Masked Archer escrita por Jessie Wisets


Capítulo 7
Estilo Wisets


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Desculpem a demora.
Boa Leitura O3O



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Demoraram séculos para que eu pudesse encontrar Wisets, pelo menos aparentou ter se passado séculos. Assim que chegamos ao hospital, Wisets foi levada de maca até a sala de emergência. Os enfermeiros não me deixaram entrar, segundo eles, tinha que tratar de meus próprios ferimentos.

Sai da enfermaria com um band-aid enorme na bochecha. Guiaram-me por um corredor até a sala de espera. Fiquei horas lá. Assim que o médico de Wisets passou pela porta, que levava a zona de emergência, corri para falar com ele. Ele apenas sorriu e me guiou até a recepção, onde ganhei um crachá de visitante.

Agradeci e entrei na zona da emergência. Fui passando pelos corredores, olhando pelas janelas que tinham nas portas. No sétimo quarto eu encontrei Wisets. Abri a porta tentando fazer o mínimo de barulho possível.  Caminhei até a poltrona e me sentei ao lado da cama, como fiz na noite anterior.

Ela estava dormindo. Seu rosto tinha escoriações e um corte na testa. Seu braço direito era o pior, estava engessado. Sem o braço direito não poderia atirar com o arco. Tínhamos uma arma a menos e Wisets estava ferida. Essa última parte, para mim, era irrelevante. Prometi que iria protegê-la, e vou cumprir.

As cortinas estavam fechadas, impedindo a luz de entrar. O quarto era de um lilás claro. Alegre, porém macabro se pensar bem. Afinal, todos que estiveram ali, estavam doentes, machucados ou à beira da morte. Fiquei olhando para Wisets. Seu braço estava conectado no soro, mas fora isso tinha apenas os curativos.

A enfermeira entrou para trocar os curativos e eu sai do quarto. Sim sou um semideus com nervoso de machucado, podem me processar.  Já que estava do lado de fora resolvi fazer um lanche. Sentei e pedi um salgado e um refrigerante. Comecei a devorar meu lanche.

O refeitório estava demasiadamente quente. Foi ai que eu reparei que ainda usava o casaco de Wisets. O casaco tinha o cheiro de livros recém-comprados. Senti algo no bolso interno. Retirei de dentro do bolso um pequeno pacote. Claro que achei errado eu estar mexendo nas coisas dela, mas a curiosidade foi maior que a razão. Abri o pequeno pacote e me assustei.

Dentro tinha um grande bolo de dinheiro. Pareciam ser milhares de dólares. Não pude deixar de pensar em como ela conseguira esse dinheiro. Ou em porque ela viver nas ruas se com esse dinheiro ela poderia viver muito bem. Se ela escondia aquele dinheiro, deveria ser para algo importante, mas não imagino para o que seria.

Levantei do refeitório e entrei no quarto novamente. Wisets estava acordada desta vez. Não pude deixar de sorrir. Caminhei em sua direção e comecei a acariciar seus cabelos. Ela abre um sorriso fraco pra mim. Sinto como se ainda estivéssemos no quarto de visita, ela dormindo e eu segurando sua mão. Essa teria sido uma ótima continuação.

- Você mentiu. – digo. Seus olhos se arregalam – Disse que ninguém especial para mim iria se ferir. No entanto, você se feriu.

Aquilo simplesmente saiu da minha boca. Quando tentei segurar já era tarde demais. Senti meu rosto corar, e o de Wisets estava ficando rosado.  Ela sorriu e segurou minha mão. Ficamos assim por um tempo. Um olhando para o outro.

- Se importa de pegar água pra mim? – ela pergunta.

- Você sabe que não – respondo.

Levanto e caminho até o mini freezer. Pego um copo e encho de água. Quando viro para caminhar novamente até a cama, vejo Wisets retirando a agulha do soro. Corro tentando não derramar a água. Ela já havia tirado a agulha, o soro agora pingava no chão.

- O que pensa que esta fazendo? – pergunto.

- Já te disse que não gosto de ficar presa. – responde sem me dar muita atenção. – sem falar que eu estou muito bem.

- Você é maluca? – grito.

- Maluca não. Original sim – ela responde passando por mim.

Convivo tempo o suficiente com Wisets para saber que ela não vai mudar de ideia. Pego as mochilas e a sigo. Algumas pessoas nos encaram, deve ser por causa do arco de Wisets.

Sinto minha sobrancelha direita tremer. Isso só acontece quando algo vai acontecer. Olho para Wisets. Acelero o passo e começo a caminhar ao seu lado. Tento me concentrar no caminho, mas é impossível. Minha cabeça esta como a de uma coruja, girando 180°. Saímos do hospital e sinto que algo está nos observando.

Assim que botamos o pé na rua, algo passou zunindo por meus ouvidos. O vento criado pelo objeto indeterminado foi tão forte, que jogou a mim e a Wisets no chão. Levantei a cabeça e vi um vulto preto criando um semicírculo no ar. Um pássaro gigantesco dava voltas no ar se preparando para o bote. Ethon. Era uma ave gigantesca. Nos tempos antigos era responsável por torturar Prometeu. Por que ela está aqui? Por que está nos atacando?

Ele começou a descer em uma velocidade alarmante. Meu extinto não foi usar magia, e sim afundar a mão em meu bolso. Puxei a espada esquisita de Rick e ela cresceu em minha mão. O peso era ideal, a lâmina parecia afiada. Sentia-me invencível, incrível, nada poderia me parar. Ethon mergulhou e eu o acertei com a parte plana da lâmina.

- Vem com tudo, urubu gigante! – gritei

O pássaro recobrou seu caminho. Corri em sua direção. Gritava como um bárbaro. Uma sensação incrível. O pássaro apenas voou por cima de mim e foi em direção a Wisets. Seu arco ainda estava em minhas costas, ela só tinha as flechas. Não conseguirei alcança-la.

- Corra! – gritei

Wisets respirou fundo. O pássaro se aproximava cada vez mais. Então Wisets se moveu. Com o braço engessado acertou o animal no pescoço e o jogou na parede. Segurando em seu pescoço o enforcava. Aproximei-me e cortei sua garganta. Nunca me senti tão impotente. Se ela não fosse a Wisets... Já teria perdido o fígado. Do pássaro apenas restara o pó dourado.

Wisets me encarou. Seu olhar alternava entre a espada e meus olhos. Senti-me um bárbaro. O grito não era meu, era o poder. Gostava de me sentir poderoso. Uma vez na vida eu havia sido invencível, e a sensação era ótima. Se usasse essa espada sempre, poderia derrotar todos os monstros. Seria como Wisets. Tão poderoso que me tornaria uma ameaça para o Olimpo.

Perdi o rumo dos pensamentos quando Wisets apertou a mão que eu segurava a espada. Meus olhos encontraram os dela, tristes e... Preocupados? Em minha mente escuto ela fala. “Não fique igual a ele”. Ela retira a espada da minha mão. Sinto-me mais leve, a raiva se foi. Wisets me abraçou e apertou as costas do meu casaco.

- Não quero que fique igual a ele – ela diz

- Eu não vou – abraço-a de volta.

Não sei a quem ela se refere, mas deve ser a uma pessoa ruim. Se ela não quer que eu fique assim, como essa pessoa, eu não ficarei. Senti-me novamente sendo observado. Mas eu estava com a Wisets, não me importo.

.

.

.

No fim da tarde eu já havia estado com minha irmã. Ela estava bem, apenas um pouco mais maluca que o normal. Ela resolveu pagar uma viagem para nós. Com essa passagem chegaríamos a Saint Louis. Estaríamos mais próximos de Nova York. Então me ocorreu que, talvez Wisets não fique no acampamento. Sentado ali no ônibus, me senti pela primeira vez preocupado. Como uma pessoa recusaria ir para o acampamento? Será que ela já se decidiu?  Ela vai ficar?

Ela estava sentada no banco ao meu lado, mexendo no gesso. Tive uma ideia brilhante, pelo menos para mim. Segurei seu braço e desenhei no gesso usando meu dedo. Uma luz multicolorida brotou no gesso. Comecei a desenhar. No final, havia desenhado a vista do acampamento, a partir do pinheiro de Thalia.

Acho que ela gostou do desenho. Nunca desenhei muito bem, mas a magia te ajuda em algumas coisas. Uma delas com certeza é impressionar uma garota. Wisets encostou a cabeça no meu ombro. Passei meu braço por trás de sua cabeça, e comecei a brinca com os cachos castanhos. Não demorou para que ela dormisse. Fiquei ali pensando nas minhas perguntas filosóficas. Por fim adormeci.

Tive o mesmo sonho. Tinha que escolher entre duas pessoas quem iria morrer. Minha mãe apareceu nesse sonho, com seu manto marrom. Disse que tinha de escolher, meu tempo estava acabando. Teria de escolher entre A e C. Não entendi ainda o que isso significa. Obrigado mesmo mãe por mais essa duvida. Talvez um tipo de teste. Por que semideuses não podem simplesmente ter sonhos normais?

Wisets se mexeu o que me fez acordar. Seus dedos estavam entrelaçados aos meus. A ouvi murmurar uma única palavra. Baixo, mas claro. Não sei ao que se referia. Sim, gostaria de descobrir, não eu não vou deixar de tentar descobrir. Ela murmurou a palavra mais uma vez. Desta vez, mais alto. Ela disse uma palavra. Deu-me mais uma duvida.

Talvez. Talvez. Talvez.


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