Ele volta para seu quarto e se deita na cama, tentando raciocinar.

É quando sente alguém entrando no quarto e deitando sobre seu peito, chorando. Era Lia, que achava que Vitor ainda estava dormindo. Ele começa a mexer nos seus cabelos.

Lia(se levantando e enxugando as lágrimas): - Desculpa, não sabia que cê tava acordado.

Ele puxa ela para a cama de novo.

Vitor: - Ei, relaxa...pode chorar. Não tem problema.

Vitor a abraça.

Lia: - Vitor, eles querem me...

Vitor: - Eu ouvi a conversa. Eu não acredito que o Adriano fez aquilo, meu melhor amigo, pô...eu vou quebrar daquele mané e vai ser agora.

Ele se levanta, com raiva.

Lia se levanta e puxa o braço dele, o abraçando novamente.

Lia: - Depois você quebra a cara dele e se quiser eu ajudo, mas agora só me abraça, por favor.

Vitor a abraça e depois a beija suavemente.

Paulina entra no quarto, juntamente com Lorenzo, Fatinha e Dinho.

Paulina: - Lia!

Lorenzo: - Garoto, sai de cima da minha filha agora!

Dinho puxa Vitor para trás e ele dá uma cotovelada em seu peito, virando-se.

Vitor: - EU VOU QUEBRAR SUA CARA, SEU BABACA.

Ele parte para cima de Dinho.

Lorenzo(puxando-o): - CALMA, GAROTO!

Lia: - CALMA NADA, DEIXA ELE BATER NO DINHO. ELE TÁ MERECENDO UMA SURRA TEM UNS DIAS JÁ.

Fatinha puxa Lia pela mão: - Lia, vem comigo.

Elas saem do quarto.

Lia: - O que foi, Fatinha?!

Fatinha: - Não vai resolver nada vocês baterem no coitado do Dinho, entendeu? Vamo sair...sei lá..depois a gente volta.

Lia: - Não, Fatinha. Eu quero ficar com o Vitor!

Fatinha: - Depois vocês conversam, vem.

Ela puxa a amiga pelo braço e elas saem.

No quarto.

Vitor: - Olha Lorenzo, eu JURO que eu não sou esse tipo de pessoa que o senhor tá pensando, me deixa explicar!

Lorenzo: - Você não tem nada pra explicar, garoto. Minha filha vai ficar aqui em São Paulo comigo, entendeu?! E não se fala mais nisso! Eu não quero ela perto de pessoas como você.

Paulina: - É e eu também não! Nós voltamos para o Rio hoje a noite e você vai sumir da vida da nossa família!

Dinho: - Eu posso conversar com o Vitor a sós? Se vocês não se incomodarem...

Lorenzo: - Tudo bem. Vamos, mãe.

Eles saem do quarto.

Vitor: - CARA, POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?

Dinho: - Eu sei que você não vai me perdoar, mas eu só tô tentando proteger a Lia.

Vitor: - PROTEGER DE QUE? VOCÊ SABE QUE EU NUNCA FARIA NADA COM ELA!

Dinho: - Eu sei que VOCÊ não faria, mas e aquela gente toda que você andava em Brasília? Vitor, eles matam pessoas, cara! Eles podem TE matar se quiserem. Você lembra do quanto eu tentei te falar isso? Pra não se envolver com essa gente? MUITAS VEZES, mano. E você nunca me escutou. Então, se você quiser pode continuar amigo dessas pessoas, porque eu sei que você ainda é. Mas entende uma coisa: Eu não quero a Lia envolvida nisso!

Vitor: - Cara, você é um traíra mesmo! Como que você pode fazer isso comigo? Porr* mano, a gente sempre foi melhor amigo!

Dinho: - Foi mal cara. Mas eu não posso deixar a Lia no meio disso tudo.

Vitor: - ELA NÃO TÁ EM PERIGO, SEU BABACA. VOCÊ ACHA QUE EU IA DEIXAR ELA CORRER ALGUM PERIGO? NUNCA, VELHO! EU QUASE NEM FALO MAIS COM ESSES CARAS! EU AMO A LIA, VOCÊ TÁ ENTENDENDO?

Dinho: - Se ama mesmo, aceita que é melhor desse jeito. E pode deixar, eu vou cuidar muito bem dela por você.

Ele sai do quarto.

Lia e Fatinha estavam em uma pracinha, Lia ainda chorava enquanto contava para a amiga tudo o que Lorenzo havia dito.

Fatinha: - Lia, me diz uma coisa...

Lia: - Fala.

Fatinha: - O que te “prende” no Rio?

Lia: - Tudo. Minha família, meus amigos, sabe...tudo, cara.

Fatinha: - Tá bom, agora fala com sinceridade.

Lia: - Eu tô falando!

Fatinha: - Não, não tá...É o meu irmão, não é?

Lia: - Tá bom...é. Eu não quero ficar longe dele, eu não consigo.

Fatinha abraça ela.

Lia: - Fatinha na boa, não me leva a mal...mas por que o Vitor tinha que aparecer? Eu preferia não saber que você tinha um irmão, sério. E preferia nem ter conhecido ele, muito menos me apaixonado por ele.

Fatinha: - Eu sei, eu também preferia que ele não tivesse aparecido (risos) Culpa da minha mãe...

Lia: - Mas ao mesmo tempo...eu agradeço pra caramba por ele ter aparecido, ele é o que eu quero pra mim, cara. Mas é tão difícil.

Fatinha: - Lia, posso dar minha opinião?

Lia: - Tá, fala.

Fatinha: - Eu acho que é melhor que vocês fiquem separados, pro seu bem.

Lia: - Como assim?

Fatinha: - Lia, o Vitor só vai te fazer sofrer. Eu acho melhor você ficar aqui com seu pai, com o Dinho...porque apesar de tudo, você sabe que ele ainda te ama. Meu irmão pode até ser lindo, gostoso, ter olhos lindos, cabelo bom...

Lia: - Fatinha, vai direto ao ponto.

Fatinha: - Mas ele não vai durar uma semana namorando contigo. Ele vai ser fiel nos primeiros dias e depois vai te trair e depois agir como se você nunca tivesse aparecido, Lia.

Lia vai dizer algo, mas Fatinha “passa na frente”.

Fatinha: - Ele pode até ser de um jeito contigo, mas ele é assim com todas, acredita em mim.

Lia: - Fatinha, o Dinho não fez sua cabeça pra você falar isso tudo, né?

Fatinha: - Não amiga, não. Eu tô falando porque não quero te ver sofrendo depois, eu sei que ele é meu irmão e tudo, mas ele é assim.

Lia: - Não é, cara! Não é. Ele pode ter defeitos e tudo, mas ele é perfeito pra mim velho, é tão difícil pra vocês entender isso?

Fatinha: - Lia, quando eu descobri que o Vitor se drogava, eu tentei de vários jeitos fazer ele parar. Só depois de muito tempo eu consegui. Eu até pedi pra um padre falar com ele, falar que era errado e tudo. O padre disse que um dia ele iria encontrar alguém que fizesse ele mudar, que fizesse ele esquecer toda a dor que tinha, toda a raiva, sabe? Eu acredito nisso até hoje, mas sabe quando você vai perdendo as esperanças? Eu acho que meu irmão foi feito pra morrer sozinho mesmo (risos) ele não sossega com uma, tá sempre com um monte de namoradas e muitas vezes nem lembra o nome delas. Fica aqui, não vai ser tão ruim..você vai ver.

Lia(irritada): - Não tem outro jeito mesmo, né?

A noite.

Tudo estava pronto e Dinho, Lia e Lorenzo foram para o aeroporto, se despedir de Tatá, Paulina, Fatinha e Vitor. Lia tentava ao máximo não chorar, mas toda vez que olhava para Vitor não conseguia evitar e acabava deixando as lágrimas escaparem.

Fatinha: - Amiga, eu vou sentir muito a sua falta. Você vai visitar a gente nas férias, né?

Lorenzo: - Quem sabe ela vá, se estiver se comportando. Desde que não veja esse muleque, tudo bem por mim.

Anunciam o voo deles.

Paulina: - Então é isso, até mais ver...

Vitor: - Espera...eu posso falar com a Lia? Por favor, senhor. Vai ser rápido, eu prometo.

Lorenzo: - Desde que seja rápido, pode sim. E nada de beijo, ouviu?

Todos saem de perto, sobrando só Lia e Vitor. Eles se abraçam.

Vitor: - Eu trouxe uma coisa pra você.

Ele estende uma caixinha, com duas alianças dentro. Ela sorri, em meio as lágrimas. Ele coloca uma delas no dedo de Lia e coloca a outra em seu dedo.

Vitor: - Eu amo você, Lia. Isso é só pra você nunca esquecer de mim, porque eu também não vou esquecer de você.

Lia: - Eu acho que não esqueceria de você nem se eu tentasse. Eu te amo, com todos esses seus defeitos...tudo, tá?

Vitor: - Eu vou tentar te mandar um SMS as vezes, sei lá..só toma cuidado pro seu pai não ver, entendeu?

Lia: - Ok. Boa viagem, tá?

Vitor: - Uhum.

Eles se abraçam, o último abraço dos dois e provavelmente o mais sincero de todos. Vitor se segurava para não chorar, mas deixa uma lágrima escapar do mesmo jeito. Já Lia, não fazia esforço nenhum...ela não ligava se os outros vissem ela chorar, não ligava para mais nada naquele momento. Ela só queria poder ir embora com ele, ou que ele ficasse.

Tatá vem correndo e abraça Lia.

Lia: - Pirralha, eu vou te visitar, tá? Vou sentir muito a sua falta, sério.

A irmã também chorava.

Anunciam pela última vez o voo e eles partem. Com toda aquela angústia, Vitor não se importaria nem um pouco se o avião caísse ou algo do tipo. Para ele, sua vida já tinha acabado. Assim como para Lia. O que restava para eles era seguir em frente, apesar de toda a dor, apesar de tudo.