Scarlett Dragon escrita por RoxyFlyer21


Capítulo 11
Entre rendas e intrigas


Notas iniciais do capítulo

Oláá. como todos estão? Bom, aqui está mais um capítulo!
Boa leitura! ;D



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Eu não sei para onde meu pai mandou Aiden, e me sinto nervosa. O que eu não deveria, porque assim como eu, Aiden é perfeitamente capaz de cuidar de si mesmo em meio a fogo cruzado. Fomos treinados na mesma instituição, trabalhamos na mesma agência, nos formamos como agentes de campo, e fizemos parte do mesmo time. Quando me pego lembrando de algumas de nossas missões juntos pela primeira vez em anos, sinto um misto de nostalgia e esperança. Por algum motivo que eu ainda não sei muito bem, meu pai está nos trazendo de volta um para o outro. Não sei se isso é bom ou ruim; porque assim como a adrenalina das missões, alguns sentimentos que eu pensava ter esquecido estão sendo trazidos à tona.

Quando me separei de Aiden pela manhã, meu pai me passou tudo o que eu deveria fazer à noite, quando o clube abriria. Ele, é claro, não me deu mais informação do que dados técnicos, e eu não poderia fazer perguntas porque não teriam respostas. Me senti um pouco mal ao constatar que meu pai me mantia leiga a muitas coisas que eu gostaria de saber, a começar por seu paradeiro, mas mesmo assim me esforcei para prestar atenção enquanto ele falava. Outra coisa que aprendi a valorizar são os momentos que eu tenho com ele, com sua voz. Mesmo que seja gravada, e ele não esteja em pessoa ali ao meu lado, sinto como se estivesse, como se os sete anos de solidão que passei sem ouvir sua voz não tivessem existido. Mas então tenho que lembrar a mim mesma que a segurança da missão vem em primeiro lugar e, assim como nos ensinaram, as emoções nunca devem comprometer uma missão. E me lembro de que a Aiden também fora ensinado isto.

Meu pai havia me levado a uma missão de reconhecimento ao redor do clube. Ainda estava fechado, àquela hora, e não havia ninguém exceto por mim. Eu havia entrado pelos fundos, onde os camarins das dançarinas estavam localizados, e passei por uma porta que me levou à parte de trás de um imenso palco. De dentro das cortinas vermelhas de veludo, dei uma boa olhada pelo extenso salão a minha frente. Na parede de trás, um espelho refletia todas as mesinhas de madeira dispostas no centro; a esquerda, bem ao lado da recepção e da entrada do clube, o extenso balcão do bar era adornado com inúmeras garrafas de vodka, gim, vinho, e outras bebidas alcoólicas. Levantei meus olhos para cima, e do teto pendia um enorme lustre de cristal. Notei também alguns camarotes dispostos nas laterais do palco, e um enorme espaço luxuosamente mobiliado bem acima do bar, em um segundo andar. Mais curioso ainda, o camarote estava segurado com uma espessa camada de vidro a prova de bala.

Era realmente um lugar muito bonito e bem organizado. No entanto, não podia evitar de pensar que tudo estava novo demais, como se o clube tivesse acabado de ser comprado e mobiliado, ou reformado. O piso de madeira brilhava com verniz, o papel de parede vermelho carmim parecia reluzir com as brechas de luz vindas das soleiras.

A mesma pessoa que havia aberto a porta dos fundos para mim havia também deixado algumas frutas e barrinhas energéticas em cima do camarim.

“Coma e tente descansar até as cinco. O clube só abrirá as sete, mas todas as outras dançarinas chegarão antes. Quero que você se misture nelas, mas não chame atenção de ninguém. Mantenha-se nos fundos o tempo todo, e quero que saia apenas quando chamarem as dançarinas para a apresentação nº 5.

Quando chegar a hora, você saberá o que fazer. Confie em você mesma, porque eu confio em você, querida. Fim da transmissão.”

Um relógio digital pendurado na parede dos camarins marcava cinco e quinze quando ouvi a porta dos fundos sendo destrancada. Dentro de uma das cabines do banheiro, eu ouvia pessoas conversando alto e rindo, algumas araras de roupas sendo arrastadas para dentro dos vestiários. Esperei até sentir que o grupo de dançarinas estivesse bastante numeroso de modo que ninguém me reparasse entrando no meio daquela gente.

E como esperado, ninguém me notou quando entrei no camarim. Nem poderiam, mesmo, de tão cheio que estava! Mulheres jovens andavam para todos os lados, falando alto e vestidas com minúsculas peças de lingerie. Seda, lantejoulas, plumas, e muitas renda rodeavam o lugar. Entre as conversas paralelas, algumas pessoas vestidas de preto gritavam, chamando algumas dançarinas para checagem final. No meio daquela confusão toda, alguém me puxou pelo braço e vi uma mulher de cabelos curtos loiros e microfone de ouvido preso a orelha perguntando para mim, parecendo ao mesmo tempo furiosa e incrédula:

– Você ainda nem se trocou?! Cadê sua roupa de apresentação? – ela olhou de relance para meu corpo. Eu ainda usava as jeans e a jaqueta de couro de Aiden. – Em qual apresentação você está? Anda, fala logo!

­– N-na número 5!

­– Sabrina! ­– ainda segurando firme meu braço, a mulher virou a cabeça para gritar para um dos maquiadores. – Essa aqui não passou nem pela maquiagem ainda! – ela apertou um botão no microfone e tive dó de quem quer que fosse do outro lado da linha. – Será que alguém do figurino pode me trazer uma número cinco pra ontem?!

No meio de toda aquela gente, a mulher me empurrou em direção ao maquiador, e eu cai sentada em uma cadeira alta. O suposto maquiador, um homem alto e de pele escura que tinha o pescoço enrolado por um cachecol estampado, me analisava como se eu fosse um paciente com câncer terminal.

– Quem me arranjou esta aqui?! Parece que ela ateou fogo ao próprio cabelo e tentou apagar com uma vassoura! – quando ele disse isso para ninguém em específico, eu não pude evitar uma cara de preocupação. Eu estaria tão descabelada assim?! – Huum, vejamos querida... chegou atrasada, não foi? Acho que é perdoável, mantiveram o endereço desse lugar em segredo até poucas horas atrás. Pelo menos foi assim comigo.

Ele agarrou meu queixo com uma mão, e virou contra a luz.

­– Vou ter que fazer milagres com seu cabelo hoje, meu bem, mas pelo menos você tem uma pele boa. E que olhos, garota! Vai ser um fetiche pra quem for que você foi reservada hoje à noite!

Não consegui perguntar do que ele estava falando, pois alguém passou correndo do meu lado e jogou um cabide com peças de roupa no meu colo, e em seguida fui atingida com uma avalanche de maquiagem. Suas mãos agiam impressionantemente rápidas sobre minha face, e não muito tempo depois alguém o ajudou a pentear meu cabelo e cachear–lo. Fechei meus olhos, pois num momento pensei que minha cabeça ia cair do meu pescoço. O fluxo diminuiu um pouco quando percebi que o clube tinha sido aberto, e algumas garotas saíram do camarim para ir se encontrar com os homens que as haviam selecionado.

– Pronto, meu bem. ­– o maquiador me disse, quando havia terminado de retocar alguma coisa no meu rosto. – Agora vá se trocar!

Não consegui nem pensar direito, pois enquanto eu me encaminhava para o banheiro, ouvi uma voz gritando da batente da porta do camarim.

– Dançarinas da apresentação número 5: vocês tem oito minutos!

Na pressa, já havia começado a desabotoar a minha calça jeans; no entanto, quando dei de cara com o espelho do banheiro, mal reconheci a mim mesma. Perplexa, aproximei-me devagarinho apenas para me certificar de que a mulher que estava a minha frente era realmente eu. Meu cabelo castanho-claro tinha sido colocado para cima, e algumas mechas cacheadas e volumosas caiam nuca abaixo. Minhas bochechas haviam recebido um tom rosa perolado, e meus olhos estavam pintados de preto, em traçados fortes de delineador brilhante que destacavam ainda mais o verde de meus olhos. Meus lábios tinham um aspecto carnudo por debaixo do poderoso batom cor de carmim. Eu mal podia acreditar que estava diante de mim mesma; e apenas quando ouvi a mulher gritar de novo o horário é que voltei a realidade.

Quando sai do banheiro, dei-me logo de cara com uma pequena fila de garotas que usavam diferenciações do meu traje. A maioria estava apenas de sutiã, calcinha, meia calça a salto alto; e eu me senti sortuda em estar usando algo menos revelador. É claro que o sentia meus seios comprimidos dentro daquele corpete de seda vermelho escuro e renda preta. A parte de baixo nada mais era do que seda preta rendada, e as minhas pernas estavam cobertas por uma meia calça arrastão e um salto alto preto fechado. Haviam prendido uma gargantilha de renda preta em meu pescoço, e conforme eu me aproximava do palco eu sentia meu coração pulando. Um homem vestido de preto passou ao nosso lado, entregando a cada uma delicada máscara prateada, e eu coloquei a minha logo em seguida. Pelo menos isso ia me fazer me sentir menos exposta do que já estava com essas roupas provocantes.

Dali era possível ver as outras dançarinas terminando seu número de dança, que podia ser qualquer coisa menos comportada, e então palmas foram ouvidas. A pesada cortina de veludo roxo fechou-se, e as dançarinas se dirigiam de volta ao camarim.

Estive olhando para os meus pés sobre os saltos a maioria do tempo, revisando a minha missão na cabeça. Contudo, quando ergui a cabeça, meu olhar se cruzou com o dela.

E eu sabia que era ela por causa da pequena cicatriz debaixo do olho esquerdo, que mesmo com a pesada maquiagem, não conseguia esconder sua identidade. E seu passado. Mia.

Mia logo desviou o olhar, não me reconhecendo devido a máscara que eu usava. Ela passou por mim, e seu ombro rocou no meu.

Meu pai. Ele acertou de novo. Ela está aqui.


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Notas finais do capítulo

O que vcs acharam? Curiosos o suficiente para mandarem reviews??? XD



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