*Hinata*

Levantei-me como se o pequeno intervalo de 8 horas de sono tivessem carregado consigo todo aquele peso e dor que estava abrigada no meu coração. Entrei no pequeno (mentira, enorme) banheiro do meu quarto e olhei-me novamente no espelho. Comparado com as outras manhãs nesta trágica e fatídica semana, esse foi o dia em que acordei sem parecer uma uva passa totalmente murcha. O que realmente me surpreendeu. Entrei no box e liguei o chuveiro colocando-o em seguida numa temperatura totalmente agradável, que fez meus músculos se relaxarem da tensão da noite anterior.

Coloquei minha roupa preferida. Um short jeans e uma regata branca. Calcei um par de sapatilhas, sempre detestei andar de chinelo em casa, desci as escadas e entrei calmamente na cozinha. Avistei uma morena de olhos perolados quase da minha altura sentada emburrada na cadeira com um prato de sua comida favorita na frente, e ela não havia nem tocado nele.

- Oi Hanabi. - falei sentando-me na cadeira que ficava a sua frente. - O que houve com você? Parece meio mal humorada hoje.

- O Papai disse que não iria assistir minha peça na escola hoje. - murmurou secamente - Ele disse que tava muito ocupado na empresa e que não poderia ir.

- E a mamãe? - perguntei olhando-a nos olhos - Ela não disse que iria para sua peça?

- Sim. - sussurrou. - Mas eu queria que o papai fosse. Às vezes eu acho que ele não gosta muito de mim.

- Por que acha isso? - perguntei puxando a cadeira para mais próxima dela. - O que te faz pensar isso pequena?

- Ele nunca vai nas coisas da minha escola. - falou começando a chorar, o que era estranho, pois Hanabi sempre foi muito mais forte do que eu. - E quando ele tá aqui em casa é sempre preso no escritório ou no quarto dele.

- Ei. - falei abraçando-a - O que houve? Você não é de chorar por uma coisa dessas. Além do que o papai te ama, e você sabe disso. Ele só é um homem ocupado. Mas quer saber. - falei limpando seu rosto com a mão. - Eu vou estar lá, e eu vou estar na primeira fila aplaudindo você.

- Hina. - falou me abraçando - Você é a minha melhor irmã.

- Eu sou sua única irmã. - falei sorrindo, o que arrancou um mini-sorriso da minha irmãzinha. - Agora vai se arrumar senão o espetáculo começa sem você.

- Tá. - falou levantando e indo rumo a seu quarto.

Peguei um pedaço de bolo e coloquei um pouco de leite na xícara  calmamente. Passei geleia em um pedaço de pão e comecei a tomar meu café da manhã.

- Bom dia. - falou Neji sentando-se ao meu lado. - Por que veio cedo ontem?

- Eu só tinha ido mesmo por causa da minha madrinha. - falei - Não tinha a mínima vontade de ficar lá por mais tempo.

- Atá. - falou pegando um pedaço de bolo e colocando café preto na xícara. - Tou com uma dor de cabeça terrível.

- Tadinho. - cochichei - Bom vou subir e me arrumar, você vai na peça da Hanabi não vai?

- Claro. - murmurou secamente - Não perderia a peça da minha queridinha prima por nada nesse mundo.

Subi para meu quarto animadamente, eu até estava começando a estranhar esse comportamento repentino. Observei meu celular em cima da escrivaninha por um bom tempo e resolvi ligar para Temari e perguntar se ela não queria ir comigo hoje para assistir a peça da Hanabi.

No segundo toque uma voz sai pelo telefone.

- Alô, quem é? - perguntou.

- Sou eu, Hinata. - falei.

- Ei Hina tudo bem? - perguntou-me. - Fiquei preocupada contigo ontem por que foi embora cedo, o que houve?

- Nada. - falei - Eu queria saber se tu não quer ir comigo na peça da escola da Hanabi.

- Bem que eu queria. - disse - Mas é que eu tou esperando o Gaara voltar da casa do Naruto para a gente viajar.

Casa do Naruto. Pensar nisso fez com que eu começasse a pensar se aquele bem estar era momentâneo, pois comecei a sentir um peso no meu coração novamente.

- Viajar? - perguntei fazendo com que meus pensamentos fossem em outra direção. - Pra onde?

- Casa dos meus avos. - comentou - É um interior bem feio aqui perto. Peraí. - pausa - Kankuro, o Gaara já chegou?

Escutei um não, e ela voltou a falar.

- Eu nem queria ir, mas fazer o quê?

- Pergunta se seus pais não deixam você ficar aqui. - falei - Pode dormir aqui em casa.

- E acha que eu já não inventei isso? - gritou - Eles disseram que dessa vez eu não escapo da reunião de família. Vou ter que desligar agora.

- Tá, tchau, boa viagem. - falei desligando o telefone e jogando-o em cima da cama. Peguei a primeira roupa que vi e vesti. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo mal feito e tentava encontrar meus sapatos preferidos no triste armário que estava de pernas para o ar.

*Naruto*

Acordei pelos gritos de um ruivo xingando tudo que via a frente. Levantei da cama e encontrei Gaara levantado tentando calçar o sapato o mais depressa possível.

- Ei Gaara. - falei sentando - Por que a zona logo de manhã?

- Cara eu esqueci que ia viajar pro interior dos meus avos. - falou soltando um suspiro logo em seguida. - E aguentar as feras do meu pai e da minha mãe reclamando por esquecer disso é muito mal para o coração.

- Atá. Mas mesmo assim é preciso fazer tanto barulho? - perguntei deitando novamente. - Eu tava dormindo tão bem.

- Já vou. - falou levantando e indo em direção a porta. - Boa sorte com a Hinata viu.

- Aháhá, muito engraçadinho. - falei jogando o travesseiro nele e caindo novamente na cama em seguida.

A melhor parte foi que meu quarto voltou a ser silencioso como sempre. A pior parte foi que esse silêncio não durou muito tempo graças a uma coisa ruiva que entrou no meu quarto, e essa coisa não era o Gaara que havia esquecido algo, mas minha adorada mãe que havia se lembrado de algo.

- Naruto, levanta. - falou puxando as cobertas. - Lembra que prometeu a Yumi que iria com ela e as meninas para a peça do colégio da Hanabi?

- Não. - falei tampando a cabeça com o travesseiro. - Não quero ir não.

- Anda menino. - falou puxando o travesseiro e o cobertor. - Levanta antes que eu te derrube dessa cama.

O que eu ouvi depois foi um barulho de algo caindo e quando fui ver eu estava de bunda no chão passando a mão na cabeça.

- Eu te avisei Naruto. - falava minha mãe jogando-me o travesseiro - Eu disse que eu te avisei.

*Sakura*

Acordei exausta demais para imaginar qualquer outra coisa. A festa ontem me deixou esgotada e com uma baita dor de cabeça.

Desci as escadas e encontrei um bilhete pendurado na geladeira. Meus pais haviam saído para assistir a peça na escola da minha irmã caçula, Sayuri, e não tinham me chamado por que eu estava dormindo feito uma pedra.

Abri a geladeira e coloquei no copo um pouco de suco de goiaba que deveria ter sido o café da manhã. Eu estava para beber o primeiro gole quando o campainha toca. Vou caminhando calmamente até a porta e quando abro, o rosto que vi me deixou tão surpresa que deixei o copo cair no chão e derrubar o suco nos meus pés.

- O-o que faz aqui? - gaguejei.