - Acho que vou aceitar. – Ela disse enquanto o via levantando para buscar as toalhas e algum sabonete para ela se lavar.

                Ela levantou da cama e pegou suas roupas ainda enrolada no lençol caminhou até o banheiro. Não demoraria muito até ela sair perfeitamente como estava quando chegou ali.

                - Sabe prefiro você nua aqui na minha cama. – Ele disse se jogando novamente na cama ainda de cueca boxe.

                - Sabe eu preciso voltar para casa antes que minha mãe desconfie do que eu esteja fazendo.

                - Ela poderia parar de desconfiar se você aceitasse o que eu lhe propus.

                - James acho muito cedo para morarmos juntos.

                - Acho que você tem medo do que vão pensar se você morar junto comigo sendo que nem estamos noivos.

                - Também, mas... Vamos ser racionais, temos três meses de namoro. Acho que seja muito cedo.

                - Tem uma estimativa que um casal que já estão juntos a mais tempo assim que passam a viver juntos se separam muito mais rápido que um casal inconseqüente que moram juntos com menos de dois meses de namoro.

                - Eu prometo que vou pensar, quando completarmos um ano de namoro.

                - Até ai nosso bebê já nasceu.

                - James pare com essa brincadeira. – Ela disse séria enquanto continuava sentada ao lado dele na cama.

                - Você não me parece sonhar como as outras mulheres.

                - Eu apenas não me sinto segura em ser mãe. Acho que eu não seria boa o bastante.

                - Ah para. Sua mãe me disse que foi você quem a ajudou a cuidar de sua irmã. O que você não é boa? Gosta de crianças, ama a família, mas tem medo de ser mãe?

                - Não é medo, apenas não quero ter um filho antes mesmo de saber cuidar... James, olha para onde você levou esse assunto.

                - Para o nosso futuro.

                - Bem distante, transamos somente uma vez, usamos preservativos e nada de filhos por enquanto.

                - Sim senhora. – Ele disse a puxando para a cama novamente beijando-a enquanto ela ainda tomava fôlego do que estava acontecendo.

                - Vamos, eu tenho que ir. Não posso viver para sempre aqui.

                - Bem que devia.

                - Um dia, quem sabe. Agora vou arrumar meu cabelo pela milionésima vez e vou embora. – Ela levantou e foi até o espelho ajeitando seu cabelo de um jeito que fosse imperceptível notar que ela esteve deitada por àquelas horas.

***

Quando chegou a casa já eram nove da noite Esme estava preocupada com esse repentino desaparecimento de Alice, havia lhe ligado, mas a menina não havia lhe atendido. Riley como uma habitual adolescente já imaginava besteira e sendo sua irmã obviamente esperava que ela não lhe contasse então descobriria sozinha.

- Por onde você andou? Liguei-te e você não me atendeu. – Esme se aproximou da filha completamente preocupada e Alice se assustou procurando pelo telefone e checando as chamadas.

- Me desculpe mãe, realmente não havia percebido as ligações, estava no horário com o psiquiatra e depois precisava conversar com James.

- Tudo bem, mas não podia atender meu telefonema?

- O telefone não estava por perto, me desculpe.

                - Tudo bem, mas tome cuidado querida.

                - Está bem mãe. – Ela beijou a bochecha da mãe e em seguida sentou-se ao lado da irmã que lhe olhava com um olhar suspeito. – O que houve?

                - Nada... Apenas estou lhe fulminando, quero dizer analisando sua imagem, por acaso andou fazendo algo que não devia irmãzinha? – Riley perguntou fechando o livro de História. Ela cruzou os braços sobre o peito e Alice sentiu sua garganta seca.

                - Não, nada de mais.

                - Ótimo por um segundo havia pensado que o lobo mal havia comido a chapeuzinho vermelho ao invés da vovozinha. – Ela sorriu sarcasticamente voltando para seu livro de história. Esme estranhou o jeito da filha falar, porém não era idiota o bastante para não entender o diálogo e as trocas de olhares.

                - Riley mais respeito com sua irmã.

                - Apenas estava fazendo uma metáfora.

                - Metáfora esta muito sem graça por sinal.

                - A mamãe... – A menina se queixou levantando-se e indo para a cozinha procurando por algum copo para que pudesse beber um pouco de água. – Foi exatamente a que horas?

                - O que? – Alice ainda teve a coragem de perguntar, esperando que sua irmã esquecesse daquilo rapidamente.

                - Horas que você brincou de pega, pega com James. – Ela riu enquanto observava a irmã ficar completamente envergonhada.

                - Eu e o James não fizemos nada de mais.

                - Então diga olhando nos meus olhos, sei quando as pessoas estão mentindo.

                - Você está sendo infantil.

                - Prometi que lhe atormentaria para o resto de sua vida, principalmente quando Emmett saiu de casa, gostava tanto de estressá-lo. – A menina fez um beicinho como uma criança pequena sentindo falta de seu cãozinho perdido. – Mas ainda me resta você. E como quem cala consente quer dizer que sim, você e James tran...

                - Quieta. – Alice tapou a boca da menina. – Não diga mais um a ou se não eu juro que vou cortar sua língua fora e dar para o cachorro do vizinho.

                - Oh, estou realmente magoada com você.

                - Mãe o que aconteceu com ela? Só tem dois motivos que ela fica assim ou ela está feliz demais ou ela está irritada demais.

                - Não sei. – Esme deu de ombros assistindo tudo aquilo e no fundo morrendo de rir.

                - Estou irritada se quer saber. Estou fora das competições de ginástica, sabe o que isso quer dizer? Isso mesmo, sem medalhas, sem méritos, sem foto na parede dos campeões sem Stanley sofrendo ataque cardíaco. – A menina assim que terminou de dizer tudo com uma voz irritadiça respirou fundo e voltou com uma imagem serena. – Eu estou bem não se preocupe.

                - Vocês levam isso a sério demais. – Esme disse mudando o canal de TV, achando aquilo tudo uma verdadeira piada de adolescência.

                - Mãe, eu perdi uma pequena prova, fui expulsa injustamente não machuquei meu pé de propósito se eles se lembram disso.

                - Tudo bem querida haverá outras competições e sei que sairá muito bem.

                - Não nessas competições escolares, mas... Haverá um campeonato de dança de rua nas cidades da redondeza meu professor disse que nossa escola está inscrita na competição e a primeira eliminatória será no colégio. – Ela bateu palminhas desta vez deixando o livro da escola totalmente de lado. – Hei não mudem de assunto. Você e James fizeram ou não o rala e rola, o tico, tico no fubá?

                - Ai Riley você um dia irá me matar de vergonha. – No mesmo momento a menina mandou um beijo no ar para a irmã fazendo um coração com ambas as mãos.

                - Que triste a virgem Maria deixou de ser virgem.

                - Como é? – Neste exato momento em que o Carlisle entrava completamente cansado na sala de estar ele ouviu aquela frase sem anexo de sua filha caçula.

                - Oi papai onde o senhor estava. – Ela tentou desviar do assunto indo abraçar seu pai completamente detonado e abatido, enquanto ele afrouxava a gravata abraçou a filha esquecendo do seu grande problema do hospital.

                - No hospital querida.

                - Pela sua cara vejo que a notícia não é muito boa. – Esme disse levantando-se e indo até ao marido.

                - Minha paciente entrou em óbito alguns minutos atrás. Não consegui salvá-la. – O homem levou a mão ao rosto imaginando na cena quando teve que dar a notícia ao marido da mulher. – Ela teve um choque séptico que ocasionou falência múltipla dos órgãos, não consegui fazer mais nada.

                - Meu amor você não pode se culpar por isso, você fez o melhor que pode.

                - É o que eu digo para mim todo dia antes de sair daquele hospital, mas ela tinha duas filhas pequenas, acho que me abalou um pouco.

                - Papai, sei que elas ficarão bem, não se preocupe. – Riley disse beijando a bochecha do mesmo e seguindo um pouco adiante. – Agora sinto muito, mas terei que me ausentar terei teste amanhã e preciso de descanso.

                - Faz bem minha menina... Mas Riley o que você falava quando cheguei?

                A menina no mesmo instante olhou disfarçadamente para Alice que ficara branca de nervoso e ela não pode deixar de mostrar seu sorriso lateral.

                - Era bobagem da escola papai, nada de mais. – Ela sorriu em seguida saindo de perto do pai. – Boa noite.

                - Boa noite. – Todos ali disseram em um coro perfeito.

                ***

                - Bom dia. – Alice disse enquanto chegava em frente a cozinha, onde apenas sua irmã se encontrava presente.

                - Me dá uma carona? – Riley pediu ainda sonolenta. – Papai não irá trabalhar hoje conseguiu uma folga, não vou acordá-lo e mamãe está com dor de cabeça.

                - Tudo bem, apesar de que eu deveria deixá-la ir a pé. – Alice dizia ao mesmo tempo colocando café em sua xícara, mesmo com dor de cabeça Esme levantou e preparou o essencial para a casa e só depois se permitiu voltar para a cama.

                - Tudo bem, não ficarei implorando, isso não faz muito meu jeito.

                - Você é muito chantagista. – Alice bateu no braço da menina enquanto a observava arrumar a insulina para aplicar. – Não vai tomar café?

                - Não estou ficando enjoada toda manhã, acho que é por causa do horário. Mas não se preocupe “mamãe” estou levando uma maçã caso me dê fome.

                - Sua chata... – Cutucou a menina mostrando a língua ao mesmo tempo que Riley, ela organizou as poucas coisas da cozinha e em seguida voltou para olhar algo em sua bolsa.

                Em fração de alguns minutos ambas saíram de casa, Alice não demorou muito para chegar à escola de Riley, deixando a irmã partiu para o trabalho teria muitas coisas para organizar, a nova renda oferecida para o hospital para os novos testes para a cura do câncer fez com que aquele laboratório virasse de cabeça para baixo e Alice sentiu como se carregasse o próprio hospital em seus ombros, estava exausta e não conseguia de modo algum disfarçar aquilo. As noites más dormidas, as horas extras de trabalho, as cobranças excessivas, tudo aquilo mantinha sua mente ocupada o bastante para não pensar em outros problemas, mas aquilo estava deixando-a inerte de suas obrigações quanto a si mesma.

***

                No horário de Almoço Alice fez todo seu rotineiro trajeto até a cantina do hospital e quem lhe seguiu de longe até lá foi sua irmã mais nova, a mesma que lhe procurava impacientemente por todo o hospital.

                - Você é difícil de se encontrar hein?!

                - O que você está fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa?

                - Porque todo mundo acha que aconteceu alguma coisa?

                - Questão número um, você nunca vem aqui a não ser por motivos óbvios, questão numero dois, você está usando um crachá de visitante então diga logo o que aconteceu.

                - Fique calma é apenas nossa linda sobrinha... Rose entrou em trabalho de parto.

                - Mas o médico havia dito que seria daqui uma semana.

                - Temos mais uma Cullen apressadinha. – A menina comemorou chamando a atenção de alguns médicos em sua volta. – Anda logo.

                Riley puxou a irmã com sua delicadeza e a fez caminhar rapidamente até a sala de espera do hospital, onde Esme e a mãe de Rose, Dália, esperavam ansiosamente.

                - Olá. – Alice cumprimentou Dália educadamente, a mulher era um doce de pessoa e teria que dizer que adorava Alice como uma filha. Sempre em suas ligações ao filho dizia que ele nunca em hipótese alguma devia ter se separado daquela moça, pois achava que hoje sim ele poderia ter uma vida melhor.

                - Alice como você está, parece cansada.

                - Trabalho, estão explorando do meu setor esperando que podemos fazer algum milagre maior que o anterior.

                - Não devia se cobrar tanto assim, olhe só para você.

                - Depois que crescem não tem como pais colocar limites não é mesmo?! – Esme disse divertida recebendo um sorriso tímido da filha.

                - Isso é verdade.

                - Então as vovós estão ansiosas para a chegada da nova netinha? – Alice mudou de assunto, tentando se distrair, quanto mais tempo parada mais tempo cansada.

                - Não podemos nem explicar. – Dália respondeu por ambas as partes, ela sorriu e segurou a mão de Alice delicadamente olhando nos fundos dos olhos da moça. – Soube que está namorando há algum tempo, como vai seu relacionamento?

                - Está se encaminhando bem por sinal.

                - Não parece muito animada quando diz sobre isso.

                - Estamos apenas no começo, não costumo depositar muita confiança para não me iludir depois.

                - Não devemos pensar assim, se o rapaz está lhe proporcionando um bem estar emocional quer dizer que deveria pelo menos dar uma chance.

                - Talvez você esteja com razão. – Alice apenas sorriu para a mulher enquanto esperavam apreensivos por alguma informação.

                Enquanto o tempo parecia se arrastar e nada parecia estar acontecendo ou evoluindo, elas tentavam se distrair em meio a conversas e quando Alice teve que enfim voltar para seu trabalho Esme aproveitou para tocar em um assunto que também incomodava sua menina.

                - Dália e como anda Jasper?

                - Parece que não muito bem, soube por ele que a esposa anda mal e que os médicos não estão sabendo dizer ao certo o que seja.

                - Meu Deus, Jasper deve estar desnorteado ainda por cima com um filho pequeno e sem a família por perto.

                - Nova Iorque pode ter oferecido grandes oportunidades para ele, mas ainda penso que ele deveria ter voltado. Não pelo pouco que conheço Maria ela não me apareceu uma boa mulher, assim que bati meus olhos nos dela soube pelo o que ela estava apaixonada pelo meu filho e pode saber que não era pelo seu bom coração e nem por seus lindos olhos verdes, mas como toda mãe apenas zelo pela felicidade deles.

                - Nós temos um coração mole não é mesmo? – Esme disse sorrindo enquanto olhava para a filha caçula que sorria em meio a uma mensagem e outra trocada com o namorado pelo celular. – Riley está entrando nessa também, acabou gostando de um menino que a imagem dele não é muito agradável, nem ao menos ela gostava dele. Ao invés de tentar entender apenas prefiro confiar em minha menina.

                - Posso saber quem é o rapaz?

                - Josh Campbell.

                - Ele é mais velho que ela não é? Conheço a fama do garoto.

                - Mas ela está feliz com ele e por mais que ele tenha toda essa fama de mulherengo deve dizer que ele cuida bem de Riley, demonstra estar sempre preocupado com ela, quando digo acho até mesmo que é um ótimo garoto.

                - Engraçado pensei que Riley daria tão bem com o Ben, eles viviam grudados.

                - Tiveram uma briga, Ben está diferente demais nem parece mais o mesmo garoto, você precisa de ver. Mas não o culpo, o pai está muito mal e ele deve estar com medo.

                - Esta fase é muito complicada e sempre difícil de se lidar. Mas conte-me mais sobre Alice, quando a perguntei sobre o namorado não senti tanta firmeza em seu tom de voz.

                - James me pareceu um bom rapaz, mas acho que seja normal o coração de mãe ter um pequeno receio com os namorados dos filhos.

                - Pode ter certeza que quando sentimos isso é porque boa coisa não tem por aí.

                - Não sei, Riley também cismou com James desde a primeira vez que o viu. Não gosta de vê-lo nem pintado de ouro.

                - Riley é esperta, lembro de quando Jasper começou a namorar com Alice. Ela tinha apenas oito anos, mas sempre analisava bem as pessoas desde pequena. Esme acredite no seu sentimento de mãe, poucas vezes ele falha.

                - Você tem razão.

                - Mãe... – Aquela conversa foi interrompida pela voz máscula de Emmett que apareceu com um sorriso estonteante de orelha a orelha. – Minha garotinha nasceu. – Ele abriu os braços para receber um abraço da mãe e em seguida abraçou a sogra.

                - E como ela é Emm? Quero ver minha sobrinha. – Riley interveio enquanto abraçava o irmão.  

                - Ela é linda, tem o cabelo da mãe. – Ele ainda permanecia com aquele sorriso largo e de bom grado no rosto, não acreditando o quanto aquela pequena criaturinha estava lhe proporcionando imensa felicidade. Ele mal esperava para poder segurá-la nos braços novamente e poder niná-la.

                Era um momento gracioso para Emmett e seria inesquecível. Ele mal conseguia se conter queria contar para todos e queria comemorar, mas em principal queria curtir um belo tempo com sua mulher apenas observando Zoe, sua pequena menina.

                ***

                Mais tarde quando a noite caia dois garotos passavam pelo mesmo caminho por mera coincidência, duas pessoas no qual o atrito era inevitável. Josh ao perceber que o garoto que andava ao outro lado da rua era Ben resolveu tirar satisfações com ele pelo o que fizeram com Riley no dia do baile. Havia ficado um bom tempo sem vê-lo e agora que tinha oportunidade em meio aquela rua quase deserta não poderia deixar de procurar confusão ao tomar as dores de sua namorada.

                - Hei seu moleque. – Josh gritou enquanto atravessava a rua, já com toda aquela pose de garoto durão, pois ele era um e quando alguém mexia com Riley se tornava uma fera. Apesar de seu namoro ter sido construído a partir de uma proposta de Molly em destruir a amizade de Riley e Ben, ele a amava sem qualquer dúvida. Sempre gostou do jeito de Riley e vê-la com Ben lhe causava um ciúme imenso, mas teve que fazer aquilo, pois de alguma maneira sabia que com Ben no caminho ele não teria chances alguma.

                Era mais velho que ela depois de ter levado alguns foras da mesma que sempre dizia não gostar dele resolveu, fazer coisas na qual não se orgulhava muito, apenas para fazer ciúmes ou atrair a atenção da menina, mas percebeu que com aquilo ele conseguia fazer com que ela apenas sentisse nojo dele.

                Quando chegou ao mesmo passeio que Bennison era perceptível as faíscas saírem nos olhares de ambos. Bennison havia tomado outra pose, agora era um menino problema no qual deixava todos preocupados, tinha uma pose de Bad boy e tudo isso era uma incrível influencia de Molly sobre o garoto no qual ela apenas dizia querer para sua pequena diversão.

                - Do que você me chamou?

                - Moleque, mas merecia ser chamado de coisa pior.

                - Quem você acha que é para me chamar assim?

                - E quem você acha que é para gritar com Riley? – Ele disse se aproximando ainda mais do menino, com os punhos semicerrados e uma vontade imensa de batê-lo assim que ouviu uma risada sarcástica vinda de Ben, até mesmo Josh estava impressionado na mudança drástica de Bennison.

                - Ah claro está defendendo a vadia da namorada.

                - Como ousa chamar Riley de vadia seu vagabundo?! – Ele agarrou Ben pela camisa o puxando para mais perto. – Você não a chame mais assim ou se não eu vou acabar com você seu imbecil.

                - Sério? – Ele riu novamente antes de acertar um soco na costela de Josh. O menino mais velho apenas se retraiu, mas logo voltou em sua posição, na defensiva. – Vai me dizer que ainda não transou com a Riley?!

                - Você está drogado cara? – Josh perguntou observando as pupilas dos olhos de Bennison dilatadas e suas atitudes estranhas. – Não acredito que você está se perdendo desta maneira.

                - Vai me dizer que você nunca usou...

                - Não, nunca encostei nisso, não sou quem dizem que sou... Mas enfim se você quer acabar com sua vida problema é seu só vim te dar um toque, não fale mais com a Riley ou se não você já sabe...

                E mais uma gargalhada irônica foi ouvida da boca de Ben, a mesma que estava irritando Josh já fazia tempo.

                - Quando você cansar de usar seu brinquedinho pede ela pra me ligar, vou dar a ela a noite na qual ela vai te esquecer em segundos.

                Josh não se agüentou em ódio, partiu para cima de Bennison em questões de segundos deferindo socos em seu abdômen e no rosto, Ben não somente apanhava, mas batia em Josh algumas vezes machucando seu rosto algumas vezes, mas Josh não saiu tão mal quanto Ben.

                - Você deveria pensar antes em quem gosta realmente de você, quando você estiver na sarjeta aposto que Riley não pensaria duas vezes em lhe ajudar, mas Molly só arrumaria um jeito de lhe afundar ainda mais. – Josh ajeitou seus cabelos e limpou a linha de sangue que descia no canto de seus lábios. – Você acha que é fácil amar alguém e estar com ela sabendo que ela gosta de outro?

                Josh disse olhando para Ben tentando se levantar com dificuldade. Sentiu-se um pouco incômodo ao dizer aquilo, mas era a mais pura verdade, ele sabia que Riley ainda gostava de Bennison, porém ela era o grande amor de sua vida. Amava tanto aquela menina que não se importava com aquilo, mas não suportaria vê-la sofrer por causa de um imbecil que decidiu destruir sua vida sem se importar com quem o amava.

                Vê-la chorando pelos cantos a cada vez que Ben a maltratava era como se fosse inúmeras facadas deferidas em seu coração e não conseguia ver aquele lindo rosto triste por uma pessoa que não merecia nem ao menos desprezo.

                - Nunca mais dirija a palavra com Riley se eu vir-la chorando mais uma vez por você eu juro que acabo com sua raça.

                O garoto apenas deu as costas e continuou andando até seu rumo.

                ***

                Todos estavam no hospital visitando Rose e a pequena Zoe, Riley segurou a menina por inúmera horas não deixando ninguém tomar-lhe sua sobrinha, mas bastou a menina começar a chorar que Riley não agüentou e devolveu o bebê para Rose. Ninguém entendia aquilo em Riley, ela nunca suportava ouvir o choro de uma criança, parecia que aquilo a perturbava de algum modo. Ela preferiu sair do quarto visto que a menina não queria parar de chorar e acabou tendo uma surpresa desagradável.

                - Olá Riley, Alice está por aqui? – Antes de responder ela olhou James dos pés a cabeça piscou algumas vezes e em seguida voltou sua atenção para o celular.

                - Está. – Ela respondeu com uma má vontade imensa fazendo brotar um sorriso nos lábios de James que ignorou a menina e seguiu para o quarto, deu três batidas leves na porta e em seguida entrou. Parabenizou aos pais e deu uma curta olhada na pequena Zoe, mas queria mesmo era estar com Alice.

                - Como você está?

                - Um pouco cansada.

                - Estava pensando em lhe chamar para jantar, mas acho que podemos deixar para outro dia. – Ele sorriu enquanto segurava a mão da mesma.

                - Me desculpe, o trabalho está exigindo demais de mim, estou ficando muito cansada.

                - Você não deveria estar se cobrando tanto.

                - Eu estou bem. Já estou indo para casa se você não se importar em comer qualquer coisa podemos passar um tempo juntos.

                - Não quero lhe incomodar.

                - Não vai não se preocupa.

                Em seguida a um beijo curto Alice se despediu do irmão e de sua cunhada e não pôde deixar sua sobrinha de lado, pegando a menina por um instante ao colo, Alice tinha um jeito imenso com crianças, porém tinha medo de ter a sua.

                Riley estava com Alice no carro e James vinha logo atrás. Seus pais estavam em casa e já preparavam o jantar juntos sabendo da vinda de James, mas assim que todos saíram do carro notaram a presença da moto de Josh, Riley foi direto para a sala, mais rápido até que um foguete. Ao chegar à sala viu Josh ao lado de seu pai, com a maçã do rosto completamente roxa e um corte na boca.

                - O que aconteceu? – Ela ficou preocupada observando o menino enquanto se aproximava e sentava ao lado dele.

                - Fiz algo pelo qual você não vai se orgulhar de mim. – Ele sorriu meio triste, já pensando no pior, que talvez por pura ironia aquele dia seria o ultimo de seu namoro.

                - Vamos para meu quarto. – Ela segurou a mão dele e ele a seguiu, quando chegaram no quarto ela sentou na cama e ele ao seu lado. – Agora me conte o que aconteceu.

                - Encontrei com o Bennison na rua e acabamos brigando. – Ele esperou algumas reações da menina para ver se seria preciso continuar o assunto.

                - O que aquele estúpido fez desta vez?

                - Eu parti para cima dele quando ele disse coisas horríveis sobre você. Eu sinto muito.

                - Você não precisa me pedir desculpas. – Ela puxou o garoto para que ele encostasse a cabeça em suas pernas. Ele olhou para ela enquanto a mesma lhe acariciava os cabelos.

                - Você não está chateada comigo, porque pensei que...

                - É com você que estou Josh, é você que eu amo. Tire essa coisa da cabeça que sou apaixonada pelo Ben, não vou negar que penso nele todos os dias, porém é pelo motivo de sentir falta da amizade que tínhamos, crescemos juntos e eu adorava passar os finais de semana com a família dele. Mas eu não amo o Ben, eu amo você seu bobo. – Ela sorriu e beijou o garoto rapidamente, ele não pode deixar de sentir-se vitorioso, enfim sabia que a menina pela qual amava estava lhe correspondendo, enfim sem qualquer dúvida.

                - Eu te amo sabia?!

                - Sabia desde o primeiro dia que você começou a me perseguir. – Ela riu daquela lembrança. – Mas devo admitir que não sentia o mesmo, talvez por não estar preparada.

                - Fico feliz em saber que agora você me ama assim, sou o garoto mais sortudo do colégio.

                - Não aceite as provocações dele, deixe ele falar o que quiser sobre mim, sabemos que é a mais pura mentira, o que as pessoas pensarem não importa desde que estejamos juntos. Fiquei daquela maneira no baile, um pouco abalada porque ainda tinha esperanças de que ele voltasse a ser aquele meu amigo de antes, mas agora que eu sei que isso não é mais possível eu desisti dele, mas se ele precisar estarei aqui, mas não sei se nossa amizade será mais a mesma.

                - Eu sei como se sente. Não queria que ficasse preocupada no colégio amanhã, por isso vim aqui, mas não quero mais lhe incomodar.

                - Não, fique para jantar conosco, minha mãe não irá se importar e eu muito menos. – Ela sorriu meio sapeca, o menino sentou novamente na cama e beijou a menina.

                ***

                Após o jantar Josh ficou apenas alguns minutos a mais para ter um momento com Riley e James não se aproveitou muito do momento, queria deixar Alice descansar. E Esme viu uma boa oportunidade para conversar com a filha sobre o que sentia sobre James.

                - Alice, queria conversar com você filha.

                - Pode falar mãe. – Alice desligou a TV e voltou à atenção para a mulher. Esme sentou ao lado da filha e segurou suas mãos.

                - Filha quero que seja sincera comigo. Você sente-se bem ao lado de James?

                Alice abriu a boca para responder que sim, porém a palavra sincera ecoou em sua mente inúmeras vezes e aquilo fez com que ela lembrasse que era para sua mãe a resposta e ela estaria enganando a si mesma, mesmo não sabendo a resposta verdadeira.

                - Eu não sei mãe.

                - Posso saber o que lhe faz ficar em dúvida?

                - Não sei, apenas acho que não deva confiar nas pessoas. – Alice estava mentindo, sabia o que lhe fazia sempre andar um passo para trás quando se tratava de James, sua agressividade quando bebia, obvio já fazia tempo que ele não fazia aquilo, não encostava a mão em uma garrafa de vinho se quer. Porém a confiança não lhe tomava.

                - Sempre há algum motivo filha e sei que está escondendo algo de mim. Sou sua mãe eu sinto isso, você pode estar tentando me enganar, mas estará enganando mais ainda a si mesma.

                Esme beijou a face de Alice e se levantou do sofá caminhando até o escritório do marido, Alice permaneceu por um instante quieta pensando se deveria dizer a verdade, seu coração estava acelerado e parecia sentir uma forte pressão sobre o seu peito, uma agonia inevitável.

                - Mãe espera... – Ela disse virando-se na direção da mulher antes que ela abrisse a porta. Esme refez todo o trajeto e sentou-se novamente no sofá ao lado da filha e como antes segurou a mão da mesma para lhe passar confiança e coragem.

                - Seja o que for não tenha medo em me contar.

                - Naquele dia do sitio em que eu e Riley brigamos antes disso James havia tentado me beijar a força e acabou me machucando. – A jovem abaixou a cabeça envergonhada do ato que havia escondido de sua mãe por tanto tempo. – Ele segurou meu braço com força, lembrei-me na hora de como o papai fazia com você, fiquei nervosa, comecei a chorar e quando ele viu a bobagem que havia feito começou a me pedir desculpas, porém a única coisa que eu queria era sair dali. Peguei a estrada a noite estava completamente desesperada. Quando você me encontrou nervosa daquela maneira debaixo da arvore não era por causa da briga com Riley...

                - Era por isso.

                - Riley apenas me ajudou, encobertou os vestígios discutindo comigo para que ela enfim acabasse levando a culpa. James prometeu que nunca mais agiria daquela maneira, disse que havia tomado bebida um pouco depois de tomar remédio, disse que era para acreditar nele e lhe dar uma chance, mas parece que a confiança nunca vem.

                - Eu sei como se sente querida, mas ele voltou a lhe tratar daquela maneira?

                - Não, desde então foi muito carinhoso e atencioso, foi dele que saiu a idéia da consulta com o psicólogo novamente, ele tem me apoiado bastante,mas não sei...

                - A confiança quando quebrada ela jamais se reconstrói tão facilmente, às vezes fica sempre faltando uma peça. Se você está gostando dele tudo bem, não irei proibi-la de namorar com ele, mas, por favor, tome cuidado filha, você e seus irmãos são tudo o que eu mais amo nessa vida, perder um de vocês seria uma dor insuportável para mim. – Esme acariciou o rosto da jovem enquanto ela se pegava com o olhar fico nos olhos da mãe. – Me prometa que sempre que sair com ele entrará em contato comigo de hora em hora e que caso ele tente alguma gracinha novamente que vai terminar este relacionamento.

                - Eu prometo mãe.

                - Eu não quero a vida que tive para você e nem para sua irmã. Aquilo é um pesadelo que não desejo a ninguém, tome cuidado com James querida, ele pode parecer um bom moço, mas existem vários leões em pele de cordeiro nesse mundo.

                - Eu vou me cuidar mãe, não quero lhe preocupar.

                - Eu sei que não filha. – Ela abraçou a jovem moça e lhe beijou o topo de sua cabeça. Alice agora mantinha uma única certeza, sempre duvidaria da capacidade de James e de sua bondade extrema.


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