As Aventuras De Um Cacumbu Ordinário escrita por Sr V


Capítulo 4
Capítulo 4: Lennin, o demônio


Notas iniciais do capítulo

Eu não queria pedir isso, mas podem me ajudar a divulgar a minha história?



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Capitulo 4: Lennin, o demônio

Graças ao pelo brilhante de Miki dormir era impossível, resolvi assistir um pouco de TV, quando liguei a raposa sussurrou: desliga. E a TV apagou e não funcionou mais, fechei os olhos atrás de um pouco de paciência e me dirigi a frigobar, estava com sede, antes que eu pudesse fazer algo Miki voltou a sussurrar, feche, tentei abrir a pequena geladeira, mas era como se alguém tivesse passado super cola nela. Fiquei acordado até umas sete da manhã, que foi o horário que Miki parou de brilhar feito um holofote.

Praticamente desmaiei no chão frio. Tive um pesadelo envolvendo aranhas em quarto escuro.

Abri os olhos lentamente, grogues, olhei para o relógio eram duas da tarde, bocejei. Pelo menos dormi algumas horas. Notei que Miki não estava na cama, no lugar havia dólares, muitos dólares. Na borda da cama tinha um bilhete: Troquei uma das moedas de fadas por dinheiro Cacumbu. Eu fiquei me perguntando quanto valia cada moeda de fada, na cama devia ter mais de mil dólares.

A porta abriu emitindo um rangido. Miki entrou no quarto balançado seu rabo.

Vejo que acordou, pensei que estava morto, está até fedendo, Miki disse casualmente.

- Bom dia para você também. – Retruquei.

De fato um bom dia, agora se arrume, quero chegar ao parque o mais rápido possível.

Fui até o banheiro, tomei um banho, estava precisando. Olhei para as minhas roupas no chão, fediam a polvo assassino. A varinha estava na pia, como havia chegado lá? Ela começou a brilhar de novo, lampejos de feitiço foram em direção ao chão batendo nas minhas roupas. Para minha sorte não viraram pétalas de rosa, mas eram outras roupas, um jeans preto e uma camisa azul com estampas de gaivotas voando.

Ter guardado aquela varinha foi mesmo uma boa ideia, era multiuso, matava vampiros gays e mudava o look das roupas ;).

Entrar no parque foi fácil, passei uma hora na fila, mas valeu a pena o lugar era incrível. O chão era feito de tijolinhos amarelos, deixava o ambiente bem alegre, os funcionários fantasiados eram muito simpáticos, queria uma câmera para fotografar tudo. Comprei um picolé, pois o dia estava quente. Miki, sempre andando ao meu lado, usava um chapéu com o formato das orelhas do Mickey.

Mickey Hoshi, ele disse bem baixinho.

- O que disse?

Nada, tive a impressão de que Miki estaria se divertindo.

- Então o que nos traz aqui?

Eu sempre quis visitar a Disney, ora, Miki disse, de fato eu também sempre quis visitar a Disney – é claro, em diferentes circunstancias, sem uma maldição pronta para me matar.

Uma menina passou na nossa frente, ela usava um cachecol listrado amarelo e vermelho, óculos redondos e chacoalhava uma varinha de plástico. Miki ficou olhando para a garota com os olhos vidrados.

Aonde essa Cacumbu arranjou essas roupas, era impressão ou Miki começou a rosnar?

- Parece que existe um parque do Harry Potter aqui em Orlando. – Seria legal visitar esse parque também, comprar varinhas, que legal!

Preciso sair por alguns instantes, não saia daqui, se desobedecer vai morrer.

Antes que eu pudesse questionar qualquer coisa Miki sumiu. Raposa estranha, pensei.

Depois de vagar sozinho, o lugar parecia ter ficado mais chato.

Senti uma presença esquisita, minhas mãos formigaram por alguma razão. Olhei para trás e vi um garoto sentado no chão mexendo num ipod touch, ele tinha uma aura escura que me lembrava a minha maldição. O garoto levantou os olhos e me encarou, depois de alguns segundos os olhos dele se arregalaram e ele correu na minha direção.

- Você pode me ver? – Ele disse com esperança nos olhos.

- Posso – estreitei os olhos. Rezei para que não fosse nenhuma Criatura Mágica querendo ajuda.

- Você pode ajudar-me? – Droga, pensei, já tive traumas demais, mas a cara que ele fazia dava dó, parecia estar desesperado. E meu coração é mole.

- Te ajudo se você não rogar uma maldição em mim.

O garoto ergueu uma sobrancelha e olhou para minha testa e fez uma cara de nojo.

- Eu sou um demônio, mas não sou tão ruim a ponto de lançar uma Maldição da Morte - TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ.

- O que?! – Um demônio, eu não podia acreditar, devia me afastar, me envolver com uma raposa psicótica era o máximo que eu aguentava. O garoto ergueu a mão na minha direção.

- Prazer, sou Lennin, o demônio coletor de almas – o cabelo meio emo balançava levemente por causa do vento, o sorriso era simpático. Meus joelhos viraram gelatina, coletor de almas? Estava condenado T_T.

- Sou Charles, o humano, ou Cacumbu se preferir – voltei a minha postura, apertei a mão de Lennin enquanto forçava um sorriso. Qualquer coisa que ocorresse eu tinha uma varinha de fada ao meu lado.

- Então você pode me ajudar?

- Acho que sim. – Enquanto Miki estava fora eu podia dar uma mão para Lennin. – Qual o seu problema?

- Então, enquanto eu coletava almas, apareceu outro demônio e me jogou uma maldição tirando, assim, os meus poderes.

- Esse outro demônio está por aqui? Quer que eu fale com ele? – Só fiquei me imaginando conversando com um demônio asqueroso, não daria muito certo.

- Não, não – Lennin riu, como se o que eu acabei de dizer fosse uma piada, então casualmente ele falou: - Quero que você venha comigo para o Inferno para Hades quebrar a maldição.

Arregalei os olhos, eu sabia que era um plano para tirar minha pobre alma, precisava sair correndo para longe, mas se eu saísse do parque Miki me mataria. Estava sem coeses, morrer nas mão de Miki ou ir para o Inferno, que decisão difícil!

- Ok, vamos para o Inferno.

- Valeu! Normalmente eu iria sozinho, mas estou sem poderes por isso preciso da sua ajuda, Charles. – Ele não me chamou de Cacumbu, talvez ele não devesse ser tão ruim. – De acordo com o meu ipod tem uma passagem para o Inferno aqui na Disney. Vamos encontrá-la?

Vocês sabiam que debaixo da Disney existe uma espécie de bastidores aonde as pessoas vêm pegar as suas fantasias e descansar? Bem, esse era o lugar que o ipod apontava ser aquele que tinha uma porta para o Inferno.

- Devemos estar por perto, eu acho. – Lennin levantava o ipod na esperança de conseguir um sinal melhor.

Estávamos em um corredor extenso, todo hora eu olhava para trás esperando ver um guarda querendo nos prender ou até interromper o descanso de algum funcionário, seria indelicado.

Onde será que Miki estava? Ele já tinha saído faz um tempo, alguma coisa dentro de mim dizia que ele foi embora e me libertou, mas a marca ainda estava na minha testa como se fizesse parte da minha pele.

- Chegamos! – Disse Lennin, finalmente.

Nós viemos parar exatamente onde ficavam os armários dos funcionários, várias colunas de armário estendiam pela sala com duas fileiras uma em cima e outra em baixo. Fantasias estavam jogadas de qualquer jeito nos bancos de madeira, imaginei que essa não deveria ser a postura correta dos trabalhadores, mas quem sou eu para falar algo?

Lennin passou lentamente o ipod na frente dos armários de alumínio e toda vez que ia para o próximo armário balançava a cabeça, insatisfeito. O ipod começou a apitar loucamente.

- Encontrei, é aqui. – Lennin gritou, estava agachado logo no último armário da fileira debaixo.

- O que? – Perguntei, eu era lerdo, mas devia ser algo sobre a passagem que estávamos procurando.

- A porta para o Inferno! – Lennin parecia tão feliz, voltar para casa, que ficava no Inferno, talvez.

- Agora como abrimos?

- É aí que você entra Charles, veja meus poderes estão selados então não é fácil entrar no Inferno, mas com um pouco de sangue humano e umas palavrinhas dá-se um jeito. – Lennin ergueu a mão e no lugar do ipod havia uma adaga de cabo preto e lâmina ondula nem um pouco legal.

Entrei em pânico, eu sabia que não devia ter confiado em Lennin, é sério, no que eu estava pensando quando concordei em ajudar um demônio?

- Não vou te matar, bobinho – Lennin tentou me tranquilizar balançando a adaga, o que não ajudou muito. – Só uma gota, e se você me ajudar o tio Hades pode acabar com a Maldição da Morte - TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ.

Qualquer pavor e agonia que eu sentia foram embora. Livrar-me da marca, ir para casa e não ter que olhar para aquela raposa mal educada, seria ótimo! Uma gota de sangue não era nada demais. Ergui a mão na mesma hora. Lennin espetou o meu dedo e doeu para caral**, não é frescura era como se mil abelhas ferroassem meu dedo indicador.

- Desculpa, lâminas ritualísticas causam mais dor que deveriam. – Lennin deu de ombros. Lennin jogou uma gota na frente do armário e levantou os braços e balançou-os ao som de uma música inexistente. – Belzebu cara de urubu!

As fretas que separavam aquele armário dos outros brilhou em um vermelho intenso, a temperatura aumentou, suor brotou da minha testa. A pequena porta explodiu liberando uma torrente de fumaça preta, eu caí no chão na hora, Lennin também caiu.

Minha cabeça girava. Quando me levantei notei que não estávamos mais sozinhos. Seis pessoas estavam fantasiadas, será que apaguei por tanto tempo que os funcionários chegaram e já se vestiram para o trabalho. Mickey, Pateta, Donald, Minnie, Daisy e um esquilo que eu não sabia quem era. Cinco deles correram na direção do corredor restando só os esquilos.

Aqueles olhos artificiais davam muito medo, era possível ouvi-lo respirando, mas não parecia humano, era outra coisa.

De repente ele correu e se jogou em cima de mim. E de novo ao chão com um cara fantasiado de esquilo da Disney tentado me enforcar, isso me trazia lembranças da noite passada, que desagradável. E para melhora a situação, nenhum sinal de Lennin e minha cabeça voltou a doer pior do que das ultimas vezes, muito pior, dessa vez era como se um dinossauro estivesse pisando em minha cabeça!

Três coisas vermelhas perfuraram a fantasia e o esquilo teve um ataque epiléptico, quando caiu no chão parecia que tinha ficado murcho, vazio. Lennin estava na minha frente ofegante – eu que deveria estar ofegante quase morri – e segurava um tridente igualzinho àqueles que eu via o Diabo usando na TV.

Lennin me ajudou a me levantar, sua mão estava febril.

- Valeu, eu acho, minha cabeça começou a doer muito quando o cara me jogou no chão. – Massageie minhas têmporas, só de lembrar dava agonia.

- Isso foi a Maldição da Morte - TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ. Franzi as sobrancelhas, a marca de caveira fazia isso? Mas era tão obvio, como eu não notei antes, Miki vai ter que madar umas explicações quando voltar. – Te explico depois sobre essa marca, mas no momento estamos numa crise.

Olhei para a fantasia murcha ao meu lado, os três furos queimaram um pouco o tecido. Se aquele me atacou os outros também devem ser bem agressivos.

- Quando abri a porta para o Inferno alguns demônios escaparam, acontece, é normal. – Lennin explicou enquanto vasculhava o bolso esquerdo. – Eles possuíram as fantasias e agora vão tocar o terror no parque. – Lennin tirou um tubo preto do bolso.

- E como vamos detê-los, um exorcismo?

- Algo parecido com isso – Lennin me ofereceu o tubo, era leve, revestido coro, mas nada que pudesse apagar um demônio. – Você bate na base dele para funcionar.

Fiz uma cara de dúvida e Lennin revirou os olhos, ele apontou para o que tinha na minha mão. Segurei com firmeza e com a outra mão bati na sua base. Pop! O tubinho sumiu e no lugar estava um taco de beisebol, era pesado, de madeira e tinha até um adesivo no meio: Devil Rocks!

- É um taco especial basta você bater em qualquer um que esteja possuído e o demônio vai embora. Simples, né?

- Acho que sim.

- Vamos, antes que algo mais sério ocorra.

Antes que algo mais sério ocorra? Mais sério que um pânico generalizado em um dos parques mais famosos do mundo? Mais sério do que estabelecimentos pegando fogo? Ou mais sério que pessoas sujas de tinta correndo feito doidos? Só seria mais sério se alguém tivesse morrido o que podia acontecer em qualquer instante.

- Vamos nos dividir, Charles. Vai ser mais rápido assim, o.k.?

Fiz que sim com a cabeça, Lennin saiu correndo balançado seu tridente demoníaco. Apertei o taco em minhas mãos. O caos comia solto pelo lugar, só porque seis demônios escaparam do Inferno, que complicado.

Não precisei andar muito para encontrar o Donald. Ele estava com um balde de tinta na mão, jogou o conteúdo em uma mulher e pulou em cima dela, a moça se debatia para se livrar do agressor, mas ele era mais forte. Donald ergueu o punho pronto para bater na mulher, precisa agir rápido.

- Ei, Donald! Sua mãe é tão velha, mas tão velha que quando ela ia te amamentar saía leite dos peitos dela. – Patético da minha parte provocar um demônio xingando sua mãe e outra ele estava vestido de Donald que é um pato e patos não são mamíferos. Funcionou, o demônio se levantou e correu na minha direção. Quando ele chegou perto o suficiente e bati o taco no seu queixo. A fantasia murchou que nem a do esquilo, um demônio a menos.

E o segundo veio, Pateta arremessou um balde de ferro na minha cabeça. Deixei o taco cair no chão. O segundo demônio me deu um soco na bochecha e outro no estomago. Meu rosto ficou quente e eu me contorci de dor. Tirei a varinha do bolso, chacoalhei-a e um lampejo verde atingiu o Pateta na barriga e o jogou alguns metros longe. O Mickey pulou nas minhas costas me pegando desprevenido, ele começou a dar tapas na minha cabeça. O Pateta logo se levantou e vinha em minha direção segurando o balde nas mãos.

O que foi que você fez, Cacumbu! Aquela voz, Miki estava de volta, mas aonde?

Uma bola de luz alaranjada atingiu o Pateta no rosto, Miki voltou a sua forma de raposa ainda no ar, abriu a boca e fogo saiu dela como um lança-chamas. A fantasia foi reduzida a cinzas em poucos segundos. O Mickey parou de me bater e pulou para o chão e saiu correndo.

- Ah, você não vai escapar, não. – Peguei o taco e lancei na direção do demônio, o objeto girou várias vezes até se chocar contra a cabeça do Mickey, exorcizando-o por completo.

O taco fez pop e sumiu.

Me virei para Miki, apoiei minhas mãos nos joelho e tentei ficar calmo meu coração estava a mil por hora.

- Então para onde você foi?

Ora, isso não é da sua conta, Cacumbu. Esses demônios aqui na Disney, tenho certeza que é culpa sua, se Miki demonstrasse sentimento estaria com raiva agora.

- Desculpe raposa, foi minha culpa. – Lennin apareceu atrás de Miki, o demônio só tinha um arranhão no rosto. – Charles, abati a Minnie e a Daisy. Lennin olhou para Miki. – Meu nome é Lennin e eu sou um demônio coletor de almas.

E eu sou Miki, a Raposa do Poente Oriental, prazer em conhecê-lo Criatura dos Infernos.

Lennin contou tudo o que ocorreu quando me encontrou e como sem querer libertamos seis demônios. Miki ficou calado ouvindo, aquele silencio era assustador. Atrás de mim uma mulher estava com o celular na mão todo eufórica.

- Meu Deus o Wizarding World of Harry Potter está pegando fogo, é o fim do mundo!

Bem já que o Cacumbu disse que ia te ajudar, então vamos para o Inferno.

- Mas Miki e o João Pestana? – Afinal fomos para Orlando por causa dele.

Isso pode esperar, eu sei aonde ela vai estar nos próximos dias.

Descemos para o subterrâneo do parque e nos dirigimos até os armários. Lennin abriu o armário que levava para o Inferno.

- Preparados?

Antes que eu pudesse responder um vortex brotou do armário e me sugou para o Inferno.


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