Aluga-se Um Namorado escrita por Fleur dHiver


Capítulo 19
A Noite que Não tem Fim II


Notas iniciais do capítulo

A Maratona teve um pequeno problema familiar no fim de semana, mas se recuperou com gosto e apareceu hoje. UHUL! Vamos a segunda rodada de capítulos quentes e frescos. Espero que gostem, uma boa leitura a todos;*



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A sua volta todos pareciam muito ocupados com suas próprias coisas para sequer nota-la, para sequer nota-los. Sakura respirou fundo, dando três passos para trás, indo em direção ao corredor. Só o que queria era se afastar dele, abrir uma distância entre ela e Neji. Tinha um grupo de modelos a sua frente, se conseguisse chegar até eles se misturaria sem mais problemas. Porém Neji não partilhava desse pensamento, não tinha ido até ali para ser ignorado. Agarrou-a pelo braço, puxando o corpo de Sakura para junto do dele. Ela estremeceu, pressionando os lábios em uma linha rígida.

— Posso saber o que pensa que está fazendo fugindo de mim? — a arrastou para uma das cabines privadas, soltando o corpo de Sakura em cima de um daqueles grandes puffs.

Sakura se debateu, erguendo-se em um salto, seu estômago em ebulição, não queria ter que encara-lo. Neji a impediu de sair do cubículo, pondo-se em seu caminho.

— Deixe-me! Eu não tenho mais nada para falar com você. — Neji deu uma risada, balançando a cabeça, estendeu a mão ameaçando capturar uma das mechas do cabelo dela, porém ela se esquivou a tempo. — Nós não temos o que conversar.

— É aí que você se engana, querida. Nós temos muito o que conversar — se aproximou, segurando-a pela cintura. — e depois podemos aproveitar para fazer o que você sabe de melhor. — Sakura o empurrou, tentado se livrar do agarre de Neji.

— Não tenho interesse algum em conversar, muito menos em fazer qualquer outra coisa com você — levou uma das mãos ao peito dele, tentando empurra-lo. As palavras de Neji ainda queimavam, ferro em brasa deixando sua marca clara e dolorida na mente dela. — Fique longe de mim! — o sorrisinho presunçoso dele parecia se alargar com as palavras dela. 

— Tem certeza, minha cara?

Os dedos dele se afundaram na cintura dela, deixando claro que não se afastaria, não importa o quanto ela esperneasse em seus braços. Sua outra mão segurou o rosto de Sakura pela lateral, os dedos longos acariciando a maçã do rosto proeminente e uma pequena parte do pescoço onde eles chegavam.

Por uma fração de segundo que pareceu uma eternidade o ar lhe faltou, a ponta do nariz dele roçou a bochecha dela se viu entreabrindo os lábios quase que no automático. Queria lutar contra isso, lutar contra a vontade de ceder para ele; mas por que parecia tão difícil? Depois de tudo não deveria se sentir tentada e desejosa de toca-lo outra vez. Ele tinha dito com todas as letras que nunca a amou...

Por que Sakura? Por que?

— Acredito que você está mentindo — a risada dele foi um ronronando gutural e ela fechou os olhos irritada com ele, irritada, desesperada. — Agora vamos ao que interessa...

— Sim, vamos ao que interessa: meu punho na sua cara. — A Haruno soltou uma exclamação caindo no pufe mais uma vez.

Nenhum dos dois tinha percebido a aproximação de Sasuke, Sakura nem sequer tinha cogitado isso. O soco desferido pelo Uchiha foi tão forte que Neji cambaleou, passando pela cortina e caindo no pufe da cabine ao lado. Sasuke puxou Sakura pelo braço, tirando-a de dentro daquele cubículo apertado. Dividido entre aperta-la em seus braços e dar umas sacudidas para ver se tomava algum juízo.

— O que você estava pensando? 

— Sasuke, foi ele quem me agarrou, eu não tive culpa.

Àquela altura ele já deveria estar longe dali. Tinha rodado a festa atrás de Naruto, como no encontrou em parte alguma, desistiu de ficar por ali de vez. Estava perto de sair quando esbarrou com Temari que lhe contou onde Sakura estava, oferecendo uma gelatina para ele entrar no clima que logo mais todos estariam - Sakura inclusive; Sakura e sua absurda dificuldade em seguir comandos. Por que tinha que pedir a Temari algo alcoólico sabendo que não deveria? E por que, ele próprio, sempre arranjava um jeito de acabar indo atrás dela?

Nos braços de Sasuke, ela o circundou, abraçando-o pelas costas com o rosto enfiado em seu ombro. Puxando-o para longe não queria de forma alguma o Uchiha perto de Neji. Não queria ela própria ter de ficar perto dele.

— Por favor, vem. Vem comigo para longe dele — ela sussurrava em seu ouvido, arrepiando-o por completo e quase fazendo com que esquecesse todo o resto, toda a chateação.

Ah! O namorado... de onde você surgiu afinal? — o Hyuuga tirou um lenço de seda do bolso, limpando o canto de sua boca. Seu lábio inferior estava agora com um pequeno corte e sua boca com gosto metálico de ferrugem. Isso o desagradava por demais. — Quanto ela gastou para criar essa mentira?

Sasuke de uma risada curta irônica e Sakura se desesperou, ao sentir os músculos dele focarem tensos. Temia que eles começassem a brigar do meio da área VIP, Orochimaru odiaria esse escândalo e mesmo que a favorecesse ela não queria Neji tendo razões para investigar Sasuke. No entanto ao invés de partir para uma briga, Sasuke a puxou para debaixo de seu braço, beijando-lhe o topo da cabeça, com o olhar fixo no Hyuuga.

— Não é uma mentira. Nos conhecemos no come do mês de dezembro e nos apaixonamos — o semblante de Neji estava carregado, ele tentava esconder a raiva, mas ela parecia cristalina nos olhos claros. Sakura tocou com a ponta dos dedos o peito do Uchiha, tratando de sorrir entrando em seu papel — Sinto por você não ter sido informado com antecedência ou com o devido cuidado, mas o nosso amor falou mais alto — a fitou e ela tocou-lhe o queixo com a ponta dos dedos, encostando a cabeça em seu ombro. — Agora eu peço que não mais nos importune e principalmente não chegue mais perto de Sakura — ela prendeu o ar ao ouvir aquilo, porém continuou calada.

— Seu filho da puta! — Neji ameaçou ir para cima de Sasuke que já estava se desvinculando de Sakura mais uma vez, pronto para brigar. Desejando poder dar uns bons socos na cara daquele idiota. O peito de Sakura se comprimiu, ela até tentou segura-lo, mas era inútil. Sasuke se livrava sem dificuldades do agarre dela. No entanto antes que eles fossem para as vias de fato Kakashi apareceu, enfiando-se entre os dois e segurando o Hyuuga. 

— Saia logo, daqui! — o Hatake vociferou para Sasuke que o fitava impetuosamente — Isso não é nada bom para sua imagem. Vamos, saia!

Sakura não esperou por um novo grito, ou uma resposta de Sasuke, o pegou pela mão e o puxou para fora daquela área, praticamente o rebocando dali. Passou pelos modelos que tinham se reunido para ver o que estava acontecendo, ignorando quem a chamava ou tentava para-la.

Segurando a mão de Sasuke eles caminharam, quase correndo até o batente do segundo andar. Sakura apoiou suas mãos no umbral, observando as mesas abaixo deles.

As pessoas dançando e comendo no andar inferior não faziam ideia da quase briga. Ela sorriu voltando sua atenção para Sasuke, alguns convidados que estavam naquela plataforma os fitavam contrariados, mas ela não se importava, o abraçou, escorando a cabeça no peito largo.

— Meu salvador...

Sasuke não recusou o contato, afundando o rosto nos cachos rosados, inspirando a doce fragrância que ela exalava. Mãos delicadas tocaram sua cabeça, afundando os dedos em seus cabelos negros. Ele fechou os olhos apreciando a leve caricia. Sakura beijou-lhe o pescoço, o canto do rosto próximo a orelha, lhe mordendo o lóbulo logo em seguida.

Como ele poderia resistir? Como não se deixaria levar? Fitou aqueles olhos verdes que o enfeitiçavam nos últimos tempos, ela voltou a salpicar-lhe o rosto com beijos. Um em cada pálpebra, nas bochechas, mas antes que ela lhe tomasse os lábios ele segurou o rosto dela, fitando-a com atenção, passando a ponta dos dedos pelos lábios rosados, sentindo sua cadência. Sasuke afundou as mãos na cintura fina dela, prensando o corpo contra o batente e arrancando o beijo que tanto ansiava. Sedento e voraz, desejava Sakura com todo o seu ardor. E ela o correspondeu à altura, o arquejo que deu foi música para os ouvidos dela. Separaram-se em busca de ar, apenas para se procurarem uma vez entre as risadas adoráveis dela.

— Como acha que Neji está agora? Espumando? — Sasuke parou Fitando aqueles olhos verdes tão profundos, inebriantes. Como poderia aquele mesmo olhar lhe dobrar minutos atrás e agora só lhe causar repulsa? Sakura deveria saber que aquele não era o momento de falar sobre Neji — O que...

— Não acredito que depois de tudo você ainda está ligando para o que ele pensa, ou acha! — Afastou as mãos dela de seus ombros, dando alguns passos para trás, ela ameaçou puxa-lo para si mais uma vez, mas ele voltou a se esquivar do toque dela. — Deixe-me!

— Não. Não é isso, Sasuke... Sasuke!

Partiu, sem dar a mínima para o chamado dela, para o olhar dos outros. Ao passar por um dos garçons pegou um copo de uísque e o virou na mesma hora, sentindo o liquido queimar sua garganta e esquentar seu sangue. Chega de decepções, não a esperaria mais, só para Sakura magoa-lo.

(...)

De mãos dadas eles caminharam, juntos, por todo o salão. Pararam em frente a porta da cozinha, Hinata sentia seu coração palpitar, quase pular para fora do peito de tão nervosa que estava. Itachi mantinha o semblante gentil, tão calmo em sua postura serena que ela se sentiu tola por estar tão tensa assim. Observou o salão as suas costas, todos ocupados demais com suas próprias vidas e pequenas coisas para se importar com o que eles dois estavam tramando.

— Quer minha ajuda para mais alguma coisa? — O fitou com um sorriso tímido em sua face.

— Estou com um pouco de medo. Eu disse que era um garoto que estava na festa, mas não contei o que ele faz aqui — a expressão de Itachi não se alterou, ela deveria imaginar que ele adivinhou algo, afinal ela tinha parado na porta da cozinha. Hinata juntou as mãos em frente ao corpo, respirando fundo. Torcendo para que ele fosse como estava imaginando e que não fosse apenas uma fachada. — Ele é um dos garçons. Trabalha para o buffet que foi contratado.

— Não vejo problema algum, se seu interesse for genuíno e não apenas um capricho bobo. É uma profissão tão digna quanto qualquer outra. Eu mesmo já fui um garçom. — Aquelas palavras a deixaram sem fala, nunca imaginaria algo do tipo. Será que seu pai sabia disso? Era provável que não — De qualquer maneira acredito que ele não vá querer ver você de mãos dadas comigo — Hinata corou, soltando as mãos de Itachi e voltando sua atenção para a porta de aço, observando o interior da cozinha pela claraboia. — Vai dar tudo certo, Hinata. Quer que eu a espere aqui fora?

— Mas... você não disse que também tinha seus próprios interesses? — O Uchiha levou ambas as mãos ao bolso, dando um sorriso singelo, porém encantador. — Eu não quero atrapalha-la.

— E eu tenho, porém é mais apropriado continuar mantendo as aparências circulando com você. Evita que as pessoas me parem e se intrometam no que tenho que resolver. — Hinata aquiesceu.

— Prometo não demorar então — ela respirou fundo, empurrando a porta de uma vez.

Todos que estavam na cozinha pararam os seus afazeres para observar a convidada, mas isso durou alguns segundos, logo voltaram sua atenção para o trabalho. As bochechas de Hinata tomaram um forte tom escarlate. Karin parou de arrumar um dos pratos que seria servido para analisar a garota no meio da cozinha. Com sua tia ausente e seu primo surtando, era ela quem deveria tratar dos assuntos administrativos, ou especiais.

— Tem algo em que eu possa ajuda-la, senhorita? — Hinata manteve as mãos juntas em frente ao corpo, apertando a ponta de seu dedo indicador.

— Eu gostaria de falar com um garçom. É... — umedeceu os lábios, tentando parar de tremer — Naruto é o nome dele. — Karin, franziu o cenho. Analisando Hinata de cima a baixo. Seu primo não estava em um bom dia, tinha derrubado uma bandeja com bebidas antes mesmo de sair da cozinha, que essa garota não fosse fazer uma reclamação, ou não iria conseguir se segurar.

— Ele fez algo que a desagradou?

— Não. Não! Não é reclamação, só gostaria de conversar com ele. E é com ele — a resposta empertigou a Uzumaki. Soltou um longo suspiro voltando a sua atenção para o prato que montava.

— Ele está nos fundos, senhorita. Tem mais... — não conseguiu sequer completar a frase, assim que ouviu onde ele estava Hinata correu para o local indicado. Batendo a porta, sem nem ao menos agradecer. Karin entortou o nariz, essas patricinhas só pareciam bem-educadas, nada mais. Tirar por aquela entojada da Haruno, só de lembrar dela já ficava nervosa.

Karin voltou seu olhar para a porta dos fundos, mas com toda a certeza ele iria arrancar essa história de seu primo. Porque isso cheirava a babado e um babado muito forte. Tinha quase certeza que aquela era Hinata Hyuuga, herdeira de um império da comunicação. Uma herdeira na cozinha, atrás de um garçom, estava se coçando para não ir tentar ouvir algo do que eles diziam.

Naruto tacou outra pedra na caçamba de lixo, fazendo a tampa se fechar e um gato pular para fora. Jogou mais duas pedras, chutando o nada logo em seguida. Inadmissível que estivesse assim por causa de uma garota, nem ao menos se reconhecia. Havia falhado no serviço, sem querer deixado um cliente na mão, derramado as bebidas. Sua sorte era que quem estava cuidando de tudo era Karin e não sua mãe ou a essa altura já seria um homem morto.

Tudo isso porque simplesmente não conseguia esquecer o olhar de Hinata, a forma fria como o tratou. Deveria saber que seria assim, ela é abundantemente rica, não deve andar com qualquer pessoa. Aquele dia, aquele beijo não deve ter sido nada. Provavelmente não deve nem se lembrar dele. Não deveria ter esperado reconhecimento, porém ainda assim... lá estava ele, sofrendo outra vez por alguém que não estava nem aí para ele.

— Naruto!

A surpresa em vê-la foi tanta que ele parou com o braço no ar, pronto para arremessar uma pedra. Não podia acreditar que a garota que atormentava seus pensamentos estava parada, a poucos metros dele, em seu lindo vestido esvoaçante. Perfeita como na primeira vez que a viu, uma visão de pura delicadeza. Um sorriso triste surgiu em seu rosto, provavelmente só veio para espezinhar dele. Tortura-lo. Não ia permitir que ela o humilhasse mais uma vez.

— Quer alguma coisa, senhori... — o coração de Hinata doeu ao ver o olhar duro e a forma fria e impessoal como ele estava prestes a trata-la. Desceu os dois degraus que faltavam, às pressas, impedindo-o de terminar a frase.

— Eu sinto tanto. Não queria ter...

— Não deveria estar aqui, conversando com um mero garçom. — Naruto cruzou os braços em frente ao corpo, Hinata mordeu o lábio inferior sentindo-se aflita com aquele distanciamento todo. — Deveria estar lá dentro, dançando com Itachi, flertando com ele. — Hinata gemeu, ele viu, é claro que ele viu. No meio de seu nervosismo ela nem notou a forma corriqueira como ele citou o Senhor Uchiha.

— Você não entende... o meu pai...

— Não é a mim que deve justificativas. Provavelmente seu pai não vai gostar de saber que está perdendo sem tempo aqui comigo.

(...)

Abriu e fechou a mão diversas vezes, as juntas doíam pelo soco dado com tanta força, só que esse não era seu maior incomodo. O pior era a lembrança daquele beijo, daquele momento destruído pela obsessão dela, ou amor. Provavelmente Sasuke teria que aceitar que o coração dela nunca seria dele, era apenas o garoto contratado para uma mentira. Nada mais que isso.

Uma mentira que Neji não, aparentemente, não caiu, mas ele sim. Tolo, bobo. Tinha caído no próprio truque que participou. Sasuke suspirou, observando um garçom sair de uma estreita escada, passou a caminhar naquela direção. Sair pela porta dá frente ia gerar um zunzunzum que ele não queria. Sabia que os jornalistas ainda estavam lá, o melhor caminho era a cozinha mesmo, ainda poderia conferir se Naruto não estava por lá.

— Sasuke...

Estava descendo a escada restrita aos garçons da área VIP quando ouviu aquela voz que a tempos sumido de sua vida. Parou, no meio do caminho, observando o homem que tanto odiava parado bem perto da porta para a cozinha. Itachi estava em seu terno caro, alinhado, a postura austera, o sangue do Uchiha mais novo ferveu ao fita-lo.

— O que faz aqui? — praticamente rosnou. Itachi suspirou, já esperava por aquele comportamento hostil.

— Estou tentando conversar com você há anos, sem sucesso. Achei que aqui, não teria como você escapar. — Aproximou-se do mais novo que continuava parado no meio da escada, bufando em sua raiva mal contida. — Então é isso: Você quer ser modelo? — Itachi ergueu uma das sobrancelhas, descrente — Andar com essas pessoas? Com Sakura Haruno? — Seu semblante se fechou e rapidamente ele desceu os últimos lances de escada, ficando frente a frente com o irmão.

— O que eu faço ou com quem ando não é assunto seu — esbravejou irado, quase fora de si e sua irritação apenas aumentava ao ter Itachi tão inabalável a sua frente — Você não é bem-vindo aqui.

— Eu duvido muito disso, irmão. Deve saber que sou uma pessoa influente e respeitada — Sasuke fechou o punho, contendo-se ao máximo para não o socar e tirar aquele sorriso presunçoso do rosto daquele maldito. — Aquela garota, Sakura, é sinônimo de problema. Tem certeza que quer isso?

— Um problema meu, não seu!

— Tentei falar com mamãe sobre...

— Mamãe? — Sasuke deixou para lá o autocontrole e o agarrou pelo colarinho, sacudindo-o. — Não aja como se você se importasse com o que acontece comigo ou com ela. Nós dois sabemos que é tudo mentira que você é um maldito de um aproveitador e só se interessa por dinheiro — Não conseguia suportar a falsa inocência, a cara de pau do irmão de fingir que não fez nada, bancando a vítima e Sasuke, o irmão birrento.

Itachi odiava cenas, nada o enervava mais do que um grande circo armado em público. Para se privar de tal confusão agarrou os punhos do irmão que se encontravam firmes em sua lapela e o puxou para junto de si. Jogando-o para dentro da cozinha. O movimento inesperado fez Sasuke cambalear, irritado partiu para cima do Uchiha mais velho, com seu sangue fervendo de ódio. Os garçons pararam seus afazeres para observar a briga e Karin quase enfartou ao notar que Sasuke estava brigando (ou tentando) com o próprio irmão.

— Sasuke pare já com isso! — esbravejou ela, receosa de enfiar-se no meio e acabar sobrando para si.

— Não se meta, Karin — Sasuke tentou desferir um soco, mas Itachi desviou, mantendo ambas as mãos estendidas em frente ao seu rosto. — Por que me jogou aqui dentro? Não quer que nos vejam discutindo? Que a porra da sua fachada de homem perfeito seja arruinada?

— Estou preocupado com você e no meio que está se metendo. Já tentei tantas vezes ter um diálogo sincero e maduro, mas...

— Dialogo sincero e maduro vindo de você? Você só sabe contar mentiras, Itachi. Não temos nada para conversar — Depois de várias tentativas Sasuke conseguiu acertar um soco e em seguida outro. Karin se desesperou e correu para fora da cozinha. Chegou a pensar em chamar Naruto, mas não sabia o que ele poderia estar conversando com a Hyuuga. Preferiu ir atrás de uma outra pessoa, uma pessoa bem improvável, mas a sua última esperança.

(...)

— Não quero ouvi-la, não tenho porque ouvi-la.

Hinata estava se desesperando, não importava o que ela falava ele continuava a fugir e não a encarava de maneira alguma. Mordeu o lábio inferior, sentindo a sua força de vontade se esvaindo. Não queria perde-lo, nunca tinha se sentido tão bem com alguém como naquela noite, tão aceita pelo o que ela era e não pelo nome de seu pai.

O beijo então tinha tirado todo o seu fôlego. Pequenas fagulhas explodiram em sua boca e a aqueceram por inteiro. Fitou-o, Naruto estava no canto, remexendo em seus cabelos loiros, parecia incomodado, só não sabia se era com ela ou com a situação.

— Naruto...

O chamado foi um sussurro, quase um lamento. Não teve como resistir, o tom dela o levou a olha-la. Hinata estava mais próxima do que ele tinha calculado e ao fitar aqueles olhos tão profundos não conseguiu mais desviar sua atenção, estava preso a enigmática força que ela exercia sobre seu corpo. E como uma feiticeira que estava ciente de seu poder ela tomou seus lábios, com doçura e acalento. Tocando seus braços com as mãos pequenas e delicadas.

O cheiro, o toque, o beijo.

Tudo tão convidativo que ele não teve forçar para lutar contra a sua insana vontade de toma-la para si. Passou uma das mãos pela cintura dela enquanto com a outra segurava-a pela nuca, aprofundado o beijo e a fazendo suspirar em seus braços.

Hinata apertou um dos braços dele, passando sua outra mão pelo pescoço do rapaz, suas línguas arrastando-se uma sobre a outra. Não importava quem ele era, o que ele era. Só importava o fato de estarem juntos ali e agora.

O som de algo caindo chamou a atenção dos dois, afastaram-se fitando a porta fechada. Naruto a pegou pela mão e mesmo relutantes eles voltaram para cozinha, avistando Sasuke limpando o canto da boca, enquanto Itachi tentava ajeitar o cabelo que tinha se desprendido quase todo.

— O que está acontecendo? Itachi! — Hinata se afastou-se de Naruto, correndo para junto do homem que era seu álibi, seu aliado. O cabelo dele estava bagunçado e tinha um hematoma vermelho na lateral do rosto, próximo a orelha.

Com a aparição deles, Sasuke se segurou. Não a conhecia a jovem, mas não poderia partir para cima de seu irmão com uma garota tão próxima a ele, apesar de sua raiva ainda não ter diminuído. Tudo estava dando, malditamente, errado aquela noite. Sasuke afundou a mão em um balde de gelo, torcendo para que não só aplacasse a dor que estava sentindo, mas que esfriasse o seu sangue.

— Vamos sair daqui, Hinata. — Sasuke ouviu o irmão dizer, mas o ignorou. — Nossa conversa ainda não acabou, Sasuke.

Ah, acabou sim! Não ouse me procurar outra vez.

Antes de partir Hinata ainda acenou para o Uzumaki, mas foi com Itachi que ele partiu de mãos dadas, sem despedidas mais uma vez. Ele tentou não se importar com isso, mas era difícil, muito difícil.

Assim que o Uchiha mais velho abriu a porta da cozinha Sakura surgiu do outro lado, a garota parou de caminhar na hora. Karin vinha logo atrás e como a Haruno ficou estática. O semblante de Itachi era de puro desprezo e ela chegou a corar como uma criança pega por uma travessura, abaixou o olhar a tempo de ver sua amiga as costas do homem, espantou-se e sorriu, mas não teve nem tempo de falar alguma coisa, pois ele continuou seu caminho carregando a Hyuuga consigo.

— Sasuke!

Ele se virou ao ouvir a voz de Sakura, a última pessoa que ele esperava ver agora. Ela estava parada no mesmo lugar que Itachi tinha estado minutos atrás. Karin se aproximou fitando a mão e o rosto dele. Tinha um pequeno corte no supercilio.

— Eu disse que não deveria fazer essas coisas, meter-se com ela — cochichou para que apenas ele ouvisse. Sasuke deu as costas para as duas, puxou a mão e se afastou do toque dela, não estava interessado em ser repreendido.

Uma mão deslizou pelos cabelos escuros dele, acompanhado de um beijo fugaz na nuca. Sasuke fechou os olhos, isso era uma tortura. Ela o abraçou pela cintura dele, pegando em sua mão, tocando os pontos vermelhos em seu punho, a ergueu beijou-lhe as juntas.

— Você é o meu herói. — o sussurro foi entorpecente, Sakura não deveria mexer tanto assim com ele.

— Sasuke, você quer conversar sobre isso? — Naruto apertou-lhe o ombro e ele acenou com a cabeça.

— Não quero falar sobre nada disso.

— Podemos ir embora, sua presença e a minha já foram marcadas. — Sakura sorriu, mordendo o ombro esquerdo dele. — Saímos pelos fundos. Sem Shizune ou Kakashi, só você e eu. — a frase que ele tinha ansiado ouvir a noite inteira.

Você e eu.

Ergueu a cabeça para fita-la, mas Karin se enfiou entre os dois, com uma pequena bolsinha plástica contendo gelo, antes que Sakura falasse qualquer coisa, Sasuke a puxou para debaixo do seu braço. Pegou a bolsa e deu um beijo na bochecha de Karin:  

— Obrigada! 

— Espera, Sasuke! — mas ele não estava mais ali, tinha se afastado com Sakura agarrada a ele como um vício.

(...)

Após sair da cozinha, ainda segurando a mão de Hinata, Itachi a puxou para área VIP, a levando até o corredor privativo. Não fazia ideia de como estava o estrago em seu rosto, mas torcia para que Sasuke não tivesse feito uma lambança. Essa briga e todo o resto não era o que desejava. Hinata tocou com a ponta dos dedos o local lesionado e ele se retesou.

— Isso vai ficar feio. Já está com umas pontinhas pretas. Posso passar maquiagem se quiser — com um aceno ele concordou e ela se sentou em dos puffs, acompanhada por ele. Abriu a pequena bolsa que carregava retirando o corretivo e a base, começando a passar com muito cuidado. Apenas com a ponta dos dedos para não incomoda-lo.

— E então... você conseguiu se acertar com o rapaz? — Hinata deu de ombros, um sorriso triste surgindo no rosto delicado.

— Quando pareceu que ele ia me ouvir e não mais ficar na defensiva ouvimos o estrondo de vocês — ela deu uma risada breve, dando de ombros — Acho que continuamos na mesma.

— Sinto muito.

— Não sinta. De qualquer forma eu ia precisar voltar com você e se a briga chamasse muita atenção e o meu pai notasse, seria terrível se ele não nos encontrasse juntos. Muito pior do que o que ocorreu na cozinha. — Deram um pequeno sorriso cúmplice. — Pronto! — Estendeu seu espelho de bolso para que ele visse o trabalho. — Não deu para cobrir toda a vermelhidão sem que parecesse falso, mas os pontos roxos acho que sumiram.

— Tudo bem, agora vão pensar apenas que eu estava com uma garota ousada — ela sentiu as bochechas arderem, enquanto ele arrumava o cabelo e em seguida estendeu a mão para ela. Voltaram para a pista de dança, mas não fizeram nada. Itachi tirou de seu paletó um cartão e entregou a Hinata, inclinando a cabeça para sussurrar em seu ouvido. — Fale ao seu pai que nós temos um jantar na segunda e ele não vai lhe importunar. Aqui está meu número, ligue se precisar. — tocou a bochecha dela com o polegar em uma caricia suave. — Obrigada por tudo.

(...)

Antes de saírem da cozinha, Sakura mandou uma mensagem para o seu chofer e quando apareceram no beco escuro e malcheiroso o carro preto já os esperava. Sentar no acento de couro legitimo foi um acalento para Sasuke, queria que aquela noite infernal acabasse de uma vez. Escorou a cabeça no encosto e observou os prédios e as luzes passarem por eles, só queria paz. Sakura escorou a cabeça em seu ombro, era reconfortante tê-la tão perto de si, sem ninguém atrapalhando, sem precisa fingir alguma coisa para os outros.

O caminho que o carro fazia começou a assusta-lo. Não era o trajeto para casa dela, muito menos para dele. Chegou a cogitar o hotel, mas o carro estava indo para o outro lado da cidade, parou em frente a uma lanchonete com estilo clássico. Mesas giratórias, balcão grande, provavelmente tinha cheiro de ovos e waffles.

— Sakura...

— Espero que não se irrite pôr a gente não está indo para casa.

— Não estou com fome. — Observou um sorriso travesso surgir nos lábios dela e soube que seja o que fosse, não seria paz o que teria.

— Não estamos aqui para comer. 

Página: Fleur D'Hiver

 


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi FIGHT! Fight aqui, fight lá. Beijo aqui, beijo lá. Só Itachi maravilhoso não ganhou um beijinho. Um pedaço dos segredos do Uchiha está no ar. Muhahahaha E ai? O que acham que rolou entre os irmãos? Sasuke o detesta com todo o seu ser e Itachi não parece ser mal, então espero que vocês fiquem com isso na cabeça de vocês, porque sou muito cruel. Muhahahahaha E depois de fucking 18 capítulos Hinata e Sakura se reencontraram. Uma salva de palmas para isso. HSUAHSUASHAUSHA Ser amiga assim é difícil, bem difícil.
Agradeço a todos que comentam, acompanham e favoritam essa história. Um abraço apertado em todos vocês.
Não deixem de curtir minha página. Aguardo vocês nos comentários e no próximo capítulo;*