[Anthony Michael]

O caminho do meio era tranquilo, não teve monstros ao longo do percurso e nada que nos atrapalhasse, exceto a parede invisível que demos de cara várias vezes com ela. Rovena andava quieta e eu sabia que ela pensava em Jace, temia por ele. Mas eu sabia que ele se sairia bem, por mais incrível que eu seja, Jace também tem suas qualidade e sempre foi um exímio guerreiro.

-Está preocupada com o Jace?

-Muito, ele está sozinho e não sabemos o que vamos encontrar. Sabe-se lá que tipo de monstro pode aparecer na frente dele ou coisas assim.

-Pode ficar tranquila Rov, o Jace é um ótimo guerreiro e é muito inteligente, além de que estamos no mundo subterrâneo e o pai dele vai protegê-lo aqui.

- Espero que sim.

Caminhamos mais um curto tempo calados, até que a fome me rendeu e tivemos que parar para comer uns pães estranhos que Sócrates tinha nos dado.

- Anthony, lembra que você me disse que um dia contaria o porquê que você recusou o pedido de imortalidade? Será que está pronto para me dizer?

Por incrível que pareça eu estava sim pronto para dizer tudo á ela. Com Deimos minha cabeça se abriu e reparei que eu devia ser eu mesmo uma vez na vida, sem toda a maquiagem que me cobria.

-Estou sim Rov. Bom... Por onde começar?

-Que tal assumir que gosta da Arianna?

-Tudo bem, eu assumo. Eu amo a Arianna, é parecido com o que o Jace sente por você a única diferença é que não conseguimos ficar perto mais que 60 segundos sem brigar.

Ela riu e me incentivou a continuar a falar.

- Bom vou te contar no início como começou. Bem, antes da grande batalha ela era a semideusa mais forte do acampamento, até que eu cheguei e venci-a numa corrida de bigas. Ela ficou furiosa com isso e não parava de me insultar e me provocar.

-Normal.

-Nem tanto- Eu ri- Mas num dia de captura da bandeira eu cai e quebrei a perna, digamos que ela se entregou ali. Ela ficou louca por me ver caído e machucado e correu pegar néctar, chegou até a chorar, o problema é que só eu vi esse sentimentalismo então para os outros nós continuávamos inimigos.

-Uau!

-Eu sempre a achei bonita e ela chamava minha atenção com toda sua independência e autoconfiança. Então resolvi que ia investir nela, na surdina, claro. Não demorou muito e ela caiu nos meus encantos.

Levantei Rov do chão e fiz floreios de valsa com ela, ela ria e achava tudo muito divertido. Ajoelhei-me aos seus pés e fiz exatamente o que fiz algum tempo atrás.

- Arianna, mulher do meu coração, aceita ser minha namorada? Aceita fazer do meu coração sua moradia?

Rov riu e fez cara de irritada, tentando imitar Arianna.

-Seu idiota! Acha que eu ia negar um pedido desses? Vem cá e me dá um beijo logo!- Disse Rov ainda tentando imitar Arianna.

-Bom se fosse isso que ela tivesse me dito, mas não. Ela disse que não podia aceitar, que queria ser uma caçadora de Artémis.

Levantei do chão e bati nas calças para tirar o pó branco de mármore, indiquei o caminho com a mão sinalizando para continuarmos e Rov entendeu, continuamos caminhando e conversando.

- Não brinca! Como ela poderia querer ser caçadora com o coração amarrado já?

-Não sei. Mas ela disse podíamos aproveitar o tempo escondidos, foi então que reparei que ela gostava do perigo. Passamos algumas noites juntos- Rov fez menção de perguntar algo, mas fui mais rápido- Literalmente, se é o que você ia me perguntar. Para dizer a verdade, antes da Flor do Norte tivemos uma noite juntos.

-Por isso a parte do “Espero que tenha aproveitado aquela última noite”.

-Exatamente.

- E então? Vocês estão juntos agora?

-Não, ela não me quer oficialmente. Acho que só gosta do perigo de me ver escondido. Mas quando eu recusei o pedido de imortalidade não foi exatamente por ela e sim para não ver ela com Pirata. Se eu não a teria, ele também não teria.

-Como assim o Pirata entrou no meio?

-Ele gosta dela, mas é um amor daqueles que abre mão de tudo pela pessoa. Já conversamos sobre e ele não pressiona ela, digamos que minha missão de que ele não fique com ela também está terminada- Olhei para o falso céu de Athenas e gritei- Pode me fazer a oferta de novo pai!

- Ah Anthony, não desista assim. Você é um cara muito legal e... Tudo isso é só por causa da perda dela. Mas lute por ela está bem? Vocês se merecem, tanto no bom sentido, como no ruim.

No ruim? Essa garota gostava de brincar com o perigo, dei uma descarga mínima do meu poder de raio nela e ela arregalou os olhos.

-É melhor você correr filha de Athena, porque hoje estou com vontade de torrar alguém!

Ela disparou em alta velocidade com as mãos na frente, tateando para não dar de cara com alguma parede indesejada e eu corri atrás dela, pouco tempo depois chegamos num lugar amplo e li a placa que dizia “Museu Arqueológico Nacional de Athenas”.

- Onde estamos afinal?

-Estamos num museu e não qualquer museu. O Museu Arqueológico Nacional de Atenas, ligado ao Ministério da Cultura da Grécia, é um dos mais importantes museus do mundo. Ele agrega várias relíquias do mundo antigo e do moderno.

-Mas como podemos estar na Grécia Antiga e vendo um museu moderno?

-É simples, o museu de certa forma é passado, tudo o que tem ali dentro é do passado grego e então ele passou a fazer parte do mundo Grego Antigo. Além de que essa cidade é uma cópia antiga da que está lá em cima, mas a moderna ainda tem traços da antiga e como se fosse um espelho essa aqui também deve ter traços da outra.

- Muito simples... - Murmurei.

-Vamos entrar logo e desvendarmos o que viemos fazer aqui.

Estávamos andando para a porta do museu e então reparei que o que eu achei que fosse uma estátua, na verdade não chegava nem perto disso. Era uma Esfinge real.

Então uma fera como aquela guardava nossa porta? Devia valer mesmo a pena aquele elixir! A Esfinge que tinha cabeça e busto de mulher, corpo de cão, patas de leão, asas de águia e cauda de serpente nos olhou com curiosidade e falou numa voz não humana feminina.

-Decifra-me ou devoro-te. Aceitas minha oferta?

- Sim- Respondeu Rov sem hesitar.

Imediatamente me posicionei um pouco a sua frente e fiquei a postos para usar meu poder de raio caso fosse necessário.

- Em uma reunião de família, estavam presentes as seguintes pessoas: Um avô, uma avó, dois pais, duas mães, três crianças, três netos (as), um irmão, duas irmãs, dois filhos, três filhas, um genro, uma sogra e uma nora. Porém, não estavam lá tantas pessoas como pode parecer. Quantas pessoas estavam presentes, e quem eram?

O que??

Rov apenas olhou decidida para a Esfinge e fez aquela cara estranha que os gênios fazem quando estão presentes á inventar algo muito genial, apenas fiquei quieto olhando se a Esfinge faria algum movimento suspeito.