Masked Archer escrita por Jessie Wisets


Capítulo 6
Casa 12.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Eu vou participar da JMJ então andei meio ocupada. Agradeçam ao meu amigo Ennio por ficar me perturbando pra escrever.
Boa Leitura O3O



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Abri os olhos com a claridade que vinha entrando no quarto. Esfreguei o rosto e olhei para a cama. Não me surpreendi quando vi que Wisets não estava ali. Levantei-me e fui para a cozinha seguindo o cheiro das panquecas de maçã. Quase cai durante a descida na escada. Tive um pesadelo na noite anterior, eu era obrigado a decidir entre salvar minha vida ou a de outra pessoa. O curioso era que a voz que me mandava escolher me era familiar.

Assim que cheguei à cozinha Louise me recebeu. Mas diferente do que pensa ela estava de péssimo humor. A cara toda amaçada e presa em uma careta de poucos amigos, seu cabelo estava bagunçado e as mãos estavam segurando uma xícara de café.  Ela me encarou por um tempo, era o jeito dela de dizer bom dia depois de uma noite de bebedeira.

Olhei para os lados procurando por Wisets. Ela não estava na cozinha, muito menos na sala. Meus pensamentos se perderam quando Louise colocou um prato cheio de panquecas de maçã que tinham acabado de sair do forno. Havia séculos que eu não comia as panquecas de maçã. Sempre pedia para os pratos encantados do acampamento, mas o gosto n era o mesmo, essas tem gosto de tardes de verão.

- Onde está Wisets? – perguntei com a boca cheia de panqueca.

Louise olhou para mim como quem dizia: Eu vou saber? Pesquisa no Google. Quando terminei de comer, levantei e fui à procura de Wisets.  Ela não se encontrava em nenhum canto da casa. Seu arco estava largado na sala, significa que ela voltaria logo.

Sai para o jardim. O sol estava bem forte para o inverno que se aproximava. Olhei pelo quintal e nada de Wisets. Até que algo me chamou a atenção na casa em frente. A casa 12 era mal cuidada, a porta e as janelas estavam lacradas com grandes pedaços de madeira impedindo a entrada de qualquer pessoa ou animal.

Sempre que a procuro, Wisets está nos lugares mais inusitados. Troncos de arvore, sendo imprensada na parede por um garoto, ou sentada na grama alta da casa abandonada. Atravessei a rua e sentei ao lado dela. Seus olhos encaravam a casa com uma expressão que nunca vi antes.

Os olhos, brilhando como diamantes fixos na casa abandonada. Os cabelos ondulados, com um tom castanho chocolate, voando com o vento. Ela abraçava as pernas e apoiava o queixo nos joelhos. Ainda estava com o pijama que Louise a emprestou, a deixava com um ar divertido já que a blusa tinha um porco com orelhas de coelho, e o casaco verde de sempre.

- Você gosta de coisas estranhas viu? – disse rindo.

- Eu ando com você não ando? – ela respondeu me olhando por um segundo.

Rimos por um instante até que ela se concentra novamente na casa.

- Pode me contar uma das estórias? – pergunta – sobre a garota que morava aqui.

Fiz que sim com a cabeça. A estória que eu conhecia dizia que a garota sofria bullying na escola e havia sido maltratada pelo pai, como vingança, ela o matou e fugiu. A polícia não a encontrou, o caso foi arquivado e a casa interditada. Wisets absorvia cada palavra que eu dizia, não demonstrando nenhuma reação. Depois de um tempo Wisets soltou uma risada abafada.

- É incrível onde a mente humana pode chegar. – ela respondeu. – essa estória só esta em parte correta.

- Você conhece a verdadeira? – perguntei.

Wisets se levantou e me ofereceu a mão para que eu levantasse também. Segurei sua mão e dei impulso. Quando tentei solta-la, Wisets a apertou. Não queria soltar a mão dela mesmo. Caminhamos pela grama alta até chegar à porta lacrada. Comecei a dizer um feitiço para explodir a maçaneta, mas Wisets me impediu.

- Você vai estranhar. – ela disse.

Depois começou a atravessar a porta ainda fechada. Quando meu braço começou a passar pela madeira sólida, me senti como um grande balão de hélio. Comecei a me desesperar, e se não funcionasse? E se eu ficasse preso? Como explicar aos bombeiros que eu passei pela porta? Senti a mão de Wisets do outro lado da porta. Joguei-me com tudo contra a porta, como se quisesse derruba-la. Passei com todo o meu corpo e só parei quando trombei com Wisets. Ela segurou meu braço para que não caísse.

- Cara, isso é muito legal – disse rindo. Ela abriu um sorriso de canto de boca.

Olhei para o ambiente ao meu redor. Se a casa aparentava descuido por fora, por dentro era pior. As cortinas estavam rasgadas, o chão de madeira estava podre. O cheiro de mofo era tão forte que meu nariz ficou irritado. As paredes descascavam e os móveis, em sua maioria, estavam rasgados.

Wisets entrelaçou os dedos nos meus e me puxou para subir até o segundo andar. Fiquei meio inseguro de subir aquelas escadas. As madeiras estalavam à medida que eu deixava meu peso recair sobre elas. Ao chegar ao segundo andar entramos em um quarto. Ele era escuro, mas dava para ver que era um quarto de criança. O quarto se diferenciava do resto da casa, ele estava bem cuidado.

- Esse era o meu quarto – disse Wisets.

Meu queixo caiu. Eu tentei bota-lo no lugar, mas não consegui. Wisets era a garota da estória? Como assim? Eu não me lembro dela na vizinhança. Recompus-me e fiquei ali parado tentando digerir as informações. As estórias que eu escutava... Eram todas sobre Wisets?

- Quer que eu te conte? – ela perguntou.

- Mas é lógico – respondi.

Sentamos no chão empoeirado e ela começou a me contar.

- Eu tinha uma irmã mais velha. Éramos muito ligadas. A mãe dela faleceu no parto e eu nunca havia conhecido a minha, isso nos aproximou. Um dia nós brigamos, não lembro o motivo, mas foi uma briga feia. Eu fiquei tão irritada que imaginei coisas horríveis com ela. Pensei nela cortando a pele com uma faca. E foi o que ela fez. Até então não sabia sobre eu ser semideusa essas coisas. Consegui faze-la parar, mas ela ficou agindo estranho. Começaram a suspeitar de Bullying na escola. Depois de um tempo ela se matou. Não conseguia ficar aqui sabendo que ela ter se matado era culpa minha, então resolvi fugir de casa.

Se meu queixo tinha caído antes, agora ele despencou. Agora entendi o receio dela em vir para Denver. Apertei sua mão. Wisets de repente ficou tensa.

- Gás... – ela disse com olhos arregalados.

- O que? – perguntei.

- Louise esta em perigo. – ela respondeu alarmada.

Corremos escada abaixo. Wisets tomou à dianteira e nos fez passar pela porta. Corremos pelo gramado alto até chegar à rua. Wisets parou e soltou minha mão.

- Você fica aqui e eu vou busca-la – ela disse.

- Você bebeu? –perguntei – ela é a minha irmã, eu não posso ficar parado aqui.

- Eu vou encontra-la mais rápido. Consigo sentir a pulsação do cérebro dela. – ela disse – Ela é especial pra você assim como a Nancy era pra mim. Não vou deixar ninguém especial pra você se machucar.

Os olhos dela brilhavam com convicção. Eu assenti com a cabeça. Wisets sai correndo em direção à casa. A última coisa que vi foi ela passando pela parede de tijolos com seu casaco verde. Fiquei observando a casa pelo que pareceram ser horas até que eu visse uma movimentação. Alguém saia pela parede. O casaco verde ia saindo, mas não era Wisets.

 Após passar pela parede Louise caiu como um boneco murcho no chão. Corri até ela e a puxei para afastá-la da casa que tinha um cheiro forte. Abanei seu rosto para que respirasse melhor. Ela me encarava com os olhos arregalados e tossia muito.

- O que aconteceu? - perguntei

- Garoto... Espada... – ela respondeu

Garoto? Espada? Isso não faz sentido nenhum. Foi quando senti algo pesado no meu bolso. Na noite passada eu havia encolhido a espada que roubamos de Rick para poder carrega-la melhor. Ele veio atrás da espada. Ele causou o vazamento de gás. Ele está lá dentro sozinho com Wisets.

Levantei e peguei o casaco de Wisets. Se tem uma coisa que eu admiro em minha irmã, é que ela sempre carrega o celular, mesmo dentro de casa. Pedi para que ela ligasse pro socorro. Quando comecei a correr em direção a casa. Um clarão vazou pela janela seguido de uma rajada forte que me empurrou para trás.

A cozinha explodira em chamas. Levantei e corri novamente. Assim que estava dentro da casa, pude ter um gostinho de como seria os campos da punição. O lugar ardia em chamas vivas, a temperatura estava tão alta que parecia verão, a fumaça tampava parcialmente minha visão. Cobri meu rosto e comecei a vasculhar a cozinha procurando por Wisets.

Seu corpo jazia ao lado do balcão da cozinha. Inerte. Abaixei e a coloquei em meus ombros. Fiquei com medo do casaco apenas funcionar com duas pessoas quando Wisets estivesse usando. Precisava arriscar.

Lancei-me em direção à parede. Perdi o equilíbrio e capotei na grama lançando Wisets longe. A ambulância dobrou a esquina quando me aproximei de Wisets. O rosto estava sujo de fuligem. O braço direito estava virado em um ângulo nada amigável.

Os paramédicos a colocaram numa maca e a levaram para a ambulância. Deram atendimento à mim e à Louise. Enquanto Louise explicava para um policial, que fazia ronda pela rua, o que havia ocorrido, fui para o hospital com Wisets.


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Notas finais do capítulo

e ai oq acharam?



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