Tudo doía. Ao mesmo tempo, estava leve. Abri os olhos. Estava naquele lugar branco novamente. Não havia contado a ninguém sobre aqui, achava que havia sido um sonho. Mas estava aqui novamente.

Olhei ao redor e vi, mais uma vez, pessoas desfocadas cujos rostos entravam e saiam de foco o tempo todo. Estava com medo. Queria sair dali, mas não sabia como.

Foi quando mais alguém se juntou ao grupo. Me esforcei para tentar enxergar melhor. Cabelo castanho e curto, olhos muito verdes, pele branca. Não acreditei quando vi.

– Ray! Ray, está me ouvindo? – gritei e, incrivelmente, a voz saiu. Ele olhou para mim, assustado. Parecia que ninguém além dele podia me ouvir. Outro rosto entrou em foco e eu reconheci o loiro da última vez. Ele dizia algo que eu não podia ouvir e parecia preocupado. – Por favor, me responda! Eu preciso saber!

– Isso não está certo. Não mesmo. Não era para ser assim. – ele olhou para mim mais uma vez e pude ver que ele queria que eu ficasse quieta. Olhou para o lado e voltou a conversar. Parei de prestar atenção e tentei explorar o lugar. Me afastei de onde eles estavam, mas sem perdê-los de vista. Porém, não havia nada para ver. Estava quase voltando quando percebi outro ponto de cor.

Vagarosamente e com um pouco de medo, fui me aproximando. Era uma sensação estranha, pois era como se eu estivesse parada e o resto se mexesse. Eu não sentia o movimento. Mas tinha quase certeza de que era eu que me movia.

Era outro grupo de pessoas. Dessa vez não consegui focar ninguém. Mas percebi que eram uma mulher e dois homens. Não entendi o que acontecia, então comecei a me afastar. Foi quando vi que Ray se aproximava, pedindo para que eu ficasse parada e quieta. Parecia apavorado com alguma coisa. Apontou para a mulher no instante em que seu rosto entrava em foco. Me assustei ao reconhecer o rosto fino emoldurado por longos cabelos loiros. No instante em que meus olhos se encontraram com seus olhos absurdamente azuis, senti aquele mesmo calor percorrer meu corpo e tudo sumir.