Finalmente depois de tanto tempo eu consegui dormir um pouco mais tranquila, mas só um pouco pois o caso ainda martelava em minha mente. Mesmo se eu quisesse jogar tudo para o alto e voltar a ser o que era antes essa voz na minha mente não me abandonaria e eu viveria os resto de meus dias beirando a loucura.

BIP BIP BIP BIP

Mais um dia me foi concedido para viver, se bem que esse modo de viver não é o mais agradável, mas pelo menos eu teria a chance de findar com esse caso.

Me levantei com animo que a muito tempo não tinha, creio que descobrir aquele nome seja o fator que estava dando vida à minha alma, e que saber que logo isso talvez pudesse terminar, fazia meu interior ferver.

Poucos minutos depois de minha análise física adentrei no banho quente, uma das melhores sensações era sentir a água quente se encontrando com minha pele pálida. Um pouco depois sai do banho, eu gostava de ser prática e isso facilitava meu dia a dia corrido. Hoje eu estava com o animo um pouco melhor, resolvi comigo mesma que iria colocar uma roupa um pouco mais arrumada e assim foi feito, minutos depois já estava trocada e como não gosto de maquiagem resolvi não usar.

Fui ao banheiro, escovei os dentes e lavei meus rosto para logo depois reparar que o que Hanna disse era verdade, minha aparência estava horrível, meus cabelos curtos e agora loiros já tinham perdido a tonalidade que eu tanto amava. As pessoas achavam realmente estranho uma adulta ter cabelos coloridos, mas aparência não define caráter.

Sai de casa sem comer nada, estava ansiosa demais e isso estava embrulhando meu estômago. Fui como sempre andando para a agência, além do local ser perto, eu não tinha comprado um carro, parei de fazer planos depois dos acontecimentos, meu único objetivo no momento era desvendar esse caso.

–Oi Ray.

–Bom dia Hanna. - Respondi ela num tom animado que redescobri hoje de manhã.

–Woww em Rachel, tenho que te dar os parabéns você finalmente se livrou daqueles trapos que você chamava de roupas. - Hanna me disse fazendo questão de dar ênfase nos trapos.

Tive a leve sensação (leve como um pedregulho) de que Hanna estava querendo me irritar, e eu não podia me esquecer de parabenizar ela depois, pois ela estava quase conseguindo. Eu sei que estava andando toda descabelada ultimamente, mas não vejo uma grande diferença em trocar meu tênis e moletom surrados por sapatilhas e um sobretudo.

Logo continuei com nossa amistosa conversa matinal.

–Hanna meu amor, eu vou fingir que não escutei uma palavra depois do seu "Oi" e assim poderemos entrar e eu posso pensar em te contar alguma novidade que pode ou não estar ligada aquele caso! - Disse para a loira, no tom mais ameno que consegui usar.

Eu sabia que Hanna era muito curiosa, como toda jornalista, mas só por um pequeno detalhe e esse era que a loira nada discreta, era conhecida na agência como a rainha dos babados, ela costumava dizer que as novidades (fofocas) vinham para ela, como imãs. E era ai que eu ganhava, pois isso com toda a certeza me ajudaria com aquele suposto nome Alcock.

–Hum... novidades é? - Como pensado ela mordeu minha isca perfeitamente.

–Sim ... Sim e você vai adorar!!

–Desembucha logo Rachel! - Ela disse enquanto entrava no prédio.

–Eu te falo na minha sala, é sobre aquilo. - Disse enquanto acompanhava ela.

–Okay, então vamos logo!

Disse isso pondo fim em nosso dialogo. Subimos os andares para chegar em nossa agência, no caminho fomos conversando coisas banais do dia a dia. Quando adentramos na agência, fui logo procurar Andrew com meus olhos, varrendo cada canto possível, mas não o achei e isso era uma péssima notícia pois ele me ajudaria com as novidades do caso. Tento até dar um palpite de onde ele deve estar - parou em uma lanchonete ou tem promoção no Barbecue of God– provavelmente uma das duas.

–Vamos logo Ray, o And não vai chegar tão cedo. - A loira disse já me puxando (arrastando).

–Calma Hanna não pre...... - Tentava acalmar os ânimos dela, mas foi em vão pois fui interrompida.

–Rachel preciso falar com você, a quero em minha sala em 15 minutos. - Richard me disse e percebi que ele usava um tom realmente preocupante, é notícias boas não estavam por vir.

–Nossa, o que será que ele quer falar de tão urgente?- Hanna se virou para Richard enquanto o mesmo voltava para sua sala, não só eu mas como toda a agência sabíamos o quanto Richard era calmo.

–Vou descobrir daqui apouco. -Disse a ela em um tom preocupado.

Toc toc toc

Eu estava lá, em frente a porta do meu chefe e com uma sensação nada agradável.

–Entre. - Ele disse em seu casual tom calmo.

–Sou eu, o senhor me disse que gostaria de falar algo importante. -Certo além de meu estômago estar revirando não só por fome, alguma coisa martelava em minha mente, como um aviso de um acontecimento ruim.

Dito e feito, logo depois que entrei na sala e encostei a porta, Richard me bombardeou com uma notícia.

–Rachel as coisas não estão boas. -ele disse com aquele tom apreensivo- Nós não poderemos continuar com o caso dos Olhos Vermelhos - disse pelo que eu achei que seria o fim, mas então ele continuou- O DP nos mandou uma mensagem, que está cortando todo e qualquer patrocínio e tirando nossa ajuda, nem eles mais querem saber do caso Rachel, ele não pode simplesmente ficar em aberto, enquanto uma de nossas funcionárias fica brincando de Sherlock Holmes.

Game Over, é acabou, ferrou. Ainda custava a acreditar que me tiraram o caso, tiraram a chance de fazer justiça. O que diabos aqueles desgraçados do DP tem na cabeça para fazer isso. Eu estava indignada.

–Mas que diabos Richard, eles podem mesmo fazer isso? - Pelo meu tom de voz, creio que ele percebeu que eu estava brava e irritada, mesmo sendo meu chefe ele era meu amigo e entendia o porquê de minhas reações.

–Eles podem e fizeram, porque você acha que o Andrew não esta aqui agora ? Anthony me ligou mais cedo informando o acontecimento e de quebra disse que o senhor sorriso não havia ficado nada feliz com as medidas do DP.

Não sei se ele disse isso para me deixar menos nervosa, mas não adiantou, eu ainda estava indignada com tudo isso.

–Por favor, me diz que a agência pode continuar com o caso sem a ajuda do DP ? – Obviamente eu sabia o que ele iria dizer e isso tornava a pergunta um tanto quando idiota.

–Você sabe a resposta, não deixe as coisas mais difíceis. - Ele falou em seu habitual tom calmo.

–Por favor, nós precisamos disso, eu sei que vou desvendar isso, eu te imploro preciso da ajuda do Noah e da Hanna agora mais que nunca! –Tentei implorar no meu melhor tom pidão, o que eu devia ter suspeitado que iria ser em vão.

–Eu queria poder dizer que sim, eu acredito em você, mas eu não sou o dono daqui e você sabe disso. - Ele disse para mim, pude perceber em seu tom um pouco de decepção.

–Nós não podemos fazer nada, certeza de como 1+1 é 2? -Eu sei que minha suposição foi horrível, mas eu estava desesperada e não tinha tempo para sequer pensar no que eu falaria.

–Sinto muito mas não, peço que retire o material de sua sala e volte para sua cabine. -Não importava o que poderia acontecer ele não usava outro a não ser seu tom calmo, porém severo.

–Até a minha sala! Mas isso é injusto eu passei os últimos 6 meses trabalhando nesse caso, isso é injusto com os familiares das vítimas, com a própria vítima e com nós profissionais que trabalhamos nesse droga de caso. -Pronto estourei, usei sobre as ultimas palavras um tom exasperado, que até Richard se surpreendeu.

–Olhe como fala comigo Rachel, acima de tudo sou seu chefe e quero respeito, estamos num local de trabalho e aqui quem manda sou eu!! -Ele rebateu no mesmo tom.

–Me desculpe, eu exagerei, o senhor não tem culpa disso. -Respondi em um tom calmo, porém podia-se notar ironia em minha voz.

–Certo, porém não quero que isto se repita. Enfim o recado já está dado, amanhã quero a sala livre – ele disse enquanto eu me levantava e continuou – Assunto encerrado. - nessas ultimas palavras puder notar os dois sentidos que ela levava.

–Tudo bem, então estou indo arrumar minhas coisas.

Sai da sala dele bufando, pude perceber o olhar de todos sobre mim, e estava claro o porquê, não é todo dia que se vê a Sra.Rachel levar uma bronca (ou o quer que tenha sido) do chefe.

– Rachel o que ele falou? - Hanna logo veio me perguntar o que tinha acontecido lá dentro.

–O caso está encerrado, agora estou livre, isso não é bom? - Estava estampado em minha face que não queria conversa, mas sabia que Hanna era do tipo persistente e não me deixaria em paz até saber o que aconteceu.

–Pela sua cara de quem passar leva facada, isso não foi nada bom. - Hanna podia ser tudo, mas eu sabia que podia contar com ela e ela sabia perfeitamente o quanto aquele caso significava para mim.

–Eu vou ir arrumar minhas coisas na minha ex-sala, preciso tirar minhas coisas de lá o mais rápido possível. -Eu não queria ser grossa com ela, mas realmente não queria conversar com ninguém.

–Esta bem, precisa de ajuda ? - A loira me perguntou.

–Não, eu dou conta! - Disse tentando parecer calma.

–Se você precisar de alguma coisa, eu estou na minha cabine. - Ela me disse e pude perceber um pouco de desapontamento em seu tom.

–Ei Hanna, o que você acha de mais tarde nós irmos jantar fora ? -Perguntei antes que ela rumasse de volta para sua cabine, não podia mais afastar minha amiga desse jeito.

–Pode ser! - Pude sentir a sua animação, fazia um tempinho que não saíamos.

–Certo, já vou indo então. - Disse por fim e parti rumo a minha antiga sala.

Adentrei na mesma e fiquei olhando para tudo e digerindo todas as informações, Era definitivamente um assunto delicado e estranho.

–6 meses jogados fora.

Falei para mim mesma e olhei aquele nome Alcock, não adiantou de nada no final. Olhei de novo e de novo, então uma hipótese veio em minha mente. Claro como não pensei nisso antes. Se a agência não queria o caso, eu mesma daria conta dele, iria ser bem difícil, mas não algo impossível. Estava decidido, iria desvendar esse caso, nem que custasse minha vida.

Eu só não sabia que a cada escolha, cada passo eu adentrava mais na escuridão.