As Aventuras De Um Cacumbu Ordinário escrita por Sr V


Capítulo 5
Capítulo 5: Doce, doce Inferno




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Capítulo 5: Doce, doce Inferno

Passar por um vortex é uma sensação horrível, fiquei girando, girando, girando. Aquele armário da Disney estava ligado a um píer. As tábuas de madeira estavam gastas e, se quebrassem, algum infeliz poderia se afogar em um mar de lava.

Nós pegamos uma caravana que de acordo com Lennin nos levaria para a cidade de Novo Purgatório.

A caravana estava lotada de pessoas aparentemente mortas. Pelo visto quem morria ia para o Inferno do jeito que faleceu, muitos estavam queimados, alguns baleados, um deles tinha uma faca de cortar bolo cravada no meio da testa, dentre outros. Tirei a varinha do meu bolso – que recentemente descobri não ter fim, dava para guardar de tudo – pois muitos mortos tinham uma cara suspeita e a varinha mostrou se bem útil até agora.

Como não tinha espaço para sentar fiquei em pé ¬.¬, apoiei os braços no parapeito e Lennin veio me fazer companhia.

- Então, você me disse que tinha algo a falar sobre a Maldição da Morte - TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ. Muitos mortos começaram a reclamar. – O que é?

- É que... – Lennin começou a se sentir desconfortável. – Você precisar saber de duas peculiaridades sobre essa marca, a primeira é que a maldição de cada Raposa do Poente mata de um jeito diferente...

É verdade, Miki interrepou, ele estava fultuando – mas o que?! – ao meu lado. Todas as Raposas do Poente podem lançar a Maldição da Morte, TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ, os mortos reclamaram de novo. Mas cada uma causa um tipo diferente de morte e toda vez que é ativada é pior do que da ultima vez. A minha maldição causa morte por dor de cabeça, a do meu irmão mata por diarreia explosiva.

Lennin confirmou com a cabeça. Isso explica as dores de cabeça intensas, podia ser pior, não é?

- A segunda peculiaridade é – Lennin continuou – que se você estiver preste a morrer a maldição te mata primeiro.

Meu coração estava na garganta, não tinha como acreditar naquilo, como Miki faria algo desse tipo comigo? Mas tinha algo que não se encaixava.

- Quando eu estava no hotel um polvo tentou me matar e minha cabeça não doeu.

- Então sua não era para você morrer naquele momento.

No parque da Disney quando o esquilo me atacou, eu deveria ter morrido. Miki começou a voar pela caravana e esbarrou em um morto atrás de mim, este bateu nas minhas costas e eu deixei cair à varinha na lava, ela soltou uma fumaça rosa antes de derreter. Fiquei arrasado.

- Cuidado aonde voa, raposa idiota – o morto praguejou.

Como ousa! Miki tocou fogo no homem.

- Miki, ele já está morto, queimá-lo não vai fazer nada – Lennin disse.

Alguma coisa começou a apitar na caravana.

- Estamos chegando.

Luzes coloridas iluminavam Novo Purgatório, de longe a cidade parecia uma discoteca ambulante.

De perto, Novo Purgatório era bem mais interessante. Uma metrópole que parecia feita daquilo que as pessoas sempre sonharam, aonde você encontra de tudo: fliperamas, boates, cinemas, livrarias, cada loja tinha uma placa bem extravagante, mas era tudo tão perfeito, menos a localização, Inferno. Eu não me importaria de ficar por aqui para sempre.

Passamos numa sorveteria, Miki disse que não queria nada, o atendente anotou o meu pedido, um sorvete de mirtilo com pedrinhas de açúcar que pipocavam na boca. Tão bonito e saboroso.

- Aonde esse Hades mora? – Perguntei para Lennin, as pedrinhas faziam cócegas na minha boca.

- Numa mansão fora da cidade, mas não é para lá que nós vamos.

- Aonde então?

- Vocês vão ver.

Depois de andarmos mais um pouco, eu não me importei de andar nem um pouco pela cidade, por mim eu iria a todos os lugares.

Nós paramos na loja com o letreiro mais extravagante da cidade, era:

Confeitaria Infernal do Tio Hades

As palavras brilhavam em néon azul e amarelo com bolinhos demoníacos dançando. Na vitrine se encontravam os bolos, tortas, cupcakes mais estranho que eu já vi. Eles emitiam auras diferentes, acho que não eram feitos para humanos.

Entramos na loja, um aroma morno de chocolate nos deu boas vindas. Um ruído gritante soou, em poucos segundos um ser de dois metros de altura apareceu. Ele parecia com aqueles fantasmas de baixa qualidade feitos com um lençol, só que preto e com olhos completamente vermelhos. Enquanto ele flutuava uma névoa saia de baixo do seu lençol.

- Bem-vindos a Confeitaria Infernal do Tio Hades, eu sou Hades o que desejam? – Hades abriu os braços, que se camuflavam perfeitamente no lençol, em um sinal que seria acolhedor não fosse o fato de seus dedos serem pontudos e prontos para fatiar qualquer que falasse mal dos seus doces.

Lennin deu um passo à frente.

- Eu quero um cupcake quebra-maldição.

Hades dirigiu o seu olhar para mim, e foi estranho, meu estomago ficou frio como um cubo de gelo, depois ele olhou para Lennin, me perguntei se ele também estava sentindo o mesmo que eu.

- Desculpe, mas estamos sem destes no momento, mas temos bolinhos-gritantes se quiser – Hades tirou do mostruário giratório um bolinho que emitia uma aura fosca, logo em seguida o doce abriu a boca guinchou uma mistura de grito de bebê e porta rangendo. Hades deu uma mordida e sorriu. – Estão ótimos.

- Não, eu realmente preciso de um quebra-maldição, é uma urgência.

Hades coçou o queixo.

- Eu estou sem os ingredientes necessários aqui...

- Nós vamos atrás dele, eu e meus amigos. – Lennin olhou para mim em suplica.

- Isso mesmo! – Concordei.

- Tudo bem, não vejo mal algum – Hades deu de ombros. Ele tirou um pedaço de papel de algum bolso. – Vocês podem encontrar esses três ingredientes em China Town.

Lennin pegou a lista e analisou-a.

- São simples.

- Aqui tem uma China Town? – Perguntei surpreso.

- Novo Purgatório tem de tudo, meu jovem – Hades afirmou.

Saímos da loja e seguimos Lennin pela rua. Miki estava muito calmo, desde que chegamos ele anda um pouco esquisito.

- Ei, Lennin, por que não compramos seu cupcake em outra loja?

- Só existe uma confeitaria em Novo Purgatório.

É claro que só tinha uma quem é que iria querer competir com o rei do Inferno.

- Essa cidade é incrível, eu poderia passar o resto da vida aqui.

- Nem sempre foi assim, quando Satanás comandava as coisas era piores, mas quando ele se aposentou Hades veio e deixou as coisas melhores.

- Ah.

- Chegamos – Lennin disse.

Não havia nenhuma divisão, China Town era como se fosse um bairro de Novo Purgatório. Mas a diferença daquele bairro para cidade era grande. China Town tinha várias pessoas circulando de um lado para o outro, comerciantes gritando que seus preços eram os melhores, e tudo era em mandarim.

- Charles, você e o Miki vão atrás dos cogumelos endiabrados, são os mais fáceis de encontrar. Vende em qualquer loja.

E foi aí que nos separamos, eu e Miki andamos por China Town, o local tinha cheiro de temperos que eu nunca iria querer provar.

- Miki, você está muito quieto, aconteceu alguma coisa? – Perguntei enquanto eu fitava a raposa.

Aconteceu algo que não é da sua conta, Cacumbu, foi isso que aconteceu. Retrucou e foi andando mais na frente.

Fechei os olhos procurando paciência. Entrei na loja ao lado só para não ter que ficar perto de Miki.

Fui até o balcão onde uma mulher gorda com cara de sapo me atendeu, ela tinha três olhos cor de rosa no rosto.

- Posso ajudar? – Ele me olhou como se eu fosse algo extremamente novo.

- Eu estou procurando cogumelos endiabrados, você tem?

- Me desculpe, mas o que um humano faz em Novo Purgatório? – Ela apoiou os cotovelos na bancada e descansou a cabeça na mão esquerda.

- Vim só para ajudar um amigo – dei um sorriso amarelo, não gostava nem um pouco do jeito como ela me olhava.

- E seu amigo está por perto?

Fiz que não com a cabeça.

- Perfeito – ela deu um sorriso de orelha.

Foi nesse momento que eu percebi que tinha caído numa armadilha. Enfiei a mão no bolso, mas me lembrei que não tinha mais minha varinha. A única coisa boa era que eu sabia que não ia morrer, a marca estava quieta.

Dei um passo para trás me preparando para correr.

- Por favor, nem tente – a atendente revirou os olhos. – Veja, não são muitos os humanos que passam por aqui e você não sabe como afrodisíacos feitos a partir de corpos humanos vendem. Então...

Dei meia volta e corri até a porta que fechou sozinha tentei abrir, mas estava trancada. Não contava com a ajuda de Miki dessa vez. A atendente já estava bem perto, como eu não sei, mas ela carregava uma espécie de tesoura serrada, ela ergueu a arma na minha direção. A loja era enfeitada com vários vidros com coisas dentro em prateleiras de madeira, mas algum daqueles vidros podia me ajudar? Resolvi encarar a sorte, peguei um deles aleatoriamente e joguei na cara da mulher. Ela ficou ensopada por uma gosma verde.

- Seu Cacumbu maldito – ela avançou a lâmina na direção do meu rosto. Ergui as mãos tentando me defender, senti um formigamento estranho e uma luz laranja irrompeu da palma da minha mão direita. A atendente foi jogada até o balcão, ouvi o som de osso quebrando.

Olhei para a minha mão e ela continuava brilhando, o formigamento se alastrou até o cotovelo.  A mulher se levantou furiosa.

- O que você é?! – Ela gritou, seu rosto estava queimado, bem queimado com direito a bolhas.

Eu dirigi a minha mão direita para ela. Um pulso elétrico correu pelo local, raios saíram de todas as frestas como cobras, eles vieram na minha direção.

- Me dê os cogumelos, eu não consigo controlar isso, posso te matar sem querer – medo saía na minha voz, eu não sabia o que estava acontecendo.

A atendente apontou para um vidro perto de mim, quando me movi para pegar os cogumelos os raios me seguiram. Peguei o recipiente e passo a passo eu saí da loja. Os raios não me seguiram até a saída a atenção deles parecia voltada para atendente. Quando voltei para rua um cansaço me abateu, ouvi um barulho estático vindo de dentro da loja e um grito. Desmaiei segundos depois.

Minha cabeça latejava quando acordei, Hades me fitava com seus olhos vermelhos.

- Que bom que acordou Charles, pensávamos que estava morto. – Eu estava no chão da confeitaria, Lennin olhava para mim preocupado e Miki estava comendo An- pan.

- O que aconteceu?

- Você foi sobrecarregado, ora.

- Não entendi – me levantei ainda fraco.

É claro que não entende, Miki disse.

- Aqui, coma esse biscoito levanta-astral – Hades ofereceu. Na primeira mordia eu me senti revigorado. – Existe um motivo Charles, pelo o qual o mundo humano e o mundo mágico não se misturam – começou a explicar. – Os humanos são que nem esponjas, eles absorvem magia, mas não conseguem controlá-la. Sinceramente, eu não sei como você continua vivo.

Minhas mordidas te salvaram, Cacumbu, Miki se pronunciou, todos na loja olharam para a raposa querendo explicações. As duas mordidas que te dei as que dão o poder de ler o pensamento dos animais e de ver o Mundo Mágico. Bem, de alguma forma elas impediram que você explodisse. Tecnicamente eu salvei a sua vida, você me deve um favor.

- E o que acontece se você retirar essas mordidas? – Perguntei olhando para o meu braço direito, não havia nenhuma cicatriz.

Não saem, a menos que alguém arranque o seu braço, Miki começou a andar pela loja cheirando as prateleiras. Mas você não vai poder usar esses poderes com frequência, as mordidas absorvem a magia impedindo, assim, a sua morte, o que você usou mais cedo foi o que não pode ser absorvido.

- É claro, como eu não percebi isso antes! – Hades se repreendeu. – Charles, serão raros os momentos que você poderá usar magia, creio eu que daqui três dias você vai ter que liberar o excesso de magia.

- Miki, o que você quis dizer com “o que aconteceu mais cedo”? – Lennin perguntou, ele estava quieto, só observando.

O, Cacumbu, entrou na loja errada e fritou a atendente, Miki falou tão casualmente, pelo visto ele não ligava para ninguém além dele próprio.

- Ah – Lennin respondeu.

- Bem, eu vou preparar os cupcakes e daqui a pouco eu volto – Hades bateu palmas alegremente e saiu em direção à cozinha.

Depois de uns dez minutos de um silêncio constrangedor eu decidi tirar umas dúvidas com Miki, que estava cheirando uma bandeja cheia de biscoitos levanta-astral.

- Ei, Miki, por que você não fala com a boca, só pelo pensamento?

Porque eu sou um ser superior, ora, Miki disse em seu tom neutro e cortante.

- Ok, você tem uma família?

Tenho uma família melhor que a sua, e comeu um dos biscoitos, quando engoliu ele brilhou por um segundo.

Fechei os olhos buscando paciência, me preparei para fazer a terceira pergunta:

- O que exatamente é uma Rap...

Hades abriu as portas da cozinha e um aroma quente de trufas de chocolate inundou o ambiente.

- Só mais quinze minutinhos no forno e estarão prontos – Hades pegou um controle remoto do bolso, apertou um botão e uma TV de tela plana gigante desceu do teto. – Sabiam que eu já participei de um programa de confeiteiros? – A tela ligou e lá estava Hades nos bastidores do programa:

- Olá! Meu nome é Hades e eu sou o deus da culinária e senhor supremo do Inferno – apresentou-se. – Eu vim para poder promover minha confeitaria, é claro. E hoje eu vou fazer um dos meus cupcakes favoritos: o cupcake dia-dos-finados.

A cena seguinte mostra Hades colocando os ingredientes numa tigela de metal enquanto uma assistente zumbi preparava a cobertura. Para assar os bolinhos ele invocou chamas das mãos e ninguém sequer achou aquilo esquisito.

Quando chegou a hora dos competidores apresentarem suas criações, Hades fez questão de falar primeiro:

- Esses são os meus cupcakes dia-dos-finados eles tem um sabor de baunilha recém-colhidas dos Campos da Punição e quando você morde se lembra daquela pessoa querida que morreu.

Os jurados o olharam como se ele fosse maluco.

- COMAM! – Hades ameaçou.

A cara de nojo que os jurados fizeram ao provar os cupcakes deviam ter feito Hades ficar com raiva ou não, é difícil de ler o rosto de uma pessoa quando ela só usa um lençol preto.

- Sinceramente, o cupcake está gostoso, mas ele me lembra a minha mãe e eu não gostei. – O jurado do meio falou e o que estava ao lado concordou e disse:

- Eu não compraria nem se vendesse na farmácia.

Hades ouviu e parecia paciente.

- MORRAM! – O deus levantou as mãos e três gêiseres de pura lava queimaram os jurados.

A tela ficou preta.

- Eu não venci, mas pelo menos eu pude mostrar o meu trabalho – Hades disse conformado.

O ruído gritante soou indicando que alguém tinha entrado na loja. Eu me virei e vi a mulher mais linda do mundo, ela era a cara daquela mulher latina do programa “Modern Family”.

- Eu não acredito nisso – ela disse, tinha até o sotaque latino.

- Perséfone, querida o que você faz aqui? – Hades parecia nervoso.

- Toda vez, você tem que mostrar esse programa idiota para cada pobre alma que passa nessa loja – Perséfone repreendeu. Ela tomou o controle das mãos do Hades. – Mas você não mostra isso! – Ela apertou um botão e TV ligou.

Dessa vez Hades estava em um palco e atrás dele havia um letreiro do “American Idol”, o deus estava cantando I Will aways Love you I da Whitney Houston. Ele tinha uma voz bem desafinada.

- And iiiiiiiiiiiiii wiiiiil awaaaaaaaaays lo-o-o-o-o-o-o-ve youuuuuuu!

É claro que os jurados não gostaram nem um pouco.

- Hades você não sabe cantar, eu adorava essa música até você cantá-la – e foi o Simon que disse isso.

- MORRAM! – E de novo os gêiseres mataram os jurados, menos Simon ele saiu vivo.

A tela voltou a ficar preta.

- Foi por isso que o Simon saiu do American Idol! – Perséfone parecia furiosa, eu também gostava do Simon.

- Ah, é assim? – Hades tomou o controle das mãos de Perséfone e apertou um botão, a tela ligou. – Eu não fui o único a vacilar na TV.

Perséfone estava sentada nos bastidores com um fundo feito de cortinas roxas.

- Oi, eu sou Perséfone e eu vou me casar com o dono do Inferno – ela levantou o anel mostrando o anel de brilhantes, ela parecia animada. – Nós nos conhecemos na festa de aniversário da minha mão, Deméter, e ele me sequestrou para fazer raiva a minha mãe e quando ele me levou para o Inferno, alguma coisa mudou nele e nós apaixonamos – Perséfone estava emocionada.

Na próxima cena ela estava experimentando os vestidos. A atendente tinha uma cara quadrada e esticada por causa de tanto botox. O primeiro vestido não impressionou então foram buscar outro. Nenhum dos seis que vieram depois agradou a noiva que já estava furiosa. Deméter e Hades estavam sentados numa sofá cada um em uma ponta evitando um ao outro.

- Incompetentes! – Perséfone gritava com os funcionários. Deméter saiu para buscar um vestido para a filha, voltou trazendo um vestido sujo de terra. Quando a filha vestiu ficou relativamente bonito se você gosta de folhas, raízes e formigas no seu vestido, uma lacraia saiu do decote e todos entraram em pânico.

Foi vez de Hades ir atrás de um vestido, voltou trazendo um lindo vestido branco que cintilava em verde.

- Aqui, amor, as Parcas teceram esse vestido com um milhão de vidas – disse Hades satisfeito.

Perséfone colocou o vestido e fez uma cara de alegria, passou a mão pela roupa adorando cada detalhe. Todos a olhavam esperançosos, atendente-botox cruzou os dedos e fechou os olhos.

- EU ODIEI! – Perséfone rasgou o vestido ao meio e a atendente-botox e mais cinco funcionário caíram mortos.

A TV desligou e subiu ao teto. Perséfone parecia menos irritada.

- Eu me lembro de que depois de comprarmos o vestido você me levou para ver os pecadores serem punidos, foi tão romântico – ela deu um leve sorriso. Um barulhinho apitou.

- Estão prontos! – Hades saiu correndo para a cozinha e sua esposa foi junta. Segundos depois ele voltou sozinho com um cupcake na mão. – Aqui, Lennin.

Lennin pegou o bolinho ansiosamente e deu uma mordida nele.

- Pronto – ele disse.

- Só isso? – Pensei que ia ter luzes mágicas ou coisa do tipo.

- Agora que eu tenho meus poderes de volta eu posso voltar a coletar almas – Lennin meteu a mão no bolso e tirou um Becker com um liquido rosa, me entregou o vidrinho. – Obrigado, e só use isso em caso de emergência.

No frasco tinha um adesivo com as inicias R.B.

- Hades, eu só queria pedir mais um favor...

- Suma- Hades estalou os dedos e Lennin desapareceu.

- Miki, vá falar com Perséfone que ela vai te dizer o caminho mais seguro para sair do Inferno.

Miki foi direto para a cozinha. Hades se aproximou de mim, sua aura divina me deu arrepios na espinha. Ele tirou do bolso um cupcake cinza com cobertura preta.

- Isso é...

- Sim, Charles, ouça. Quando humanos se metem em assuntos do Mundo Mágico é difícil deles terem suas vidas normais de volta – Hades estava tentando me ajudar? – Quando, Miki, não estiver vendo coma esse cupcake e você nunca mais sofrer dessa maldição.

Eu peguei o bolinho, Hades não entendia, eu meio que escolhi aquele caminho, mas parecia que minha vida estava numa corda bamba, qualquer minuto podia ser o ultimo por causa daquela estúpida maldição. Fitei o cupcake tentado em querer voltar para a vida miserável que eu tinha.


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