Tudo começou simples, nem tão simples... Uma certa implicância, uma certa raiva... Mas aconteceu, sem porque, de repente...

Eu estava já no fim do segundo ano do ensino médio, quando algumas coisas aconteceram. Aquela menina, Camille, quieta e misteriosa começava a me incomodar, sua presença, seu nome, até pensar nela já me irritava. Por motivos bobos da adolescência... Minha raiva por ela era inacreditável! Me corroía por dentro cada vez que eu via aquela menina, era uma das que eu mais odiava e esperava nunca mais ver na vida! É... Isso tudo está parecendo muito exagerado, mas não! Era realmente assim... Era!

O ano acabou e nem vi vestígios da vida da garota que eu não suportava. Mas o ano começou, terceiro ano, o ultimo ano! Todos os anos as turmas mudam.

E o que eu vejo quando chego no colégio, no primeiro dia de aula quando fui ver em qual turma eu estava?!

Exato!

Ela estava na mesma turma que eu.

Meus lábios cerraram instantaneamente, meus punhos se fecharam com força, meu olhar enfurecido fixado no nome dela na lista da turma em que eu estava!

Eu não acreditava no que havia acontecido... Logo ela! Logo na minha turma! Por que?

Enfim... Destino.

Acho que vale contar o que aconteceu para que eu ficasse tão brava com ela, não esperem nada interessante, foi realmente idiotice da adolescência, bem... No fim do segundo ano eu me sentia muito atraída por um menino e a gente se tratava muito carinhosamente, então um dia ele e a tal menina começaram a namorar! E fizeram questão de se beijarem na minha frente, sim aquilo machucou! Só que eu ficar com raiva dela é algo normal, mas não entendia o motivo dela continuar a me provocar indiretamente, então eu criei uma hipótese, que se fez bem concreta perante os atos dela, que parte da causa seria medo de perder ou ciúmes do novo namorado. Mas enfim o fato é que começamos a nos provocar, na verdade eu tentava não ser afetada e ela tentava me provocar mais e mais... Mas voltemos à história!

Eu estava muito incomodada de termos que estudar um ano inteiro juntas. Porém teríamos que aguentar.

Logo na primeira semana de aula os professores perguntaram o que queríamos fazer de faculdade, tanto eu quanto ela respondemos Engenharia Astrofísica. Por mim tudo bem, mas por ela não foi tão bem assim. Ela começou a conversar com o amigo próximo a ela debochando de mim, achando que eu não saberia nada sobre o curso. Foi neste instante que o professor perguntou se eu conhecia bem o curso e me perguntou como era e eu expliquei direitinho o que era! Desde então vi que nossa guerra continuava!

Depois de quase um mês de aula, fomos convidadas para um aniversario, sentamos quase que uma do lado da outra, estava meio desconfortável para nós! E claro que tinha que ter uma provocação, ela insinuou que eu não dava nenhuma importância ao colégio, com essa eu realmente fiquei chateada, ela não me conhece de verdade, ela não sabe o tanto que eu me impenho nos meus estudos, mas deixemos isso.

Todos os dias começavam com implicâncias silenciosas, a primeira vez que ela sorriu pra mim no ano foi quando eu cheguei na sala e ela tinha sentado na minha carteira habitual, eu fiquei surpresa ao ver uma mochila na lugar onde costumo sentar, mas no segundo seguinte reconheci tal mochila, no instante seguinte nossos olhos se encontraram, sem querer, foi então que ela deu um sorriso sarcástico discreto pra mim. Aquele momento não durou nem dois segundos, mas foi o suficiente pra perceber a afronta. Mas tudo bem, eu mostrava nāo me atingir com isso.

Mas os dias iam passando, meu amigo sabia que eu não gostava dela e achava engraçado quando tínhamos que estar perto uma da outra. Como quando ela teve que almoçar conosco, foi interessante, na verdade impressionante... começarei daqui a história...

Uma certa quarta feira, eu e meus amigos (Bernardo, Henrique e Stela)íamos almoçar juntos num trailer que vendia hambúrguer e cachorro-quente (o Burgão) próximo do colégio pois íamos passar a tarde passeando depois. Foi então que quando estávamos andando em direção ao trailer apareceu duas meninas, Camille e Talita(uma amiga nossa).

- Voces vao almoçar aonde? - perguntou Camille.

- No Burguao! - respondeu Bernardo(que sabia que eu nao gostava dela).

- Hunm... Uma boa hein! Topa almoçar lá?- perguntou a menina pra nossa amiga.

- pode ser... - respondeu Talita.

Eu congelei por dentro e senti o olhar do meu amigo em mim, olhei e vi que ele entendia o que eu tava pensando sobre ela almoçar conosco. Pra melhor a situaçao nos sentamos na mesma mesa.

Comecei a me sentir incomodada com aquilo mas não deixei transparecer. Ela se sentou em frente a mim, começamos a conversar, todos na mesa. Alguns amigos dela passaram pela nossa mesa e a cumprimentaram, ela conversou um pouco com eles e depois ela se sentou novamente e eles foram embora. Eu tinha deixado meu casaco do lado dela, na mesa que estava junta da nossa, onde Henrique estava sentado, e o celular dela na minha frente. Não sabemos o que houve, so sabemos que alguem esbarrou na mesa do lado, onde estava o meu casaco e a garrafa de guaraná do Henrique, então a garrafa tombou...

Foi então que o inacreditável aconteceu...

Ela se levantou rapidamente e puxou meu casaco pra cima, eu peguei o celular dela e afastei minha cadeira da mesa.

Sim! Levemos em consideração que o celular dela estava mais proximo dela e que o meu casaco tambem estava ao meu alcance. Mas mesmo nós podendo cada uma pegar suas proprias coisas, por impulso salvamos os pertences da

outra.

A cena congelou. Rimos pouco da cena. Quando reparamos no que aconteceu foi bem interessante. Ela parada em pe levantando meu casaco em seu braço, eu sentada afastada protegendo o celular dela.

Nos olhamos sem graça, porem, sorrindo. Ela se sentou, depois que Henrique levantou a garrafa, afastou a mesa um pouquinho da nossa, eu aproximei minha cadeira da mesa novamente. Ela colocou o meu casaco em cima da mochila dela.

-Nossa MUITO obrigada, meu casaco ia ficar encharcado!! - disse.

-Ah... por nada. - respondeu ela sem graça - Ah e MUITO obrigada por pegar meu celular, serio mesmo!

-De nada. - respondi sorrindo. Ela sorriu também.

Ficamos por um tempo sem graça uma com a outra. Quando terminamos de lanchar, nos endireitamos nas cadeiras e começamos a conversar, até que Bernardo deu a ideia de jogarmos "eu nunca"...