A chuva caía sobre a terra e o som das gotas furiosas e dos choros tristonhos e sofredores das pessoas ali se misturavam e seus olhos apenas podiam observar o que acontecia, na verdade, o que havia ocorrido? 

Fora tudo tão rápido, como sempre foi. O viu crescer tão bravamente, lutando contra uma doença sem cura, pelo menos era isso que pode perceber, já que não podia ouvir o que falavam. Cresceu e se tornou um adolescente obediente, estudioso e gentil, sempre sorrindo mesmo sabendo que poderia vir a falecer logo, sempre rindo e criando uma sensação de felicidade ao redor de toda a família, dos amigos, no entanto, apenas ela podia ver o que ele fazia quando estava só. Ele sempre soube que não viveria muito, que depois de sua morte, sua mãe sofreria mais do que já sofria por vê-lo naquele estado e então... então... desabava em lágrimas silenciosamente na noite. Chorava todos os dias, todas as noites, eram lágrimas que pareciam queima-lo e que agora queimavam o rosto de sua mãe, de seu pai e de todos os que o conheciam, lágrimas que eram enxugadas com a chuva daquele dia triste. O dia de sua morte. De seu descanso. 

Ela também queria senti-las. Queria sentir o que todos sentiam, queria saber como era evoluir, queria descobrir se já foi alguém que também evoluiu e queria mais do que tudo sentir-se triste ou feliz, sentir-se livre e finalmente morrer. 

O que era morrer? Uma vez, há muito tempo atrás, uma das pessoas que observara pesquisou sobre as experiencias pós-morte daquelas que morreram e voltaram a vida novamente. Diziam encontrar-se com seu criador, outras diziam encontrar parentes que morreram ou alguém que morreu á mais tempo. Porém... como era sentir a morte? Sabia que muitos morriam  por acidente, assassinados, por que já era a hora e muitos outros modos... mas.... como era? Doloroso? Aliviador? Pacifico? Será que já havia sido presenteada com ela? 

Eram tantas perguntas que queria que fossem respondidas mas nunca poderiam pois não existia para a sociedade, simplesmente ninguém a via. Aprendeu tudo que sabia em quanto estava ao lado das crianças que seguiu em suas trajetórias de vida, será que seria o que chamavam de espirito? Eles eram invisíveis para os olhos humanos certo? Mais então não deveria existir alguém, pelo menos uma unica pessoa que a visse? Que a enxergasse?

Afinal...

Qual era o sentido de sua existência?