– O motivo dos dois estarem aqui é que... – Suspirou. – Vocês são irmãos.

- O QUE? – Jason e eu gritamos juntos. Arregalei os olhos surpresa. Jason e eu, irmãos?

- Acalmem-se, eu vou explicar tudo. – Começou. – Há alguns anos, eu me envolvi com a mãe de vocês em uma de minhas viagens, mas já era casado com Hera. Eu estava muito cansado do trabalho, e fui para um bar, e lá a encontrei. Nós começamos a conversar e... Enfim. Nove meses depois, Thalia nasceu. – Ele parou e olhou para a mulher ali sentada, que olhava pra mim como se quisesse chorar.

Aquilo não me abalou, estava com raiva por ter sido enganada por dezessete anos!

 - Contei meio receoso para Hera, e ela ficou irada, quase nos separamos. Ficou decidido que eu iria visitar você pelo menos duas vezes por mês. – Zeus continuou olhando pra mim agora. – Porém, em uma dessas visitas, nós nos envolvemos, e Jason nasceu. – Olhou para Jason com um olhar triste. Jason olhava para baixo, parecendo muito abalado por tais revelações, ele parecia triste, mas eu só sentia... Raiva.

 - Bem, no tempo a mãe de vocês não tinha muitas condições para criar duas crianças... Então, Thalia foi morar comigo e...

 - Espera, espera! – Interrompi. – Se essa mulher é minha mãe, quem é aquela mulher que está na minha casa?! – Gritei revoltada.

- Eu ia chegar nessa parte. Contratamos uma babá para cuidar de você, já que eu não tinha tempo, muito menos jeito. E Hera ainda estava magoada, e furiosa por ter uma criança bastarda. Nós pretendíamos nunca contar de Jason, porém recentemente, ela descobriu tudo.

- Há quanto tempo ela descobriu? – Perguntou Jason, com a voz baixa.

 - Faz dois meses.

 - Por isso vocês estavam brigando tanto? – Murmurei.

 - Sim. – Ele respondeu num fio de voz. – Estou tão envergonhado, e arrependido.

- VOCÊS NÃO TINHAM O DIREITO DE FAZER ISSO! – Gritei sem paciência, eles jogam uma bomba dessas pra gente e ainda querem dar uma de coitadinhos. Ah, faça-me o favor.

Levantei da poltrona e fui em direção às escadas sem nem sequer olhar pro rosto deles, subi pisando fundo.

- Eu não acredito. – Gritei subindo as escadas. – Fui enganada toda minha vida. – Continuei gritando. Parei no topo da escada, virei pra trás e gritei com lagrimas nos olhos, mas não iria chorar, não daria esse gostinho a eles. – Fiquei esses anos todos agüentando aquela vaca da sua mulher, achando que minha própria m-mãe – Dei uma pausa pra engolir o choro. - não gostava de mim. Ai venho aqui e me deparo com isso.

Entrei no quarto batendo a porta com força. Me afundei na cama e desabei a chorar. 

POV Percy 

Depois que Jason saiu de casa, liguei pra Annie pra vir aqui em casa aproveitar que estava sozinho. Enquanto ela não chegava fui tomar um banho. Após o banho sai do banheiro só com uma toalha, chegando ao meu quarto me deparei com Annie sentada na minha cama.

 Ela estava vestida com uma blusa azul, uma short branco e o cabelo solto. – linda– Foi à primeira coisa que veio em minha cabeça. Abri um meio sorriso e depois percebi que ela estava ficando corada. Segui o olhar dela e lembrei que estava só de toalha. Devo está mais vermelho que um tomate.

Andei até o guarda roupa e peguei uma roupa rapidamente, e fui ao banheiro me trocar. Vesti uma camisa branca, um short florido e chinelos de dedo. Tentei ajeitar o meu cabelo pra ficar pelo menos um pouco apresentável pra Annie, mas não adiantou muito.

 – Droga de cabelo. – Resmunguei enquanto saia do banheiro.

Quando voltei ao meu quarto vejo Annie com meu álbum de quando era pequeno nas mãos. Eu tenho esse álbum porque peguei escondido da minha mãe pra que nunca passasse vergonha quando Annie fosse lá, mas parece que a tentativa foi em vão.

 Sentei do lado dela na cama e vi que ela estava olhando as fotos do meu primeiro banho. Cara que vergonha, não é nem as fotos, são as descrições que minha mãe colocou nelas “primeiro banho do anjinho da mamãe” ou “O bebê da mamãe fazendo pipi no banho”. Annie pegou seu celular e começa a tirar fotos do álbum.

- Ei, o que você está fazendo? – Perguntei levantando uma sobrancelha.

- O que você acha que estou fazendo? – Retruca Annie com um sorriso enorme no rosto.

- Mas por que você está fazendo isso? – Indaguei meio receoso, se tratando de Annabeth...

- Pra colocar na internet. – Disse ela com um sorriso malicioso.

- Ah, mas não vai mesmo. – Falei tentando tomar o celular dela.

 Porém ela foi mais rápida e saiu correndo pra sala, mas logo caiu em cima do sofá por causa do tapete. Ela tentou se levantar, mas me joguei em cima dela.

 - Sai de cima de mim Jackson! – Ela começou a gritar, e me dar soquinhos. Já disse que amo quando ela está brava? Não? Então irei dizer agora, eu amo quando ela está brava. Aproximei-me mais dela, que continuava me batendo descontroladamente. Cheguei perto de seu pescoço e comecei a beijá-lo. Ela parou de me bater imediatamente, não é pra menos, é o ponto fraco dela.

Subi os beijos do pescoço até sua boca. Rocei levemente meus lábios nos dela, e comecei um beijo lento, que logo virou um beijo quente. Annie soltou um pequeno gemido, e continuamos nos beijando cada vez mais intensamente. Annabeth colocou as mãos por dentro da minha camisa e começou a arranhar minhas costas. Ah, como eu adoro isso. Parei e tirei minha camisa rapidamente e voltei a beija- lá, desci minhas mãos até a barra da blusa dela...

-EAAAI GALERA. – Leo entrou gritando com Nico logo atrás. Dei um pulo e saí de cima de Annabeth pelo susto.

DROGA! Por que diabos não tirei aquela chave reserva que fica embaixo do tapete?

Olhei pra Annie que estava fortemente corada, acho que um camarão perde pra ela, Olhei pra eles com expressão de “Eu vou te matar”.

- Ei cara, você deveria agradecer por eu ter chegado, pelo o que eu sei você não tem nenhuma camisinha em casa. – Disse Leo com um tom brincalhão. Lançei mais um olhar mortal pra ele.

- O que vocês querem? – Perguntei. Que frustrante

- Bom, quando soubemos que você estaria sozinho hoje decidimos vir te fazer companhia. –  Leo falou se jogando na poltrona que fica ao lado do sofá.

- “Decidimos” nada, o Leo me acordou do meu maravilhoso sono e me arrastou pra cá. – Nico resmungou com uma cara de enterro.

- De nada. – Diz Leo com seu típico sorriso brincalhão no rosto.

- Custava ligar?

- Quis fazer uma surpresa. – Respondeu ele.

- E fez. – Resmunguei. – Uma surpresa bem agradável por sinal. – Falei com o máximo de ironia possível.

- Bom, eu preciso ir. –  Annie falou se levantando e me dando um selinho demorado. – Foi bom vê-los meninos, até amanhã. – Ela disse saindo pela porta.

-Ah, muito obrigado Leo – Falei jogando uma almofada nele o fazendo gargalhar. Revirei os olhos. Liguei a TV e começamos a assistir o jogo de basquete. Olhei pro Nico e percebi que ele estava muito pensativo, quer dizer mais que o normal.

- Nico, você tá bem? – Perguntei o fazendo sair de um tipo de transe. Ele olhou pra mim e mexeu a cabeça em afirmativo. O olhei desconfiado e ele soltou um suspiro cansado.

-Percy, você tem noticias da Thalia? – Perguntou com um tom preocupado na voz. Acho que ele está começando a gostar dela. Esse pensamento me deu uma pontada de ciúmes, mas pensando bem eles fazem um belo casal.

- Não cara, e você?

Ele fez que não com a cabeça e voltou à atenção para o jogo. Quando o jogo acabou Leo e Nico foram embora. Fui para o meu quarto e peguei meu celular. Havia uma mensagem.

“Continuamos o que começamos hoje depois – Annie”

 Abri um sorriso de orelha a orelha. Deitei na cama, só que acho que vou demorar a dormir pensando na minha sabidinha.

POV Nico

Quando sai da casa de Percy resolvi que iria a pé pra casa, afinal não é tão longe assim e precisava pensar. Me despedi do Leo e comecei a andar. No caminho comecei a pensar na Thalia, não sei por que mais esses dias venho pensando nela o dia inteiro, e desde que ela saiu e não deu noticias até agora está me dando um aperto enorme no coração. 

Será que ela ta bem? Estou com medo que ela se mude novamente pra Los Angeles, mas ela nem se despediu. Oh Deuses, o que está acontecendo?! Parei em um pracinha e me sentei no primeiro banco que vi. Peguei meu celular e tentei ligar pra ela uma, duas, três vezes e ninguém atendia. Decidi apelar pras mensagens. Mandei algumas e nada de respostas. Quando estava me levantando pra ir embora, vi Luke em pé na minha frente, olhei confuso e ele me empurrou pra me sentar novamente no banco.

            - Qual seu problema? – Indaguei.

            -Oh, calma Chihuahua, eu só quero saber da Thalia. Você tem alguma noticia dela? – Me perguntou ele fazendo com que eu fique mais preocupado.

            - Não era você o GRANDE amigo dela? – Falei dando ênfase no grande.

            - Por incrível que pareça ela não atende meus telefonemas, nem responde minhas mensagens. Então, já que vocês estão virando “Best friends forever” pensei em perguntar se você sabia. – Disse ele em um tom serio e ao mesmo tempo caçoador.

            - Bom, ao contrario de você não vou ficar na friend zone. – Falei dando um sorriso sem humor. Festejei por dentro quando vi a expressão de raiva e indignação dele.

            - Cala a boca, seu emo, você não sabe de nada, Agora me responde, você tem alguma noticia da Thalia? – Perguntou ele já com um tom impaciente.

            - Não.

            - É, parece que ela sumiu do nada. – Disse sentando ao meu lado. – Você anda de skate?

            - Sim, por quê? – Perguntei estranhando. Por que ele está sendo amigável com o cara que pode tomar a garota que ele gosta?

            - Já ouviu falar do ditado “Mantenha os amigos perto e os inimigos mais perto ainda”?  - Ele perguntou e eu nem tive tempo de responder. – Então é isso que estou tentando fazer. – Abriu um sorriso vencedor. – Topa? Vai ser bom conhecer meu concorrente.

            Fomos pro carro, depois de mais ou menos uns 20 minutos até chegarmos à pista de skate. Era uma pista que tinham acabado de inaugurar, tinha algumas pessoas por lá, estaria lotada se não fosse tão tarde. Alugamos os skates, ficamos mais ou menos uma hora andando.

Luke seria um cara legal se não quisesse tomar minha garota, er... quer dizer, a Thalia não é minha garota, somos amigos, mas enfim. De qualquer forma ele continua sendo meu concorrente. Despedi-me dele e dispensei sua carona. Fui até a estação de metro e entrei, estava completamente vazio. Me sentei no fim do vagão, coloquei os fones de ouvido e comecei a ouvir uma música do Green Day. Lembrei da Thalia. Fiquei deprimido com isso.

 Cheguei ao ponto e fui andando o resto do caminho até minha casa. Quando cheguei fui direto pro meu quarto, tomei um banho e vesti uma calça de moletom e desabei na cama dormindo imediatamente.

          

 POV Jason

            Depois que Thalia subiu, olhei pra minha mãe e pra aquele que se dizia meu pai e fiquei os observando por um bom tempo sem saber o que fazer. Claro que estava com ódio dele, mas até que o entendo, o que eu faria se traísse minha esposa duas vezes? Claro que não o mesmo que ele, mas o que podia fazer? Ele não deixava de ser meu pai e afinal ele não estava aqui agora, porque ficar remoendo o passado? Levantei-me da poltrona e estiquei minha mão pra ele e disse:

            - Eu ainda não te perdoei, mas estou disposto a tentar te perdoar. – Ele ficou acho que um minuto só olhando pra minha mão e depois a segurou firme e me puxou pra um abraço, o que me assustou um pouco. Não parece ser da natureza dele sair abraçando as pessoas por ai. Depois disso dei um beijo na bochecha da minha mãe e subi para o meu quarto.

 Quando entrei tirei minha roupa e fui para o banheiro. Tomei um banho demorado e depois vesti uma calça qualquer. Deitei na cama, olhei o meu celular e percebi que não tinha nenhuma mensagem da Piper. Resolvi ligar pra ela.

            - Alô? – Piper atendeu, com a voz sonolenta.

- Oi Piper.

- Quem ta falando? – Perguntou ela.

- Piper, sou eu, Jason o seu namorado. – Disse ficando com raiva. Como ela não reconheceu minha voz? E ela não olhou quem era antes de atender?

- Ah! Oi amor, desculpa não ter mandado mensagem é que meu celular bugou e perdi todos os números... – Não deixei ela terminar e fui logo a abordando com uma pergunta.

- E você não sabe decorado o numero do seu próprio namorado? – Perguntei já com o tom alterado.

- Claro que eu sei, mas achei que você estava muito ocupado pra responder a alguma mensagem minha, e eu estava ocupada. – Disse calma como sempre.

- B-Bom eu estava – Ela ficou gaguejando um bom tempo.

- Anda Piper responde logo. – Digo já impaciente.

- Por que fui arrumar a casa... – A interrompi novamente.

- Piper, você tem empregada.

- Mas ela esta de folga. – Ela se explicou. – E agora estou aqui com Leo.

- O que o Leo tá fazendo na sua casa uma hora dessas?! – Quase gritei.  Sei que é ridículo sentir ciúmes do meu melhor amigo, mas o ciúme já esta subindo a minha cabeça.

- Jason se acalma!– Ela gritou comigo. – Ele está me ajudando a recuperar minha lista de contatos e ainda é 21h00, quer falar com ele? – Falou ela voltando ao seu tom normal.

            - Sim.  – Digo me acalmando mais. Ela passou o telefone pra ele.

- E ai cara. – Falou Leo com seu tom brincalhão.

- Leo o que diabos tá acontecendo? – Perguntei. Leo nunca mentiria pra mim.

 - Eu to aqui com a Piper tentando recuperar a lista de contatos dela, só isso. – Disse ele, não me convenceu muito mas me acalmei mais. Quando voltar amanhã vou tirar essa historia a limpo.

 - Ok. – Disse. – Passa pra Piper, por favor.

- Ta certo. – disse Leo. Ouvi alguns barulhos do celular sendo passado.

 - Pipes, vou dormir, depois a gente se fala. – Digo.

- Tudo bem. Quando você volta? – Me perguntou ela.

 - Não sei. – Menti. – Acho que amanhã.

- Não demore, estou com saudades. – Falou ela me fazendo sorrir.

- Não vou. – Disse desligando o celular.

            Fiquei deitado na cama uns dois minutos e decidi ir ver como a Thalia está. Fui até o quarto onde ela estava e fiquei bem uns cinco minutos batendo na porta até ela abrir. Ela estava horrível, com a maquiagem borrada, os cabelos assanhados parecendo um ninho de passarinho.

            - Nossa você está horrível. – Disse segurando o riso.

            - Sua sinceridade me comove. – Disse ela dando espaço pra eu entrar.

Parecia que tinha passado um furacão no quarto, estava tudo bagunçado. Sentei em uma montanha de roupas, acho que embaixo daquilo tem uma cama. Ela se sentou ao meu lado. Olhei pra bem pra ela e, nossa, não tínhamos nada parecido.

            - Então... você está melhor? – Perguntei.

            - Sim, um pouco. – Disse ela olhando pro nada. – Você já os perdoou? – Perguntou ela virando sua atenção pra mim.

            - Não. Ainda não. – Disse olhando pra ela. – É, parece que somos irmãos. – Disse fazendo com que ela desse um meio sorriso.

            - É, isso é estranho. – Disse ela.

            - E o que está achando de ser minha irmã?

            - Como eu vou saber se mal ficamos um segundo juntos até agora? – Disse ela.

            - Autch. – Fingi estar com dor – Essa doeu até na minha alma. – Disse fazendo com que ela risse.

            - Vamos assistir algum filme? – Perguntou ela.

            - Vamos, mais qual? – Perguntei.

            - Que tal todos do Harry Potter?

            - Claro.  – Me deitei na cama e esperei ela colocar o filme, ficamos quase a noite toda assistindo filme.

            De manhã me levantei e fiz minha higiene matinal, arrumei minhas coisas, pois viajarei hoje, olhei se não estava esquecendo nada. Desci as escadas chegando lá embaixo me deparei com Zeus lendo jornal e minha mãe fazendo o café da manhã, pode parecer loucura, mas por um segundo eu senti que tinha uma família de verdade. Queria ficar ali tendo esse momento família feliz, mas não podia, porque já estava atrasado para o voou, então peguei só uma maçã da mesa como café da manhã, me despedi da minha mãe e de Zeus. Quando estava saindo Zeus disse:

            - Se quiser pode se mudar pra minha casa, lá também é sua casa.

            - Não, obrigada. – Dispensei a oferta, pois gostava de morar com o Percy, me sentia livre.

            - Se mudar de idéia a porta estará sempre aberta. Lembre-se disso.

            - Me lembrarei – Disse saindo.

            Cheguei ao aeroporto em cima da hora. Ainda bem que não perdi, entrei botei os fones de ouvido e fiquei pesando na minha conversa com Piper ontem e conclui que a primeira coisa que faria quando chegasse era ir a casa dela. Dormi a viagem inteira só acordei quando o avião pousou. Sai do aeroporto, peguei um taxi até em casa. Chegando lá tomei um banho rápido, peguei meu carro e fui pra casa da Piper.

Ela mora em um condomínio de casa onde também moram o Leo, o Nico e os irmãos Stolls. A casa dela é pequena, pois só quem mora lá é ela. Seu pai é um ator muito famoso então passa metade do seu tempo viajando. Quando cheguei bati na porta varias vezes e ninguém atendeu. Decidi pegar a chave reserva que fica debaixo de um jarro de flores.

Quando abri a porta da casa, não tinha ninguém. Fui entrando e quando cheguei à sala me deparei com ela e o Leo no sofá! Leo estava com a mão sobre os ombros dela e ela com a cabeça encostada no ombro dele.

            - MAS QUE PORRA É ESSA? – Gritei fazendo os dois se acordarem.