Trunks estava deitado em seu saco de dormir, enquanto Gil estava em outro, um pouco afastado.

– Acho que sei o que aconteceu. Naquele momento em que eu estava fora de mim eu não estava pensando na decepção de não podermos chegar ao nosso destino, e sim no fato de que nunca mais poderíamos voltar pra Terra. Acho que o meu subconsciente criou esse portal com o objetivo de voltar pra Terra mesmo. E agora estamos tendo que refazer a nossa viagem.

– Gil acha que Trunks estava preocupado com Pan. – respondeu o robô, com sua característica voz, que às vezes irritava um pouco, ainda que as palavras fossem gentis.

– É. Eu acho que você está certo. – levantou-se e segurou um porta-retratos que continha uma foto dele com a Pan. – Acho que nós dois sofreríamos muito se tivéssemos que ficar muito tempo separados. Agora mesmo eu estou cheio de saudades.

Encarou Gil, e em seguida olhou pela escotilha da nave as estrelas e o espaço.

– No horário terrestre, deve ser de tarde ainda. O que será que ela está fazendo ?

***

Pan estava no quarto de Bra. Naquele momento, a dona daquele quarto estava fofocando qualquer coisa com a amiga, que procurava prestar atenção, mas ás vezes deixava seu pensamento ir para longe, para junto de Trunks quem sabe. Já que era nele em que ela estava pensando, enquanto segurava uma flor e tirava suas pétalas. Bra continuava falando:

– Pois é, aí depois que ele disse que gostava de mim eu mal consegui acreditar. Eu até me desequilibrei e precisei apoiar minha mão na porta da sala do laboratório, que estava trancada. Sabe o que aconteceu ? Eu usei muita força na hora de me apoiar e foi como se eu tivesse arrombado a porta!

– É mesmo ? – perguntou Pan, que estava interessada, mas não tanto quanto ficaria normalmente.

– Juro pra você! Fez um barulhão e todo mundo ficou olhando pra mim achando que eu tinha dado um golpe na porta ou algo do tipo. Fiquei toda vermelha e deu um trabalhão pra disfarçar! Não é fácil herdar esse tipo de força dos nossos pais não é mes... – Bra, parou e estalou os dedos diante do rosto da amiga. – Terra chamando Pan. – brincou ela.

– Ah, desculpa! Mas então, você deu um fora nele ?

– Não foi bem um fora. Eu apenas conversei com ele e fui sincera. Disse que ele era legal, mas que eu estava gostando de outra pessoa.

– Hum... É o Goten não é ?

– O quê ?!! Mas é claro que não! – Bra enrubesceu e mexeu os braços pra várias direções diferentes. – Mas de onde você tirou uma ideia dessas ?! Sabia que ele é muito mais velho do que eu ?! Além disso ele é o seu tio, não é ?! De onde você tirou uma coisa dessas ?!

– Deixa pra lá. – disse Pan, voltando a se concentrar em retirar as pétalas da flor que tinha em mãos, murmurando palavras inaudíveis.

– E você ? Tá aí tirando pétalas de uma flor, murmurando o “bem-me-quer, mau-me-quer”. Aposto que você está sofrendo por amor. E eu tenho quase certeza de quem se trata.

– De quem ?

– Ora, do Trunks!

– Mas eu não gosto dele! Não desse jeito!

– Tudo bem, diga o que quiser. Mas eu acho que vocês dariam um casal bonito. Eu pelo menos adoraria que você fosse a minha cunhada.

– Fala sério ?

– Claro. Vocês com certeza teriam o meu apoio.

– Obrigada, Bra. Você é uma boa amiga. – disse Pan, secando uma lágrima que caiu involuntariamente de seu rosto.

***

Sete dias após o incidente que os fez voltar pra Terra, finalmente avistaram o planeta Namek. Aproximaram-se da órbita do planeta, diminuindo bastante a velocidade. Conseguiram pousar sem problemas.

– Vamos lá, Gil. – disse Trunks, abrindo a porta da nave.

Voaram juntos para o local onde parecia ter uma concentração maior de Kis. Avistaram ao longe uma aldeia, com seres de pele esverdeada. A medida em que Gil e Trunks iam se aproximando, os habitantes do planeta notaram a presença deles e se acumulavam num mesmo lugar.

Gil e Trunks pousaram a alguns metros de distancia deles. Andaram calmamente alguns passos para frente, até estarem próximos o suficiente para todos ouvirem o que eles teriam para dizer.

– Ahn... vocês conseguem falar o meu idioma ? – perguntou Trunks.

– Sim. – respondeu um senhor de idade e gordo, que andava com uma bengala. – Quem é você e o que quer aqui ?

– Eu sou um terráqueo. Um dos amigos do senhor Goku, que eu imagino que vocês conheçam.

– Ah, é amigo de Goku! – surpreendeu-se o mesmo Namekuseijin. – E o que o traz ao nosso planeta ?

– Bem, senhor, eu sei que eu não tenho esse direito, mas eu gostaria de implorar para que nos deixem procurar as esferas do Dragão do seu planeta para pedirmos um desejo. Em caso mais grave, talvez dois desejos, mas a princípio só queremos pedir um. Assim vocês poderiam usar os outros dois para pedir o que quiserem.

Os habitantes daquela aldeia se entreolharam, como se estivessem indecisos se dariam ou não permissão. Até que o Kamisama do planeta se aproximou com um sorriso.

– Nós andávamos mesmo à procura das esferas do dragão restantes. Nós temos duas em nosso poder, mas ainda faltam outras cinco. Se puder acha-las para nós, teremos prazer em lhe dar a chance de pedir um desejo.

– Obrigado por essa chance. – disse Trunks se curvando e olhando para seu amigo robô logo em seguida. – Vamos lá Gil! Não temos tempo a perder!

E os dois voaram para procurar pelas esferas, sob as orientações de Gil.