Alexya olhava debilmente para o vampiro a sua frente.

Lucian estava lindo como nunca, seus olhos azuis intensos prenderam seu olhar, mas não antes que ela percebesse que ele usava apenas jeans e uma fina T-shirt.

– O que você está fazendo aqui? – Ela perguntou debilmente.

– Eu moro aqui. – A expressão de Lucian era divertida, como se ele realmente tivesse desfrutando daquilo.

Ah, certo.

– E-eu – Ela gaguejou. – Eu não faço a menor idéia de como eu cheguei aqui. Sério – Ela sacudia sua cabeça como se tentando colocar seus pensamentos em ordem.

Lucian abriu a boca para responder, mas antes que pudesse pronunciar qualquer coisa, uma loira com um mini vestido chegou por trás dele, colocou uma mão em seu peito por dentro de sua camiseta enquanto a outra descia pelo caminho de pelos que ia desde o seu umbigo até se perder dentro das calças jeans.

– Vamos lá pra dentro, eu quero arrancar suas roupas e me divertir um pouco. – Alexya pode ouvir claramente quando a loira disse, com os lábios perto do ouvido de Lucian.

As pupilas dos olhos de Lucian cresceram até que sua íris fosse apenas um contorno de azul em seus olhos, enquanto suas presas desceram um pouco, pressionando o lábio inferior.

Se Alexya tinha alguma duvida de que Lucian era um vampiro, esse pequeno gesto as levou para longe no mesmo momento. Seus olhos ainda estavam presos com os de Lucian, enquanto Alexya esperava ele fechar a porta em sua cara e ir se divertir com a loira periguete.

– Comporte-se Camila, você esta sendo rude com a nossa convidada. – Lucian disse, sem desviar os olhos de Alexya.

A loira piriguete, Camila, fez um biquinho que supostamente deveria ser charmoso, mas não afastou suas mãos do corpo de Lucian e Alexya poderia ver claramente em seus olhos azuis as palavras que ela queria transmitir com o gesto. Meu.

Alexya somente virou os olhos para todo aquele drama, enquanto olhava sériamente para Lucian.

– Podemos conversar em algum lugar mais reservado, longe da sua namorada? – Alexya perguntou a ele, fazendo entonação na palavra namorada, demonstrando que não acreditava que Camila fosse interessante o suficiente para atrair a atenção de Lucian.

– Claro, vamos ao meu quarto. – Ele respondeu, enquanto tirava as mãos de Camila do seu corpo para poder entrar na casa.

– Seu quarto? Sério? Você por acaso não teria um escritório? – Alexya levantou uma sobrancelha, olhando ceticamente.

– Claro, mas ele está sendo usado. A não ser que você queira se juntar a eles...? – Lucian disse com um sorriso sacana.

Alexya sentiu um arrepio pelo seu corpo, enquanto sua mente lhe mostrava claramente como o escritório de Lucian estaria sendo usado. Era tipo, Eeeew.

– Acho que o quarto terá que servir. – Alexya resmungou, enquanto entrava na casa, seguida por uma Camila não muito satisfeita.

– Por aqui. – Lucian liderou o caminho, subindo as escadas que ficavam no final do corredor. Alexya notou que não havia espelhos no hall de entrada, mas não sabia se era por causa dos mitos sobre vampiros não poderem se ver em espelhos. Achou melhor não perguntar.

No segundo andar, uma pequena área com poltronas de um só lugar em couro preto dispostas em forma de U decorava o que parecia ser uma área de recepção das visitas. No sofá mais próximo a escada, uma pequena vampira ruiva sentava-se no colo de um homem musculoso que vestia apenas calças jeans. Em seu peito, perfurações de presas marcavam a pele lisa e dourada. Alexya pode contar seis pares, ao todo.

A vampira ruiva levantou o rosto do pescoço do homem, e sorriu de forma felina para Alexya. Seus lábios tingidos com sangue, suas presas completamente a mostra. Seus olhos eram de um verde intenso, mas sua íris era apenas um contorno ao redor da pupila.

Alexya seguiu Lucian pelo corredor – Sim, mais um. – e no final havia uma porta dupla. Alexya não pode conter uma risada, e Lucian olhou para ela de forma interrogativa.

– Desculpe, é que isso me lembrou algo como “a luz no fim do túnel”, mas nesse caso seria como “a porta no final do corredor”, e, bem, geralmente a luz no fim do túnel não é algo bom, né? Só parece apropriado que o quarto do “Vampiro Fodão” – Ela fez as aspas no ar – seja atrás de uma porta no final do corredor.

Lucian somente sacudiu a cabeça, como se quisesse dizer “ah, onde nós vamos parar com essa juventude”, mas Alexya poderia jurar que viu um sorriso no canto de seus lábios.

Acho que ele gostou da parte do “Vampiro Fodão”, ela pensou.

Lucian abriu a porta, e adentrou o quarto. Alexya o seguiu para dentro.

O quarto era amplo e espaçoso, e assim como a casa, as paredes eram vermelhas, mas com alguns detalhes em preto, criando um ambiente charmoso e cheio de sensualidade.

A parede do outro lado estava coberta de vidro fumê do chão ao teto, e ao se aproximar, Alexya se viu encarando seu carro e a vista do quintal da frente. A lua estava alta no céu, iluminando tudo como uma lâmpada.

Lucian fez sinal para que ela se juntasse a ele, na cama.

Alexya levantou uma sobrancelha, enquanto procurava ao redor por outro lugar para sentar-se. Ficou satisfeita ao encontrar um puff de couro preto que estava na parede a direita, em frente à cama. Seguiu em direção ao Puff e jogou-se nele como se estivesse em sua própria casa.

Lucian agora sorria abertamente.

Seu sorriso era tão lindo que chegava a doer.

– Que foi? -Alexya perguntou, desconfiada.

– Nada. – Ele sacudiu a cabeça. – Apenas, eu nunca vi um humano se sentindo tão confortável na casa de um vampiro. Apenas isso.

Alexya ponderou sobre isso por um momento, e descobriu que isso fazia muito sentido. De repente, sentiu vontade de sentar-se de forma mais comportada e cautelosa.

Não. Sua consciência gritou com ela. Fique do jeito que você está. Eles são como malditos cachorros que podem farejar seu medo, e isso só fará com que eles a persigam com mais vontade.

– É esse puff. – Alexya deu de ombros - Ele simplesmente convida as pessoas a se jogarem sobre ele. Se você quer as pessoas desconfortáveis, talvez você devesse trocá-lo por uma cadeira elétrica.

– Sugestão anotada, Alexya. Agora, sobre o que você gostaria de conversar comigo? – Lucian perguntou, enquanto olhava-a de forma séria.

Okaaaay, la vamos nós.

– Digamos que eu tenho algumas perguntas – Ela disse, de forma meio duvidosa. – E eu quero que você me responda elas, de forma sincera e sem meias verdades. Você acha que poderia?

Lucian pareceu ponderar sobre isso um momento. Seus cotovelos apoiados sobre suas coxas, sua mão direita pairando sobre seu queixo.

– Acredito que sim, eu poderia. Só não vejo o porquê eu faria isso por você.

Alexya olhava-o embasbacada. É claro que não seria tão fácil assim, ela pensou. Não é como se fossemos melhores amigos ou algo.

– Por que você é essa pessoa tão legal? – Alexya sorria docemente.

Estava admirada com a sua própria cara de pau, ô se estava, mas situações extremas pedem medidas extremas, ela bem sabia.

Lucian sorriu para ela de forma felina e Alexya teve que se conter para não se encolher no puff.

– O problema é, eu não sou legal. – Ele disse em um tom de voz baixo, rouco e muito sexy.

Oh, Deus.

– Isso é o que você diz. Mas aposto que você é uma manteiga derretida. Me diga, você chora assistindo a Oprah? – Alexya perguntou docemente.

Ela estava claramente insana. Onde estava a cabeça dela? Debochando de um vampiro! É a mesma coisa que olhar para um tigre e chamá-lo “aqui, gatinho, gatinho...”.

– Você está se divertindo as minhas custas? – Lucian perguntou, saindo como um borrão da cama e indo parar frente a frente com ela. Seus braços apoiados dos lados de Alexya, seu nariz a poucos centímetros do seu rosto.

Alexya olhava imperturbável para o vampiro a sua frente. Não fazia idéia de onde havia saído tanta calma e coragem, mas de repente se sentia forte.

– Eu? Imagina! – Ela sorriu

– Ou você tem muita coragem, ou é muito estúpida. – Lucian murmurou, saindo de perto dela e andando pelo quarto.

– Ou um pouco dos dois – Ela murmurou sob sua respiração.

– A questão é que, você quer respostas. E eu posso dá-las a você. Mas como tudo na vida, isso teria um preço.

E você está disposta a pagar o preço?

A voz de Lucian soava dentro da cabeça de Alexya, enquanto seus olhos azuis fitavam seu rosto.

Alexya sabia que deveria sentir medo, afinal a voz do cara estava dentro da cabeça dela! Mas ela ainda sentia aquela estranha calma e coragem, e apenas deu de ombros.

– Diga seu preço.

– Se eu bem me lembro, a noite passada eu lhe dei meu sangue para salvar a sua vida, e no final eu não tive o mesmo prazer.

– Você quer meu sangue? – Alexya tentou não soar horrorizada e falhou miseravelmente.

Claro, ele é um vampiro! A mente de Alexya disparou. Não é como se ele fosse se contentar com uns amaços!

– Será um pequeno preço a ser pago, visto que eu sou o único que pode te dar as respostas que você procura. E no final, você vai gostar. - Lucian sorria.

Alexya ponderou sobre isso por um momento.

Ela realmente queria essas respostas, e tal como ele havia dito, Lucian era o único que poderia dar isso a ela. Mas dar seu sangue era algo muito desagradável e assustador. Ta certo, ela já havia doado sangue em um hemocentro antes, mas duvidava que a experiência fosse igual. Claramente, Lucian tinha muito mais Sex Appeal do que uma agulha e uma bolsa plástica.

– Eu não lido bem com dor, sabe? Sou o tipo medrosa. – Alexya disse, tentando se esquivar daquilo que sabia ser inevitável.

– Você não vai sentir nada a não ser prazer. Eu não sou como aquele carniceiro que te atacou noite passada. Dar sangue pode ser muito prazeroso, se você se permitir sentir.

– Certo. – Alexya disse insegura. – Mas eu quero as respostas primeiro.

Lucian sorriu de forma felina. – Como você quiser.