Meu namorado é um Gato!

Sentia-me humilhada, estava com meus nervos estourando de raiva por não conseguir me soltar da pegada do garoto. Denis era um desgraçado, por que arrumar briga comigo agora? Justo agora que minha vida estava se ajeito, estava feliz? Droga, meu braço dói, tudo parece rodar a minha volta e eu me pergunto o que poderia ser pior. Minha situação ou ver Brenndo a alguns passos de onde estávamos, de um jeito tão ameaçado quanto jamais vi. Não sei bem como escapar dessa situação agora.

 - Me deixa em paz! – murmurei, minha garganta apertada pelo braço dele que aos poucos me sufocava. Eu sabia bem como era isso, já tinha lutado antes e isso já acontecera diversas vezes, não seria fraca a ponto de não aguentar. Fechei meus olhos com força ao sentir um aperto maior, engasguei sem querer, soltando o que parecia ser um gemido sufocado no desespero de recuperar o fôlego que não mais queria entrar em meus pulmões. As lágrimas já queriam sair enquanto eu imaginava que morreria.

 Foi por uma questão de segundos que abri uma brecha de meus olhos, vendo um pequeno e ágil vulto disparando para cima de meu agressor. Todavia seu tamanho diminuto e sua força mínima, apesar de dolorosa, não foram o suficiente para ele me soltar. Foi uma questão de segundos que senti o braço em meu pescoço se afrouxar, permitindo que puxasse algumas bocadas satisfatórias de ar. Uma maldição foi lançada em minhas costas e não demorou muito para o aperto em meu braço aumentar.

- Maldito gato! – lançado longe, o vulto foi primeiro carregado pelo alongado rabo e então arremessado alguns metros a minha frente. Meu coração gelou ao ver seu pequeno corpo ao chão, levantando-se com dificuldade por causa do impacto. Debati-me mais, sentindo o músculo e osso do meu ombro estalarem por causa do esforço que fazia e da força com que ele era dobrado. O braço em meu pescoço voltou a fazer pressão, dessa vez em um ponto que me deixara tonta. – Só você mesma para ter coisas tão esquisitas.

 - O deixe em paz, ele não tem nada haver com isso... – engasguei, tentando falar no tom mais forte que conseguia. Meu medo subia o corpo e não por mim, que estava sendo enforcada quase até a morte em uma parte isolada da cidade onde me encontrava. Ninguém veria o que sucedia naquela rua deserta nessa horário, todavia temia pela pequena criatura logo a frente. Ele não tinha culpa do que estava acontecendo. – Deixe-me ir, por que faz isso?

 - Deu vontade. – respondeu apenas forçando meu ombro mais para trás. Guinchei de dor, o céu estava escurecendo, logo seria noite e eu sabia o que aconteceria. Olhei para o gato raivoso logo a frente, torcendo para que logo ele pudesse se defender. Minha visão ia embaçando e eu bem sabia que logo desmaiaria pela falta de ar. Era estranho estar em uma situação como essa depois do sonho que estava vivendo esses dias.

Lagrimas escaparam de meus olhos enquanto via o céu ficar negro, tão escuro que conseguia ver várias estralas já reluzindo sobre minha cabeça. A magia aconteceria e eu pouco me preocupava com a reação de meu agressor quanto a isso a única coisa que tinha em mente era a sensação de estar sendo estrangulada. E então voltei a respirar de repente, engasgando e tossindo sem parar pela velocidade com que o ar adentrara em meus pulmões. Meu corpo cambaleou para frente sendo aparado por braços fortes que eu conhecia bem.

Estava salva...