Eu poderia apenas me descrever e falar sobre coisas que ainda não vão afetar em meus relatos. Digo e afirmo que se você acha que nada pode dar errado, está completamente enganado. Poderia falar sobre a vida através dos olhos de uma mulher do século XXI, poderia descrever meus sonhos e também dizer que tinha certeza de que nada iria me impedir de concretizar eles. Mas só quero começar esses relatos falando que bem, se você tem um sonho, desista deles, enterre eles e não se esqueça de pisotear e apagar completamente de sua mente que você tem completo e total controle sobre suas escolhas e sobre seu destino.

Eu me lembrava que naquele tempo minha maior vontade era me formar e encontrar meu suposto amor verdadeiro enquanto lanchava em um parque, imaginava que ele seria lindo e gentil, que saberia me confortar nos momentos tristes e saberia dividir as alegrias do mundo comigo. Mas o destino é realmente muito maldoso e nos faz entrar em ruas erradas em nossas vidas, e quando vemos que estamos trilhando o caminho errado, as vezes é tarde demais para apagar os erros que cometemos.

Naquela época me olharia no espelho e veria uma garota gentil e compreensiva, olharia meus longos cabelos e os pentearia os deixando com um aspecto mais sedoso e feminino.

–Ray olhe só para si mesma, cabelos desgrenhados e a roupa amassada, tudo por causa desse caso, que até o chefe já desistiu.

Fui tirada de meus devaneios por minha amiga e fiel escudeira Hanna, até me lembro de quando entrei na agência ela não foi muito com a minha cara (palavras dela). Mas com o tempo começamos a nos dar bem e veja agora, somo amigas como carne e unha.

–Blo do meu coração, lembra quando eu falei que não iria descansar enquanto não desvendasse o caso dos Olhos Vermelhos? Então por incrível que pareça eu estava falando sério!

–Mas Rachel já se passaram 6 meses, desde que a agência abandonou o caso! E até mesmo a POLÍCIA parou o caso por falta de pistas.

–Hanna por favor, não precisa gritar o polícia. E olha eu estou bem.

–Está? Você já se olhou no espelho? Até um texugo está mais apresentável que você testuda.

–Hahahahahahahaha, olha Hanna se você não me deixar trabalhar eu juro que acho os Olhos Vermelhos e faço ele vir dar um jeito em você.

–Okay Okay baby, trabalhe então ai, sozinha e solitária com essa fixação.

Finalmente, era isso que ecoava em minha mente, depois que peguei esse caso, a solidão começou a ser mais convidativa e melhor para trabalhar, tanto que pedi ao Richard uma sala só para mim, mesmo ele querendo que eu desistisse do caso. Mas vejamos que se conseguirmos pistas cruciais para a polícia, o nome da nossa agência iria subir para os altos padrões, e digamos que todo mundo quer uma graninha a mais no bolso.

–Céus esse cara faz um trabalho prá lá de bem feito, está ficando realmente difícil achar alguma coisa assim.

Outra mania que adquiri quando adentrei neste caso, era falar comigo mesma em voz alta, o único lucro que ganhava era que se estivesse em um dia te TPM juntando com a frustração de não conseguir nenhuma pista, soltava alguns muxoxos e obviamente minha aura não deixava ninguém chegar perto de mim e de minha sala.

Meu celular começou a vibrar e vi que era Hanna me mandando uma mensagem.

"Ray estou indo almoçar, te espero no saguão?"

"Blo vou ficar aqui, estou tentando alguns contatos!"

"Hum..... vou indo então" "Ps: quero minha flor de volta"

Certo tenho que admitir, agir desse jeito e me distanciar estava me matando, mas tudo em nome do trabalho e eu relutava em não me esquecer que meu sobrenome era profissionalismo.

–Mãos a obra.

Disse por fim a mim mesma enquanto me levantava e ia de encontro ao grande quadro que se encontrava na parede. Bem nele estavam contidas informações básicas sobre o caso dos Olhos Vermelhos, pistas iniciais, as vítimas, nome idade e algumas possíveis ligações entre elas. Uma coisa que martelava em minha mente, era que as vitimas entre si não tinham nenhum laço ou ligação, nem moravam na mesma região.

–...................... pensa Rachel, pensa. As seis vítimas não tinham ligação ou contato umas com as outras. Não tinham marcas parecidas ou que se interliguem, nem linhagem sanguínea de alguma família importante.

– Rachel, você está ai a horas e bem já estamos terminando o expediente, você deveria ir para casa, amanhã você continua e eu te ajudo. Além do mais o Anthony não me tirou do DP para nada né.

Nossa, fiquei tão centrada com tudo isso que nem vi as horas passarem.

–Certo Andrew me desculpe se estou te dando trabalho ou coisa do tipo, eu sei que você veio do DP para cá, para me ajudar e sei que quer tanto quanto eu achar o Olhos Vermelhos.

–Ainda bem que você sabe.

Ele apenas confirmou o que eu já sabia e saiu, mas ainda pude escutar.

–Estou te esperando lá fora, e não aceito um não como resposta, as ruas estão muito perigosas hoje em dia para se andar sozinha de noite.

–Já estou descendo, só vou guardar algumas coisas.

E assim fiquei sozinha mais uma vez, eu sei que seriam por poucos minutos, mas de maneira alguma poderia perder mais tempo neste caso. Uma hipótese me veio a minha mente, vejamos os fatos mais uma vez, sem ligações entre as vítimas e nada do tipo mas sempre havia algo estranho nos locais do assassinato, como setas que apontavam para os corpos. O assassino não seria tão burro para só deixar alguma seta, mas ai estava o mais confuso de tudo. Não haviam substâncias e nada nos corpos, só facadas e nada que desse a entender alguma pista.

–Estou ficando louca já.

Disse por fim apagando a luz e antes de sair olhei mais uma vez para os nomes das vítimas tentando entender porquê justo elas, e o motivo de ser justo ela que havia sido morta.

–Rachel vai demorar muito?

–Não! Estou trancando aqui.

Olhei para os nomes mais uma vez. E bingo! Como nunca pensei nisso, os nomes, os benditos nomes poderiam e possivelmente estariam interligados. Voltei para minha mesa e iria dar uma analisada rápida antes que Andrew viesse e me levasse sendo arrastada para o carro.

–Vamos ver assim, pode ser? Hum... formou alguma coisa.

Olhei bem para o nome que havia se formado e bem era um pouco familiar para mim, mesmo que minha mente estivesse em um estado nada bom eu me lembrava ainda algumas coisas do passado.

– Alcock, Alcock! A-L-C-O-C-K . De onde diabos conheço isso ?

–Rachel estou subindo.

– And corre aqui, achei alguma coisa.

Nesse mesmo instante Andrew entrou na sala e olhou para mim com uma interrogação em sua face.

–Venha cá olhe isso.

– .............. Rachel o que é isso?

–Eu não sei, só juntei os nomes em ordem aleatória e suas iniciais formaram isso.

–BINGO BINGO BINGO, finalmente achamos alguma coisa, finalmente poderemos achar quem foi o culpado por tudo isso.

Andrew dizia para mim enquanto me dava um abraço de urso e me rodopiava.

–Sim depois de tudo isso, vamos finalmente retomar a investigação

Realmente a felicidade que reluzia de mim era algo de outro mundo, só não era maior que meu ódio que ainda estava lá pronto para dar o bote quando achasse o culpado por tudo.

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Esse foi o inicio da minha tormenta, e eu que achava que tinha passado pelo pior, nem imaginava no que eu estava me metendo.

Mas não posso me esquecer de uma coisa, depois de tudo isso que contei a vocês não me apresentei formalmente.

Meu nome é Rachel Barnes, sou jornalista investigativa, e tudo foi tirado de mim pelo o dono dos Olhos Vermelhos. E só tinha uma coisa que me alimentava e me instigava cada vez que olhava o quadro com os dados, a vingança. Todo mundo já pensou em desistir de algo, eu mesmo já fui esse tipo de pessoa, mas tudo isso mudou quando tudo aconteceu e minha felicidade foi arrancada de mim, deixando apenas grandes cicatrizes em minha alma já cansada em tão pouco tempo de caminhada.