O Rei Das Trevas (0) escrita por Cdz 10


Capítulo 4
Capítulo 4: Lark em perigo!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/366588/chapter/4

Capítulo 4: Lark em perigo!
A região leste da Cidade de Lunn, diferentemente da região do Centro, quase não possuía nenhum tipo de atividade comercial. Existiam poucas lojas pequenas que vendiam equipamentos muito simples para os mais variados tipos de trabalho - raramente era possível encontrar algo para o combate em lojas como aquelas - além de alguns alimentos básicos e, mais raramente, eram vendidas algumas ervas medicinais. Lá também agiam alguns trabalhadores independentes, os quais não tinham recursos suficientes para construir uma loja, mesmo que pequena, e então, colocavam os seus produtos em algum suporte e tentavam vendê-los para qualquer um que encontrassem no meio do matagal, e às vezes até conseguiam, mas, em geral, fracassavam e, portanto eram obrigados a caminhar até o Centro e andar entre os inúmeros consumidores de lá até que conseguissem realizar as vendas que desejavam.
Apesar de a atividade comercial não ser nem um pouco desenvolvida no leste, a região apresentava uma característica que a destacava das demais: era a que mais continha residências. As moradias dali, em sua grande maioria, eram fabulosas, muito amplas, chegando a apresentar mais de três andares, até mesmo a mais simples das casas dali era considerada muito superior àquelas que rodeavam o Centro. As entradas eram sempre muito belas, com os telhados sempre muito bem decorados e, em geral, tais decorações podiam ter uma infinidade de significados, como as representações de artes específicas de uma determinada família, ou ainda algum feito histórico de um grande ser que, em algum momento, havia residido em tal moradia. Além das decorações, era bastante comum se encontrar belas estátuas compondo as entradas, sempre representando algum antepassado da família ou ainda uma criatura fantástica, raramente encontrada não só em Lunn ou em Rolly, mas em toda a Dimensão de Luk. Pareciam ter sido esculpidas recentemente a julgar pelas suas lindas aparências, com pinturas intactas e brilho intenso, ainda que as suas criações tivessem acontecido há muito tempo atrás.
Todas apresentavam lindas entradas, mas nada se comparava àquela com três estátuas imensas, que chegavam a superar os cinco metros de altura, com praticamente o dobro desta medida em largura. Uma delas ilustrava uma criatura linda e dourada, com um brilho de ofuscar os olhos. Alta, corpulenta, se assemelhava a um pássaro gigante do pescoço para cima, com o topo da cabeça cheio de penas que desciam até a nuca e um rosto caracterizado por dois grandes olhos e um bico gigante em formato de gancho, mas para baixo, tinha um corpo extremamente musculoso, segurando uma espada bastante comprida na mão direita e um escudo redondo de mais de quatro metros de diâmetro preso ao seu braço esquerdo. Além dela, havia uma, igualmente dourada e brilhante, que representava algo parecido com um leão, mas com uma juba grande demais, que chegava a se espalhar pelo solo, com olhos minúsculos, um corpo gigante e um rabo que facilmente superava os quatro metros de comprimento, além de patas que visivelmente seriam capazes de abrir profundas crateras caso atingissem o chão. A última - porém, não menos bonita - também representava uma criatura em dourado que possuía exatamente a forma de um dragão, porém com dentes muito mais proeminentes e pontudos, uma cauda que enrolava todo o seu corpo e lindas escamas que mais pareciam grandes e sólidos rochedos, enquanto que as asas eram as suas partes mais belas. Eram muito amplas e estavam abertas, o que fazia o tamanho da criatura ser quase o dobro do que seria caso elas estivessem fechadas.
As três lindas estátuas, entretanto, não eram a única fonte de beleza daquela entrada. O telhado era bastante colorido e, nele, existiam pinturas que ilustravam a ocorrência de uma guerra. Inúmeros seres vivos estavam representados ali, mas, visivelmente, estavam divididos em apenas duas raças. Uma delas apresentava a pele ligeiramente azulada, com rostos compridos e narizes longos - tão longos que podiam ser facilmente comparados a trombas - e os seus seres trajavam armaduras grandes e brilhantes, com imensas espadas e escudos, enquanto que alguns outros daquela raça montavam criaturas que mais pareciam cavalos alados, e, sobre eles, além das armaduras, usavam lanças pontiagudas ao invés de espadas.
Os tais seres azulados se confrontavam com um grande bando de uma outra raça naquele espetáculo de cor e esplendor. O tal bando era formado de seres vivos de pele alaranjada e pareciam possuir corpos mais fracos e com músculos menos desenvolvidos do que os azuis, sem contar o fato de que os seus equipamentos de combate eram extremamente inferiores. Estavam equipados basicamente com ombreiras simples, ou cotas, ou placas de peito, enquanto que, para o ataque, usavam adagas e facas, ao passo que alguns outros batalhavam com machados, mas ali não se via nem uma única espada e nenhum vislumbre de armadura ou escudo.
Aquela moradia, além da bela fachada, chamava bastante atenção por uma outra característica: o tamanho. Era larga e bem alta, todos os que a vissem pelo lado de fora chegaria rapidamente à conclusão de que possuía, no mínimo, sete andares. As janelas que projetavam uma visão para o exterior eram altas e estreitas e existiam numa quantidade bastante grande, o que permitiria dizer que havia lá dentro, pelo menos, uns dez cômodos a cada andar. Verdadeiramente uma mansão, era uma das melhores casas que se podia encontrar naquela pequena Cidade de Lunn.
Um dos seus aposentos se apresentava em um formato retangular e amplo, com o teto em formato cilíndrico da onde se projetava um grande e luxuoso lustre que parecia ter sido fabricado à base de um material semelhante a cristal. Dentro, uma chama que misturava as cores verde e amarela brilhava e era a responsável por toda a iluminação do local. Nas paredes, estavam quatro janelas altas e estreitas que desembocavam no território localizado atrás da mansão, lá fora, onde era possível encontrar uma grande cachoeira, a qual constantemente emanava aquele doce ruído de água escorrendo. Era um som calmo e tranquilo - ainda que alto - e que seria capaz de causar um bom relaxamento corporal em qualquer ser vivo que o ouvisse por mais de alguns simples instantes.
Além das janelas, as paredes eram ocupadas também por alguns objetos bem grandes que chegavam a uma altura próxima à do teto e que mais pareciam armários construídos de um material bem escuro e decorado com arabescos dourados em diversos pontos. O chão, por sua vez, era todo revestido de um tapete de fundo rubro, e nele, estavam representadas mais criaturas fantásticas, na verdade, mais duas. Um pássaro gigante voava com o seu grande bico dourado bem aberto e as suas asas se espalhavam por todos os lados, causando um verdadeiro espetáculo colorido naquele tapete, pois, cada uma de suas inúmeras penas possuía uma cor diferenciada. Ao seu lado, uma outra criatura, imensa, alta e larga que se parecia com um tipo de mistura entre gorila e urso. Seus pelos eram brancos como a neve, um nariz bem preto que se parecia com o de um porco, e o corpo extremamente avantajado, ainda que não apresentasse nenhum tipo de definição muscular.
Sobre o tapete, encontrava-se uma mesa retangular ao redor da qual estavam sentados quatro seres, três lado a lado e o outro na extremidade oposta. Este apresentava a pele azulada, um rosto bastante esquisito, parecendo o de um elefante, com olhos grandes, escuros e fundos, além de um nariz longo e molenga e uma boca apertada, com lábios tão finos que se aquele ser fosse visto de longe, era possível dizer que nem ao menos possuía boca. Trajava um pedaço de pano longo de cor verde-musgo que cobria todo o seu corpo da metade do pescoço ao início dos dedos dos pés, os quais, por sua vez, estavam dentro de sandálias simples e pretas.
Os outros três apresentavam pele esverdeada. Um deles era alto, mais ou menos musculoso, com cabelos pretos e arrepiados, muito brilhantes, com três chifres brotando do topo de sua cabeça, confundindo-se com os fios capilares. Sua aparência ilustrava cansaço, olhos pesados e seu rosto já era ocupado por algumas rugas, mesmo que ainda não tivesse uma idade suficiente para o aparecimento de tais traços. Não parecia ter cuidado consigo mesmo a julgar pelo modo como se vestia. Um pedaço de pano velho e cinzento, com rasgos pequenos em alguns pontos, cobria a parte de cima da cintura, enquanto que, abaixo dela, trajava apenas um calção preto surrado que alcançava praticamente a metade das canelas.
Ao seu lado, um ser do sexo feminino, com olhos verdes brilhantes e lindos. Seus cabelos eram longos, lisos e vermelhos, alcançando a altura das costas, um rosto sereno e delicado, decididamente uma aparência bastante bonita; nem mesmo o pequenino chifre preto que saía do centro de sua testa era capaz de lhe deixar feia. Trajava um lindo vestindo branco e sedoso, algo que combinava bastante com a sua beleza.
Ao lado dela, estava sentado um outro ser da mesma raça, pequenino, com a cabeça apinhada de fios alaranjados e cacheados e, no meio deles, quatro pequenos chifres escuros dispostos lado a lado. Era bonito, ainda que apresentasse bochechas um tanto avantajadas e orelhas um tanto pontudas. Parecia não ver mais a comida que estava diante de si, seus olhos vagavam meio sem rumo até que pararam na criatura de pelos brancos representada no tapete. Tal fato não passou despercebido pelo ser azulado, que logo quebrou o silêncio profundo que tomava conta daquele aposento:
- Gostou dele? É uma besta Ruyaku, muito comum nas Colinas Brelk.
- Acho que sim - respondeu o pequeno Bour, mas na verdade não estava realmente concentrado naquela figura, sua mente se encontrava focada numa preocupação maior.
- Devo agradecer imensamente a hospitalidade que está nos oferecendo, senhor Bernysh - a Bour de longos cabelos vermelhos usou um belo sorriso em sua boca para proferir tais palavras.
- Agradecimentos são desnecessários, senhora Seluen - respondeu o ser azulado, aquele que se chamava Bernysh, também com um sorriso, ainda que o seu não chegasse nem perto de ter a mesma beleza que o de Seluen.
Ela desferiu mais um sorriso e, logo em seguida, adquiriu uma expressão ligeiramente triste e preocupada em seu rosto, algo não muito diferente no que se podia ver nos outros dois Bours também. Bernysh não sabia ao certo o que dizer em um momento como aquele, não sabia exatamente o que seria capaz de tranquilizá-los - se é que era possível se tranquilizar com toda aquela situação - mas, mesmo assim, tentou:
- Senhora Seluen, por favor, tente ficar calma. Tenho certeza de que Lark sobreviverá... Sabe, eu o conheço há bastante tempo, praticamente desde que o pequenino Lynop nasceu e, por isso, tenho plena confiança naquilo que digo. Ele é forte e habilidoso, não é daqueles que se entregam facilmente e muito menos daqueles que perdem facilmente uma batalha, mesmo que seja uma batalha contra inimigos como Logrus.
Já fazia um tempo consideravelmente grande desde que Lark abandonara a Morada dos Logrus em desespero, apanhara a sua família e a levara às pressas para a casa dos Krullian. Estava certo de que podia confiar totalmente em Bernysh, afinal era um grande amigo da família há bastante tempo e não apenas este fato o tinha feito escolher aquele lugar para deixar os seus familiares.
A raça dos Krullian se caracterizava por ser composta de caçadores experientes e muito bem treinados. Viajavam por diversas regiões da grande Cidade de Rolly e fora dela também até encontrarem alguma criatura que eles considerassem valer a pena ser caçada. Primeiramente, analisavam minuciosamente a carne morta para saber se a mesma apresentava características que lhe atribuíssem algum valor significativo no mercado e então vendiam, mas nos casos em que não encontravam nada de muito especial, simplesmente cozinhavam a tal carne e a comiam.
Em suas buscas, os Krullian sempre conseguiam obter lucros amplos - e, por este fato, podia ser considerada a segunda raça mais rica da Cidade de Lunn, ficando atrás somente da raça dos Logrus - mas, sempre que saíam para caçar, carregavam dentro de si, na verdade, a fervorosa esperança de encontrarem alguma criatura fantástica, isto é, uma criatura raríssima, relatada apenas em lendas e mitos contados pelos mais idosos. Apenas uma única vez conseguiram encontrar uma criatura assim. Um dragão imenso de cor escarlate, vivia escondido dentro de uma gruta no topo de uma imensa montanha da grande Cidade de Terrz, localizada na região nordeste de Luk. Com uma cauda brilhante e grande que chegava a enrolar todo o comprimento de seu corpo, cuspia fogo em abundância para todos os lados, uma visão realmente fantástica, ainda que perigosa de se admirar por mais de poucos momentos. Foram necessários mais de vinte Krullians para domar toda aquela ferocidade e matá-la e, depois foi realizada a mais detalhada das análises, não apenas sobre a sua carne, mas também sobre a sua pele.
A carne era salgada, saborosa, nutritiva e fácil de ser preparada para que pudesse servir como alimento. Tais características já seriam suficientes para que fosse um item de alto valor no mercado, mas os Krullian conseguiram descobrir mais um importante atributo. Quando ingerida, tinha efeitos muito positivos sobre a visão. Havia sido algo inicialmente proposto por alguns analistas da raça que encontraram algumas substâncias ditas ser importantes para aquele sentido, mas depois, tal efeito positivo havia sido, de fato, comprovado, quando um idoso Krullian, quase cego, se alimentou da carne várias vezes e a sua visão foi se tornando cada vez mais clara. A descoberta gerou o maior dos lucros para a raça. Já no caso da pele da tal criatura, não houve o aparecimento de nenhuma característica especial.
A morte do mítico dragão de Terrz havia sido, definitivamente, importante para a ampliação da fama da raça Krullian, mas ela já era conhecida bem antes disso devido a um outro fato, historicamente conhecido como O Conflito da Montanha Shouk-Lan.
Muito antigamente, existia uma montanha intensamente explorada por seres vivos de uma única raça, a qual tinha o nome de Shouk-Lan - daí surgiu o nome da montanha - e tal exploração era muito importante para eles. Da montanha, eram retiradas inúmeras pedras de diferentes tipos, que, quando devidamente refinadas e tratadas, davam origem a poderosos equipamentos como armaduras, cotas, escudos, lanças, espadas e machados. Os Shouk-Lan os usavam muitas vezes em combate para a conquista de terras a fim de que pudessem ampliar os seus domínios, mas havia casos em que vendiam os equipamentos a outras raças, algo que lhes conferia uma atividade comercial bastante lucrativa. Nesta época, os Krullian já eram caçadores, mas não eram famosos, ainda que já apresentassem um elevado nível de habilidade no combate.
Em uma de suas buscas por criaturas, descobriram a tal montanha e se interessaram por ela. Pesquisaram um pouco e souberam que os Shouk-Lan usavam-na para a produção de equipamentos. Os Krullian, inicialmente, desejaram fazer o mesmo, mas naturalmente que os Shouk-Lan rejeitaram. Tal fato gerara um certo nível de animosidade entre as raças, mas ainda assim, não houve uma necessidade de conflito naquele momento. Tempos de negociação se seguiram e, por fim, os Krullian conseguiram ficar com o direito de exploração de um terço da montanha. Começaram então a produzir equipamentos, praticamente os mesmos que já eram fabricados pelos Shouk-Lan, mas com uma diferença crucial: a qualidade do produto final era muito melhor, algo que, por sua vez, devia-se ao fato de que as artes de refino e manuseio de pedras dos Krullian eram incomparavelmente superiores. Assim, suas espadas tinham um maior poder de penetração, os seus escudos eram capazes de resistir a ataques mais ferozes, bem como as suas armaduras, não apenas com maior capacidade defensiva, mas com menor peso também, um atributo de extrema importância numa batalha.
Não demorou muito tempo até que os Shouk-Lan descobrissem a superioridade dos itens fabricados pelos Krullian e, então, o líder da raça, que se chamava Mustyr, o Shouk-Lan mais forte, habilidoso e inteligente nascido até então, decidiu colocar um fim naquele acordo de exploração. A partir daquele momento, os Krullian só poderiam continuar a usufruir da montanha com a condição de que, sempre que produzissem um objeto, deveriam produzir o mesmo para os Shouk-Lan. Esta era a condição estabelecida por Mustyr.
Os Krullian, num primeiro momento, fingiram aceitar tal acordo e, como prova, produziram uma imponente armadura de resistência sem igual, porém, com uma leveza que chegava a fazer com que fosse agradável usá-la. Mustyr ficou muito feliz com aquilo, jamais utilizara um equipamento com aquele grau de refino. Estava certo de que havia firmado um acordo lucrativo e muito vantajoso com os Krullian... mas tudo, na verdade, não passava de uma farsa.
Com a felicidade do recebimento da armadura, as investigações dos Shouk-Lan sobre as produções dos Krullian diminuíram e, com isso, eles conseguiram construir uma quantidade gigante de equipamentos de combate, formando não exatamente um exército - pois não havia um número tão grande de seres vivos Krullians para tal - mas uma tropa de fortes caçadores que rapidamente atacaram os Shouk-Lan com tudo o que tinham. Indefesos, Mustyr e seus subordinados não resistiram a tal massacre e praticamente todos os seres daquela raça foram dizimados. O líder Mustyr havia sobrevivido ao lado de mais alguns poucos, porém, segundo o que se dizia, havia morrido pouco tempo depois do término daquilo que ficou conhecido como o Conflito da Montanha Shouk-Lan - evento que, por sinal, passou a ser representado no telhado da moradia dos Krullian em Lunn, com aquele combate entre seres azulados e esverdeados em meio a um espetáculo de cores -, pois não havia mais motivos para viver e então teria se suicidado, mas ninguém sabia se este havia sido, de fato, o fim de Mustyr.
A partir de então, os Krullian adquiriram permanentemente o direito de exploração de toda a montanha, tornando-se famosos, temidos e respeitados, algo que aumentou consideravelmente após o evento do dragão mítico da grande Cidade de Terrz.
Seluen continuava visivelmente apreensiva e triste e Bernysh concluiu rapidamente que nada que dissesse seria capaz de mudar aquele seu aspecto. Ela voltou-se mais uma vez para a comida à sua frente e ingeriu um pequeno pedaço de Prick, uma carne de ave, saborosa e apetitosa, rodeada por um molho alaranjado que realçava ainda mais o seu sabor. Geralmente, a carne era vendida dentro de alguma embalagem, mas os Krullian tinham o costume de comprar a ave ainda viva. Diziam que preparando a carne logo após a morte de Prick, ela mantinha o seu sabor original e, uma vez pronta, apresentava um aspecto bem mais macio e agradável.
- Está delicioso - comentou. - Os seus criados realmente possuem talento para alimentos.
- Agradeço os elogios, senhora - Bernysh retribuiu. Existia algo além daquele lindo rosto rodeado de cabelos vermelhos que o fazia se sentir estranhamente confortável quando olhava para Seluen.
- Por mim já é o suficiente - estava realmente muito gostoso, mas já estava satisfeita, afinal, sua tigela já se encontrava praticamente vazia.
- Deseja mais alguma coisa?
- Não, senhor Bernysh, muito obrigada - Seluen agradeceu gentilmente. Apesar de ser propriedade de um dos melhores amigos de Lark, ela não gostava da ideia de estar naquela casa de favor, portanto se esforçaria para causar o mínimo de incômodo possível.
O pequeno Lynop ainda comia, porém, muito lentamente, ainda restava uma considerável quantidade de Prick dentro da sua tigela.
- Filho, você não está com fome?
- Posso pedir aos meus criados que preparem alguma outra comida caso esta não seja do seu agrado, Lynop - Bernysh ofereceu com um tom de voz bastante gentil.
- Está gostoso, mas não tenho fome - sua voz soava triste e fraca. - Estou preocupado com o papai...
A tristeza tomou conta uma vez mais da face de Seluen.
- Eu não posso culpá-lo por isso, querido... - e acariciou lentamente um dos ombros de seu filho.
Bernysh, por um momento, pensou em voltar a falar sobre aquele assunto, mas, antes mesmo de começar, foi atingido por um forte susto quando ouviu algo batendo violentamente sobre a mesa, fazendo respingar algumas gotas de molho de Prick para fora de uma das tigelas. Ele não havia sido o único a se surpreender; Lynop e Seluen também se sobressaltaram.
O Bour carrancudo, aquele com rugas no rosto e cabelos pretos arrepiados, acabara de desferir um soco na mesa, logo ao lado da sua tigela. Havia se mantido totalmente calado até então, mas, naquele momento, não se conteve:
- O que mais deixa com raiva é que foi por traição - seus olhos pareciam brilhar de ódio. - Nada disso estaria acontecendo se a equipe da CIV não tivesse sido traída! Juro que se qualquer coisa de ruim acontecer ao meu irmão, irei fazer de tudo para descobrir quem é o traidor e terei um imenso prazer de matá-lo com as minhas próprias mãos. Isto vale para os Logrus também, acabarei com todos eles.
Hacy-Jul, o irmão mais novo de Lark, costumava ter um temperamento bastante explosivo e, em momentos de raiva, dizia coisas impensadas, mas quando voltava ao normal, caía em si e descobria que aquilo que havia dito na fúria era realmente absurdo. O problema era quando não voltava ao normal a tempo e acabava fazendo o que dizia e, quando casos assim aconteciam, as consequências raramente eram boas.
- Entendo como se sente, Hacy-Jul - Bernysh já o conhecia há quase tanto tempo quanto conhecia Lark, portanto estava mais do que acostumado com aquele tipo de comportamento. Não se sentira ofendido, nem incomodado com aquele violento gesto. - Mas não se descontrole. Não ganhará nada e nem poderá ajudar o seu irmão fazendo algo de maneira precipitada.
Hacy-Jul apenas lhe lançou um olhar sério e, depois, voltou-se para a sua tigela. Comeu mais uns dois ou três pedaços de Prick e a afastou. Bernysh bateu palma duas vezes e, logo em seguida, um ser vivo abriu a porta e adentrou o aposento.
- Sim, senhor? - o ser tinha uma pele de coloração alaranjada, com orelhas extremamente pontudas e uma camada espessa de pelos amarelos e lisos que cobria grande parte de seu rosto. Trajava um sobretudo completamente branco e limpo e seus pés estavam calçados com sandálias semelhantes às de Bernysh.
- Pode levar as tigelas e limpar a mesa, Qahall, por favor - o Krullian pediu educadamente.
O criado chamado Qahall assentiu com um rápido movimento positivo de sua cabeça e se dirigiu para os três Bours:
- Apreciaram o Prick?
- Estava maravilhoso, senhor Qahall - Seluen foi aquela que respondeu, mais uma vez com um belo sorriso estampado em sua face.
- Fico feliz que tenham gostado. O truque é deixar a carne ser aquecida até o ponto exato. Assim ela adquire um sabor melhor e uma textura mais agradável de se mastigar.
- Devo agradecê-lo por tê-los preparado para nós, senhor, muito obrigado.
- Não se incomode com isso, senhora - e, com uma leve reverência, saiu andando do aposento com as quatro tigelas nas mãos, porém, quando estava prestes a abrir a porta, parou e se virou para o seu soberano. - Esqueci de informar, senhor Bernysh. Taas e Mertry pediram-me para lembrar-lhe que os cômodos pelos quais pediu já estão preparados.
- Obrigado, Qahall.
- Irei lavar as tigelas e regressarei para limpar a mesa como me pediu. Com a sua licença - fez mais uma reverência e se retirou, fechando cautelosamente a porta ao sair.
Bernysh se virou para os seus três hóspedes.
- Antes que começássemos a nossa refeição, tomei a liberdade de ordenar a dois dos meus criados que preparassem aposentos para vocês. Imagino que desejam descansar.
- Realmente, seria ótimo, senhor - e mais um sorriso saiu da boca de Seluen e invadiu os olhos do Krullian.
- Venham comigo.
Bernysh se levantou e se dirigiu à porta daquele aposento, sendo acompanhado inicialmente apenas por Seluen e Lynop. Hacy-Jul permaneceu quieto e carrancudo, encarando a mesa à sua frente como se ela fosse a pior das suas inimigas.
- Não vem conosco, Hacy-Jul? - perguntou Bernysh.
O feroz irmão de Lark encarou o ser azulado com uma expressão raivosa, mas não se passaram alguns poucos instantes até que o seu rosto voltasse ao normal. Não era do seu desejo descansar naquele momento, mas também não fazia sentido algum discutir com o Krullian ou algo parecido, não era ele o seu verdadeiro inimigo. Limitou-se a levantar, ainda calado, e a seguir os outros três para fora daquele cômodo.
Um tenso e profundo silêncio tomava conta daquela região ao lado dos arbustos, do elevado matagal e das grandes árvores. Por todas as direções, pedaços de moradias totalmente destruídas, um cenário incrível de se visualizar. Qualquer um que passasse por ali poderia dizer que aquele lugar havia sido cenário de uma violenta guerra.
Entretanto, tudo aquilo não tinha sido fruto de uma guerra, e sim de atos vândalos de Logrus, os quais, por sua vez, se encontravam de pé e totalmente calados, enquanto que, à frente deles, o amontoado de objetos saqueados e, à frente do amontoado, um outro Logru, sentado, de costas para os demais, concentrado e com olhos fechados.
Herrz mantivera-se assim nos últimos instantes. Alguns sabiam exatamente o que ele estava fazendo, mas outros se encontravam em dúvida, sem entender, ao certo, o motivo de ele estar sentado tão silencioso daquela maneira. Era o caso de um Logru baixo, com queixo fino e cabeça calva. Era um tipo de rosto feroz, assim como os demais da raça, porém, aquele era um pouco mais especial. Dependendo da expressão que fosse feita, uma imagem de tolo poderia facilmente ser passada.
Ele se aproximou de Rabylen e perguntou num tom de voz bastante baixo:
- O que será que ele está fazendo?
Por um momento, o careca imaginou ter feito algo de muito errado perguntando aquilo, pois Rabylen o olhou como se fosse uma criatura nojenta por um instante, mas, logo em seguida, respondeu, num tom ainda mais baixo:
- Telepatia. É provável que esteja tentando se comunicar com alguma outra equipe de busca. Agora, fiquei quieto! Não será da sua vontade atrapalhar a concentração do Senhor Comandante.
Parecendo um pouco apavorado, o careca recuou rapidamente enquanto que Rabylen voltou a encarar as costas de Herrz.
Aquela era uma habilidade especial da raça dos Logrus. Capazes de canalizar a sua energia interior para a mente, conseguiam se comunicar com qualquer companheiro à distância - desde que o companheiro possuísse a habilidade da telepatia também, senão jamais conseguiria receber as mensagens - porém, não era a qualquer distância; isto dependia do quanto de energia era canalizada para a comunicação. Quando mais energia, maior era a distância que se podia alcançar e, geralmente, quando os Logrus se esforçavam ao máximo, conseguiam entrar em contato com companheiros nas cidades mais próximas de Lunn, como Roul, por exemplo. Portanto, naquele momento, Herrz não precisaria se esforçar muito, afinal, todos os seus companheiros se encontravam dentro dos limites da Cidade de Lunn.
Inicialmente, não foi capaz de captar a presença de quem estava procurando, mas não demorou muito até que o conseguisse.
Ryumann, está me ouvindo? Responda.
Nada chegou à sua mente, portanto, foi obrigado a repetir.
Ryumann, está me ouvindo? Se estiver, responda-me logo.
Estou ouvindo. A resposta veio como um trovão ecoando dentro da cabeça de Herrz. O tal Ryumann, definitivamente tinha uma voz amedrontadora. A sua equipe conseguiu encontrar algo?
Nada de importante, apenas moradias vazias, mas estou certo de que, em uma delas, pelo menos, viviam membros da CIV, pois encontrei uma poção de Limus lá dentro. Certamente foi obtida por roubo. Depredamos tudo e saqueamos o que tinha um pouco de valor, não conseguirão mais regressar para as suas casas. E quanto à sua equipe, algum resultado?
Nenhum foragido, por enquanto. Ainda não terminamos de investigar a área que está sob a nossa responsabilidade, falta apenas mais um pouco. Caso não encontre ninguém, não teremos mais nada a fazer a não ser depositar as nossas esperanças nas outras duas equipes de busca, mas estou com esperanças de que conseguirei encontrar, pelo menos, um daqueles miseráveis.
Estranhamente, Herrz se sentiu aliviado ao ouvir aquelas palavras ecoando pelo interior de sua mente. Percebeu sem muitas dificuldades que o tom de Ryumann estava mais feroz do que o normal e concluiu que o seu desejo em capturar os fugitivos estava ardendo mais do que em qualquer outro momento. Desde que o conflito na Morada terminara e aqueles cinco escaparam, o companheiro Ryumann havia ficado furioso. Não admitia que tais "seres inferiores" brincassem com os Logrus daquela maneira.
Entendo. Para onde está indo agora?
Para a fronteira do Porto dos Pescadores.
Certo. Regressarei com a minha equipe para a Morada e aguardarei novas ordens. Desejo-lhe sorte, meu amigo.
Igualmente, Herrz.
Com a comunicação telepática encerrada, Herrz se levantou bruscamente, virando-se para os seus subordinados.
- Ao que tudo indica, o grupo de Ryumann também está com dificuldades de encontrar os foragidos - anunciou e todos ouviram no mais profundo silêncio. - Por hora, a nossa missão está concluída, já investigamos todo o território para o qual fomos designados. Não há mais nada que possamos fazer. Apanhem os objetos saqueados e sigam-me, imediatamente.
Após um grito conjunto de todos os subordinados ter ecoado naquele lugar - algo que se assemelhou a um grito desferido por um exército antes de uma guerra - o amontoado de quinquilharia foi divido entre os vinte Logrus que compunham a equipe, enquanto que Herrz ficou apenas com aquela garrafa que continha a preciosa poção de Limus. Começou a avançar rapidamente, sendo seguido pelos demais, rumando para o norte. Rumando para a Morada.
Se o nome de Herrz já era capaz de levar o terror àqueles que o ouviam, então podia-se dizer que a menção do nome de Ryumann era algo que carregava consigo a verdadeira sensação da morte. Era tão respeitado como Herrz, tanto dentro da Morada como fora dela, mas a sua forma de agir era extremamente diferente. Prezava a brutalidade de um jeito sem igual e matava qualquer um que julgasse prejudicar a conclusão dos seus objetivos sem nem pensar duas vezes, mesmo que o assassinato não se apresentasse, de fato, necessário. Inúmeros seres já tinham perdido a vida nas mãos daquele Logru descomunal e, segundo o que se dizia, aquelas eram as piores mortes que um ser vivo poderia imaginar ter: corpos multilados em incontáveis pedaços, órgãos devorados, ossos chupados e até mesmo o sangue era ingerido quando a matança tinha fim. Todos os Logrus eram lembrados, primeiramente, pela sua brutalidade, violência e hostilidade, mas se era possível escolher, dentre eles, o que mais apresentava tais características, certamente a escolha seria Ryumann. Era inteligente e fazia estratégias bem como Herrz, mas esse estava longe de ser o seu principal atributo. Por vezes, algumas missões chegavam a ser ligeiramente prejudicadas pelas ações violentas e precipitadas de Ryumann, o qual acabava se empolgando demais, fazendo com que todo o planejamento traçado inicialmente deixasse de ser seguido para que a sua sede de sangue pudesse ser saciada.
O seu corpo era assustador. Uma altura incrível que superava um pouco os dois metros e setenta, músculos imensos, largos e muito bem desenhados, um verdadeiro monstro. Qualquer um que o encarasse de frente se amedrontaria e sentiria vontade de se render só em vê-lo, não apenas pelo seu corpo inigualavelmente fortalecido, mas também por causa do seu rosto. Tinha uma aparência bruta, com um nariz grande e largo, orelhas pontudas, sobrancelhas muito mais grossas do que o normal e seus cabelos esverdeados eram grandes e um tanto diferentes. Eles não cresciam para baixo e sim para os lados, algo que, por sinal, fazia a sua cabeça parecer um tanto maior do que realmente era.
Sua equipe de busca também investigava regiões relativamente próximas do Centro de Lunn, porém numa zona um pouco mais distante do que aquela investigada pela equipe de Herrz. Composta também por vinte e um membros - número no qual já estava incluso o próprio Comandante Ryumann - não tinham encontrado moradias vazias e nenhum tipo de pista que pudesse indicar o fato de que ali já pudesse ter vivido ou simplesmente passado algum membro da organização CIV. Viram apenas pequeninas construções que mais pareciam ocas brotadas do solo e pequenas escavações subterrâneas, nada além disso. Descobriram que tais estruturas funcionavam como habitações de pequenas criaturas inocentes, porém, tal fato não impediu que elas fossem totalmente destruídas, pois, segundo Ryumann, "nunca se sabe do que aqueles malditos Bours foragidos são capazes de fazer e nem onde podem se esconder".
O brutamontes se virou para os seus subordinados assim que a rápida conversa com Herrz terminara:
- A equipe de busca de Herrz também não conseguiu encontrar nenhum deles. Nenhum! Ainda não consigo crer que apenas cinco Bours... Bours... - a ênfase no nome daquela raça foi dada com um grande teor de nojo e repugnância na voz do Comandante - possam estar nos causando tanto trabalho!
Estava irritado. Em situações normais, qualquer um já se assustava com o comportamento de Ryumann, mas, quando estava tão alterado daquela maneira, o medo de até mesmo falar com ele chegava a triplicar de intensidade, portanto, ninguém ousou a manifestar um mínimo ruído sequer.
- Entretanto, diferente da equipe de busca de Herrz, nós ainda não terminamos de procurar pela área que se encontra sob a nossa responsabilidade - prosseguiu o furioso Comandante. - Ainda falta...
O ruído entrou pelos seus ouvidos acompanhado de uma estranha sensação que invadiu o seu interior como uma tempestade. O forte farfalhar de folhas vindo de algum lugar ali perto interrompera as suas palavras e lhe dera um forte susto. Não havia sido proveniente da ação de uma brisa, fora forte demais para tal. Os Logrus começaram a se virar para todas as direções que podiam.
- Há algum ser vivo... - Ryumann murmurou tão baixo que só ele mesmo foi capaz de ouvir. Nem de longe parecia aquela feroz voz grossa que saía pela sua boca poucos momentos antes.
Há quase dez metros atrás daquele grande grupo de seres avermelhados, dentro da densa copa de folhagens de uma das imensas árvores que ocupavam aquele lugar, ajoelhado sobre um grosso galho, estava um ser esverdeado de cabelos arroxeados e relativamente compridos, chegando ao início dos ombros. Possuía uma cicatriz bem fina em formato de cruz na sua bochecha esquerda e quatro chifres escuros no topo da cabeça, se misturando com todos aqueles lisos fios roxos. Não trajava absolutamente nenhuma peça de roupa da cintura para cima e, para baixo, um calção bege bastante sujo e surrado. Feridas podiam ser vistas por quase todas as partes de seu corpo, mas não eram ferimentos graves, ainda que uma considerável quantidade de sangue amarelado pudesse ser observada.
Ficara esperançoso e animado pelo fato de ter conseguido deixar sua companheira, seu filho e seu irmão com um dos melhores amigos que já havia feito na vida e, desde então, começara a avançar o mais rápido que podia para se encontrar com os seus amigos Bours... mas fora descuidado. Se não fosse pelo fato de ter conseguido detectar a presença de seres vivos à frente e reduzido a velocidade a tempo, teria caído nas garras do inimigo como uma presa se jogando diretamente à arma de um caçador.
Observou durante alguns momentos por entre as folhagens e viu aquela grande quantidade de seres avermelhados lá embaixo, fazendo-o gelar por dentro. Escondeu-se mais e obrigou-se a ficar completamente imóvel, reduzindo até mesmo a velocidade de sua respiração. Não podia se arriscar a fornecer o seu paradeiro exato aos inimigos. Já havia sido irresponsável demais avançando daquela maneira, não cometeria o mesmo erro duas vezes. Agora tinha de ser cauteloso.
Ryumann e os demais permaneceram olhando... mas nada encontraram e nenhum ruído voltou a entrar pelos seus ouvidos. Será que havia sido fruto de imaginação? Não, o Comandante estava absolutamente certo daquilo que ouvira, o som fora bastante real. Entretanto, o mais provável era que não tivesse sido nada demais, talvez o ruído tivesse sido provocado pela simples movimentação de alguma outra pequena criatura qualquer, como aquelas que viviam dentro das ocas do local, agora destruídas. Por outro lado, se fosse algum dos foragidos... era uma chance pequena, mas nada era impossível...
Os pensamentos borbulharam dentro da mente de Ryumann por alguns momentos, até que, finalmente, voltou a se pronunciar:
- Vamos procurar um pouco, talvez não seja nada demais... depois vamos direto e sem perda de tempo para o Porto dos Pescadores!
O tom de voz utilizado pelo Comandante havia sido alto o suficiente para que Lark ouvisse claramente cada uma de suas palavras, mesmo estando escondido por inúmeras folhagens.
Porto dos Pescadores, ele dissera. Nem mesmo a mais afiada das espadas perfurando o centro de seu peito seria capaz de lhe causar tanta dor como a que sentiu quando ouviu aquilo. Porto dos Pescadores... exatamente o lugar para o qual estava seguindo, exatamente o lugar escolhido para a fuga, exatamente o lugar onde estavam os seus amigos.
Por um momento, Lark acreditou que tudo estava perdido. Sabia muito bem que os seus amigos eram fiéis e o esperariam para que pudessem partir para a Cidade de Roul... mas agora ele estava encurralado. Os Logrus estavam seguindo para lá e caso chegassem ao porto antes dele, os seus amigos seriam mortos. E tudo por culpa dele... se não tivesse sido tão descuidado, se não tivesse avançado de uma maneira tão precipitada...
Entretanto, não podia desistir. Tinha que pensar em alguma maneira de chegar ao Porto dos Pescadores antes dos Logrus. Sabia que seria uma tarefa difícil, talvez a mais difícil a ser encarada em toda a sua vida, mas tinha que realizá-la. Não permitiria que os seus preciosos amigos perdessem a vida por sua causa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Rei Das Trevas (0)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.