– Onde ele esta? – Alexya bufava, subindo as escadas da frente da casa de Lucian. – Eu quero arrancar as presas dele com um alicate, assim que eu colocar as minhas mãos nele.

– A culpa não é dele, okay? Ele só me mandou ir buscá-la. O que aconteceu lá foi totalmente culpa minha. – Kyle, disse.

Kyle... Ele era o lobo.

Bom, costumava ser, já que agora tinha se transformado em um homem alto, de pele clara, cabelos castanhos e olhos dourados.

– Ah, cachorro. Não precisa ir tão longe com suas desculpas. Você será o próximo. – Alexya vociferou pra ele.

Alexya adentrou a casa de Lucian sem bater ou esperar convite. No Hal de entrada, parou até conseguir ouvir as vozes conversando na sala de TV.

Entrou na porta a sua direita, onde ficava a sala.

Lucian estava sentado no centro de um grande sofá de couro preto que tinha o formato de L e estava na parede a esquerda de Alexya. Camila cochilava ao seu lado. Seu pescoço marcado pelas perfurações onde, certamente, Lucian tinha bebido seu sangue.

Derek, o cara musculoso da outra noite que era escravo de sangue de Sabina, estava sentado em um dos Puff’s que ficavam próximos a porta pela qual Alexya havia entrado. Seu peito estava nu novamente, e novas perfurações marcavam a pele lisa do seu corpo. No rosto, tinha um olhar perdido e distante.

Sabina olhava pela janela, sem realmente ver. Parecia perdida em seus próprios pensamentos. Usava um vestido de renda preto, sem mangas e com a saia rodada. Era lindo, e contrastava com os cabelos vermelhos da vampira.

Lucian olhou para Alexya enquanto ela ia até ele e sorriu. – Vejo que resolveu juntar-se a nós finalmente.

Alexya o esbofeteou. Realmente forte.

Antes que ela pudesse pensar sobre o que havia feito, Sabina a tinha preso em um pilar, seu braço a um movimento de esmagar a traquéia de Alexya.

– Espero que tenha doido. E se não doeu, faz a Sabina me soltar que eu vou ai e faço de novo, com mais força. – Alexya disparou para o vampiro.

Naquele momento, os olhares falaram mais que palavras naquela sala.

Kyle tinha um olhar torturado no rosto, medo emanava de cada poro dele.

Sabina tinha um olhar felino, olhava para Alexya como se ela fosse um coiote que foi muito difícil de capturar, mas que agora era só comer.

Lucian olhava pra ela, confuso. No seu rosto, os dedos de Alexya estavam desenhados.

Os olhos de Alexya emanavam somente puro ódio.

– Sabina, pode soltá-la. – Lucian disse, olhando diretamente para Alexya.

– Luc, ela te deu um tapa no rosto! Deixa eu arrancar os braços dela... – Sabina encarava dentro dos olhos de Alexya, mas os olhos da garota estavam fixos nos de Lucian.

– Sabina, ela é humana. Eu posso cuidar dela. Agora, solte-a. – Lucian demandou, sua voz carregada com poder.

Sabina afastou suas mãos de Alexya lentamente, como se esperando Lucian mudar de idéia e dizer, ‘oh não Sabina, pensando melhor, apenas arranque cada parte do corpo de Alexya e dê para o Kyle comer’.

Isso não aconteceu, felizmente.

Lucian sorria para Alexya, seus olhos brilhando com interesse.

Ela avançou, seus braços esticados prontos pra arrancar aquele sorriso do rosto dele com as unhas, mas quando chegou até o vampiro, ele foi mais rápido, saindo do sofá e prendendo o corpo dela contra o dele.

Os braços de Alexya estavam colados ao lado do corpo, e cada vez que tentava move-los, Lucian apertava mais forte seus braços ao redor dela.

– Seu sanguessuga imundo. – Alexya olhava dentro dos olhos de Lucian. – Me solta!

– Me dê um bom motivo. – Lucian disse, ainda sorrindo.

– Pra que eu possa apagar esse seu sorrisinho idiota a tapa! Você não merece sorrir. Não depois do que você fez.

– E o que eu supostamente fiz Alexya? – Lucian agora tinha no rosto um olhar interessado.

– Você mandou aquele cachorro pulguento atrás de mim. – Alexya disse, se referindo a Kyle. – E o idiota quase arrancou o braço do Josh!

Alexya tinha visto os olhos do lobo pela janela. Mas Josh não.

Antes que ela pudesse avisá-lo, Josh sorriu pra ela, passou seus braços ao redor de Alexya e trouxe-a para mais perto. Seu corpo cobrindo o corpo dela. Seus lábios colados nos dela a impedindo de pronunciar qualquer coisa.

E a janela explodiu em milhões de cacos de vidro.

O lobo tinha entrado no quarto de Alexya pela janela, e tentava arrancar Josh de cima dela a dentadas.

Alexya tinha chutado o lobo. Seus olhos mais felinos que os dele. Sua boca mostrando os dentes em uma imitação de um rosnado.

“Sai de perto dele ou o próximo chute vai ser no seu focinho” Alexya havia dito para o lobo.

Ele inclinou sua cabeça para o lado, olhando de Alexya para Josh. Entendimento brilhou em seus olhos. Seguido por preocupação.

O lobo fugiu pela janela. Josh gemia de dor na cama de Alexya. Seus lençóis lavados em sangue.

Kyle apareceu pouco depois na janela, alegando ser um visinho. Mas Alexya sabia melhor. Ela reconheceria aqueles olhos dourados em qualquer lugar. Tão parecidos com os dela.

Levaram Josh ao pronto socorro. Disseram que um cachorro o havia mordido, enquanto sentavam-se na base da arvore que havia no quintal em frente a casa de Alexya. Não, nunca haviam visto o cachorro antes. Sim, ele havia fugido.

Josh ficaria em observação o resto da noite.

“Desculpe, eu não queria machucar seu namorado.” Kyle havia dito a Alexya. “Eu achei que ele estava machucando você, quando vi você tentando sair dos braços dele.”
Alexya o lançou um olhar de puro desprezo. “eu estava tentando avisá-lo sobre você”

Kyle sacudiu a cabeça. “De qualquer forma, temos que ir. Lucian está te esperando.”

Alexya sorriu, mas não havia humor ali. “Ele com toda certeza não está esperando o que eu irei fazer com ele.”

E então Kyle a levou até a casa de Lucian.

– E quem diabos é Josh?- Lucian perguntou, tirando-a de seus devaneios.

Por mais irritada que Alexya pudesse estar ela se sentiu corando. – É meu namorado, não que isso lhe interesse.

– Ah, mas isso me interessa sim, Alexya. Eu não sabia que você tinha um namorado. Certamente não foi o que pareceu depois da nossa reuniãozinha ontem à noite. Não que isso vá mudar alguma coisa pra mim. – Os olhos de Lucian brilhavam com humor negro.

– Ontem a noite não significou nada. Então eu deixei você beber meu sangue em troca de informações, grande coisa. – Alexya virou os olhos.

– Você está decidida a ignorar o óbvio, não é? Eu geralmente não faço comentários sobre as sessões de amasso que ocorrem com minhas escravas de sangue, mas eu acho que seria um momento oportuno pra refrescar sua memória.

Alexya cerrou os dentes. – Eu já te disse. Ontem à noite. Não. Significou. Nada. Não importa o que você diga.

Lucian parecia cada vez mais divertido. – Eu acho que seu precioso Josh não vai pensar como você quando ele souber o quão ardentemente você desejou que eu tivesse dentro de você na noite passada. Ou como você pensou que eu beijava tão bem.

Alexya tinha um olhar que poderia congelar o vampiro que a segurava. – Não importa o quanto você tente mudar isso, Josh é meu namorado e você é somente um sanguessuga imundo que entrou na minha vida por acidente. E acredite, assim que eu souber como me livrar de você, eu farei.

– Sinto muito em te decepcionar então. Mas ao que me consta, você está presa comigo. E não, eu não pretendo facilitar as coisas pra você. – Lucian disse, seus olhos serenos.

– Então somos dois, pois eu pretendo ficar ao seu redor o mínimo possível. – Alexya disse, suas palavras gotejando veneno.

– E só pra que você saiba, cada vez que você decidir lutar contra o chamado do sangue, Kyle irá buscá-la. Não importa onde ou com quem você esta. E eu faço questão que ele não seja gentil. – Lucian soltou Alexya, largando-a sentada no sofá.

– Eu não esperaria nada menos de você. Não de uma criatura que o coração não bate a mais de 300 anos. – Alexya disparou.

– Ora, ora. Quem está apelando agora? Eu preciso te lembrar que isso só aconteceu porque você parece incapaz de se manter fora de problemas? Eu acho que não, né. – Lucian a repreendeu, como se ela tivesse cinco anos.

– Na verdade, só aconteceu por que você é incapaz de cuidar dos seus próprios assuntos. – Alexya respondeu mal humorada.

– Sinto muito em estourar sua pequena bolha, mas você agora é meu assunto, também. E digamos que eu posso ser muito possessivo com as minhas coisas.

– E eu que achava que o cachorro era o Kyle. – Alexya murmurou.

– Tente me ofender o quanto você quiser Alexya, mas você sabe que isso não vai mudar absolutamente nada. Só fará você perder tempo e eu a paciência.

Ao que parece, Lucian decidiu que a discussão estava encerrada. Ele foi até o bar no canto da sala e se serviu de uma dose generosa de Whysk.

– Kyle, eu acredito que você tenha outras coisas pra fazer. Sua presença aqui não é mais necessária. – Lucian o dispensou.

– Claro chefe. – Kyle assentiu indo embora.

Alexya sacudiu a cabeça em descrença. – Você age como se você fosse Deus.

– Não. Eu certamente não sou tão bondoso.

– É claro que não. – Alexya bufou.

– Tenho que confessar, Alexya. Esse seu jeito mal humorado e sarcástico te torna incrivelmente sexy. – Lucian pisca pra ela.

– Me admire de longe, já que isso é tudo o que você terá de mim. – Alexya retruca.

– Veja bem, eu não concordo com você. Você me pertence, e sabe disso. – Lucian sorria docilmente.

Sanguessuga convencido!

– Meu coração pertence à Josh, não importa o que você pense. – Alexya responde friamente.

– Mas seu corpo pertence a mim, Alexya. E eu posso pensar em uma ou várias coisas que posso fazer com ele. – Ele sorria abertamente agora. – E se a noite passada for algum indicio disso, tenho certeza que você irá gostar.

– Não segure sua respiração quanto a isso. – Alexya respondeu mal humorada.

– Minha querida, pensei que soubesse. Eu não preciso mais respirar.

E num piscar de olhos, Lucian estava sobre ela novamente.