Alvo Potter E O Mensageiro De Boráth escrita por Amanda Rocha


Capítulo 22
O Mensageiro de Boráth


Notas iniciais do capítulo

*o*
Como assim o Mensageiro de Boráth, meu Zeus???? Pois é, cambada, a história tá indo pra reta final... Não exatamente no fim, porque tem muita trama pra ser desenroada ainda, mas tá chegando lá...
Enfim, vamos ler que esse capítulo promete :33



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Alvo Potter se arrependeria de muitas coisas em sua vida, mesmo anos depois. Mas uma das coisas que mais se arrependeu de ter feito fora deixar o irmão e ir com os embarcadores.

Você pode achar que ele fora realmente estúpido por entrar assim num navio estranho com pessoas estranhas com um objetivo estranho. Mas, para ser justa, Alvo estava desesperado. Perder a irmã e o melhor amigo já é uma coisa horrível, agora, descobrir que isso aconteceu por sua culpa é de arrasar. E ele estava começando a ficar frustrado com a pressão de saber que um exército inteiro de bruxos estava vasculhando o mundo sem nenhuma instrução. Outra razão que explicaria essa loucura também pode ser a hora em que ele decidira sair do castelo. Meia-noite não é uma hora comum, todos sabem, não podemos esperar coisas normais quando saímos de casa à essa hora. Alguns dizem que quando o relógio bate à meia-noite, uma parte de nosso cérebro automaticamente liga isso a uma pequena euforia que te faz fazer coisas que você obviamente não faria em seu estado normal. Mas são só teorias, é claro.

Logo depois de embarcar, o capitão os levou para a sala principal do navio, onde resolviam todos os “planos estratégicos”. Era uma sala bem pequena, na verdade. Havia apenas uma mesa de centro, algumas cadeiras, uma estante cheia de pergaminhos e corrimãos no teto, para caso o mar estivesse agitado. O capitão Jones pareceu um tanto quanto desconfiado quando notou que os garotos não sabiam absolutamente nada sobre os negócios dos embarcadores, mas – as crianças perceberam logo – era só mencionar Hector que ele balançava a cabeça, revirava os olhos e mudava de assunto. Isso foi um pouco complicado, pois Alvo, ao ver que tanto Rosa quanto Scorpius estavam começando a ficar frustrados com o fato de não saberem onde iriam parar, tentou de todos os jeitos descobrir onde ficava o fim da linha. Obviamente, não obteve sucesso, pois os embarcadores eram sigilosos demais quanto à isso. No fim, tudo o que conseguiram descobrir foi que os embarcadores eram, na verdade, uma espécie de piratas.

– Então vocês se chamam embarcadores porque...? – perguntou Alvo à Maria, uma embarcadora muito simpática. Ela vestia um colete de couro por cima de uma blusa comprida e surrada que um dia já foi branca, mas no momento estava amarelada. Suas calças eram enormes, e ela usava botas de caça. Era uma das poucas mulheres que havia entre eles. Era alta, negra, de cabelos pretos e lisos, magra e com uma expressão vivida no rosto.

– E o que você queria, que nos chamássemos de contrabandistas? – disse ela, rindo. Depois apontou discretamente para o capitão Jones, que observava o mar com sua luneta, num canto mais afastado dos demais. – Não foi sempre tão mal-encarado desse jeito. Nenhum deles foi. A maioria ficou assim depois do que aconteceu quatro anos atrás. Sabem o que aconteceu, suponho.

– Não – responderam Alvo e Scorpius.

– Sim – disse Rosa, rapidamente. – Saiu no Profeta. Mamãe teve um trabalhão lá no Ministério, tiveram que regulamentar pelo menos uma dúzia de leis.

– É, com certeza tiveram – concordou Maria, num tom mais baixo. – Nossos negócios eram secretíssimos até então. Ninguém sabia dos embarcadores. Quero dizer, sempre houveram os desvirtuados, mas faziam negócios simples, entendem? E trabalhavam sozinhos também. Quatro anos atrás tínhamos um traidor entre nós. Sujeitinho estranho, se querem saber... O pior é que o capitão Jones deu sua palavra de que o rapaz era confiável. Mas nos traiu assim que teve a primeira oportunidade. Perdemos metade da tripulação após isso, todos em Azkaban. Desde então usamos o Hector como único guia. A palavra dele é lei, mesmo que não entendamos para que ela significa. Como no caso de vocês.

– É, acho que nem eu entendi o que Hector queria mandando a gente para cá – murmurou Alvo.

Maria lhe lançou um olhar desconfiado, depois deu de ombros e desapareceu pelo convés. Alvo enfiou as mãos no bolso e se debruçou na proa do navio, sentindo os respingos salgados do mar molhando o seu rosto. Suspirou e se concentrou nas ondas que quebravam com força de encontro ao casco forte logo abaixo.

– Ainda não acredito que fez isso – disse Rosa, encostando-se de costa na proa, ao lado de Alvo.

– Eu disse que já tinha decidido, viria de qualquer jeito – respondeu Alvo, sem olha-la.

– Não falei disso – contrapôs Rosa, o encarando. Alvo fez força para não olha-la e fixou o olhar nas ondas. – Falei de deixar o Tiago. Ele vai matar você!

– Ele vai ter que entrar na fila – retrucou Alvo.

Scorpius, que estava observando os dois em algum ponto ali perto, ao ouvir aquilo, deu um muxoxo e foi andar perto do mastro dianteiro.

– Já disse que fiz isso pelo meu pai – esclareceu Alvo, notando que Rosa continuava olhando para ele esperando por uma resposta. – E por ele mesmo. É perigoso, Rosa, você mais que ninguém sabe disso. Tem dito isso desde que deixamos o castelo.

– Mesmo assim, ele vai ficar nos procurando e quando não achar o que vai fazer? Contar ao Neville! – exasperou-se Rosa.

O garoto, por incrível que pareça, estava conseguindo manter a calma.

– Vai contar que desaparecemos em mar aberto, ele não sabe pra onde vamos – contrapôs Alvo. Depois suspirou. – Nem nós sabemos...

Rosa o encarou, o cenho franzido. No exato momento em que abriu a boca para soltar o que com certeza seria uma chatíssima lição de moral sobre o bom censo do que é certo e o que é errado, a sirene tocou. Esta sirene significava que era hora do almoço, e que todos os embarcadores deveriam se reunir na última sala do navio, a sala de armazenamento de alimentos. Os garotos foram proibidos de almoçarem lá, pois a tripulação costumava discutir os planos super confidenciais das entregas que faziam. Deste modo, eles tinham que ficar no convés dos canhões, onde mal havia espaço para os três se locomoverem porque, como o nome já sugere, era atulhado de canhões.

Entraram nesta sala, onde Malfoy já esperava impaciente em um canto. Se não fosse pelo pouco espaço que tinham, Alvo jamais ficaria tão perto do loiro, ainda mais quando este estava morrendo de fome, que era quando ficava mais insuportável.

Os três se ajeitaram por trás de uma pilha de caixotes cheios de balas de canhão, e se espremeram contra a parede oposta. Era realmente mal iluminado ali, as únicas luzes eram os furos no teto que davam para o andar de cima. A sala também fedia à mofo, como se ninguém viesse àquele local há anos.

– O que exatamente eles contrabandeiam? – perguntou Alvo, apenas para quebrar o silêncio, porque ficar encarando a cara emburrada de Malfoy não era bem o passatempo mais animado do mundo.

– Lágrimas e penas de fênix, acredito – respondeu Rosa, com a testa franzida. Depois, ao se dar conta do que acabara de dizer, deu um suspiro e enterrou a cara nas mãos. – No que eu fui me meter...

Scorpius a olhou, irritado, e revirou os olhos.

– De qualquer jeito – prosseguiu Alvo, ignorando o loiro. – Não parecem tão... Bom, não são o que se imagina de contrabandistas, são?

– Se você está querendo dizer que eles são simpáticos eu juro que enfio minha mão na sua cara – resmungou Rosa.

– Qual é, eles nos deram carona – contestou Alvo, disposto a não ser tão pessimista em relação àquilo tudo.

– Por causa do Hector! – retrucou Rosa, ainda sem tirar a cara das mãos.

– E daí? Nós nem sabemos quem é Hector! – rebateu Alvo.

– É, mais uma na lista de coisas que não sabemos... – resmungou Scorpius.

– Olha, ninguém te obrigou a vir... – Alvo começou, impaciente, mas o garoto logo o interrompeu:

– Não disse que você me obrigou, Potter – sibilou ele.

Scorpius encarou Alvo, irritado. Mas, após fita-lo por um tempo, Alvo percebeu que não era irritação, era frustração. E, por um momento, percebeu que Scorpius estava lá pelo mesmo motivo que ele: tentando salvar alguém que amava. Era um desespero que ele entendia.

– Ele desapareceu quando? – perguntou, recostando-se na parede, para não precisar olhar nos olhos de Malfoy e tornar a situação ainda mais constrangedora.

Não houve resposta.

– O seu pai – tornou Alvo.

– Não é da sua conta, Potter.

– Já sei que ele sumiu, ok? – Alvo disse, aborrecido. – Todos sabem que ele é um... Bem, um...

– Cala a boca! – Malfoy exclamou, como se Alvo tivesse lhe dito uma grande ofensa. – Cala a boca, você não sabe de nada!

E virou o rosto para o lado. Rosa desenterrou o rosto das mãos e lançou um olhar confuso para Alvo, que franziu o cenho e deu de ombros. Mal tiveram tempo para discutir aquilo por olhares, pois no instante seguinte algo extraordinário aconteceu.

Com um estampido e um clarão, Brubock apareceu em um canto no extremo da sala.

– O que diabos...? – exclamou Alvo, levantando-se de sobressalto.

– É bom ver o senhor, Sr. Potter – cumprimentou ele, guardando o enorme medalhão no bolso. Ele andou apressado até os garotos e deu um aceno rápido para Rosa e Scorpius, voltando-se para Alvo logo em seguida: - Sabia que viria, sempre faz escolhas corajosas. Mas não temos muito tempo, quando chegar ao fim da linha, procure por Marchand Bernard, ok?

– Como é que é? – disse Alvo, confuso. Depois lembrou que não deveria se deixar levar, e sim aproveitar antes que o garoto evaporasse. – Olha, eu fiz o que você disse, embarquei com esses caras, pode pelo menos me dizer se eles vão me levar até a minha irmã e o Carlos?

Brubock fitou Alvo com aqueles olhos tão sábios para um garotinho de seu tamanho, mas não disse nada.

– Eles vão me levar? – repetiu Alvo, um pouco mais autoritário.

– Te levarão ao fim da linha – respondeu Brubock, apenas.

– Onde fica isso? – perguntou Alvo, urgente. – Olha, tem que me dizer, a minha irmã ela... Ela e o Carlos estão nessa por minha causa, tem que me ajudar a encontra-los, tem que ajudar a chegar até eles...

– França, fica na França – interrompeu Brubock, rapidamente.

Alvo o fitou por uns bons dois minutos.

– Você disse que fica...

– Na França – confirmou Brubock, um tanto que apreensivo. – É o fim da linha.

– Então você quer dizer que estamos indo... – começou Scorpius, que ainda não havia entendido.

– Pra França, idiota, foi o que ele disse – cortou Rosa. Depois voltou-se para Brubock, preocupada: - Então é França?

– França – repetiu o garoto.

– Temos o trabalho de História da Magia para entregar na terça! – guinchou Rosa, desesperada.

Alvo e Scorpius a olharam, incrédulos.

– Estamos indo pra França e você aí preocupada com o trabalho?! – exclamou Alvo, aborrecido.

Rosa cogitou essa ideia por um momento, mas aí ficou mais desesperada. Scorpius deu um muxoxo, e sentou-se contra a parede, o rosto escondido nas mãos. Alvo bagunçou os cabelos, se segurou para não gritar, e fez de tudo para manter a calma.

– Tudo bem... Tudo bem... – ele disse. Depois viu que ainda não havia se convencido totalmente, então achou melhor repetir: - Tudo bem... Ah, droga, eu tô completamente ferrado!

Brubock soltou uma risada totalmente inesperada, como se aquele dilema que Alvo estivesse sofrendo o divertisse.

– Me desculpe, senhor – pediu ele, ainda sorrindo. – É que as gírias que estão dizendo hoje em dia são realmente engraçadas. Ferrado...

Alvo ergueu a sobrancelha, mas não era bem o momento certo para questionar as esquisitices de Brubock.

– Ok, vamos para França. O que disse que eu tenho que fazer, lá? Encontrar um Bernard...?

Brubock, que parecia um tanto que distraído, tirou de dentro do bolso o enorme relógio que carregava e, ao fazer isso, Alvo ficou tão desesperado, pois era isso que o garoto sempre fazia logo antes de desaparecer, que desatou a gritar:

Não, espera, tem que ficar! Tem que nos dizer o que isso tudo significa, quem é você e se é um Comensal! Por que você estaria nos ajudando se não fosse, e por que está fazendo isso, mas toda a vez que você chega você fala umas coisas estranhas e depois sai! Aí eu fico frustrado e o mundo inteiro ganha mais razões para me achar um louco, aí eu vou...

Negócios do Mensageiro de Boráth, senhor, desculpe, é o meu ofício – cortou Brubock, calmamente. Depois olhou assustado para cima e, fazendo uma cara aborrecida, disse: - Depois da batalha o viajante descansa...

E, mal ele terminara a frase, pusera o capuz sobre a cabeça e já havia sumido.

Ele disse Mensageiro de Boráth? – guinchou Scorpius, levantando-se, alarmado.

Mal Alvo pudera reaprender a habilidade de falar, e a porta da sala se escancara. Norton, o embarcador, entrou afobado segurando um papel amassado que sacudia freneticamente.

– Sr. Potter, veja isso! – exclamou ele, apontando para a manchete no jornal. – Você é o mais novo procurado do Reino Unido!


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Notas finais do capítulo

Eu sei que tá pequeno, mas a maioria vai ser assim agora, porque assim pelo menos eu consigo postar no prazo e não fico só enrolando, já que tem muita coisa pra acontecer ainda. Mas então, o que acharam??