Leo estava aparentemente cansado.

Ficar o dia todo no projeto do Argo II era, claro, nada mais do que ele poderia pedir para ficar feliz! Mas passar o dia catando metais e objetos para o navio e redesenhando o esboço cansava!

Ok, ok. Ficar ali na "sua área" era um Paraíso. Mas como ninguém entedia muito sobre o assunto, com exceção de Annabeth que curtia essas coisas de arquitetura, Leo ficou lá sozinho.

Era notável que ele se não se entrosava muito com forma orgânicas de vida. Máquinas são mais simples de lidar. Uma maravilhosa benção que vem carregada com o fato de ser filho de Hefesto é essa! O ruim é que as vezes ficar deslocado não era tão legal.

Quando finalmente conseguiu um esboço incrível e perfeito do que queria no Argo II, Leo o pendurou ao lado do desenho que fizera quando era pequeno.

Haviam pelo menos uns 15 desenhos pendurados. Maioria deles sobre o interior do Argo II, outros o exterior. E outros eram do semideus desconhecido que vivera ali antes de Leo.

Enquanto juntava algumas peças necessárias Leo ficou refletindo. E isso quase nunca era boa coisa. Semideuses sozinhos refletindo eram um convite para os deuses interferirem com visões míticas ou paradas sobrenaturais. Era como se dissessem: Olhe um semideus em paz! Vamos importuna-lo com visões perturbadoras e tornar sua vida um Inferno!

Leo não precisava disso.

Ele tinha tido algumas visões ultimamente. E sonhos. Nada como as visões loucas do futuro que o Oráculo, Rachel Elizabeth Dare, tinha. Mas algumas coisas tão confusas quanto.

Quanto mais a memória de Jason voltava sobre sua antiga vida, mais a memória de Leo sobre o que a Névoa havia escondido dele e de Piper no ano em que estudavam juntos voltava.

Isso poderia ser até legal. Se não confundisse mais ainda a cabeça de Leo.

E por falar nisso, um maldito flashback se iniciava.

Ele estava fugindo. De novo. O lugar tinha árvores por todo o canto e isso facilitava para que Leo se escondesse.

Pelo menos ele pensava assim.

Logo as luzes vermelhas e azuis de viaturas de polícia iluminavam o local. Ótimo, pensou, a polícia está envolvida!

Leo não queria continuar naquela casa onde se sentia deslocado e sozinho. Ele sempre se sentia assim! Desde que sua maldita Tia Rosa o deixara, chamando-o de Diablo pelo ocorrido com a mãe, Leo não encontrava um lar.

Enquanto corria desesperadamente, uma mão conseguiu segurá-lo. O policial o enfiou na viatura como se fosse um presidiário. O policial ligou para os pais adotivos de Leo, que a essa altura não o queriam mais.

Então ele discou outro número.

- Oi. Sou eu, o John!

John começou a conversar com um tipo de diretor de escola. Não podia piorar! Agora mandariam Leo para um internato ou quem sabe uma Escola Militar!

Quando terminou de falar ao telefone se virou para o menino.

- Leo Valdez, certo? - pergunta.

- Sim.

- Lamento informar que será mandado a um internato. Escola da Vida Selvagem!

Leo fica em silêncio o resto da viagem.

O carro passava rápido em meio a paisagem natureba cheia de árvores, riachos e coisas verdes. O carro se enfiou no meio de uma floresta fria. Era tão... florestal... que Leo não ficaria surpreso se um lobo os atacasse.

O carro parou próximo a uma construção de tijolos, cinzenta. Uma placa ao lado deles dizia algo confuso em letras pretas. Leo não entendeu o que dizia por conta da dislexia.

Quando o motorista abriu a porta do carro, Leo notou que os dedos tamborilavam o vidro sem parar. Nervosismo. Mas também acontecia naturalmente por causa da hiperatividade.

É, a vida dele era incrível.

Ele e o policial entraram na Escola (o policial arrastando-o pelo braço, como se fosse um presidiário) e Leo teve que responder umas perguntas sobre ele para preencher o formulário de cadastro no Inferno... ops! na escola!

Leo ficou sentado numa cadeira vermelha e cinza, aguardando o policial terminar de escrever uma ficha, quando uma garota entrou nas mesma condições que ele: arrastada por um policial pela manga da camisa.

Ela respondeu só duas perguntas. Nome e idade. Foi tão baixo que Leo não escutou. Ela sentou ao lado dele e ele notou o quanto era bonita. O cabelo picotado era cor de chocolate, e os olhos pareciam um caleidoscópio, brilhando de cores diferentes.

Leo nem investiu muito. Garotas bonitas adoravam evita-lo. Era como uma lei imposta pela sociedade feminina: Ignorar Leo Valdez!

Mas, por incrível que pareça, a garota falou com ele.

- Oi. - disse.

- E aí?!

- Qual é o seu nome?

Putz! Ela perguntou o nome dele! Geralmente as mulheres o dispensavam antes que ele mesmo dissesse.

- Leo Valdez, ao seu dispor! - disse abrindo um sorrio largo, a garota riu um pouco - e o seu?

- É Piper! Piper McLean!

Leo despertou do flashback soando mais do que já estava. Nunca se lembrara do dia que foi cadastrado daquele jeito. De acordo com a Névoa, Leo conheceu Piper no corredor, quando ele e Jason conversavam sobre algo.

Mas pelo visto não foi bem assim.

Leo respirou fundo. Deuses, ele fedia muito! Uma mistura horrenda de óleo, ferro e suor. Ele pegou o cinto de ferramentas e se dirigiu até o Chalé 9 para tomar um banho e comer alguma coisa.

Era pelo menos umas 18:00. Os filhos de Hefesto passavam a tarde nas forjas. Portanto Leo não se surpreendeu ao encontrar o chalé vazio. A não ser por um sonolento Jake Mason.

Leo pegou a toalha e umas roupas e entrou no banheiro do chalé.

Ao se enfiar embaixo do chuveiro Leo notou que fazia um tempinho que não tomava um banho. Geralmente era um banho rápido e apressado para que ele prosseguisse com os projetos.

Leo fechou os olhos e ficou pensando em coisas agradáveis: como máquinas e como ele queria roubar o laptop de Dédalo de Annabeth.

Por fim, Leo trocou de roupa e pegou um sanduíche. Ele não notou o quanto estava faminto. Tentou se lembrar onde os amigos disseram que iriam...

Ah! Estavam treinando as "habilidades de combate". Não pareceu uma má ideia para Leo, embora rezasse que Clarisse não estivesse lá. Aquele menina dava medo...

Leo tirou a marreta de dois quilos do cinto e foi até o campo de treinamento.

Talvez Piper estivesse lá. O que seria uma boa, pois ele precisava conversar com ela urgentemente.