A Tale Of War escrita por Liechstein


Capítulo 3
Sir Bruce Liechstein


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas tá aí. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/366499/chapter/3

Sir Bruce Liechstein estava em pé ao lado da sala do conselho do Senhor de Rivyric. O Senhor da província, a Senhora e os conselheiros estavam em uma reunião urgente. A notícia da morte do rei de Windermere acabara de chegar da Província Real numa carta escrita pela própria rainha. Bruce não chegara a vê-la, mas dizia que o rei havia falecido naquela manhã. Os curandeiros da rainha acreditavam que a morte era natural. A carta também dizia que Maryn Bayforth teria que assumir o Trono, pois o herdeiro ainda não havia nascido. Ou seja, seria a Rainha Regente até que verdadeiro rei nascesse e completasse idade o suficiente para governar.

    Bom, não é preciso dizer que o Senhor de Rivyric não gostou nada disso.

    Estavam numa reunião há quase uma hora inteira e, como era o guarda-costas de Lena Winterhold, a Senhora de Rivyric, Sir Bruce tinha que ficar esperando-a na porta. Enquanto cumpria sua tarefa, ouvira gritos vindos tanto de seu Senhor quanto de sua Senhora. Apenas os quatro conselheiros estavam quietos, ou falando baixo o suficiente para que Bruce não os ouvisse. A discussão era longa e ainda parecia estar longe de terminar.

    Bruce aproximou-se da porta para tentar ouvir mais.

    − Sinceramente, como Rikard conseguiu ser enganado pela tal mulher de sangue preto – ele reconheceu a voz de sua Senhora. Ela era assim chamada de sangue preto porque era uma Bayforth, e os Bayforth descendiam dos primeiros homens de Windermere, que criaram sua primeira vila em Hibrick. Os primeiros homens eram conhecidos pelo uso frequente de magia negra, e até muito tempo atrás os Bayforth preservavam esse antigo costume. Lendas diziam que se matasse um Bayforth, o sangue sairia tão escuro como a noite. Mas, claro, não passava de uma lenda.

    − A mulher de sangue preto continua a ser sua Rainha – o Senhor Goryin Greyard retrucou em um tom desanimado.

    A Senhora de Rivyric ignorou seu marido.

    − A carta dizia mais alguma coisa, Lorde Farwyn?

    John teve que fazer certo esforço, mas conseguiu ouvir o que o Conselheiro disse:

    − Não, minha Senhora, tudo que a carta rezava já foi dito e discutido aqui.

    − Lorde Farwyn, como disse mesmo que o rei morreu?

    O Conselheiro pareceu hesitar.

    − A causa da morte do rei foi natural, pelo que diz a carta.

    − É estranho. Rikard não era tão velho, não o suficiente para ter uma morte natural. E sou apenas três anos mais novo que ele.

    − Não consegue ver? A morte de Rikard não tem nada de natural. Ele foi envenenado pela mulher de sangue preto – disse a Senhora.

    − E por que ela faria isso com ele? – perguntou Goryn

    − Por vários motivos. Talvez porque se ele morresse, ela seria Rainha Regente, por exemplo, já que o rei não tinha herdeiros.

    − Com todo respeito, minha Senhora, mas está acusando nossa Rainha de traição e assassinato. E, se ela realmente o fez, por que só agora, afinal já está casada com ele há dez anos? – disse Dorvin Westclex.

    A Senhora hesitou.

    − Eu não sei. Mas não é obvio? O irmão de Rikard abdicar o trono e desaparecer do mapa. Lembremos que a Bayforth era esposa de Donnavan, antes de seu misterioso desaparecimento. E agora, dez anos depois, o rei morre de uma morte supostamente natural, não é estranho? Agora Albert Bayforth conseguiu o que queria quando prometeu sua filha a Donnavan Castenhul.

    − Sei que Sua Senhoria não se dá bem com nossa Rainha, mas é um crime contra o próprio reino acusá-la de tais crimes – desafiou Dorvin.

    A Senhora hesitou novamente. Bruce sabia muito bem que a paciência de Lena não era tão grande, sabia também que se ela invocasse com alguém ou alguma coisa, não ficaria em paz até acabar com ela. Embora fosse uma mulher, era mais perigosa e esperta do que muitos seriam capazes de imaginar.

    − Como conseguem ser tão cegos? – gritou. – Goryn, não vai fazer nada?

    O Senhor ficou em silêncio por uns dois segundos

    − Talvez se eu fosse o Senhor e você a Senhora, essa província não estaria no lixo – esbravejou a Senhora.

    E saiu.

    − Acompanhe-me, Sir – disse quando viu Sir Bruce parado ao lado da porta.

    − Sim, minha Senhora – disse o Sir

    A Senhora e o Sir saíram andando pelos corredores do castelo.

    Depois de descer duas escadas e virar dois corredores, a Senhora chegou aonde queria, o que o Sir estranhou, já que a porta de madeira em que estava batendo era a do quarto de Lorde Elma. Ficou se perguntando o que a Senhora iria querer com ele.

    Somente depois de três batidas que a porta rangeu e se abriu e mostrou um homem velho e careca, com o rosto enrugado e coberto por uma longa barba grisalha. Era corcunda, o que o deixava mais baixo ainda; mal chegava ao pescoço da Senhora.

    Ele não abriu a porta por inteiro. Bruce reparou que temia a visita de Lena quando o velho Lorde a olhou com medo nos olhos.

    − Ah, minha Senhora, prazer em vê-la. A que devo a honra de vossa visita?

    − Você sabe muito bem. – Entrou e fez um sinal para que Bruce a acompanhasse.

    O quarto era pequeno e apertado, tanto que nem parecia ser de um lorde. Numa parede ficava uma prateleira com livros e poções, noutra ficava uma mesinha com pergaminhos, um tinteiro, uma pena e algumas taças vazias, enquanto uma janela em dava vista às montanhas além das muralhas e ao vilarejo no pé da montanha do castelo.

    Quando a porta se fechou, o Lorde andou de costas à prateleira, com os olhos fixos ora na Senhora, ora no Sir parado ao lado da porta. Suas mãos enrugadas tremiam.

    − Como pôde deixar isso acontecer? – gritou a Senhora.

    − Mas, minha Senhora, o que um velho como eu poderia fazer?

    − Pago você para manter correspondência em sigilo com Lorde Sullivan para quê?

    − Para que saiba sobre tudo o que está acontecendo no castelo do rei.

    − Então como não fui informada sobre uma tentativa de assassinato ao rei pela rainha.

    − Mas Lorde Sullivan nada disse sobre isso. Talvez a morte do rei tenha sido realmente natural. Por favor, minha Senhora, tome um gole de vinho e prometo que lhe explico tudo.

    O velho virou e tirou uma garrafa de vinho da prateleira. Cambaleou até a mesinha e pegou duas taças: uma para a Senhora e outra para o Sir. Encheu-as com dificuldade enquanto sentia o pesar do olhar de Sua Senhora. Entregou a primeira a Lena e a segunda ao seu guarda-costas.

    Bruce apenas a segurou perto do rosto.

    A Senhora cheirou o vinho, mas não chegou a encostar a taça nos lábios. Estava com um sorriso estampado em seu rosto. Seus olhos verdes como a esmeralda em seu anel cintilavam. Tinha cabelos dourados que corriam por suas costas.

    − Quantas cartas você trocou com Lorde Sullivan? – perguntou a Senhora, enquanto o Lorde voltava ao seu lugar na frente da prateleira.

    − Algumas dezenas, Senhora. Todas estão arquivadas, caso queira vê-las.

    − Pegue-as.

    A Senhora dizia as palavras calmamente. O velho andou até um baú de madeira ao lado da prateleira. Arrastou-o com dificuldade aos pés da Senhora. Quando o baú foi aberto, viram-se um monte de pergaminhos, alguns enrolados, outros abertos.

    − Essas são todas as castas de Lorde Sullivan?

    Elma acenou positivamente. Está apreensivo, pensou Bruce, teme alguma coisa. O medo do velho pela Senhora estava estampado em sua cara enrugada. Escondia alguma coisa.

     − Conte-me tudo. Não minta. Sabe que se arrependerá se assim fizer. Conte o que está escondendo.

    Ele hesitou.

    − Não há nada para esconder. Tudo o que estou dizendo é a mais pura verdade.

    − Sério?

    Ele acenou positivamente.

    − Já que não tem nada a esconder, diga-me: há quanto tempo trabalha para a Rainha manipulando as respostas de Lorde Sullivan?

    Pelo que viu, Bruce percebeu que agora sim o velho estava com medo. Suor escorria por sua testa e seus olhos já não conseguiam mais ficar fixos em alguma coisa.

    − A... eu... N-não trabalho p-para a Rainha, minha S-senhora.

    − Então, diga-me: há quanto tempo vem mentindo para mim, Lorde Illman?

    O Lorde abriu a boca para responder, mas nada saiu de lá, enquanto a Senhora continuava calma. Quando percebeu que o velho nada mais diria, ela continuou:

    − Diga-me só mais uma coisa, Lorde Illman: há quanto tempo vem tentando me envenenar?

    Para isso o velho tinha resposta:

    − N-nunca t-tentei, minha Senhora.

    − Então beba – ela ofereceu a taça ao lorde.

    − Não s-será necessário, Senhora.

    − Beba.

    Ele pegou a taça da mão dela e bebeu.

    − Engula.

    Ele o fez. Um segundo depois o pescoço e os olhos dele começaram a ficar vermelhos. Parecia que estava sendo enforcado. Levou as mãos ao pescoço, mas logo já estava desabando no chão, morto.

    − Um veneno queima-garganta, o mesmo que foi usado no assassinato do rei de Windermere há quatro séculos. – Olhou para o corpo e continuou: − Deixe-o aí. Uma hora o acharão. – E saiu.

    Bruce deixou sua taça cair aos seus pés. O vinho envenenado começou a borbulhar, fervendo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, este é apenas o primeiro capítulo, mais tem mais coisa vindo por aí ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Tale Of War" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.