Esfregara o bálsamo amargo nos olhos assim que acordara, com os olhos secos e ao mesmo tempo lúgubres de lágrimas presas.

Cada dia era como o caminho para o holocausto de viver, afinal, toda sua rotina fora baseada no pacto com a mediocridade de viver.

Já era hora de mudar, de tentar um modo mais simples de andar sem tropeçar nas próprias pernas longas e se afundar nos mesmos buracos do caminho;

Passando pelas ruas e essa imensidão de rostos que dizem tudo, sem nada dizer... Enigmas que enlouquecem e ao mesmo tempo provocam certo alívio, ainda não estava morta aos olhos alheios.

De tão cansada dormira, ali mesmo, na rua, sozinha, desamparada e com sede de morrer. Rompeu com o silêncio, sua maior expressividade estava em se interiorizar; nunca conseguira descrever seus sentimentos...

Se ali estava, na merda, a culpa era de sua sinceridade verbal.

Cega, surda e muda... Receita médica de como viver bem e não morrer!