Perdendo a mim mesmo escrita por GabiMq


Capítulo 12
Pessoas incovenientes tal como o Homem De Ferro


Notas iniciais do capítulo

Oook, eu estou de volta ;) E explico a minha demora nas notas finais! Até!



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Depois de cerca de duas horas, entrei na minha sala e observei se Finnick – e somente Finnick – estaria lá dentro.

Ele está, como sempre, afinal a minha sala parece certamente ser mais confortável que a dele...

– Odair! – Eu falo e ele instintivamente amassa o avião de papel que estava em suas mãos – Mexendo nas minhas papelas novamente. Interessante...

– Eu peguei somente uma folha branca, eu prometo! – Ele falou e parecia mais nervoso que o normal.

– Calma, não vou te dar bronca por invadir a sala do seu chefe, mexer nos papéis dele para ficar tacando aviãozinhos de papel pela sala... – Olhei ao redor – Apropósito, mais tarde não sou eu quem vou limpar dessa vez, ok?

– Ok. – Assentiu e começou a catar os aviões.

– Mas por que tanto nervosismo? – Perguntei me aproximando enquanto ele tentava desamassar as folhas gastas.

– Não é nada.

– Odair...

– Não é nada. – Ele bufa.

– Então você, o cara mais relaxado do universo, está tenso por nada?

– Exato. – Minha vez de bufar.

– Você tem dez segundos.

– E fará o que se eu não contar?

– Nove.

– Mellark!

– Sete.

– E o número oito?

– Três.

– Para com essa droga de pressão! Tá! Eu falo!

– Faltavam três segundos ainda. – Fiz a minha melhor cara de inocente e ele se sentou no sofá.

– Sabe, Peeta.

– Não.

– Me deixa continuar! Ok. O Gale Hawthorne... Ele não me parece ser uma pessoa com capacidade de trabalhar aqui.

– E por que me diz isso? – Arqueei a sobrancelha. Obviamente eu não gosto dele. Mas é sempre bom um motivo a mais para não se gostar de alguém. Ok, meu pensamento é horrível. Mas quando alguém além de você não gosta de um terceiro, o problema pode não estar em você. Pode. É uma possibilidade de não estar em você. Ou de não estar em ninguém. Ou de estar nos três.

– Estou em dúvida em ele ter tentado estruprar sua namorada ou em de repente, depois de anos e anos, ele aparecer revoltado por um “problema mal resolvido” – Ele completou sua fala falando bem lentamente como se eu não compreendesse o que ele quer dizer – É estranho, concorda?

– Sim... Eu vi ele e a Katniss no corredor. – Eu falo e ele prende o ar por um segundo esperando minha reação. Quando eu suspiro ele relaxa – E ele estava pedindo perdão, dizendo que não era culpa dele. – Finnick se mantém em silêncio – Estranho, não?

– Quem sou eu para julgar?

– Faz menos de cinco minutos atrás que você estava o julgando. – Finnick passa a mão por seu bigode imaginário e se levanta com movimentos teatrais.

– A consciência humana! O que esperar dessa tão complexa e muita das vezes tendenciosa ao egoísmo, arma para homens ignorantes, arma dos homens que buscam conhecimento, arma daquele que a sabe usar, aponte para sua indecisão se não souber qual opção escolher. Aponte para sua indecisão quem nunca rapidamente modificou seu pensamento. Aponte para você. E se cometeres um deslize, se mate.

– Criou isso agora? – Perguntei enquanto me ajeitava no sofá. Rapidamente ele saiu da sua posição teatral e voltou ao normal.

– Sim, ficou profundo, não?

– Ficou. Interessante você tentar me enrolar de outros modos.

– Tenho sempre que inovar. – E se manteve em silêncio. Notei que ele não iria falar muito sobre o porquê da mudança de opinião, então me sentei na mesa e mexi no computador. Observei as estatísticas da empresa e críticas de revistas.

– Olha! Uma crítica boa da revista X! Eles estão revendendo algumas de nossas roupas.

Vendendo.

– Nós vendemos para eles e eles estão vendendo para mais centenas de pessoas.

– Você está certo como sempre. – Ele bufou e se jogou no sofá.

– Cara, por que você está tão estressado?

– A Annie... Sabe a Annie?

– Imagina.

– Então, ela desmarcou comigo mais tarde por causa de um “compromisso inadiável”.

– E você está inventando coisas sobre esse compromisso, não?

Inventando é uma palavra forte.

– Qual sua teoria?

– Nenhuma... Nenhuma... Só queria que ela confiasse em mim para contar o que raios era esse “compromisso inadiável”.

– Sim, acho que ela poderia ter lhe dado uma justificativa para faltar o encontro. Obviamente se ela estiver num hospital no qual não se possa fazer barulho e somente possa se enviar mensagem não é o suficiente.

– Cara, e se ela tiver no hospital? – Falou assustado.

– Ela não está no hospital...

– Como você sabe?

– Eu não sei... – Ele ficou me encarando por uns 20 segundos esperando que eu falasse alguma coisa.

– Já volto.

– Finnick! – Tentei perguntar para onde ele ia, mas ele simplesmente saiu correndo. O Finnick costuma ser impulsivo na maioria das vezes, então eu to acostumado com esses surtos, embora ele realmente tenha que evoluir – Boa sorte. – Falei como se ele ainda estivesse na minha frente, a porta estava entre aberta e depois de alguns segundos eu vi a Katniss entrando.

– Peeta! – Ela falou e me abraçou – Desculpe, estamos em um ambiente profissional. – Falou e passou a mão por sua roupa, embora não estivesse suja nem amassada.

– Tudo bem. – Sorri para ela e a abracei de volta.

– Você parece mais tranquilo...

– Sim, fico mais tranquilo quando não tenho pessoas incovenientes a minha volta.

– Pessoas incovenientes seria o Gale?

– Pode ser o Homem De Ferro, também. Não iria querer ele na minha empresa porque significaria que teria que salvar alguém e, portanto, iria acabar quebrando toda a agência.

– E você já viu o Homem De Ferro por aqui?

– Muitas vezes. – Sussurro em seu ouvido como se fosse um segredo – Para falar a verdade, eu sou o super amigo dele.

– Uau.

– Mas sim – Me afasto – Quando não é o Homem De Ferro ameaçando quebrar o local, “pessoas incovenientes” me refiro ao Gale.

– Puxa, nem esperava por isso. – Ela começa a rir e eu abro um sorriso pequeno, nada muito extremo.

– Então, onde o senhor Amigo de Infância se encontra?

– Você é extremamente ciumento...

– Por que não está falando com ele?

– Não é como se eu quisesse ficar mais tempo com você. – Ela brinca e me puxa para me dar um selinho – Ou como se eu quisesse ouvir sua voz – E mais um – E olhar nos seus olhos – E mais um – E sentir esse seu cheiro – Ok. Dessa vez eu a puxei para um beijo de verdade.

– Então é pelo que? – Sorrio entre o beijo e ela se afasta, se sentando em sua mesa.

– É porque eu tenho muito trabalho a fazer e não posso ficar perambulando por aí com meu Amigo de Infância.

– Que moça responsável! Quase me senti ofendido!

– É uma pena não ter te atingido. – Ela pisca para mim e eu me aproximo – E o Finnick, ele está mais calmo?

– Na verdade ele não está... Como você sabe que ele estava nervoso?

– Quantas Annies existem por aqui?

– Talvez algumas.

– Não é um nome tão comum assim.

– Mas podem existir algumas.

– Por perto, apenas a Annie que conhecemos, não é mesmo? – Eu balanço a cabeça esperando aonde raios ela quer chegar – O Gale morou aqui quando era menor, e eu lembro de uma Annie parecida com a nossa Annie, porém não tinha essa lembrança tão clara antes.

– Interessante?

– Nem tanto. Você pode estar pensando que eu só estou falando coisas sem nexo. O caso é que o Gale conhece a Annie, e eles eram muito próximos... Pelo que conheço do Finnick, ele devia estar meio “exaltado” já que sai toda noite com a Annie menos, bem, essa...

– Ela desmarcou com ele para sair com aquilo?

– Você é adorável às vezes! Mas não é nada de casal ou algo do tipo, é apenas um passeio de amigos.

– Ela desmarcou com o Finnick.

– Sim, eu sei.

– Para sair com um “amigo”.

– Peeta, ela também tem a vida pessoal dela!

– Você desmarcaria um passeio comigo para sair com um amiguinho seu?

– Eu não chegaria a marcar se fosse para desmarcar depois, acho incomodo.

– Exato! Mas ela chegou a marcar!

– Na verdade não em certo, eles saem juntos toda noite!

– É uma tradição!

É falta de espaço!

Então já que eu te vejo todo dia, eu não te dou espaço? – Pergunto e me apoio na mesa dela – Você quer que eu te dê mais espaço? – Falo debochadamente.

– Não seja sarcástico! Você sabe que eu não me sinto sufocada nem nada do tipo!

– Agora estamos falando sobre sufocar? Eu te sufoco?

– Peeta! – Katniss bufa – Estamos falando da Annie e do Finnick, ok?

– E do Amiguinho de Infância comum de vocês.

– Credo! O que você tem contra ele? – 1) Ele é o ex da garota que eu estou saindo 2) Ele tentou estruprá-la 3) Eu não acredito que ele não tenha tentado estruprá-la 4) Ele me culpou por eu não lembrar que com sei lá quantos poucos anos ele teve que se mudar. Por eu pensar que ele estivesse morto. 5) Ele está seco de vingança por mim, isso é óbvio. 6) Ele é o ex da garota que estou saindo. E isso em si já seria suficiente para eu não querer ele por perto... Mas...

Nada, era só brincadeira. – Começo a rir e dou um selinho nela – Você cai fácil nas minhas pegadinhas.

– Claro, você atua tão bem que nem parece uma brincadeira.

– Obrigada. – Agradeço do modo mais teatral que consigo – Mas só para finalizar o assunto... O Finnick vai pirar.

– Sim, eu sei. – Ela fala tentando transparecer tranquilidade, porém quando olho bem, ela está um tanto preocupada, então eu lhe dou um beijo na cabeça, sento na minha mesa e volto ao trabalho.

Xx

– Vou passar a te dar mais espaço, tudo bem? – Falo com um sorriso brincalhão enquanto levo a Katniss para casa. A neve, hoje, já está derretendo e em alguns galhos ainda é possível ver camadas brancas sobre as árvores.

– Obrigada pela consideração. – Ela fala e solta minha mão para me dar um empurrão.

– Ui. Quer mesmo espaço? Olha que você terá, hein. – Katniss me olha desafiadoramente e empurra meu nariz.

– Entenda, amor, mesmo que você tente me dar espaço, ainda terá que me aguentar diariamente no trabalho. Eu estarei sempre atrás de você. Sempre. – E deu sua risada maléfica. Ela consegue ser bem maluca quando quer.

– Não se eu demitir você.

– Você não faria isso.

– Por que não?

– Porque você não viveria sem mim. – Sussurra – Isso fica como nosso segredinho. Boa noite.

– Você é extremamente atrevida. – Lhe dou um selinho.

– É, eu sei. – E ela entra em casa. Céus! Não acredito que ela venceu a discussão assim! Sem nem notar eu estou batendo a porta da casa dela – Oi?

– Você também não viveria sem mim. Há! – Ela me olha séria e sorri um pouco depois. Então eu saio andando, em mente que venci a discussão.

Enquanto ando pela rua ouço meu celular tocando.

Finnick.

– Alô? – Ele fala do outro lado da linha. Sua voz é aspera como se estivesse com raiva.

Você tá ok?

– Se eu estou “ok”? Não, eu não estou “ok”. Não poderia estar “ok”. Seria muito bom se eu estivesse...

– Ei, eu entendi.

– Ok. Peeta, você sabia qual era o “compromisso inadiável” da Annie? – “Algo como reencontrar um amigo de anos? Imaginava.” Pensei em falar.

Qual era?

– Sair com o novo/velho amiguinho dela. Simples assim.

– Não seja tão ciumento, você sai com ela toda a noite!

– Não seja tão hipócrita, você se sentiria da mesma forma que me sinto se fosse com a Katniss! – Silêncio – Cara.. – Ele continuou – Eu discuti com ela.

– Você o que?

– Ela me falou que eu tinha que ser menos possessivo, que ela tinha vida própria.

– Não discordo.

– Eu falei para ela que se fosse assim ela não deveria ter marcado de sair comigo.

– Também não discordo.

– Droga Mellark! Então os dois estão certos?

– Não diria certos, é algo mais próximo de errados.

Você sabe o que ela fez em seguida?

– O que?

– Atendeu a porta para o amiguinho dela e me deixou lá no quarto dela, largado, sem emoção, sem carinho, sem amor.

– Dramático.

– Com muito drama. Justo.

– Você foi na casa dela discutir com ela?

– Fui na casa dela ver se ela estava prestes a ir no hospital!

– Eu falei que ela não estava no hospital!

– Isso não interessa.

– Continue me contando sobre sua vida tão explendidamente interessante, então.

– Ok, senhor Ironia. Quando ela desceu e atendeu a porta para ele, eu estava observando da janela. Era o Gale, Mellark. Literalmente o Gale Mellark. E ele tentou beijá-la.


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Notas finais do capítulo

Oooi! Eu notei que todas as postagem atrasavam porque o que demorava não era nem se quer escrever o capítulo e sim TANANANANAN pôr a música nele :3 Então estou fazendo um teste. Deixarei sem música por uns meses para ver se eu tomo vergonha na cara e posto no tempo certo. Bem, agradeço também pela paciência de vocês, seus lindos