Traição. escrita por JessyErin
– Me conte como foi seu dia! – Andrew disse, pela webcam, enquanto eu pegava cobertores no meu armário.
– Nada demais – eu disse, me virando para a cama - passei minha tarde de um modo muito produtivo, vendo casos antigos e tentando achar uma conexão, algum candidato a suspeito...
Ele imitou um som de alguém roncando. Eu sorri e me deitei em frente a webcam, me cobrindo.
– Então me conte sobre o seu dia – eu falei, levantando uma das sobrancelhas. A faculdade não poderia ser assim tão interessante, ou poderia?
– Passei o dia estudando para uma prova que tenho amanhã, fiz um trabalho pra semana que vem, e agora tô conversando com você – ele deu de ombros – muito emocionante.
Eu sorri.
– Eu tô morrendo de saudades – nós falamos ao mesmo tempo e rimos ao mesmo tempo.
– Droga – eu exclamei, quando meu telefone tocou. Acenei para Andrew que voltava logo, mas Gibbs me disse que haviam achado um novo corpo e Tony e Ziva estavam a caminho do meu apartamento. Me troquei rapidamente, coloquei meu uniforme e olhei pra cama que já estava arrumada e suspirei. A campainha tocou.
Entramos no carro, Ziva e Tony pareciam cansados. Tony colocou uma música super alta, e começou a batucar no volante, como forma de tentar despertar. Ziva estava encostada na janela. Eu peguei meu celular, o visor marcava duas e meia da manhã. Mandei uma mensagem para Andrew pedindo mil desculpas por não poder voltar, e como ele não respondeu eu imaginei que ele havia dormido.
– Jess? – Tony disse, enquanto eu guardava o celular no bolso.
Eu olhei pra ele.
– Eu estava pensando. Você precisa aprender a dirigir. Afinal, não pode depender de nós para busca-la sempre que houver um caso de madrugada.
– Eu sei, mas ainda não achei tempo... – eu dizia, mas ele me interrompeu.
– Eu e Gibbs vamos ensina-la. Ele deu a idéia, na verdade. E eu concordei de imediato.
Ziva dormiu encostada na janela e começou a roncar levemente. Nós dois rimos ao olhar pra ela.
Chegamos ao local do crime, e o corpo de uma mulher estava no chão. Os outros agentes ainda colocavam a faixa amarela enquanto alguns cercavam o perímetro. Muitos estavam falando no telefone. Gibbs chegou perto de mim, e sorriu ao ver minha cara de sono. Então se virou, e me deu um boné. Só então eu percebi que meu cabelo estava uma bagunça, e o prendi no boné com um coque.
Mcgee chegou com Palmer, ele estava revendo seus casos e recebeu a chamada. Pegou uma carona na van. Eu me agachei ao ver Mcgee se aproximando, e peguei o scanner de identificação portátil.
No começo, não me agradava a idéia de tocar em pessoas mortas. Era meio aterrorizante, na verdade, pois a pele gelada sempre me dava calafrios. E eu realmente detestava quando eles morriam de olhos abertos. Ducky sempre os fechava quando chegava antes de mim na cena, assim ficava mais fácil.
Eu peguei a mão da vítima, e coloquei um de seus dedos no scanner.
– Gibbs, ela não é da marinha! – eu disse, me levantando e mostrando a identidade da, até então, desconhecida.
– Eu sei – ele disse, ainda inspecionando o local, tentando achar qualquer coisa que pudesse nos ajudar.
– Então por que estamos investigando isso? – Mcgee perguntou, do meu lado.
– Por causa disso – Gibbs me entregou um papel onde estava escrito “Strike Two”.
Eu respirei fundo. Uma segunda vítima em menos de uma semana. Isso não era nada bom. Peguei a câmera na bolsa, e quando me virei para tirar fotos do corpo, e do resto, vi somente Palmer agachado ao lado do corpo, com o termômetro na mão.
– Palmer, onde está o Ducky? – eu perguntei, olhando em volta.
– Ele está de licença, Jessy. Eu estou no lugar dele por um tempinho – ele respondeu, sem tirar os olhos do termômetro – ela morreu há duas horas trás.
Seria muito estranho não ter Ducky por perto. Já estava começando a sentir falta de suas histórias.
– Hã, obrigada – eu disse, e quando me virei, esbarrei em alguém.
Ruiva, unhas neon, e cabelos curtos.
– Desculpa! Me desculpa, mesmo! – Victoria disse, fazendo todos se virarem pelo tom agudo de sua voz.
– Tá tudo bem. O que você está fazendo aqui? – eu tentei ser o mais educada possível, mas estava morrendo de sono e um esbarrão não me animou mais.
– Eu trabalho aqui. Ontem foi minha ultima entrevista, na verdade. Doutor... – ela consultou a palma de sua mão – Ducky? É isso? Ele está de férias, e eu serei a assistente do – ela consultou sua mão de novo – Timmy. Desculpe, Jimmy.
– Ducky é para os íntimos – Ziva sorriu, mas seu sorriso foi tão superficial que parecia estar fazendo de propósito – seu nome é Donald. Mallard.
– Acabamos por aqui – Gibbs disse – vocês vão dormir, amanhã analisaremos tudo isso.
– Eu perdi o sono, chefe – Dinozzo disse, parando de anotar algo.
– Se você vai ficar, eu também fico – Ziva disse.
– Vamos todos ficar? – eu perguntei.
– Apenas deixem isso no escritório. Amanhã de manhã continuamos. – Gibbs disse, e virou as costas quando fizemos menção de discordar.
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