. Shen me puxa para um abraço, colocando minha cabeça junto á seu tórax, com uma mão em meus cabelos e a outra envolvendo meu pescoço.

- Por favor... Me diga que é mentira!...- Sussurro, em voz quase inaudível. Ele continua calado, afagando meu cabelo e distribuindo alguns beijos leves sobre minha cabeça.

-... Vamos entrar... Não é seguro ficar aqui fora nessa chuva!- Ele fala, depois de vários minutos, se levantando e me ajudando a fazer o mesmo. Estou meio tonta devido á noticia, quase não consigo ficar de pé. Ele me carrega em seus braços, sobe os três degraus que separam a casa do chão, abre a porta e me deita em um conjunto de almofadas no canto da sala, se ajoelhando á minha frente e voltando a afagar meu cabelo.

- Calma... Vai ficar tudo bem...Eu prometo!

-... Por que está fazendo isso??

- O que?

- Eu deveria estar te ajudando, te apoiando nesse momento difícil, mas eu não estou!! Me sinto tão... inútil!!

Ele abaixa a cabeça, trazendo sua mão levemente para meu rosto.

- Akali... Quando você for inútil... Eu juro pela alma de meu pai que me entrego para Noxus!

Ele se aproxima, apoiando as mãos em duas almofadas, uma de cada lado, e pressiona seus lábios contra os meus para um rápido beijo. Isso já havia acontecido entre nós algumas vezes, curtos beijos amigáveis apenas para melhorar o humor e dividir nossa confiança. Ele se afasta lentamente, ainda de olhos fechados, abrindo-os logo em seguida e fitando os meus. Um pequeno sorriso brota em meu rosto, ao vê-lo, ele retribui, se levantando e pegando uma toalha e jogando-a para mim em seguida.

- É melhor você tomar banho e colocar roupas secas!

Balanço a cabeça em concordância, me levantando do monte de almofadas e indo em direção á meu quarto.

- E você, aonde vai? – Pergunto, erguendo uma sobrancelha, entrando no pequeno cômodo onde durmo, que possui apenas uma cama, um armário e um pequeno criado mudo.

- Vou falar com Karma, procurar informações sobre o ser maléfico que nos rodeia!

- Hm. – Murmuro- Pelo menos coma algo antes de ir! Deixei uma tigela de rámen pra você na cozinha!

- Obrigado, formiguinha! – Ele diz, sorrindo de um modo que eu nunca havia visto antes. Ouvir o apelido faz minhas bochechas arderem e corarem, ele ainda se lembra do episódio de nossa infância no qual vesti roupas antigas de minha mãe, que, segundo muitos, pareciam com uma fantasia de formiga. Fiquei conhecida como formiguinha por maior parte dos moradores, era um apelido carinhoso que eu adorava. Mas eu cresci e as roupas não cabiam mais, então tive que substituí-las por roupas do mesmo estilo, mas verdes e com mais detalhes. Fico em silêncio por um tempo, apenas escolhendo as roupas que iria usar para a cerimônia de Takanu mais tarde. Escolho um conjunto de roupas vermelhas e brancas, o mesmo que usei no festival da Lua Sangrenta no ano passado. Pego a toalha e as roupas e vou tomar um banho. Sinto a água quente da pequena banheira trazer de volta um pouco de alegria e conforto. Após dez minutos, saio do banheiro já com a vestimenta para a cerimônia. Vejo que estou sozinha em casa, a tigela onde havia o rámen que eu deixara para meu parceiro estava vazia, em cima da mesa. Me sento novamente na pilha de almofadas, caindo no sono alguns minutos depois.

Abro os olhos, com muita dificuldade. Minha visão turva me permite apenas ver uma pessoa, que parecia ser Shen, ajoelhado á minha frente, de cabeça baixa, cobrindo os olhos com o braço direito, provavelmente para tentar conter as lágrimas que desciam pelo seu rosto. Sinto uma lâmina gelada pressionada contra meu pescoço, o sangue que escorre do mesmo mancha minhas roupas e cai, gota por gota, no cimento do chão. A mão da pessoa que está com a arma me segura com força pelos braços, atrás de minhas costas.

- Você não pode proteger a todos, Shen! – O ser desconhecido começa.- Não pôde nem proteger ao seu próprio pai! Esta alma será apenas mais uma na coleção!

A lâmina se pressiona rapidamente e com força em meu pescoço, cortando-o de modo certeiro, no momento que acordo do pesadelo, soltando um grito sonoro. Arregalo os olhos, tudo á minha volta parece assustador, me sinto tão pequena e fraca que qualquer um que entrasse aqui com intenção de me matar teria seu desejo realizado facilmente.