*Hinata*

            Meus dias melhoravam. A notícia que Naruto havia sido aceito na Universidade de Tóquio veio somente para que eu ficasse mais feliz ainda. Ele sempre fora taxado como o pior aluno da escola, mas agora mostrava que era capaz como qualquer outra pessoa. E ainda tinha mais. Meu nervosismo apenas aumentava com a demora exagerada da chegada da minha carta. Desde que era criança sonho em fazer medicina na Universidade de Toronto no Canadá.

            Porém, meu coração comprimia-se juntamente com essa espera. Se eu for aceita terei que passar cinco anos longe daqui. Ou seja, terei que passar cinco anos longe de Naruto. Sei que ele deve estar sofrendo mais do que eu, ainda mais depois de me pedir realmente em namoro, com direito a anel e tudo. Fechei os olhos sentada na minha enorme cama observando o pequeno ursinho lilás que estava posto na pequena cômoda do meu quarto. Aquele ursinho era o meu maior presente. Ouvi a porta abrir e por ela passar minha mãe segurando algo nas mãos. Quando olhei mais atentamente avistei um enorme envelope marrom.

- Hinata. – murmurou sentando na cama. – A resposta da Universidade.

            Peguei o envelope e levei alguns minutos para decidir se abria ou não. Por fim, abri e li atentamente o que estava escrito.

(visão da carta on)

            A Universidade de Toronto tem a hora e o prazer de vir, através desta carta, convidar Hinata Hyuuga para ingressar no primeiro semestre de Medicina do próximo ano letivo.

Atenciosamente, Senju Hashirama.

(Reitor da Universidade)

(visão da carta off)

- Então querida? – perguntou minha mãe.

- Fui aceita. – respondi tristemente. – É a confirmação.

- E por que essa cara? – perguntou-me confusa com a expressão do meu rosto. – Não foi sempre seu sonho?

- Sim. – respondi calmamente. – O problema é que não sei como contar isso ao Naruto.

- Diga a verdade apenas. – resmungou colocando suas mãos sobre as minhas e apertando-as gentilmente. – Se ele a ama, entenderá sua decisão.

            Respirei pesadamente. Acenei que sim para minha doce e adorada mãe, que saiu em seguida por onde entrara. Olhei novamente aquela carta de resposta. Jamais pensaria que diria algo assim para ele. Respirei novamente fundo antes de pegar meu celular e enviar uma mensagem para Naruto dizendo que ele deveria me encontrar na praça em frente à escola.

            Troquei o pijama que usava por uma calça jeans e uma camiseta de mangas comprida preta. Sai do quarto pegando o envelope. Desci as escadas avisando que iria sair e logo voltava. Caminhei vagarosamente pelas ruas até chegar à praça. Parei ao ver que um loiro alto caminhava em minha direção.

- O que foi Hina? – perguntou parando. – Por que queria me ver aqui na praça?

            Não respondi nada apenas entreguei-lhe o envelope que carregava. Ele arqueou uma sobrancelha e eu apenas acenei confirmando que era para que abrisse. Ele leu atentamente e olhou para mim. Fora a primeira vez que vi aqueles olhos alegres ficarem sem seu brilho costumeiro depois que fizemos as pazes.

*Naruto*

            Minhas suspeitas estavam corretas. Depois de ler aquela carta de aceitação meu coração apenas comprimiu-se mais ainda do que antes. Olhei para Hinata devolvendo o envelope que continha a pior noticia que eu já recebera antes.

- Então? – perguntei meio receoso. – Você vai mesmo?

- Naruto... – sussurrou meu nome e deu uma pausa extremamente larga para depois recomeçar a falar. – Esse sempre foi meu sonho...

- Hinata não precisa dizer mais nada, ok? – perguntei – Essa é sua decisão. Eu não posso simplesmente falar que não quero que vá. Que fique aqui comigo. Eu estaria sendo muito egoísta com você.

- Mas... – ia começar a falar, mas eu a interrompi.

- Não precisa falar mais nada. – falei – Esse sempre foi seu sonho. Eu entendo. Quero que realize todos eles. Isso será tão difícil para mim quanto para você. Sei que é difícil escolher, mas venho pensando nisso desde que eu recebi a carta da Universidade de Tóquio. Sabia que quando você recebesse a resposta viria me falar, e eu pensei muito.

            Dei uma pequena pausa observando seus olhos tremeluzirem em pequenas lágrimas.

- Eu... – murmurei – Aceito se quiser ir. Podemos manter um relacionamento à distância. Nas férias podemos nos ver e conversaremos pelo telefone. As coisas continuaram as mesmas. Nada mudará do que eu sinto por você.

            Ela me abraçou e beijou-me forte. Senti lágrimas quererem cair por meus olhos, mas eu as segurei. Terei que ser forte e aceitar a bendita decisão de que queria o melhor para ela. Eu quero que todos os sonhos dela se realizem. E por isso, não posso ser egoísta com a única pessoa que sempre me amou e esteve ao meu lado.

- Sempre estaremos juntos. – resmunguei – Não importa a distância. Eu sempre estarei junto de você.