Amor De Irmãos escrita por Minori Rose


Capítulo 25
Num desses encontros casuais


Notas iniciais do capítulo

Gente, sos. Eu escrevi esse capítulo TRÊS vezes, e mesmo assim eu não faço ideia de como esse ficou. Estou lendo agr uns livros clássicos de José de Alencar, e uma onde de amor e melosidade está me invadindo. Isto é bom? Só Deus sabe. Não faço ideia de como as outras versões ficaram, mas está é a que vocês vão ler...
Boa leitura ♥



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Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

Acordei com uma sensação de respiração em meu pescoço. Me mexi mas a quentura agora parecia envolver todo o meu corpo; inconscientemente passei as mãos sobre os cabelos de alguém e ainda de olhos fechados ouvi um riso baixo se estender por longos segundos. Abri os olhos devagar e o sol – mesmo ofuscado pelas cortinas – fez minhas pálpebras arderem.

Sentia-me confusa, e reparando em minha situação, encontrava-me abraçada com Adam, esse com seu velho sorriso sacana ainda me olhava com seus extraordinários olhos verdes; afrouxei meus braços que apertavam seu pescoço, e por algum motivo corei fortemente por aquela cena toda. Ele me apertava no maior carinho. Pontadas do que aconteceu na noite anterior martelaram em minha mente; um nó se formou em minha garganta. Coisa que eu conhecia muito bem.

Não sei se Adam percebeu, no entanto simplesmente tornou a me abraçar, de um jeito contrario ao que disse antes. O silencio perpetuou por um bom tempo... Senti que ele me beijara, mas estava ainda profundamente adormecido. Até que eu cai no sono novamente. Quando abri os olhos novamente o cenário era outro. Mamãe já levantara e falava algo para Adam que se vestia em frente a minha cama; quando percebeu que eu havia acordado novamente sorriu para mim e logo em seguida voltou a falar com Agnes, como se a minha presença fosse nula.

Me surpreendi em não ouvir seus sermões, mesmo sabendo que merecia. Aos poucos uma preocupação terrível quase me elevou a estado de pânico; temi que os dois me odiassem. Tentei levantar-me e por pouco, enquanto tentava, não cai novamente sobre os lençóis. Minha cabeça rodava tanto que eu mal percebi quando Adam deu-me algo para beber. Eram alguns analgésicos. Bebi em silencio, sem nada dizer.

Lembrei das baixaria que fiz, e do jeito que o incitei a fazer coisas feias, e por pouco, juro, não tive uma vertigem de vergonha. Puxei-o pela manga da camisa para lhe falar... Mas eu ainda podia sentir o medo dele ir embora agir dentro de mim.

– Me desculpa por ontem.

– E o que houve ontem? – perguntou, sério.

Silenciei. Nem eu mesma sabia.

– Não aconteceu nada ontem. – disse e sorriu.

Depois disso praticamente se esquivou de mim. E ele foi embora sem dizer mais nada, nem ao menos se despediu. Agnes começou a falar como eu estava me comportando mal e eu não disse mais do que duas palavras a ela. Com o coração em chamas e os olhos cheios de lagrimas, não agüentei ficar ali.

Era sábado e o movimento fora do hotel era enorme. O sol demorou a esfriar no horizonte e a tarde foi de um calor intenso; formulei os meus planos ao tempo em que me arrumava da melhor forma que soube. O meu aniversário era breve, na terça eu alcançaria maioridade. De jeito nenhum ficaria ali depois da própria segunda, quando aconteceria meu ultimo ensaio naquela cidade odiosa. Liguei para Marien o mais cedo que me lembrei da existência dela, e assim, ás duas saímos para passear no corcovado.

Não estava fugindo. Samuel parecia ter sumido e as minhas condições para assumir as responsabilidades pelo que disse, e pelo que aconteceu eram tão baixas que eu morreria se o visse do jeito que estava. Abatida demais para se preocupar com algo.

– Tenho alguns ingressos para o corcovado. – Bernardo disse enquanto andava ao nosso lado a calçada. – Comprei isso antes de chegarmos, sei lá por que.

– É um ponto turístico. Deve ser muito bonito.

– E é... Eu já fui quando tinha sete anos. – Marien disse, saltitante, pulando em cima de mim como se eu me animasse com aquilo.

Sorri e mostrei a melhor feição que pude, me sentindo mal por muitas vezes tornar a alegria deles uma coisa tensa e pesada, já que eu não podia compartilhar do mesmo sentimento; o lugar à minha visão era uma coisa odiosa. Julgava ser a cidade que roubou meu amor de mim, abrigando pessoas que o mereciam mais do que eu, sendo que a verdade era outra, e a paisagem também.

O trem descia em uma velocidade que nos permitia admirar as belezas naturais daquele lugar com um encantamento nos olhos... Os arbustos, a vegetação e as arvores eram de um verde tão intenso que a cor quase ofuscava o cheio fresco, mesmo que barrado pelo metal nos adentrava o seio d’alma. A melancolia me cobria por inteira e eu lamentei mais uma vez a minha situação.

Marien falava pelos cotovelos, e eu fingia não perceber o ar perdido de Bernardo. Assim como eu o pobre coitado parecia sofrer de uma depressão profunda; depois de visitarmos dois dos maiores pontos turísticos do Rio, decidimos voltar para jantar no hotel, já era de noite quando o cansaço nos pegou e o lembrete de que as desgraças continuavam a fluir longe da maravilhosa paisagem. Despedi-me deles no hall, alegando ter de encontrar mamãe no jardim.

POV – Adam

Abri a porta, esperançoso em vê-la elegante e com aqueles olhinhos cheios de superioridade, que a partir do que eu me lembrava era assim que se portava em ocasiões como aquela. Sentia-me com o coração livre, e era como eu estava, mas em contra partida com a minha felicidade, o meu sorriso principiou a sumir quando não a vi ali.

– Violetta não veio? – perguntei a mamãe, logo que entrou.

Irritou-se com a minha falta de consideração, demorando séculos para me responder.

– Não. Sabe muito bem que ela se esquece de tudo. Saiu com não sei quem e até agora não deu sinal de vida; nem me cansei em ligar, ela nunca atende.

Sorri.

– Melhor assim mãe, melhor assim. Não vai ter jantar nenhum e ela só iria resmungar se tivesse vindo.

– Como assim não vai ter jantar nenhum?

Sorri de novo.

– Te explico mais tarde. Se importa de ficar aqui? Não me demoro.

Dei algumas voltas na sala e me certifiquei de que talvez os amigos de Violetta soubessem aonde se encontrava. Eu flamejava de esperança, com a minha nova escolha de vida, querendo ter a minha menina o quanto antes nos meus braços. Não queria mais enganar-lhe os sentimentos, que era exatamente o que andava fazendo nos últimos tempos.

Soube aonde estava, e sem mais demora, do jeito bagunçado que me encontrava, corri para encontrá-la. Deixei o apartamento e as indagações de Agnes com ela mesma; pouco me importava com as perguntas que formulava sobre Bárbara – que com certeza de amaldiçoava até a morte naquele momento. Eu só precisa sair, e ir, e fazer, sem pensar nas conseqüências.

Não tinha tempo a perder.

Peguei o carro torcendo aflitamente para que Violetta me esperasse lá, de coração aberto. Porque eu estava, lembro-me bem, mais amoroso e sincero do que jamais havia sido nos meus 27 – recém feitos – anos de reclusão do que estava em minha face. Creio que a ansiedade embaralhou os detalhes na mente, pois só me recordo agora de estar entrando no hotel, meio furtivamente para conseguir alcançar o jardim. E o fiz, com sucesso.

Adam deu a volta até o fundo do hotel com agilidade, mas sobretudo, ansiedade. Essa que parecia corroer-lhe os ossos, enquanto o amor atalhava o seu coração. Caminhou respirando calmamente e refletindo tanto sobre as coisas que fez e como podia ser tão ruim que parecia prestes a se casar com alguém. E casou, com o destino que seu amor lhe enviou aos olhos.

Violetta estava a rodar pelas bordas da piscina com uma criança no colo. Trajava um vestido cor de vinho com pregas e separação para o busto e as voltas que dava fazia-o rodar, com uma graça inextinguível. Seu coque desfazia-se aos poucos, fazendo os cabelos louros caírem sutilmente por seu rosto; os pés mantinham-se descalços ao chão molhado. Não havia mais ninguém banhando na piscina, somente uma ou outra pessoas passeando ao seu redor no jardim. Adam se sentou em um banco, perto de tudo e ficou a olhar, impassível, a cena de sua pequena.

A gargalhada da criança preenchia o local, e o sorriso dela também. A via, sacudindo a criança nos braços como uma mãezinha carinhosa e aquele irmão incompreendido quase morreu de encanto. Olhou-a, em câmera lenta por alguns segundos quando então a cena pôs-se em fim... A verdadeira mãe da menininha a apanhou dos braços de sua querida, lhe sorrindo e agradecendo por algo e foi-se assim como a calma que o dominou até ali. Levantou hesitante e andou, indo ao seu encontro. Ela agora calçava as sandálias, meio perdida no alem.

Admirava Violetta ainda mais assim de perto, e num espasmo de nervosismo, mordeu o lábio inferior. Parecia uma criança e riu de si mesmo assim que alcançou certa proximidade; ela o olhou surpresa de inicio, derretendo o olhar em uma flecha felina.

– O que faz aqui?

– Que recepção à uma pessoa que quase voou pra te ver. – disse, passando o polegar na bochecha da menina, em um gesto carinhoso.

– Não deveria estar naquele seu jantar? – indagou de forma rude, não amolecendo com o contato.

Pareceu pensar, mas estava a contemplando.

– Eu deveria mesmo era estar com você... Não, espera, deveríamos estar no quarto, na verdade. – riu-se de forma absurda por sua bobagem. Às vezes adorava falar coisas como aquela, tão fora ao seu normal.

O ar de irritação e rubor tomou o rosto de Violetta, que passou por ele batendo seu ombro com brutalidade. Ele suspirou, e puxou-a de volta rudemente, por pouco não a fazendo cair na água se não tivesse agarrado os ombros do irmão, riscando-o com as unhas.

– Jesus! Quer me matar?!

– Tenho certeza que Jesus não quer matar ninguém.

Não quis, no entanto contorceu a boca em um sorriso. Percebeu aos poucos que Adam a olhava de maneira diferente; tentou desvencilhar-se de seus braços, sendo impedida com força, mas também com carinho. Desviou o olhar e sentir o rosto dele se aproximar de si vagarosamente. De inicio não preocupou-se com a questão da vista publica.

Adam beijou o seu queixo, prestando atenção as suas bochechas vermelhas e inundando o seu próprio rosto com um sorriso enorme. Logo em seguida, tentou beijar seus lábios; Violetta virou-lhe a face, deixando o beijo de Adam no ar... Ele não se surpreendeu com isso, roçando de leve os lábios no pescoço da menina.

– Pare com isso. Disse que pararia.

– Eu disse muitas coisas, e fiz tão poucas – lamentou – Sinto muito se pareço mentir com esse tipo de coisa, mas me sinto em um turbilhão nessas ultimas semanas...

Ela riu.

– Como se somente você estivesse sofrendo... – murmurou em tom choroso.

Ele afrouxou os braços sobre si e se afastou o tanto que seu desejo permitiu. Violetta disfarçou o quanto pode, porem os olhos atentos do primogênito notaram as lagrimas que lutavam para não escorrerem em suas faces. Adam mordeu-se de novo. Respirou fundo. Desatou a falar.

– Nos dois não estamos agüentando mais isso. Nós dois. Eu tentei o quanto pude, mas não é possível, Violetta... Não franza as sobrancelhas assim, olhe para mim. Não chore pelo amor de Deus, ou faça, de felicidade. Está tudo bem, acabou...

– Não entendo o que você quer dizer...

– Vai entender, eu prometo que irá... Só me deixe dizer algumas coisas porque estou prestes a explodir. – disse em um tom tão sofrível que ela por pouco não o acolheu. Mudou de idéia, deixando o livre para falar. – não queria acabar com a sua vida, preferia que tivesse uma carreira e uma vida de verdade. Não que precisasse se esconder o tempo todo ou ser enojada pelas outras pessoas. Mesmo que eu não fizesse mais parte de sua vida... Sabe, eu nunca sofri tanto quanto os momentos que eu via em nos dois tudo para sermos felizes, e no entanto, vivemos tão.. Tão... – parou um instante, como se as palavras fugissem.

– Eu só preciso de você pra ser feliz. – cochichou, corada. – Não vivo por essa carreira, e o dinheiro nunca me comoveu muito menos qualquer pessoa. Você sabe. Fez-me te amar para me recusar, e eu nunca entendi por que.

– Eu só queria o melhor para você. – atalhou ríspido.

Ela balançou a cabeça negativamente. Aquela conversa os fazia sofrer, ele estava se libertando aos pouco de si e da moral que o consumiu durante todos aqueles anos. Violetta temia em confiar nele novamente, mas acima de tudo, temia não confiar em si mesma. Abraçou-a pelas costas e o impetuoso sentiu seus finos braços aguçar-lhe o semblante. Não disse mais nada. Sentiu o amor que tinha por ele e não arrependeu-se te ter a amado, mesmo sofrendo, durante toda a vida. Estava resolvido, no final das contas.

– Vai encarar ou não? – ele perguntou, puxando-a pela mão até a entrada do hotel.

– Eu vou, querido. Sem duvida. Mas, espera onde estamos indo? – perguntou, aflita por atropelar uma mulher.

– Ao sofiter.

– Sofiter, o hotel?

– Sim.

– O de luxo?

– Sim.


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Notas finais do capítulo

Necessito da opinião de vocês, e obrigada por se manterem aqui, mesmo T.T
Vou responder todos os comentários o quanto antes... E peço para que vocês digam o que imaginam para o desfecho, que se aproxima. Até mais ♥